Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Preocupação Legítima Sobre a Preservação do Pirarucu

13 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: artigo publicado no International New York Times, esforços para a preservação do picarucu, manejo para a sua preservação com a colaboração dos pescadores

Todos sabem que o pirarucu, também conhecido como o bacalhau brasileiro, está entre os peixes fluviais de maiores dimensões, podendo chegar a 7 metros e 400 quilos. Simon Romero publica no site do International New York Times um precioso artigo sobre o esforço que vem sendo feito em algumas regiões da vasta Amazônia para a sua preservação, contando com a colaboraçao dos pescadores que dependem de sua pesca. Isto se torna possível com um manejo adequado, preservando os mais jovens, com uma pesca controlada, evitando-se as efetuadas por redes. O pirarucu costuma atingir a sua maturidade aos 3 a 4 anos. Os que conhecem um pouco da Amazônia sabem os multiplos usos do piracucu, que começa pelas suas escamas que são usadas como lixas ou ornamentos, a sua língua seca é utilizada para ralar os bastões de guaraná, que é considerado saudável e até afrodisíaco, enquanto a sua carne seca e salgada ficou conhecida como o bacalhau brasileiro, mesmo que não apresente um sabor de elevada qualidade.

O autor do artigo relata o que observou no longuínquo Tefé, nos confins do gigantesco Estado do Amazonas, acompanhando a vida dos pescadores que alimentam sua ainda numerosa família com o produto de sua pesca. Nas proximidades das cidades, a sua pesca ilegal está colocando a preservação desta espécie como de outras com o risco de extinção. As espécies menores dos peixes fluviais da Amazônia já contam com criações até visando o abastecimento do mercado, eliminando riscos semelhantes. Na realidade, se os manejos adequados forem efetuados, tanto estes peixes como outros produtos da ampla biodiversidade da Amazônia conta com condições para a sua adequada preservação, sustentando a floresta e a região, proporcionando condições de melhoria do padrão de vida de sua população. Muitas iniciativas neste sentido estão sendo efetuadas, inclusive com o apoio externo.

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Um pescador puxa um pirarucu no lago do Macaco, perto de Maraã, Brasil. Crédito: Mauricio Lima e para The New York Times, onde foi publicada a matéria

É evidente que o artigo voltado para os leitores internacionais, principalmente norte-americanos, ainda contém alguns exageros como as abundâncias das piranhas e jacarés, que contam com muitas variedades, desde as mais agressivas como as mais inocentes. Os cardumes, como de algumas piranhas, ficam demasiadamente agressivas ao mínimo vestígio de sangue, inevitável nas pescas como o do pirarucu, tornando-se de alto risco para os pescadores mesmo acostumados com elas.

O artigo relata um caso de sucesso na conservação da Amazônia, o da região de Mimairauá, onde o estoque de pirarucu estaria alcançando uma elevação de 400 por cento, onde a preservação é feita em colaboração com os pescadores. Não se pesca os menores e os que apresentam potencialidade de se tornarem reprodutores. Voltou-se para as técnicas tradicionais de pesca que exigem maior paciência.

Como o pirarucu é de grande dimensão, quando é puxado para as pequenas canoas, é abatido usando-se tacos de madeira, apresentando-se o risco de virar a embarcação. Tudo se aproveita do picarucu, e suas víceras são apreciadas com um pouco de farinha de mandioca. O mais apreciado continua sendo sua carne, que, segundo o artigo, chega a proporcionar cerca de US$ 200 por cada um pescado, reforçando os orçamentos dos pescadores.

Os salgados não aparentam os bacalhaus secos, pois a elevada umidade da Amazônia ainda os mantêm escuros, ainda que possam ser preservados por muito tempo. Seu aproveitamento desta forma são antigas. O artigo informa que mais de 1.400 pescadores em torno de Mamirauá participam do programa de manejo do picarucu, permitindo etiquetar cada peixe pescado. Estes pescadores conseguiram obter uma média de 650 dólares por cada peixe pescado em 2013, o que é importante para esta população amazônica, ainda que a pesca ilegal tenda a depreciar os preços no mercado.

A esperança é a continuidade desta pesca sustentável, mostrando que existem formas racionais de manejo, que permitem a sua preservação e continue proporcionando meios para a população de pescadores.


Novela da NHK com Estrela Estrangeira Baseada em Caso Real

11 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: atriz norte-americana interpreta personagem escocesa que se casou com um japonês, história real das eras Taisho e Showa (1912 a 1989), horário nobre da TV NHK do Japão | 2 Comentários »

Como o assunto está provocando uma grande polêmica no Japão, apesar de não ser um apreciador de novelas, tendo como base um artigo publicado por Louise George Kittaka no The Japan Times e uma entrevista concedida pela atriz Charlotte Kate Fox no Club dos Correspondentes Estrangeiros no Japão, que frequento por ser amigo do jornalista Kotaro Horisaka, tomo a liberdade de escrever este artigo sobre a atual novela da NHK, acrescentando alguns comentários. Os artigos citados podem ser acessados em inglês ou precariamente traduzidos para outros idiomas pela Google: http://www.japantimes.co.jp/community/2014/11/10/issues/foreign-wives-of-japan-offer-nhk-and-massan-criticism-and-kudos/#.VGEk7TpOVLM .

Inicialmente, esclareço que, como o Japão fica do outro lado do mundo, é preciso explicar para os leitores brasileiros que os noticiários mais importantes da televisão japonesa são nas primeiras horas do dia. É quando as notícias da Europa e dos Estados Unidos da noite anterior já estão disponíveis e muitos procuram se informar também sobre o clima e o trânsito local antes de saírem de casa para suas tarefas. Segue-se o horário nobre das novelas japonesas, que costumam ser veiculadas às 8 horas da manhã, e devem alcançar principalmente as donas de casa e os aposentados que estão disponíveis neste horário. Alguns da NHK obtiveram grande sucesso.

A NHK, televisão oficial do Japão que já contou com maior audiência, continua sendo importante tanto para as divulgações das notícias como das novelas, e, mesmo estando num hotel, acaba-se assistindo à sua programação para ficar atualizado sobre o que está acontecendo no Japão e no mundo, na política, economia como nos esportes, além de se preparar para os compromissos do dia, escolhendo as roupas adequadas ao clima da ocasião. Não se pode ignorar trechos das novelas que estão sendo exibidas, ainda que também interessado nos canais internacionais de televisão. Mesmo por mera curiosidade, no período de minha recente estada em Tóquio, estava no ar a novela “Massan”, apelido que a personagem Ellie Kameyama, uma escocesa, dava ao seu marido japonês, Masataka Taketsuru, que foi o pioneiro da introdução do uísque produzido no Japão, que hoje tem fama internacional. A história real sofreu adaptações adequadas às novelas, não sendo uma fiel reprodução do drama que deve ter sido uma europeia optar por morar no Japão, sem prévio conhecimento de sua cultura e dos hábitos de uma família japonesa na época.

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Blonde girl in the ring: Charlotte Kate Fox and Tetsuji Tamayama (second from left) play the lead couple in the NHK morning drama ‘Massan,’ which is inspired by the true story of Japanese whisky pioneer Masataka Taketsuru and his Scottish wife, Rita. | KYODO Publicado no The Japan Times

É evidente que uma adaptação desta natureza necessita levar em consideração as conveniências da novela voltada para o público japonês de hoje. Rita era morena, mas escolheu-se uma atriz norte-americana loira, que confessa ter dificuldades de decorar suas falas, pois não entende japonês, e procurava interpretar uma escocesa. Mas a maioria dos que acompanham a novela acham que esta atriz está se saindo muito bem.

Todos sabem que os dramas de casamentos não aprovados por ambas as famílias envolviam um relacionamento muito difícil da sogra japonesa com a nora, muito pior quando estrangeira. Um pouco antes do período desta história, em 1903, o brasileiro Oliveira Lima já registrava: “…o animal fero e despótico que é a sogra japonesa – a qual deve ter fundado a fama universal da espécie…”, no seu livro “No Japão”.

A reportagem publicada no The Japan Times informa que o grupo poderoso de mais de 500 membros do Association of Foreign Wives of Japanese, que reúne membros de 40 diferentes nacionalidades, interessou-se sobre a novela, que ainda hoje reflete as dificuldades das estrangeiras que se casaram com os japoneses. Fica-se com a impressão que esta entidade conta com membros não asiáticos, como coreanas, filipinas, chinesas e até indonésias, além das nikkeis descendentes de japoneses, como brasileiras e latino-americanas, que são em grande número casadas com japoneses, e que apresentam outras realidades.

Mas muitas das entrevistadas (um terço) afirmam que também enfrentaram a oposição de suas famílias, sentiram um sentimento de isolamento da comunidade (64%), lutaram para encontrar um lugar na sociedade japonesa (63%) e tiveram problemas com o realinhamento das expectativas de casamento com as normas japonesas (57%). Mostram que estas adaptações são bastante difíceis.

Como o assunto é muito importante para entender mesmo os atuais problemas do Japão, recomenda-se a cuidadosa leitura dos artigos mencionados, na sua íntegra.


Entrevista Esclarecedora de Guo Guangchang

10 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: da pobreza a um dos maiores bilionários chineses, entrevista concedida a Patti Waldmeir do Financial Times, grupo Fusun, suas bases filosóficas, um exemplo de um grande empresário chinês

Como muitos grandes empresários chineses começam a se destacar no Ocidente, parece importante conhecer parte das formações de alguns deles, seus princípios filosóficos e como encaram o sucesso que estão obtendo no mundo. Minha experiência pessoal com os chineses é que são mais francos que parecem, não sendo figurinos elaborados por equipes profissionais que facilitem formar uma imagem conveniente para o mercado.

Na entrevista de Guo Guangchang, 47 anos, um dos mais destacados bilionários que formou sua fortuna pessoal que chega a mais de US$ 8 bilhões nos últimos 25 anos, concedida a Patti Waldmeir, do Financial Times, durante um almoço em Xangai, observa-se uma franqueza que é a marca de muitos chineses. Poderia decorrer da autoconfiança no grande destino que estaria reservado ao País do Meio, que se prepara para se tornar a maior economia do mundo nas próximas décadas, gostemos ou não desta posição. A íntegra da matéria, que vale a pena ser lida, pode ser acessada em inglês no http://www.ft.com/intl/cms/s/2/262628dc-64dc-11e4-bb43-00144feabdc0.html#axzz3Ih2xwPr0

CYTD

O empresário Guo Guangchang do grupo Fusun

Ele compareceu sozinho à entrevista marcada com o almoço na sede de sua organização, no Bund Shanghai, fora de qualquer área mais charmosa daquela metrópole. Foi servido um almoço vegetariano, ainda que ele não se restrinja a esta orientação, mas que costuma adotar nos almoços sem luxo especial. Ele não é o empresário mais rico da China nem o mais exuberante, tendo começado como um simples camponês que procurou estudar filosofia na Fudan University, onde começou a formar o seu grupo junto com os seus colegas que continuam até hoje com ele.

No artigo, ele é comparado com Warren Buffett, e neste ano adquiriu 80% o maior grupo segurador de Portugal, a Caixa de Seguros, por US$ 1 bilhão, tendo uma ampla carteira de investimentos em diversos setores. Inclui uma joint-venture no Pramerica Fuson Life Insurance, e participações no Minsheng Bank, o maior banco privado na China. Possui parte do Club Med, que pretende controlar, e participações em empresas farmacêuticas, além de estacas de fundação.

Ele declara uma mistura de budismo, taoismo, confucionismo e um capitalismo do tipo adotado por Warren Buffett na sua formação, e é adepto da prática do tai-chi sempre que possível, cujos ensinamentos ele procura utilizar nos seus negócios na descoberta das oportunidades e tomada de decisões.

O momento certo para atacar é importante como agir, depois de sentir a mudança do momento, que pode extravazar os limites da inteligência humana. A sua vantagem seria a sua capacidade de sentir a mudança mais rapidamente possível, e tomar uma ação decisiva o mais rápido possível.

Ele informa que o tai-chi pode ser praticado a qualquer momento e qualquer lugar, o que contribuiria para a sua saúde. Do budismo, ele aprendeu a ver as coisas através das posições de outras pessoas, sendo que o dinheiro não seria a única finalidade, mas fazer o melhor para outras pessoas, com o dinheiro vindo como consequência. Também levaria a uma posição para considerar relevante o benefício às outras pessoas, contando com ajuda de uma boa equipe. Informa que Jack Ma, que ele admira, também adota posições semelhantes.

Também se refere a um conceito de xinli, que não ficou muito claro para mim, e não parece muito explicado no artigo. Ele não dependeria da riqueza nem da inteligência, mas de não desprezar os riscos, com visões de prazo longo, entre outros aspectos.

Na alimentação, que foi o início da conversa, ele se lembra do período de pobreza quando a tigela de arroz preparado pela sua mãe recebia uma camada do chamado meigancal, uma espécie de cozido chinês rico em gordura, do qual se lembra até hoje com água na boca. Lembra-se positivamente das reformas introduzidas por Deng Xiaoping, que proporcionou terras para os agricultores, livrando a China da fome.

Sobre o futuro da China, ele se preocupa com o excesso de ganância, mas entende que a procura da riqueza é compreensível para quem era pobre. Tem uma convicção que o confucionismo, o budismo e o taoísmo tendem a conduzir para uma posição de equilíbrio, lembrando que o equilíbrio espiritual interior é mais importante que a obtenção simples da riqueza.

Poderia se acrescentar que muitos orientais adotam como filosofia de vida, inclusive empresarial, muitos dos conhecimentos como do entrevistado, que não devem ser considerados exageros de misticismo, ainda que muitos interpretem isto como meras justificativas para ações de um capitalismo radical.


Publicações Exageradas nas Suas Sofisticações

9 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: dimensionamento do público, nível exageradamente elevado, suplementos dos fins de semana

Sempre fui partidário que a imprensa nacional como internacional fosse utilizada para a publicação de matérias de mais profundidade. Tanto intelectual e cultural, como espaço necessário para pesquisas mais profundas dos mais variados campos do conhecimento humano, como reflexões que fogem do atribulado cotidiano em que todos nós estamos envolvidos. Mas, observando o que vem sendo publicado por alguns jornais no Brasil semanalmente, ainda que sempre os procure folhear, mesmo para um leitor como eu, que tem um nível universitário e procure acompanhar o que ocorre com toda a humanidade, confesso que tenho limitações para me interessar pela quase totalidade deles. Parece que existe algum exagero, mesmo comparando com o que acontece na grande imprensa internacional, ou nas revistas voltadas para reflexões mais profundas do ponto de vista cultural. Como dizem muitos jovens hoje, é cabeça demais.

Seria interessante que estes jornais, que enfrentam problemas econômicos com seus elevados custos e publicidades que tendem a se reduzir, tenham uma postura pragmática com a questão, até para assegurar a sua indispensável sustentabilidade. Sempre haverá necessidade de que as vanguardas dos conhecimentos sejam apresentadas, dando oportunidade que os leitores dos jornais tenham a possibilidade de saber onde eles se encontram nas preocupações dos nossos intelectuais. Indicações resumidas poderiam ser oferecidas sobre outras fontes onde estas matérias estejam merecendo atenções, pois voltadas para um público diferente dos jornais diários. Sabemos que sempre haverá uma elite na sociedade que estará pensando sobre problemas que não se relacionam de forma direta com o cotidiano das pessoas, quase sempre de vital importância. O que se discute é o meio de trazer estes problemas para todos.

Não se trata de uma questão simples de ser resolvida. Todos nós temos opiniões diferentes, o que é saudável, e as prioridades que estabelecemos costumam ser diferentes. Mas os jornais diários são importantes para o desenvolvimento da democracia, como para o desenvolvimento econômico e social. Para a sua sobrevivência, há que se estabelecer uma escala de prioridade e pode-se suspeitar que o que é lido somente por um número restritíssimo de leitores deveria encontrar formas diferentes de divulgação. Somos daqueles que sempre aplaudem as matérias de maior profundidade, sabendo que conhecimentos de humanidades dos mais variados setores são importantes para as compreensões dos problemas enfrentados por um país, tanto no campo político como econômico.

Mas tenho a impressão que pode haver um desperdício com páginas preciosas de um jornal sejam simplesmente descartadas pela quase totalidade dos seus leitores, como se fora anúncios que não interessam a eles. Estamos gastando papel, tinta e principalmente um tempo precioso dos responsáveis pelos jornais, sendo talvez interessante que o custo benefício de tudo isto seja avaliado, em função do número de leitores que se interessam por muitos deles.

Assim como assuntos de política e econômica que afetam o cotidiano da população merecem ser “traduzidos” para a compreensão dos leitores, deixando o economês ou outros idiomas estranhos, parece que os conhecimentos mais intelectualizados que envolvem a cultura no seu sentido mais amplo sejam transmitidos de forma compreensível para o público.


Mercado Externo de Tsukiji

4 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias | Tags: 365 dias ao ano, a região do mercado de Tsukiji, além dos tradicionais sushi e sashimis, operam atualmente 24 horas por dia, tudo para culinária

Apesar de ter sofrido alguns problemas com determinadas matérias que afetaram a sua credibilidade, o Asahi Shimbun continua sendo considerado um dos mais importantes jornais japoneses. Vem publicando uma série imperdível de artigos sobre o que chamam Tsukiji exterior, ou seja, cerca de 400 estabelecimentos que ficam em redor do mais famoso mercado de peixes do mundo. São especializados em sushi ou “kaisendon”, uma tigela de arroz coberto de frutos do mar. Hoje, já existem cadeias destes estabelecimentos como o “Sushizunmai”, que opera nada menos que 53 estabelecimentos no Japão, sendo nove da área de Tsukiji, segundo o artigo elaborado por Noriyuki Shigemasa, do site do Asahi. Os que oferecem estes “kaisendon” representam cerca de 20% destes 400 estabelecimentos da região.

O artigo informa que existem algumas reações a estas redes, mas os mais conscientes concorrentes informam que eles estão atraindo mais turistas, até estrangeiros, para a região, introduzindo o hábito de operarem 24 horas por dia, inclusive feriados e fins de semana. Para os que não conhecem a região, além destes restaurantes que aproveitam os frutos do mar frescos adquiridos no famoso mercado, encontram-se milhares de estabelecimentos que vendem tudo que se possa imaginar para ser utilizado na culinária japonesa. Desde ingredientes, dos mais caros aos mais populares, como panelas, facas, e outros produtos difíceis de serem imaginados. Existem estabelecimentos especializados somente nos enfeites dos pratos da culinária japonesa, que variam de acordo com as características da época, como galhos de cerejeiras em botão, para servirem de descanso para os hashis.

Existe um site oficial sobre este mercado externo de Tsukiji no: http://www.tsukiji.or.jp/english/index.html que está em inglês, mas pode ser traduzido eletronicamente, ainda que não seja perfeito, mas compreensível até em português. Quase tudo que se desejar saber sobre este mercado pode ser encontrado neste site. Eu costumo visitar os mercados em todas as localidades que visito, pois dão uma ideia de como se alimentam as populações das mais variadas partes do mundo. Mas, toda esta região de Tsukiji é uma das mais impressionantes que se possa encontrar no nosso universo.

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Uma das muitas ruelas em torno do Mercado de Tsukiji, numa hora excepcionalmente tranquila

O jornal publica histórias pessoais de personagens importantes da região, como da evolução ao longo do tempo desta região, que já passou por crises e hoje está plenamente recuperada, ainda que a economia japonesa não esteja muito bem. Além dos turistas, muitos executivos que trabalham na região de Ginza, que é próxima, costumam almoçar nestes estabelecimentos, que contam com produtos frescos de boa qualidade. Os preços das redes são mais elevados, mas também existem pequenos estabelecimentos que atuam com preços razoáveis.

Muitos funcionários das empresas e compradores que visitam as lojas de departamentos que existem em Ginza também aproveitam o fato de estarem na região para fazer suas refeições antes de voltar para suas casas. Existem redes que ficaram conhecidos pelo aproveitamento de pequenos espaços, becos nas entradas de alguns pequenos edifícios da região.

Muitos consideram que o principal estabelecimento da região seria o Tsukiji Sushisay, que foi criado na região de Nihombashi, considerado o centro de Tóquio, em 1889. Depois do grande terremoto de 1923, foi transferido para o local atual, próximo ao mercado. Existem algumas preocupações, pois o mercado de peixe está programado para ser transferido em 2016, mas muitos acreditam que a marca Tsukiji é muito forte, e que vai se encontrar algumas soluções para que este distrito continue sendo importante para a continuidade da maioria dos estabelecimentos que atraem compradores profissionais, clientes habituais como turistas de todo o mundo.


Preocupantes Sentimentos dos Jovens Japoneses

4 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: comprovações estatísticas, piora nos sentimentos dos jovens japoneses, possíveis interpretações

Quando meus amigos no Japão informaram que muitos jovens japoneses não se sentiam suficientemente motivados, encarei o problema com certo ceticismo. Agora, uma pesquisa publicada pelo Instituto de Estatística Matemática naquele país, realizada a cada cinco anos, confirma esta informação de forma dura, segundo notícia distribuída pela agência Jiji Press e publicada no jornal Japan Today. 26% de uma amostra de 6.400 entrevistados entre jovens homens informam este sentimento, onde 3.170 deram respostas válidas numa pesquisa que foi feita em 2013, e que vem se repetindo regularmente desde 1953. Em 1988, este percentual era de 17%, mostrando um crescimento assustador. Segundo estas informações, eles não se interessam em estudar e/ou executar trabalhos, pois acreditam que não são compensadores.

As informações são de que as jovens também não se interessam em se casar e principalmente terem filhos, chegando a quatro entre cinco mulheres. Apesar do governo japonês incentivar o aumento de crianças, visando evitar a forte redução de sua população. Encontramos em alguns restaurantes grupos de jovens mulheres comendo e bebendo em grupos, com somente uma criança entre elas, brincando com um aparelho eletrônico, pois não se interessava pela conversa, chegando a apelar para uma delas, possivelmente sua mãe, que já era tarde, hora de dormir. Uma cena chocantemente triste, mas revelando uma dura realidade.

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Grupo de jovens japonesas jantando

As mais variadas razões devem estar determinando uma situação desta natureza. Com a redução da população, muitos jovens se acostumaram a viver por conta dos seus pais, e o custo de um aluguel para morarem separados é relativamente baixo, pela grande disponibilidade de habitações modestas. O Japão tornou-se o país de mais alto percentual de população idosa.

Um longo período de deflação, com baixo crescimento econômico, não parece ter apresentado desafios para os jovens homens, fazendo com que muitos ficassem indeferentes e pouco motivados. De outro lado, as jovens conquistaram uma posição no mercado de trabalho, deixando de ter um papel relativamente subalterno na sociedade japonesa.

O custo de manutenção de um casamento, bem como de criação das crianças, tornou-se uma carga relativamente pesada, limitando a livre atividade das jovens, quando não se conta com babás e outras pessoas que ajudem a cuidar das crianças. O governo está estimulando as empresas a criarem creches que não existiam em grande número no Japão.

Este tipo de situação está se repetindo em países europeus, onde também a população deixou de crescer, aumentando relativamente a quantidade de idosos. Tudo indica este fenômeno, de forma precoce, tende a se reproduzir também nos países emergentes, inclusive no Brasil, que nas próximas décadas não apresentará mais crescimento populacional.

Tudo parece indicar que as autoridades terão que redobrar suas preocupações com problemas desta natureza.


Difícil Aprendizado da Democracia

3 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: aprendizado no Ministério Público e na Justiça, observações de décadas da política brasileira, reações inusitadas sobre os resultados eleitorais, tentativas lamentáveis de radicalização

Acompanhando e participando diretamente do processo eleitoral no Brasil desde a década dos cinquenta do século passado, fica-se com a impressão que o atual período de aprendizado do exercício da democracia na sociedade brasileira vem apresentando indícios de algumas dificuldades que se espera sejam pontuais. É verdade que uma eleição decidida em segundo turno com pequena diferença, com algumas questões judiciais possivelmente criminais em andamentos, alguns, ainda em seus estágios iniciais, propiciam ambientes para precipitações que nem sempre contribuem para os aperfeiçoamentos democráticos desejados pela grande maioria dos eleitores brasileiros. Algumas contestações públicas aparentam inconformismos do tipo do que se observava ainda quando grupos se consideravam donos do país, e relevavam as opiniões de uma grande massa de menos privilegiados, principalmente do ponto de vista político, econômico e social.

No passado mais remoto, eram usuais as contestações de irregularidades processuais nas eleições que certamente existiam. Desde a Constituição de 1988 e com a introdução das votações eletrônicas, mesmo que venham sendo aperfeiçoadas com a inclusão das digitais de cada eleitor, os resultados aceitos até pelos concorrentes derrotados não eram contestados por pequenas minorias de inconformados com os resultados. Estas manifestações, até com demonstrações públicas, mostram que alguns segmentos dos eleitores pretendem ter uma consciência política superior a de todos os eleitores e “sabem” quais seriam os adequados para os dirigentes nacionais ou regionais eleitos.

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Fernando Zamora/Estadão Conteúdo                        Gabriela Biló/Estadão Conteúdo

Estas manifestações são difusas, com participantes contrariados pelos mais variados motivos. O que assusta é que ao lado destes desejos de se apresentarem para merecer um espaço na mídia, demonstram que não estão propensos a ações políticas dentro das legislações existentes, como se fosse possível criar fatos a partir de manifestações de segmentos pouco expressivos do ponto de vista numérico, de forma suficiente para modificarem o quadro com que estão inconformados.

O que pode ser mais grave é que, por meios mais variados, os que deveriam defender a legalidade, dentro do estabelecido pelas normas e processos existentes sobre questões eleitorais, representantes do ministério público e até do judiciário, dão vazão ilegais a membros da imprensa sobre alguns depoimentos de confessos criminosos que estão se beneficiando das delações premiadas.

Pelo que se pode aprender da história é que o desenvolvimento da democracia necessita ocorrer dentro de processos definidos por representantes legítimos dos eleitores, escolhidos nas eleições. Os processos que fogem destes princípios podem ser contestados ampliando o tumultuo numa situação já difícil, em nada contribuindo para o entendimento daqueles que precisam conviver em sociedade, mesmo com os que têm opiniões contrárias.

Numa democracia, que se espera que todos desejem, não se pode atropelar estes processos que muitas vezes são demorados para que a justiça seja feita. A simples acusação não pode ser usada para a condenação de suspeitos, pois isto se aproximaria do linchamento que nem é algo civilizado.

O que se espera é que, a partir das autoridades estabelecidas, oriente-se a população sobre a necessidade de respeito às regras existentes, ainda que isto não agrade a todos. O que se espera é o predomínio da opinião da maioria, dentro de processos definidos.

Os eventuais adversários destes manifestantes acabarão por ter razão nas suas acusações de que existem alguns movimentos golpistas, se as normas existentes não forem respeitadas.


A Centenária Estação de Tóquio

2 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: a imponente Estação de Tóquio, acompanhando a evolução da região de Marunouchi, um dos símbolos da cidade | 2 Comentários »

Dos cem anos que a Estação de Tóquio completa ainda este ano, como noticiado no The Japan Times num artigo de Satoko Kawasaki, por 46 anos tive o privilégio de acompanhar pessoalmentesua evolução, tendo revisto-a recentemente com todas as mudanças da região central de Marunouchi. De inspiração inglesa, foi projetada pelo arquiteto japonês Kingo Tatsuno e todo construído com tijolos como até hoje é preservado, com pequenas mudanças decorrentes dos estragos dos bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial. Ela resistiu ao Grande Terremoto de 7,9 graus que arrasou a capital japonesa em 1923. Dois andares foram acrescidos há poucos anos, numa operação inusitada sem destruição do seu teto, e cerca de sua metade é hoje ocupada por escritórios, bem como pelo lendário Tokyo Station Hotel, que acomodou visitantes ilustres do governo japonês. Diariamente passam por esta estação nada menos de 4.100 trens, em diversos níveis, como os famosos Shinkansen que cobrem hoje praticamente todo o Japão.

Tendo ocupado um hotel ao lado destas linhas ferroviárias perto desta estação, minha esposa se preocupava com todo o intenso tráfego dos trens, mas, com as vedações eficientes dos edifícios japoneses, não se sente nenhum barulho ou vibração. Todo o bairro de Marunouchi foi remodelado, tanto na parte pertencente ao grupo Mitsubishi como com a construção da Prefeitura de Tóquio, que compreende um suntuoso centro cultural. Ambos os lados da linha férrea sofreram fortes remodelações com muitos prédios sendo substituídos por arranha-céus, acomodando lojas de elevado luxo e escritórios de grandes empresas internacionais. No antigo pátio ferroviário, na região da primeira estação de Shimbashi que ligava Tóquio ao porto de Yokohama, ergueu-se um novo bairro conhecido como Siodome, todo de novos, elevados e suntuosos edifícios comerciais. Quem não vai a Tóquio há mais de dois anos não reconhece mais esta região da cidade.

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A estação de Tóquio por onde passam 4.100 por dia, em diversos níveis

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A cúpula da Estação de Tóquio, em foto publicada no The Japan Times

Com a multidão que circula diariamente pela Estação de Tóquio, que conta também com diversas linhas de metrô, o local é considerado com um dos melhores pontos de venda do Japão. A região de Marunouchi já foi considerada um dos mais importantes centros financeiros do mundo, e somente empresas de grande prestígio internacional conseguiram alugar algum espaço. Hoje, são as grandes lojas de grifes internacionais que ocupam suas lojas, mais para marcarem a sua importância.

A agência do Banco do Brasil que se localizava nesta região, possivelmente diante dos elevadíssimos aluguéis, parece ter se deslocado para outra região mais acessível da cidade, pois não a localizei para tomar um cafezinho, pois lá estava uma placa indicando a minha presença na sua inauguração. Outras empresas brasileiras internacionais como, a Vale e a Petrobras, também mudaram de localização, ainda que para outras áreas também importantes.

Alguns analistas entendem que está havendo um exagerado boom imobiliário no Japão, pois também em outros bairros de prestígio estão sendo construídos conjuntos de assustadoras dimensões, destruindo prédios que seriam considerados pelos brasileiros como novos.

Mas os mais importantes marcos de Tóquio continuam preservados, ainda que com modernizações, exigindo os que não frequentam a cidade se atualizarem com as localizações dos pontos que desejam visitar.


Dificuldades de um Brasileiro em Barcelona na Espanha

29 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: as impressões positivas, dificuldades com os serviços., lições de Oliveira Lima, mas também as negativas para ser justas

Já registramos neste site aspectos positivos que encontramos em Barcelona, mas, para ser justo, também temos que registrar algumas dificuldades encontradas. A economia espanhola passa por dificuldades como muitas outras europeias, com o nível de emprego relativamente baixo. Necessita das receitas que obtém com o turismo, que é importante, mesmo neste período de início do outono, quando europeus, chineses e os provenientes de outros países efetuam gastos importantes para esta economia, gerando muito dos seus empregos. Não se compreende que continue com sua proverbial forma de tratamento ríspido aos estrangeiros e até aos locais, que já faz parte de sua cultura. Poderiam empenhar-se em tratar da melhor forma possível aqueles que procuram ajudar a Espanha a recuperar sua economia, como quando o restante da Comunidade Europeia podia ajudá-la, o que se tornou difícil, pois até a Alemanha, sua locomotiva, encontra-se com suas dificuldades.

Fiz a reserva do hotel pela internet, como hoje é usual. Mas, diante dos fusos horários de uma viagem que se estendeu até o Japão, houve um erro inicial nas reservas, que foram posteriormente corrigidos. Para minha surpresa, quando cheguei ao pequeno hotel que estou utilizando, havia duas reservas de apartamentos para o primeiro dia no meu nome, e o débito das diárias já tinham sido feitas para o cartão de crédito utilizado. Em vez do funcionário corrigir o erro claro, tive que arcar com o prejuízo, ficando com um quarto vago, sem que houvesse a mínima possibilidade de entendimento razoável. Num outro incidente, de volta de um restaurante utilizando o táxi, para o pagamento ofereci uma nota, pedindo que fosse incluída uma gratificação pelo serviço. O motorista deu-me o troco menor do que o sugerido, e ainda acabei perdendo neste veículo a moedeira com alguns euros. Isto pode ser considerado um roubo, que acontece somente em países que tratam os turistas de forma negativa, como também existem na Europa.

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Pequeno hotel em Barcelona com limitações nos serviços da internet

Além destas limitações, os serviços de internet são lentos e precários, como as tarefas mais simples de fornecimento de informações sobre os locais que se deseja visitar, bem como os serviços de limpeza que dependem da ajuda de trabalhadores estrangeiros, pois os idosos funcionários espanhóis parecem acomodados.

Isto se observa também nos locais turísticos, onde muitos ficam em conversas entre eles, não se incomodando muito com os turistas. Os atendimentos, como nas entradas, são demorados, compreendendo-se quando a procura pelos turistas supera a capacidade de atendimento do local. No entanto, mesmo nos horários menos procurados, ou quando se encontram bastantes vazios, estes atendimentos parecem demasiadamente burocráticos.

Os serviços de câmbio existentes são verdadeiras extorsões. Para a simples troca de um traveller check em euro chegaram a cobrar 30%, quando os bancos fazem a mesma operação com uma comissão modesta. Nos aeroportos, os câmbios não estão cobrando comissões, ainda que as taxas também não sejam nenhuma maravilha.

Os cartões de crédito que costumam ser aceitos hoje em todo o mundo, com a simples assinatura dos portadores consumidores, nem sempre são aceitos. Não se compreende como um país que já hospedou as Olimpíadas ainda conte com estas limitações, quando a receita dos turistas é importante para a recuperação de sua economia.


Inovações da Culinária em Barcelona

29 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: as iniciativas do chef Carles Abellan, diversas tendências em evolução, instalado no Hotel W, novas leituras das receitas tradicionais

Barcelona é certamente um dos centros de culinária no mundo onde existe uma grande efevercência de muitas novas tendências. Por mais que haja inovações na química envolvida nas grandes culinárias, as bases são as tradicionais, muitas que perduram por séculos e que passam por novas leituras. Fomos experimentar o restaurante Bravo, que é comandado pelo chef Carles Abellan, um dos mais badalados em todo o mundo, que está instalado no luxuoso hotel W, que conheci há décadas em Nova Iorque. Já contava com uma clientela moderna e jovem, que aceita as inovações com maior facilidade. Observa-se que muitos chefs estão nestes hotéis com seus novos restaurantes, alguns menores que são chamados “boutiques”, partilhando os riscos de um novo empreendimento. O W é dos mais destacados, com grandes dimensões, ficando instalado junto a muitas marinas, que imagino aproveitarem também os seus ricos frequentadores, bem como jovens empresários que percorrem o mundo, além de turistas interessados em conhecer as melhores coisas que podem ser usufruídas pelos seus patrimônios acumulados. Não é um estabelecimento barato, pois o luxo implica também em elevados custos.

O cardápio deste restaurante Bravo é inusitado, indo desde tapas tradicionais com leituras luxuosas, que certamente são destinadas aos que desejam passar por bons momentos, usufruindo as melhores bebidas disponíveis na qual a Espanha vem se destacando, notadamente nos seus vinhos. Lamentavelmente, por questões de saúde, não posso consumir produtos que contenham álcool, o que limita demasiadamente minhas opções, que me levam a considerar a média de muitos alimentos carregados no sal. Escolhi começar com um conjunto das três melhores ostras disponíveis na Europa, uma de Barcelona, outra da Galícia e outra considerada deliciosa do Mediterrâneo. Graúdas, saborosas, frescas, consumi-as somente com o limão. Minha esposa escolheu alguns tapas, que acompanham as bebidas e que também experimentei, todas deliciosas e criativas, de elevadíssimo padrão.

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Chef Carles Abellan e parte das instalações do seu restaurante Bravo, no hotel W

Os frutos do mar na Espanha são excepcionais, apresentados frescos e com uma maciez que surpreende, sempre no ponto adequado. Os seus temperos são dignos de chefs mais renomados. Mas são também nos pratos tradicionais, como um cordeiro com molho intenso em vinho e muitas especiarias, que se observa a força da tradição.

Apesar de se tratar de um jantar completo, começando pelos tapas, algumas entradas, prato principal e sobremesa, nota-se que todos estão enquadrados no que se dispõe de melhor na estação. As formas de grelhar são impressionantes, pois as lulas, por exemplo, vêm sobre uma grelha quente de barro, no ponto correto. O mesmo aconteceu com o cordeiro, que vem num panela tradicional da Espanha, quente, em cima de suporte como de cerâmica que também o mantinha aquecido, ainda que o outono mal tenha começado na Europa e esteja muito moderado em temperatura.

O serviço é internacional da melhor qualidade, pois o prestígio do chef, que é responsável por diversos restaurantes no mundo, inclusive de culinária italiana e mediterrânea, está em jogo. Todos falam o idioma inglês correntemente, com apresentações impecáveis de elevada elegância.

Como estamos em Barcelona, os turistas são recebidos a partir das 20h locais, mas os mais acostumados com os hábitos espanhóis, a elevação da frequência começa a ocorrer depois das 21h30. Como sobremesa, tive a oportunidade de experimentar uma famosa espuma, sobre um creme tradicional de Barcelona, ao lado de um pouco de sorvete com pingos de chocolate, tudo equilibradamente decorado com uma flor.

Como evito café depois do jantar, foi-nos serviço um chá inglês com alguns pequenos pedaços de chocolate. Mesmo tendo consumido mais de 12 diferentes pratos, saímos do restaurante satisfeitos e leves. Espera-se que estas inovações cheguem rapidamente ao Brasil.