Morreu Giscard d´Estaing Amigo do Brasil
3 de dezembro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: amigo do Brasil, presidente Giscard d´Estaing, uma carreira exemplar, visão de longo prazo
Com a morte de Giscard d´Estaing, aos 94 anos, o Brasil perde um grande amigo. Ele, que completou o curso da Enar – École Nationale d´Administration Publique, foi funcionário do Ministério de Finanças da França e já como político tornou-se ministro das Finanças, mantendo boas relações com o ministro Delfim Netto. Depois, ele venceu as eleições para presidente francês e o brasileiro tornou-se embaixador em París. Como líder europeu, usou a energia nuclear para a geração de eletricidade, profundo conhecedor de petróleo, avisou o governo brasileiro que os árabes se preparavam para criar a OPEP – para controlar o mercado mundial do petróleo. O presidente Ernesto Geisel não levou a sério a informação, pensando que entendia mais de petróleo, com sua experiência na Petrobras.
Giscard d´Estaing, ex-presidente da França, amigo do Brasil
Os qualificados políticos franceses costumam estudar na Enar e fazem uma boa carreira na administração pública da França para depois se tornarem políticos. Não são improvisados, mas adquirem toda a experiência necessária para se tornarem líderes europeus, nos intercâmbios com outros países. Seus conhecimentos permitem se tornarem relevantes no mundo, influentes para ajudar países em desenvolvimento, como o Brasil.
Acabam conhecendo problemas que não se restringem aos europeus, com acesso às informações antes que se tornem públicas. Isto tornou Giscard d´Estaing consciente da importância do domínio da energia atômica, ainda que para fins de geração de eletricidade. Também podiam avaliar o que estaria se tramando no mercado mundial de petróleo, com a antecedência desejável. Gozar de amizades com líderes deste tipo seria importante, para permitir visões de problemas de longo prazo.
Lamentavelmente, estas figuras importantes no mundo estão desaparecendo, com muitos se guiando meramente pelas suas convicções e emoções, sem a capacidade de visões de longo prazo do mundo real. Isto está se observando nos últimos anos em países importantes como os Estados Unidos, com efeitos também desastrosos em países emergentes como o Brasil.
Alguns outros países, como a China e a Índia, mesmo com suas muitas limitações, contam com histórias mais longas, acabando por ter suas importâncias para o futuro mais distante. Aprender com países que preparam seus líderes de forma mais profunda parece ser relevante.