Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Desperdício de Alimentos no Mundo

11 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: informação do BBC, metade dos alimentos produzidos no mundo são desperdiçados, relatório de uma organização britânica

Existe uma expressão em japonês, “motainai”, que fez parte da cultura do Japão há muito tempo, hoje menos utilizado. Referia-se ao desperdício, quando as crianças aprendiam que nem um simples grão de arroz deveria ser deixado no prato, pois era produto do trabalho de muitos, começando do agricultor. Este tipo de cultura não era somente dos japoneses, mas de todos os povos que passaram pela fome, notadamente em decorrência das guerras. No site da BBC Brasil, consta uma matéria que atualmente metade da produção de alimentos no mundo é desperdiçada, pelas mais variadas razões.

Os consumidores, atualmente, dão muita importância para a boa aparência dos produtos sem se preocupar tanto com o seu conteúdo, e muitos que apresentam mesmo algumas desigualdades nos seus formatos acabam sendo descartados. Os consumidores mais conscientes evitam produtos que exageram no conteúdo de fertilizantes e defensivos químicos, por exemplo, preferindo os “naturais”, e sabem que mesmo aqueles que não apresentam as melhores aparências podem ser mais saudáveis, utilizando-os para o seu consumo.

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Retratos dos alimentos desperdiçados no Brasil

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Observações Críticas do The Economist Sobre o Brasil

11 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: caso das licitações dos portos, críticas agudas mesmo sobre tentativas de correção, falta das críticas locais, os problemas tributários, posição ideológica do The Economist

Todos conhecem as posições ideológicas do The Economist e seus artigos, mesmo quando tratam de assuntos que os governos procuram corrigir como no caso dos portos brasileiros. Acabam soando como extremamente severos quando se trata de países que possuem governos com tendências que denominam esquerdistas. E até quando as autoridades fiscais impõem multas pesadas, não somente sobre empresas privadas como estatais como a Petrobras. No número do The Economist da próxima semana, estes dois assuntos estão abordados com um tom crítico que supera as dos veículos de comunicação social do Brasil que fazem oposição ao governo atual, ainda que tenham algumas razões para apontar muitas irregularidades. Como também atingem, muitas vezes, o próprio Reino Unido, deve-se concluir que faz parte da ironia inglesa, que chega a ponto de cansar os seus leitores, que não possuem o mesmo fair play.

Usando como gancho a iniciativa do governo brasileiro de ampliar a concorrência nos portos, concedendo novos terminais privados, além dos que já existe tradicionalmente no Brasil, o artigo tem o título de “a Pirataria à luz do dia”, referindo-se às taxas cobradas para atracamento dos navios e descargas, que seriam o dobro da média observada na OECD, segundo observações do Banco Mundial para os contêineres. Além dos subornos e outras taxas para intermediários, assunto que não é tratado em profundidade pela imprensa local. É preciso lembrar que a irregularidade só existe quando existem no mínimo o corruptor e o corrupto, sendo que uma parte costuma ser privada.

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Vista aérea do porto de Santos, o principal do País

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Mudanças Que se Processam no Japão

9 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: jovens criando starups, notadamente na área das tecnologias eletrônicas, pequenas e médias empresas, redução da importância das grandes organizações | 2 Comentários »

A longa crise pela qual passa a economia japonesa, que já dura décadas, vai obrigando a introdução de mudanças que não se observaram no passado. O conceito de um emprego para toda a vida parece não mais prevalecer, aumentando a mudança de muitos profissionais para outras empresas. As grandes organizações que eram o forte do Japão já partilham sua importância com pequenas e médias, que antes eram as que terceirizavam alguns serviços. A força criativa da economia japonesa parece residir agora nestas que possuem maior agilidade e criatividade, inclusive na geração de novas tecnologias.

Um artigo publicado originalmente no Financial Times, elaborado por Michiyo Nakamoto, está hoje publicado no Valor Econômico em português, informando que jovens japoneses criam starups, como tem acontecido em muitos lugares, principalmente nos Estados Unidos. Com suas iniciativas, criam novos produtos que recebem suporte de financiadores especializados, e algumas delas conseguem resultados expressivos, ainda que muitas não noticiadas não tenham obtido sucessos.

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Problemas das Empresas Japonesas no Exterior

9 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: acostumados a trabalhar com regras estáveis, artigo no Nikkei sobre as dificuldades de adaptação, mudanças no Sudeste Asiático, problemas em todo o mundo | 6 Comentários »

Diante da falta de crescimento da demanda interna do Japão, muitas empresas japonesas estão ampliando suas atividades no exterior, principalmente nos países asiáticos. Com as atuais dificuldades na China e na Coreia do Sul, decorrentes das disputas de ilhas, procuram-se mais os países do Sudeste Asiático, mas as condições que encontram diferem muito das japonesas, com as quais estão acostumadas. Um artigo publicado no jornal econômico Nikkei informa as dificuldades que encontram com as mudanças nas regulamentações, as diferenças culturais e religiosas, que aumentam seus riscos.

No Vietnã, por exemplo, a partir deste ano, os aparelhos eletrodomésticos passaram a exigir a anexação da informação sobre o seu consumo de energia, e como isto é um dos pontos fortes do Japão, os empresários ficaram satisfeitos. Mas as faltas dos detalhes desta regulamentação estão deixando-os nervosos, diante das constantes alterações que são introduzidas. Na Indonésia, os empregados de uma indústria automobilística japonesa estão protestando diante da embaixada japonesa. Na China, ainda que parte da produção japonesa seja voltada para a exportação para outros países, as dificuldades políticas estão ampliando as dificuldades.

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Esforço Norte Americano Para a Independência Energética

9 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo do Financial Times, esforço norte-americano para a independência energética, importação de petróleo mais baixo nos últimos 25 anos

Se há um grande esforço que vem sendo desenvolvido pelos Estados Unidos, este é atingir a sua independência energética. Um artigo publicado no Financial Times informa que no próximo ano a sua importação de petróleo deve ser a mais baixa dos últimos 25 anos, ao mesmo tempo em que a demanda cresce lentamente, de acordo com a previsão do governo daquele país. As autoridades norte-americanas preveem que em 2014 a importação de petróleo bruto como seus derivados devam chegar a cerca de 6 milhões de barris/dia, que seria o nível mais baixo desde 1987. Seria a metade do pico de 12 milhões de barris do período 2004-2007.

Isto decorre, em grande parte, da intensa exploração do xisto que está proporcionando óleo e gás a baixos custos, ainda que existam críticas que está se poluindo o subsolo com produtos químicos. O artigo informa que algo semelhante também está ocorrendo na proximidade do Iraque e na Nova Zelândia, além da exploração dos poços de petróleo que estavam se esgotando na Dakota do Norte e no Texas. Além de diminuir a dependência dos Estados Unidos da importação do petróleo, os seus preços estão baixando, prevendo-se que devem ser mais baixos que no ano passado.

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Superpetroleiros utilizados para transporte entre o Golfo e os Estados Unidos,

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Países Emergentes Continuam Crescendo

9 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: apesar dos Estados Unidos e da Europa, artigo de Jim O’Neill no Project Syndicate, o BRIC ampliado

Jim O’Neill, do Goldman Sachs, foi quem primeiro utilizou a expressão BRIC – agregando países emergentes de grandes dimensões como o Brasil, Rússia, Índia e China. Num seu artigo publicado no Project Syndicate, ele informa agora que o mundo emergente, ao qual poderiam ser acrescentados outros países como a Coreia do Sul, a Indonésia, o México e a Turquia, que somados equivaleria a um Reino Unido, já atingiram em 2011 US$ 3 trilhões em oito países, ou seja, cerca de um quarto da economia norte-americana, estimada em torno de US$ 15 a 16 trilhões.

Os 15 países que incluiriam, além do que ele chama de Next 11, Filipinas, Bangladesh e a Nigéria teriam dois terços da população mundial, que continua crescendo do ponto de vista econômico em 2013, mesmo com o desaquecimento dos últimos anos. Os crescimentos nestes emergentes compensam as quedas observadas na Europa, segundo o autor. No fundo, só o crescimento dos BRIC equivale a uma Itália.

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Jim O’Neill. Foto: Thomas Lee/Bloomberg

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Dificuldades das Gestões de Projetos no Brasil

9 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: comunicações, dificuldades atuais, energias e transportes, experiências passadas, recursos humanos | 2 Comentários »

Parecem acentuadas as dificuldades atuais do governo na gestão dos muitos projetos que pretendem executar, nos três níveis da administração pública. Os projetos estão sempre atrasados nos seus cronogramas, apresentando também problemas de diferenças de qualidades e aumento dos custos, quando comparados com os já privatizados. O Brasil, ainda que seja um país emergente, onde todos estes problemas sempre foram encarados como naturais, aparenta contar recentemente com dificuldades acima do razoável, principalmente tendo em conta que já houve períodos de maior eficiência nestes trabalhos brasileiros, evidentemente quando o número deles era menor que atualmente. Apesar dos esforços de muitas autoridades e os avanços democráticos e sociais obtidos no Brasil, não se consegue ainda uma gestão eficiente como a desejável na execução dos projetos.

Quando não existe numa regularidade na execução dos projetos e de forma crescente, as dificuldades parecem aumentar, como aconteceu nas ferrovias e nos projetos de construção naval, que já foi importante no país. No caso do setor de energia elétrica, o Brasil foi capaz, com a assistência do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e a ativa participação da CIBPU – Comissão Interestadual da Bacia Paraná-Uruguai, estabelecer o seu programa para a grande região Centro Sul do Brasil, criando até a Eletrobras. Dezenas de usinas foram programadas, do montante das bacias em direção à jusante, com o melhor aproveitamento das águas disponíveis, com horizonte mínimo de 25 anos projetado para o futuro. Compreendiam as dezenas de usinas dos rios Grande, Tietê, Paranapanema e até o Paraná, para destacar os mais importantes, com diversos aspectos relacionados com o uso das águas considerados nos projetos. Multiplicaram-se as empresas privadas brasileiras de engenharia de projetos de grandes estruturas, e as empresas de construções pesadas estavam capacitadas, até chegar à fenomenal binacional Itaipu, quando o Brasil impressionava o mundo com o domínio da tecnologia mais avançadas disponível na época para este tipo de construção. O Brasil passou a contar com a matriz energética menos poluente no mundo, utilizando a hidroeletricidade.

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Vistas da hidroelétrica binacional de Itaipu

Algo semelhante ocorreu, entre outros setores, nos transportes com a rede rodoviária nacional, que integrou este país de norte a sul, de leste a oeste, quando antes o país era constituído de ilhas regionais. Brasília já tinha acelerado a marcha para o Oeste, e o país chegou até aos desafios como a Transamazônica, a Cuiabá-Porto Velha, Cuiabá-Santarém atingindo até a rodovia Perimetral Norte, ampliando a ocupação brasileira geograficamente. Antes, o país estava concentrado nas regiões Leste e Sul, tanto nos períodos de administração democrática como autoritária.

Projetos importantes como a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias e a Embraer chegaram a se juntar à Petrobras e a Vale, ajudando a consolidar o país e a projetá-lo para o exterior, para somente mencionar alguns destaques. Empresas privadas brasileiras de construção pesada se tornaram importantes no mundo desenvolvido, executando projetos que não implantamos no Brasil.

O que nos levou a perder este ritmo passado? Tudo indica que se diluiu a capacidade de pensar grande e num prazo mais longo, herdada do período que se seguiu a Segunda Guerra Mundial, quando se acreditava que o planejamento era capaz de provocar o desenvolvimento econômico no mundo. Foram sucateadas as muitas empresas de engenharia de projeto, sem as quais a execução sempre se torna mais complicada, inclusive de suprimento adequado dos recursos financeiros.

É interessante observar que mesmo nos períodos conturbados politicamente, como no final dos anos cinquenta e começo dos anos sessenta do século passado, projetos como o da Vale, que integravam o transporte de minérios para o porto de Tubarão foram executados, sem perda de continuidade, com contrapartidas no exterior. Com parceiros do outro lado do mundo, e esquemas financeiros baseados nos contratos de fornecimento de longo prazo. O mesmo foi repetido, em escala maior no projeto Carajás, que escoava a sua produção pelo porto de Itaquí.

Podem-se tentar algumas observações sobre as dificuldades atuais, não as subestimando, pois são muitas e poderosas. Não parece conveniente, mesmo que a presidente Dilma Rousseff tenha uma formação tecnocrata, seu envolvimento exagerado e direto nos projetos setoriais que parece inibir muitas autoridades. Aparenta ser recomendável que a Presidência conte com um anteparo de poucos e competentes ministros para comandar a consolidação dos setores de infraestrutura, que tenham experiência na execução de obras, mesmo que necessitando do suporte político. Uma estrutura semelhante ao do Estado Maior poderia ser adotada, que também é utilizada no setor privado, com a clara definição da hierarquia e responsabilidades, bem como das tarefas. A Presidência só determinaria as orientações gerais efetuando as cobranças dos seus ministros, bem como as arbitragens necessárias.

Nos variados organismos envolvidos na maioria dos projetos, parece indispensável que seus dirigentes formem uma verdadeira equipe, consciente da missão que lhes cabe, mesmo tendo que atender as conveniências políticas regionais. Composições de personalidades de diferentes qualificações e subordinadas às várias facções políticas, que compõem a base política do governo, dificilmente proporciona a eficiência desejada.

Muitos projetos complexos foram executados no passado com o financiamento de organismos internacionais, como o Banco Mundial ou BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, ainda que suas exigências sejam muitas vezes exageradas e seus recursos não sejam hoje os mais convenientes. Mas elas ajudam a resistir às pressões políticas de alguns segmentos locais.

Muitas reclamações são levantadas sobre as exigências, como as de preservação do meio ambiente, ou atendimento das reservas de toda natureza já existentes. Ainda que estas negociações sejam demoradas e burocráticas, todas elas necessitam ser atendidas no período da elaboração dos projetos de execução.

Muitos organismos de diferentes ministérios acabam sendo envolvidos em diferentes projetos. A constituição prévia de um mecanismo de negociação pode ser estabelecida, não se facilitando a sua revisão na fase de execução. Sempre que surgirem eventuais problemas que não estavam previstos, as arbitragens parecem convenientes serem efetuadas num escalão mais elevado, até em alguns casos chegando até a Presidência da República.

Parece conveniente que consultas prévias sejam efetuadas com organismos de prestação de contas, e em alguns casos envolvendo alçadas de outros poderes, que poderiam apresentar seus pontos de vista antecipadamente sobre aspectos mais controvertidos.

Como vem acontecendo em conselhos com a participação de empresários, poderia se estabelecido um com a representação de executivos que já tiveram a experiência de execução de projetos de envergadura no setor público, inclusive com a participação do setor privado ou de organismos internacionais. Parece um desperdício que experiências acumuladas localmente no passado não sejam aproveitadas nos atuais projetos, mesmo que os avanços tecnológicos sejam apreciáveis.

Muitos acreditam que empresas internacionais de consultoria poderiam ajudar nestes projetos. Salvo raras exceções, somente nos períodos de suas elaboraçõesc elas parecem serem úteis, pois nas execuções as complicações parecem mais internas, com muitos técnicos internacionais contando com dificuldades para absorverem todas as especificidades brasileiras.

Mesmo que não sejam somente estas as contribuições a serem aproveitadas, parece crucial que venham a ser adotadas inovações nas gestões dos grandes projetos, até para atender os reclamos razoáveis da opinião pública que precisam se sentir participantes das decisões.


Mudanças Econômicas Difíceis de Serem Compreendidas

8 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: difícil para os brasileiros, mais para os estrangeiros, mudanças no mundo, o que acontece no Brasil

Quando acontecem fenômenos inusitados na economia brasileira ou mundial, mesmo os melhores analistas ficam perplexos. Quanto mais os jornalistas estrangeiros, muitas vezes carregados de preconceitos. Louise Lucas e Samantha Pearson, do Financial Times, não conseguem avaliar corretamente a substancial melhoria da distribuição de renda no Brasil, usando expressões ofensivas como “colônia de escravos” que se tornaram componentes da classe média, passando a consumir no que certamente seria uma “bolha”. E rachaduras começam a aparecer na economia brasileira, que corre o risco iminente de entrar numa depressão.

O prêmio Nobel de Economia, Joseph E. Stiglitz, publica um artigo no Project Syndicate, referindo-se as “Crises pós-crises”, apontando as dificuldades que ainda estão por vir. Mas admitindo também que no mundo ocorreu uma significativa redistribuição de renda. O fosso entre os países emergentes e os avançados diminuiu muito nas últimas três décadas, o que nem sempre é apontado pelos analistas, com um dado novo fazendo com que no mundo industrializado perca de importância, quando novos países ganham maior projeção.

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Desenvolvimento Industrial Segundo Ha-Joon Chang

8 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: entrevista para o Estado de S.Paulo, escala industrial, professor de Cambridge Ha-Joon Chang, protecionismo

O coreano Ha-Joon Chang é considerado um dos principais economistas heterodoxos e é professor na consagrada Universidade de Cambridge e deverá participar de um programa de palestras na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas. Vem acompanhando o desenvolvimento de muitos países, e concedeu uma entrevista à Melina Costa, publicada no jornal O Estado de S.Paulo de hoje.

Segundo ele, mesmo os Estados Unidos no seu início do processo de desenvolvimento industrial utilizou do protecionismo, o mesmo acontecendo no Japão, na Suíça, em Cingapura ou na Coréia do Sul. Mesmo no pequeno Catar como na gigantesca Austrália isto acontece. Selecionando determinados setores industriais, acabaram se tornando competitivas no mercado internacional.

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Ha-Joon Chang

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Nova Política Cambial do Japão

7 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: antecipação do mercado, desvalorização de cerca de 10%, flexibilidade monetária, política cambial do novo governo japonês

O novo governo chefiado pelo premiê Shinzo Abe e tendo como principal figura na área econômica o também ex-premiê Taro Aso já conseguiu uma desvalorização do yen de cerca de 10%, que independeu da ação tomada pelo Bank of Japan. O próprio mercado, entendendo que o novo governo perseguia uma maior competitividade internacional, elevou a cotação do câmbio que girava em torno dos 80 yens por dólar norte-americano para a faixa dos 88 yens. Antes mesmo que o governo informasse oficialmente o Bank of Japan que gostaria de contar com uma inflação com a meta em 2%, quando antes era de 1%.

Os empresários japoneses, como o presidente da poderosa Keidanren que reúne as mais importantes empresas, Hiromasa Yonekura, informa que o câmbio deverá flutuar no amplo intervalo de 75 a 90 yens por dólar. O presidente de outra organização de peso, que é o Keizai Doyukai, que reúne os empresários, expressa a opinião que não basta contar com a desvalorização cambial. E o presidente da Japan Chamber of Commerce and Industry, Tadashi Okamura, espera que a Bolsa de Tokyo, que está sendo fundida com a de Osaka, tenha um nível em torno de 12.000 pontos, com o yen sendo negociado em torno de 85 a 90 por dólar, neste ano de 2013. Como em todos os países, os japoneses também esperam que as regulamentações governamentais sejam mínimas.

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Sede do Bank of Japan

Os empresários esperam que o governo estimule o chamado TPP – Trans Pacific Partnership, que permitiria uma redução das restrições de comércio internacional, criando um amplo mercado comum tendo como base a bacia do Pacífico, que ainda recebe restrições do meio rural japonês, que é politicamente importante.

Toda esta movimentação está indicando que, apesar da fragilidade política do atual governo que só poderá ser fortalecida pelos resultados econômicos e da eleição na Câmara Alta em agosto próximo, existe um anseio pela retomada do crescimento econômico no Japão.

Se o governo conseguir dar um mínimo de diretrizes, o próprio setor privado executará as tarefas mais importantes. Neste sentido, as instituições oficiais de crédito do Japão estão ampliando suas linhas, para estimular inclusive os investimentos que estão sendo feitos no exterior, que acabam resultando na intensificação do comércio.

É evidente que todos os países dependem do resto do mundo, mas nota-se que esforços possíveis estão sendo feitos em todos eles, ainda que os resultados devam continuar modestos, mas certamente positivos.

Tudo isto vem demonstrando que se o Brasil desejar acompanhar o que está acontecendo no mundo, precisa manter também a sua moeda desvalorizada e ativar seus entendimentos para o estabelecimento de acordos no sentido do livre comércio, em bases bilaterais ou multilaterais, conseguindo reduções das restrições para as suas exportações, ainda que tomando medidas pontuais de proteção de determinados setores.