A Distância Entre o Possível e o Realizado no Desmatamento
24 de junho de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: ministro da Infraestutura e presidente do BNDES, participação brasileira da ministra da Agricultura, potencial da participação no mercado de carbono, reunião virtual no CBI – Climate Bonds Iniciative
Segundo a ministra da Agricultura Tereza Cristina, o Brasil poderia produzir mais, sem derrubar uma árvore. O ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas falou da demanda de estradas para escoamento da produção agropecuária, e o presidente do BNDES Campos Neto informou que o Brasil participa somente com US$ 1,5 bilhão no mercado mundial de US$ 541 bilhões.
Ministra da Agricultura Tereza Cristina em foto no artigo do site da UOL, que vale a pena ser lido na sua íntegra
Como a maioria das posições do atual governo federal brasileiro, fala-se teoricamente do potencial brasileiro sem se mencionar porque não se consegue resultados concretos mais positivos quando se dispõe de muitas potencialidades. No fundo, falar é sempre mais fácil do que fazer e o Brasil luta com a falta de planos objetivos, e dos agentes que possam concretizar os projetos cogitados, que enfrentam variadas dificuldades de todas as ordens.
O mercado mundial de crédito de carbono já existe no mundo e está operando. O Brasil, como um importante produtor de produtos agropecuários, teria condições de ter uma participação mais expressiva, mas continua contando com somente 0,277%, que é quase nada. A informação é do BNDES que deveria ser um agente importante neste mercado de papéis do mundo, o chamado mercado de títulos verdes.
O Brasil conta com muitos projetos de infraestrutura para escoar a sua produção agropecuária para o mercado interno e externo, mas somente conta com projetos traçados em linhas gerais, não chegando aos de execução, quando as estradas brasileiras estão dificultando estes escoamentos, com custos absurdos.
Assim, a agropecuária brasileira que conta com todas as condições para ampliar a sua produção usando novas tecnologias, como as desenvolvidas pela Embrapa, conciliando a lavoura, a pecuária e o reflorestamento, só conta com honrosos exemplos, sem chegar a uma escala expressiva.
Até o momento, o Brasil só vem recebendo críticas pelo aumento dos incêndios e desmatamentos, sem que nada de prático esteja sendo feito para se beneficiar do grande mercado mundial de crédito de carbono. A ministra da Agricultura conhece o assunto, mas não conta nem com a ajuda da bancada ruralista no Congresso Nacional, com condições de implantar um programa razoável.
O governo brasileiro luta contra as limitações dos recursos para os investimentos e o BNDES acompanha o que vem acontecendo no mercado mundial de crédito de carbono, mas não conta com uma equipe capaz de operacionalizar a colocação de papéis brasileiros, criando condições para financiar os muitos projetos de infraestrutura que atendem todas as exigências voltadas para a sua viabilidade.
Todos estão perdidos neste meio por falta de um governo objetivo que pense realmente no que é indispensável no lado real da economia. A prioridade atual do governo é somente a sua sobrevivência, livrando-se de um complexo projeto de seu impeachment, que demandará muito tempo, determinando no mínimo outro ano da produção agropecuária, mesmo contando com ministros qualificados nesta área rural, lamentavelmente.