Melhor Alimentação Para Enfrentar o Coronavírus
5 de julho de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: consumos pouco convenientes, produtores e comerciantes e suas dificuldades; desorganização na comercialização, saídas difíceis
De um lado, constatamos muitas queixas de produtores de frutas, hortaliças e legumes, bem como dos pequenos comerciantes de centros de abastecimento como o Ceagesp com as mudanças que estão ocorrendo no mercado com grande velocidade, quando não conseguem vender suas produções que implicaram em muito trabalho e custos. De outro, vemos que as famílias estão se alimentando mal com “fast food” e produtos industrializados de discutíveis qualidades que são entregues nas residências dos consumidores. Isto quando eles necessitam contar com bons alimentos e saúde para enfrentar os desafios da atual pandemia de coronavírus. Haveria necessidade no rápido aperfeiçoamento do sistema que liga produtores com os consumidores, com os mínimos riscos de contágios.
Produtos agrícolas descartados por falta de mercado
Na História da humanidade, bons alimentos sempre foram formas de preservar a saúde, mesmo quando ocorrem doenças graves como atualmente, antes que o uso de medicamentos. Mas quando há uma rápida mudança na economia, nem todos os pequenos produtores conseguem a adequada colocação de suas produções no mercado que diminuiu de dimensão. Ao mesmo tempo, as famílias, para evitar possíveis contágios, concentram-se nas entregas de alimentos em suas residências, entre eles os de baixa qualidade, mais fáceis de serem transportados. Ou de alimentos industrializados que sempre apresentam mais problemas que os naturais e frescos, que estão sujeitos a deteriorações mais rápidas.
No Brasil, ainda que tenham aumentadas as entregas de alimentos preparados com o uso de muitos “motoboys”, estes produtos passam por naturais simplificações, que facilitem o seu transporte. Mesmo que os supermercados também tenham aumentado as entregas de componentes utilizados nas refeições, o conjunto do consumo de produtos saudáveis ainda parece menor que no passado recente, pela natural contenção dos consumidores.
No passado, muitos pequenos produtores agrícolas se organizaram em cooperativas, mas estas tenderam a comercialização de cereais em expressivos volumes, como nos casos da soja, milho e outros produtos que possam até ser colocados no mercado internacional. Algumas frutas também conseguiram dimensões nas suas comercializações, mas os produtos mais perecíveis continuam encontrando suas dificuldades, salvo honrosas exceções. Existem custos fixos que precisam ser considerados nestas atividades econômicas, que também implicam em problemas sociais.
Este tipo de problema não se restringe ao Brasil, mas mesmo em países avançados estes ajustamentos exigem sistemas sofisticados de logística e ainda são quase experimentais, como no caso da China e alguns outros. Os pequenos empresários, com suas criatividades, conseguem algumas soluções, que ainda são restritas quando se considera as dimensões destes mercados.
Não se pode esperar que especialistas teóricos ajudassem a achar as soluções convenientes. A tendência parece exigir o experimento de muitas formas destas operações, com alguns proporcionando melhores resultados e outros insustentáveis, como é usual no terrível mercado. O que se espera é que tudo seja bastante rápido e os custos sociais sejam os mais baixos, o que não é nada fácil. Os exemplos do que ocorre em outros países sempre ajudam a identificar fatores que estão facilitando estes ajustamentos, que possam ser adequados para as necessidades brasileiras.
O apoio mínimo que as autoridades estão dando para alguns setores em crise, mesmo com as muitas dificuldades operacionais, pode ajudar parcialmente nestes ajustes complexos. Os pequenos agricultores já passaram por outras crises, mesmo com o desaparecimento de muitos, lamentavelmente, mas continuam insistindo na continuidade dos seus trabalhos, até pela falta de alternativas. Realisticamente, o que parece possível conseguir é a minimização destas dificuldades, esperando com urgência por períodos melhores, com autoridades sensíveis aos problemas dos menos privilegiados.