27 de março de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Livros e Filmes | Tags: cineasta japonês, Os Sete Samurais, Ran, Rashomon, Toshiro Mifune, Trono Manchado de Sangue | 9 Comentários »
Machiko Kyo interpreta Masako Kanazawa em Rashomon
Incrível como gente da minha geração se lembra com detalhes da primeira vez a que assistiu Rashomon (1950), tanto esse filme marcou a nossa infância, comentado pelos pais e tios, como a nossa juventude, reprisado e discutido tantas vezes nos grêmios estudantis, centros acadêmicos e salas de cinema de arte.
A minha primeira vez foi no antigo cinema da cidade de Bastos, a oeste do Estado de São Paulo, julho de 1953. Naquele ano, os organizadores da Festa do Ovo (Nyushoku-sai) devem ter movido céus e terras para terem o privilégio de apresentar o filme ao longo da festiva semana bastense. Passando férias escolares em casa de tios, juntos, irmãos e primos, fomos conferir o filme mais comentado da comunidade nikkei daqueles tempos. Um tio, Morio Oda, fotógrafo diletante e intelectual de vanguarda na então borbulhante Bastos, nos orientou: que prestássemos atenção no modo como as cenas foram filmadas, o slow-motion, a fotografia feita com o cameraman em movimento acompanhando a cena, os raios do sol filtrando através de galhos e folhas e seguindo a dama (Matiko Kiyo) levada no dorso do cavalo; a chuva torrencial caindo em cascata, a câmera apontada diretamente para o céu, contra a chuva, contra o sol. Sim, senhor: saímos compenetrados de casa, era filme de gente grande, de respeito. Todos éramos crianças entre nove e doze anos de idade…
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25 de março de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Livros e Filmes | Tags: infanticídio de meninas, luta pela liberação, mulheres na China moderna, política do filho único, Xinran
A China Vista de Dentro. São cinco documentários incisivos que retratam a China atual, um deles relatando as mudanças do papel da mulher na China moderna.
Ela vive ainda hoje sob a pressão do homem, da família e do trabalho, senão da própria pressão delas mesmas: para estudar, ter uma carreira, casar por amor – processo que tem sido lento e penoso. Como custa muito caro, a educação é privilégio para filho homem: a filha precisa trabalhar ou no campo ou em fábrica, para ajudar na ida do irmão para a universidade, pois o sucesso do filho homem significa ascensão também para a família, já que a filha, ao se casar, vai pertencer à família do marido. No campo, negocia-se a noiva como se negocia a compra de um cavalo.
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24 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: diversidades étnicas e culturais, identidade própria, miscigenação, preservação | 2 Comentários »
É nos contatos com visitantes asiáticos que se adquire melhor consciência sobre as diversidades étnicas e culturais existentes num país sul-americano como o Brasil, fora dos padrões encontrados na maioria dos países asiáticos.
Começa pelas influências étnicas, que foram se miscigenando num país predominantemente formado de contribuições vindas de fora. Começa com os nativos, cujas marcas raciais são semelhantes aos asiáticos, na medida em que os bebês nascem com as manchas roxas nas nádegas, característica dos asiáticos. O mais provável é que os indígenas sul-americanos sejam descendentes de correntes asiáticas que imigraram há milhares de anos.
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23 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: Akira Kurosawa, custos, detalhes, no exterior, no Japão | 2 Comentários »
Como é natural, os veículos de comunicação estão dando destaque merecido ao centenário do cineasta Akira Kurosawa, considerado um dos mais importantes do mundo. Existem algumas curiosidades sobre esta impressionante figura que não são muito conhecidas mesmo pelos que apreciam o conjunto de sua obra.
Kurosawa era um detalhista, desenhava todas as figuras dos seus personagens, pois era originalmente um pintor. Os figurinos dos seus personagens foram desenhados por ele com todos os detalhes, bem como os cenários. Os filmes dele tinham um custo elevado, pois ele exigia um grande realismo, tendo reconstruído até castelos que foram queimados para algumas tomadas de cenas.
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15 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: hábitos de consumo, poupança
Se existe algo muito difícil de ser alterado são os hábitos de consumo e poupança. O governo japonês, para surpresa de muitos, começa a desenvolver uma campanha para elevar o consumo tendo como alvo as crianças.
Os países que são arquipélagos pobres de recursos naturais como o Japão, com invernos rigorosos acabam desenvolvendo hábitos de elevadas poupanças para atender eventualidades. Os que contam com muitos recursos naturais, sem invernos rigorosos, acabam consumindo suas rendas, poupando pouco.
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14 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: educação, influência da cultura, outras condicionantes
Observando-se o uso da educação formal como mecanismo de ascensão social, existem alguns dados intrigantes que merecem estudos mais aprofundados. Em São Paulo, onde a presença dos imigrantes estrangeiros de todo o mundo e seus descendentes é relativamente elevada, constatam-se alguns fenômenos interessantes.
Deve existir uma correlação relativamente elevada entre os pais e outros familiares que exerceram influências para que seus filhos e descendentes tenham educação superior, mesmo que eles mesmos não os tenham. Sem nenhuma conotação racista.
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13 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: China, dificuldades, esforços, reflexões
Muito se tem escrito e falado recentemente sobre a atual posição chinesa, quase sempre envolvendo um preconceito ou uma inveja. Para compreendê-la e tirar proveito de sua presença mundial, é preciso um mínimo de isenção na sua análise.
Nenhum país de dimensões continentais como a China, com sua longa história e complexidade de sua composição étnica, pode ser descrito em poucas palavras sem que injustiças sejam cometidas. Mas sempre existem traços gerais que podem caracterizá-la, que vamos tentar enfatizar.
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8 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: antropóloga, Cuiabá-Porto Velho, economista, índios suruís, Polonoroeste, Rondônia
Editora Terceiro Nome, São Paulo, 2006
Por mais que tenha percorrido o Brasil por todos os rincões, até os mais afastados, meus contatos diretos com os problemas indígenas foram poucos. Por incrível que pareça, ao enviar uma mensagem de condolências pelo passamento do José Mindlin, com quem convivi nos intercâmbios bilaterais com os japoneses, retomei o contato esporádico que tenho com minha colega da FEA-USP, Betty Mindlin, sua filha.
Betty é uma brilhante economista, uma inteligência privilegiada, que optou por seguir outros caminhos, o da antropologia, quando estudava em Cornell. Muitos dos seus antigos colegas não entendem a opção por ela tomada, mas tento compreendê-la, porque na sua defesa dos suruís, tivemos um contato quando eu era responsável por um programa chamado Polonoroeste, que tinha como eixo a rodovia Cuiabá-Porto Velho. Isto está registrado no seu livro “Diário da Floresta”, de forma simpática, como ela me avisou.
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6 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: Adoniran Barbosa, brasileiro, identidade, João Rubinato, linguagem popular
Como se comemora neste ano o centenário do compositor Adoniran Barbosa, nome artístico de João Rubinato, descendente de italianos, muitos shows serão realizados em sua homenagem.
É o compositor que mais se identifica com o povo brasileiro, pelo seu linguajar peculiar que é uma mistura de muitas influências de imigrantes, italianos, espanhóis, portugueses e até orientais. Nos show, como apresentado hoje pelo seu parceiro Carlinhos Vergueiro, com o Quinteto Preto e Branco, toda a plateia canta suas músicas mais conhecidas.
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4 de março de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Cultura, Depoimentos | Tags: bicultural, bilíngue, dekasseguis, neurolinguística, poliglota, sociolinguística | 2 Comentários »
Indivíduos crescidos entre duas ou mais culturas distintas – como os filhos de imigrantes, diplomatas ou funcionários de carreira – possuem capacidade maior de se adaptar a novas situações de desafios com muito mais desenvoltura e aptidão.
Nipo-brasileiros bilíngues, que fazem intercâmbio de estudos ou home-stays em comunidades do exterior para adquirirem fluência em uma terceira ou quarta língua, não raro passam pela experiência de ver como a sua postura pode provocar reações entre a população local, que fica intrigada com a orientalidade despojada e irreverente deles, e só vem a compreender essa diferença quando é informada de que se trata de descendentes de japoneses nascidos, criados e formados no Brasil.
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