Gastronomia Paulistana
25 de janeiro de 2021
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Gastronomia | Tags: algumas já esquecidas, algumas quase unanimidades, artigo no suplemento especial do Estadão sobre os 467 anos da cidade, lembranças gastronômicas difíceis de serem esquecidas, outras bem lembradas, Paulistano de mais de 80 anos
Sou dos paulistanos que já passam dos 80 anos, que a Folha de S.Paulo estima que seja dois por cento do total da população da cidade. Muitos hão de concordar que São Paulo se destaca pela sua gastronomia, algumas simples, que os paulistanos apreciam por muitas décadas. Outras são mais novas, mas contam com a preferência popular. Algumas foram esquecidas, nesta lista de 20, preparadas pelos jornalistas Isabel Teles, Isabella Menon, Laura Lewer e Marina Consiglio. Evidentemente, como qualquer culinária, as preferências pessoais são determinantes nas escolhas.
Comecemos com os que obtiveram quase a unanimidade dos paulistanos ao longo décadas, obedecendo à sequência constante do suplemento. O primeiro seria o Bauru do Ponto Chic, que teria sido criado em 1937, no estabelecimento que fica no Largo do Paissandu. Um simples sanduíche em pão francês comum, com queijo e rosbife, podendo contar com pepino em conserva e uma rodela de tomate. O estabelecimento faz cem anos em 2022.
Sanduíche simples do Ponto Chic que dizem ter sido criado em 1937 e até hoje faz sucesso
Outro sanduíche que se tornou famoso em São Paulo é o de pernil do Estadão, assim conhecido por ser servido numa simples lanchonete que fica em frente onde era a redação daquele jornal. Afirma-se que o estabelecimento existe desde 1968 e o sanduíche é de pernil simples, com um molho e em pão francês. O volume do pernil consumido parece determinar o seu sucesso.
O volume do sanduíche de pernil do Estadão deve contribuir para a sua fama
Não tão conhecido como os anteriores, mas também famoso, é a coxa creme da Padaria Santa Tereza, na Praça João Mendes, inaugurada em 1872. Como meu pai tinha uma alfaiataria nesta praça, desde minha infância eu costumava apreciar esta coxinha que tinha um creme e depois frita. Este creme, que é mantido até hoje como segredo, faz com que a coxinha fique quase derretendo, diferindo das costumeiras de massas de batata.
Coxinha da Padaria Santa Tereza, da Praça João Mendes, que tem dimensão normal, distorcida pela foto
Outro tradicional, quase centenário, por ter sido aberto em 1924, é a Pizzaria Castelões, que fica no bairro do Brás, onde predominavam italianos e seus descendentes. Hoje, muitos estabelecimentos mais atualizados afirmam que seguem suas tradições que vieram originalmente de Nápoles, na Itália, multiplicando-se pela cidade que comemora seus 467 anos.
Pizza do Castelões, com uma borda larga, imitada por muitos estabelecimentos mais recentes
Outros estabelecimentos que não constam da lista incluem o Filé do Moraes, que fica na Praça Júlio Mesquita, junto à Avenida São João, que não mantém mais a mesma qualidade, contando com filiais em outras localidades. Havia também na Avenida Ipiranga a Salada Paulista, perto da Avenida São João, onde se comia uma simples salada de batata com salsicha em pé, que não mais existe.
Enquanto isto vai se multiplicando novos estabelecimentos que se destacam pelas suas culinárias, mesmo simples, trazendo contribuições de outras partes do Brasil como do exterior, num dinamismo digno de uma grande metrópole como é São Paulo.