Alguns Intercâmbios com o Exterior
3 de março de 2021
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: aprendendo com as experiências de outros, Intercâmbios externos úteis para países em desenvolvimento, trabalhos no exterior
Por mais que o Brasil seja grande geograficamente, como um país em desenvolvimento, parece possível aprender no exterior o que tem sido feito de positivo, adaptando para o caso brasileiro, quando possível. Ao longo de minha vida, que já passa de oito décadas, o que aprendi no exterior foi muito útil para os trabalhos executados por aqui, sendo que alguns eram em parcerias com outros países. Tendo ajudado em trabalhos com base em Genebra, na Suíça, desde fins dos anos cinquenta do século passado no chamado Advsory Committee on Technical Service do World Council of Churches, de posição religiosa ecumênica, além da alocação de fundos alemães decorrentes de um imposto religioso no Brasil, foi possível acompanhar outros problemas sociais em muitas partes do mundo.
Também as bolsas que recebi do Departamento de Estado dos Estados Unidos e da JICA – Japan International Cooperation Agency, além de alguns trabalhos executados em outros países, permitiram tomar conhecimentos do que são executados de interessante em outros países, sempre elaborando paralelos com o que se faz no Brasil.
Na bolsa norte-americana, havia total liberdade para escolher o que se desejava conhecer nos Estados Unidos. Como os estados da Califórnia e de Michigan tinham dimensões parecidas com a do Brasil, do ponto de vista econômico, além de conhecer suas universidades, foi possível aprender o que eles faziam, bem como viviam as famílias de suas autoridades. Como eu trabalhava no Banco Central do Brasil, visitamos o FED – Sistema Federal de Reservas para ver o que eles faziam muito antes do que era feito no nosso país. Outros programas paralelos foram observados naquele país, que era considerado o mais avançado no mundo de então.
Na bolsa da JICA, houve oportunidade de conhecer melhor o Japão que já nos ajudava antes, principalmente no setor econômico e financeiro. Ela procurava se adaptar às bolsas norte-americanas, de forma mais modesta, mas úteis para os estrangeiros.
No Banco Central, fui encarregado do crédito rural e, por sugestão do Banco Mundial, organizou-se um programa para conhecer o que se fazia na pecuária leiteira da Nova Zelândia e com o gado de corte na Austrália, que já executavam programas mais avançados que dos brasileiros.
No Japão, além de ser o comissário de ciência e tecnologia na EXPO TSUKUBA 85, ajudamos depois a instalar os escritórios de uma trading brasileira em Tóquio e em Beijing, na China. Eles já tinham escritórios em Seul na Coreia e em Cingapura, e a supervisão de escritórios asiáticos permitiram conhecer também a Tailândia, Malásia e outros países do Sudeste Asiático, que tinham problemas semelhantes às dos brasileiros. Em Cingapura, os seus programas educacionais com intercâmbios internacionais são os mais avançados no mundo atual, valendo a pena conhecer. Mais do que aulas formais, os trabalhos executados nos laboratórios informam melhor os estudantes, entre eles muitos estrangeiros.
Como fui presidente do INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrário, fui conhecer como autoridades da Tailândia lidavam com seus problemas fundiários. China é um capítulo à parte, e seus esforços de desenvolvimento vieram evoluindo ao longo dos anos, inclusive com intensivos investimentos em pesquisas visando criar novas tecnologias.
Estas e outras oportunidades ajudaram a conhecer parte do que se fazia no exterior, que poderia ser adaptado para casos brasileiros que apresentam uma ampla diversidade de situações, tanto pelas diferenças regionais, como as defasagens das situações econômicas da população brasileira.
Todos os brasileiros que contam com oportunidades para conhecer outros países devem fazer os sacrifícios indispensáveis para constatar o que podem aprender no exterior.