9 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: alguns exemplos, desenvolvimento balanceado, diversos eventos expressivos no Brasil
Todos sabem que o processo de desenvolvimento não se resume no crescimento da produção com o aumento da eficiência produtiva, além de incorporação de recursos adicionais. Ele é um processo mais complexo que envolve muitos aspectos da sociedade, e no Brasil constata-se que ele está ocorrendo de forma equilibrada, ainda que existam muitos setores aonde também devem ocorrer avanços. Mesmo que muitos analistas interpretem que no Rio + 20 não ocorreram avanços expressivos no sentido da preservação do meio ambiente e fixação de metas para diversos objetivos, todos puderam verificar que houve uma ampla participação, não somente de autoridades representativas dos governos de muitos países, mas também de vozes que expressam o que aspiram as sociedades civis, do Brasil e do mundo. E no cenário que encanta a todos, o Rio de Janeiro foi consagrado como patrimônio natural e cultural da humanidade pela Unesco, exigindo maiores empenhos dos brasileiros na sua manutenção.
O Brasil deixou de ser somente o país do futebol, ainda que este esporte continue a galvanizar as emoções dos brasileiros, tanto localmente como no exterior, explodindo nas telas das televisões. O Corinthians ganhou a Copa Libertadores das Américas e se consagrou para disputar em Tóquio com outras equipes o Mundial de Clubes, inclusive com o Chelsea, o campeão europeu. O Palmeiras prepara-se para disputar com o Curitiba a final da Copa do Brasil. Vôlei, basquete, e muitos atletas de outras modalidades esportivas se preparam para as Olimpíadas de Londres. Mas outros eventos mostram que a forma descontraída de viver dos brasileiros também abrangem diferentes manifestações culturais, onde podem se destacar algumas.
Estátua viva de Drummond em Paraty / Osesp na Abertura do Festival de Campos de Jordão
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6 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: algumas atualizações, conceito de novo normal, resumo deste artigo foi publicado, Valor Econômico de 2 de julho último | 2 Comentários »
Este texto é uma versão mais longa e completa sobre o assunto que foi resumido no nosso artigo que foi gentilmente publicado pelo Valor Econômico no último dia 2 de julho diante da limitação do espaço disponível. Entendo que é perfeitamente compreensível que todos nós tendamos a nos preocupar com as coisas que cercam e afetam diretamente as nossas vidas, principalmente quando se vive num país continental da dimensão brasileira. Mas, no mundo globalizado, vivemos todos numa aldeia, com os meios de comunicação social nos transmitindo muito do que ocorre em todo o universo quase instantaneamente, e que acabam nos influenciando de forma inexorável.
Sempre é conveniente que julguemos os problemas que enfrentamos localmente de forma comparativa com os que afetam outros países igualmente, até para que não sejamos dominados por um sentimento incorreto de vítimas isoladas. Existem algumas economias que estão diante de questões mais graves e outras que estão superando os mesmos problemas de formas adequadas, dentro das suas limitações que diferem a cada caso. Não se trata só de problemas econômicos, mas sociais condicionadas pelas suas histórias e culturas, dentro do quadro político em que estão inseridos. Muitos analistas se esquecem das limitações políticas de quem está no poder.
Dois artigos recentemente publicados por personalidades experientes ajudam a meditar sobre alguns destes problemas, ainda que de forma resumida mesmo neste texto. Um do R. Daniel Kelemen, doutorado em Stanford em ciência política, professor desta especialidade e atual diretor do Centro para Estudos Europeus da Universidade Rutgers, dos Estados Unidos. Ele se encontra na íntegra no site do Foreign Affairs, e que tem o título “O Novo Normal da Europa” (Europe’s New Normal) e mostra que vivemos na atual situação econômica instável que pode melhorar rapidamente ou voltar-se à direção dramática de uma piora. Sua leitura completa seria de alto interesse para todos, pois muitos detalhes importantes não podem ser tratados nestas notas. O autor ocupou outras posições acadêmicas importantes, tendo muitos livros publicados sobre a Europa.
Outro artigo interessante é de Noeleen Heyzer, doutorada em ciências sociais em Cambridge, que é subsecretária geral das Nações Unidas, secretária executiva da Comissão Econômica e Social para Ásia e o Pacífico, que publicou o artigo “Economias Asiáticas sob Prova” (Shock-Proofing Asia’s Economies). Este trabalho está integralmente no site do Project Syndicate, mostrando que atual situação “novo normal” de incertezas e volatilidades da economia global cria um turbulento ambiente externo para o crescimento da região Ásia-Pacífico em 2012. Mas os resultados na Ásia devem ser melhores que no resto do mundo. Seu artigo também merece uma leitura atenta, e vai muito além do resumo que está sendo apresentado neste texto. Ela também tem uma longa experiência de atuação em diversos organismos internacionais.
Kelemen mostra que os problemas atuais, como os da Grécia, semelhantes de outros países europeus, deixam os cidadãos, investidores e formuladores de políticas econômicas inseguros e não podem ser resolvidos rapidamente como uma mágica. Ele entende que a Europa não está à beira do colapso, manter-se-á unida com elevado custo, mas a sua recuperação exigirá muito tempo, tanto com a saída da Grécia do euro, como se ela receber ajuda do resto da Comunidade permanecendo nela. Ainda que alguns economistas entendam que a periferia da Europa poderia abandonar o euro, a sua opinião é que esta opção seria equivalente a um suicídio, provocando um colapso no sistema bancário e todas as suas consequências políticas.
O autor entende que os problemas dos países do sul da Europa são estruturais e antecedem à criação do euro. A Alemanha foi a principal beneficiária da criação da moeda comum e seria arrasada com a sua eliminação diante da extensão dos seus relacionamentos comerciais e bancários. Muitas reformas poderiam melhorar a situação presente, mas nenhuma seria uma panaceia.
O problema principal é a massiva acumulação de dívidas dos países periféricos que foi acelerada com as facilidades de crédito da década passada. Um volume tremendo de capitais foi transferido para países como a Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália. Ele gerou o crescimento destes países e elevou os seus salários, deixando-os sem competitividade e com débitos monstruosos. As insolvências se tornaram os “novos normais”.
A adequada governança veio sendo tentada por diversas formas. Qualquer união monetária onde os países mantêm a autonomia de tributação, dispêndios e contração de empréstimos são problemáticos, e foram tentadas as regulamentações no Pacto de Crescimento e Estabilidade, como cláusula do Tratado de Maastrich. Nunca foi obedecido, e tentaram o Mecanismo Europeu de Estabilidade para este verão europeu, que foi assinado por 25 países, mas foi flexibilizado para ajudar a Grécia.
Alguns analistas entendem que o problema só pode ser resolvido com uma verdadeira federalização, onde os efeitos monetários e comerciais possam ser compensados por substanciais transferências de recursos utilizados e mecanismos fiscais, como ocorrem nas federações.
Outro problema estrutural da Comunidade é o Banco Central Europeu, legalmente proibido de adquirir qualquer débito dos países membros, mas ele está sendo obrigado a adquirir bônus de diversos países, com a introdução de flexibilidades sobre as normas estabelecidas. Segundo o autor, as atuais tentativas de austeridade dos alemães se aproximam das regras de governança desejáveis, e poderiam resultar em progressos lentos, mas pelo que se observa não são aceitas pelas populações, como expressos nos resultados eleitorais.
Com o Banco Central Europeu admitindo que seja o emprestador de última estância, e necessita agir diante dos riscos do sistema bancário, que podem afetar o mundo todo como já ocorreu em 2008, alguns analistas admitem que já houve um primeiro avanço.
No que se refere à Ásia, no artigo de Noeleen Heyzer, informa-se que eles estão conscientes dos impactos do “novo normal” da economia global na região. Foram incluídos no relatório das Nações Unidos para 2012, na Pesquisa Econômica e Social para a Ásia e o Pacífico. Devem reduzir o crescimento de 2012 sobre o que foi obtido em 2011, tanto pela elevação dos custos de capital como pelas perdas decorrentes das políticas monetárias e protecionistas de alguns países desenvolvidos.
Mas acreditam que o crescimento da região continuará acima da média mundial, continuando a desempenhar um papel de polo dinâmico da economia mundial. As relações Sul-Sul devem se estender pela África e pela América Latina, reduzindo ainda mais a dependência do baixo crescimento das economias desenvolvidas.
Mesmo com uma redução do crescimento da China e da Índia, ele ainda continua alto e alguns outros países do Sudeste Asiático, como a Tailândia e a Indonésia, devem ajudar regionalmente, além de se registrar uma redução da pressão inflacionária nesta parte do mundo.
O risco de uma desordenada solução para os riscos soberanos dos países europeus é considerado como uma possibilidade, e a que mais pode afetar a região asiática. Isto poderia reduzir em cerca de 10% suas exportações anuais, com perda de cerca de US$ 390 bilhões. Isto impactaria em redução de 1,3% do crescimento regional em 2012, reduzindo em 22 milhões de habitantes que deixariam a faixa da pobreza absoluta, que é definida como renda de US$ 2,00 por dia.
Outro desafio seria a volatilidade dos preços das commodities e perda de sua tendência de longo prazo. Isto também está sendo considerado como “novo normal”, exigindo que a economia regional se adapte à nova situação. Os países mais pobres da região devem resistir ao impulso no sentido da redução da especialização em commodities. Eles necessitam considerar a industrialização, diversificação e a criação de novas capacidades produtivas.
Outro aspecto considerado como um passo do “shock-proofing” nas economias asiáticas é o problema da redução do desemprego e redução das desigualdades. Um gradual processo de reequilíbrio apoiado na expansão do mercado interno precisa ser considerado, segundo a autora. Também o equilíbrio entre o crescimento e as pressões inflacionárias, não somente com medidas monetárias como o controle dos fluxos de capital, especialmente os débitos de curto prazo, além dos problemas de câmbio e desastres naturais que passam a ser considerados como do “novo normal”.
A autora considera que a atual crise de turbulência e incerteza está atingindo a Ásia num período do seu crescimento econômico, permitindo que existam espaços para manobras fiscais, com o aumento da cooperação dentro da região.
Estas considerações mostram que muitas das preocupações brasileiras são comuns com as de outros países. Como as autoridades brasileiras procuram se antecipar com medidas pontuais, agora complementadas pelas aquisições governamentais de produtos fabricados no Brasil, mesmo nos seus componentes, ampliando substancialmente o financiamento para a agricultura, continuando a baixar os juros reais.
Pode-se acrescentar que a América Latina também vai se complicando com as suas dificuldades e algumas tendências populistas no campo político, havendo maiores dificuldades para a ampliação da cooperação regional, que vai continuar a ser tentada em todo o mundo.
Seria desejável que as medidas brasileiras estejam dentro de uma estratégia mais ampla, que precisa ser informada adequadamente, tanto para o mercado interno como para os operadores internacionais, notadamente pelo Banco Central do Brasil, procurando maior adesão de outros segmentos que se sentem excluídos dos esforços que estão efetuados.
5 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: algumas causas identificáveis, notícia do Financial Times publicado no Valor Econômico, refluxos de aplicações japonesas do Brasil | 4 Comentários »
O jornal Valor Econômico de hoje publica em português uma notícia da jornalista Samantha Pearson, do Financial Times, informando que os japoneses retiraram cerca de US$ 30 bilhões do Brasil, recursos das chamadas “Mrs. Watanabe”, dos fundos que ficaram conhecidos como “Toshin”, informando que se trata de um fenômeno entre os varejistas, atribuindo este refluxo às preocupações sobre a estagnação da economia brasileira. Tudo indica que isto é parte insignificante da verdade, mas que existem outras razões para este refluxo, não se devendo constituir em preocupações de maior profundidade.
O fato concreto é que estes fundos obtiveram resultados excepcionais no passado em moeda estrangeira, bem acima dos dois dígitos reais anuais, com os juros reais elevados pagos pelo Brasil, ao mesmo tempo em que o risco cambial era praticamente inexistente, com a tendência firme de valorização do real. Mas os poupadores finais ficaram com parte desta remuneração que beneficiaram mais os operadores destes fundos que ficavam com a parte do leão.
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5 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a sua importância, artigo de Michael Pettis, o que seria a reforma
Se existe um profissional que acompanha a evolução da China, postando seus artigos no seu próprio site, este é Michael Pettis, professor da Universidade de Peking, cujos artigos são publicados também em muitos jornais. Ele tem sido objetivo e suas análises são cuidadosas e minuciosas, e elaborou hoje um com o título “O que é a reforma financeira na China?”, diante da repercussão das declarações do premiê Wen Jinbao criticando o sistema bancário do seu país, clamando por reformas. Segundo o autor, há uma relação profunda entre o sistema bancário daquele país com o sistema financeiro, pois apesar de haver um volumoso montante de créditos que são concedidos às pequenas e médias empresas por particulares, como o tipo que ficou conhecido como “factoring” no Brasil, por trás destas operações estão os bancos.
Na sua detalhada análise, Michael Pettis chega à conclusão que vem se mantendo juros baixos para os poupadores que são as famílias à semelhança do Japão, e estes recursos são repassados para a elaboração da infraestrutura dos governos locais e investimentos das empresas chinesas, estatais ou privadas, que sustentaram o seu rápido desenvolvimento nas últimas décadas com uma espécie de subsídio, pois os empréstimos contam com juros baixos. Na realidade, há quase uma confusão entre os recursos fiscais e creditícios.
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3 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo de Trefor Moss no Foreign Policy, dados comparativos, exageros ideológicos, necessidade de relativizar as considerações | 6 Comentários »
O Foreign Policy, apesar de ser uma fonte a ser considerada, publica também alguns artigos que carregam deste o seu título um exagero de considerações ideológicas. Trefor Moss, jornalista baseado em Hong Kong, escreveu um artigo que tem como título “5 Signs of the Chinese Economic Apocalypse”. Mesmo começando com a observação que as perspectivas chinesas são melhores que as europeias, suas colocações são evidentemente exageradas, lamentando que a China não possa continuar sendo a locomotiva da economia mundial que ele esperava.
O primeiro tópico por ele colocado é que os funcionários chineses encontram dificuldades para manter os seus carros de luxo, como uma BMW, pois as municipalidades foram mantidas por empréstimos que agora precisam honrar. O segundo tópico refere-se à multiplicação de insatisfações populares com a desaceleração do crescimento, que se deve situar abaixo dos “modestos 8% ao ano”, como o ocorrido em Guangdong.
Trefor Moss
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3 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: coluna do Delfim Netto no Valor Econômico, economia mundial, medidas brasileiras
Ninguém se sente confortável com o atual crescimento da economia mundial, principalmente quando até 2008 ele aparentava uma exuberância pouco conhecida no passado, alimentado por uma exagerada alavancagem do setor financeiro, que criou uma bolha imobiliária nos Estados Unidos, que acabou estourando, provocou um pânico e uma fuga para a segurança no mundo todo. Acabou-se a festa, e sua limpeza vai acabar exigindo um trabalho persistente de longo prazo.
Na coluna do professor Antonio Delfim Netto no Valor Econômico de hoje, ele registra a preocupante situação política, econômica e social no mundo atual, com um nevoeiro na Eurolândia que representa 25% da economia do mundo. Com os Estados Unidos, que conta com 20%, com um crescimento lento e demorado na sua recuperação. A China e os países asiáticos, que detêm 31% do globo, crescendo menos de 5%, com uma forte desaceleração quando comparada com as últimas décadas. Ainda que a inflação tenha sido praticamente banida do mundo, com pequenas exceções, isto não serve de consolo.
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2 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo de Toyohisa Kozuki no Project Syndicate, esforços regionais, prevenção de conflitos
Ainda que Toyohisa Kozuki seja um funcionário público, vice-diretor geral do Bureau de assuntos europeus no Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão, e acabe refletindo uma posição oficial, o seu artigo divulgado pelo Project Syndicate apresenta alguns aspectos que devem ser considerados importantes. Ele revela a surpresa com a declaração de Barack Obama sobre o esforço de aumentar a segurança na Ásia com a capacidade norte-americana, quando o seu país está sobrecarregado com outros encargos. Mas ele revela que também a Rússia promove a reunião de cúpula da APEC – Asia Pacific Economic Cooperation, em Vladivostok, mostrando interesse nos mecanismos regionais de fortalecimento da segurança internacional de forma preventiva.
Os dois países participaram da EAS – East Asia Summit que, junto com a ARF – Asean Regional Forum, representam os mesmos esforços, ao lado da segurança com relação ao meio ambiente. Segundo o autor, procura-se um padrão de relacionamento construtivo com o aumento da confiança, diplomacia preventiva e resolução de conflitos.
Toyohisa Kozuki
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2 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo de J. Bradford DeLong, críticas aos que não consideram as perspectivas históricas, necessidade de evitar previsões, os perigos da profecia
J. Bradford DeLong é um conhecido e polêmico professor de economia da Universidade da Califórnia em Berkeley e ocupa diversas posições, como no consagrado National Bureau for Economic Research, que publica os principais trabalhos acadêmicos na área da economia. Ele divulgou, através do Project Syndicate, um artigo com o título “The Perils of Prophecy” ,que deve ser de leitura obrigatória para todos os economistas e outros profissionais travestidos nesta especialidade, mas também deve ser de interesse geral, pois todos acabam afetados pelas análises econômicas. O artigo pode ser encontrado na sua íntegra, em inglês, no http://www.project-syndicate.org/print/the-perils-of-prophecy, mas sua compreensão exige um bom conhecimento de economia para notar algumas das nuances colocadas por ele.
Vou tentar dar a minha interpretação dos principais assuntos por ele discutidos. Segundo ele, os economistas que conhecem a história econômica e financeira, como regra, conscientes das lições da evolução do pensamento econômico sobre as crises financeiras e seus efeitos, têm motivos para se orgulhar das análises efetuadas por eles nos últimos cinco anos. Eles entenderam para aonde a economia caminhava e caminha, porque sabiam o que tinha acontecido no passado. Em particular, entenderam que os preços dos imóveis, alimentado pelo aumento dos recursos do sistema financeiro, ampliaram os riscos macroeconômicos. Grandes bolhas alimentadas pelas instituições financeiras exageradamente alavancadas geram pânicos quando ocorre a fuga para a segurança, e a prevenção e correções das profundas depressões econômicas requerem mais que intervenções oficiais das autoridades monetárias como emprestadores de última instância.
J. Bradford DeLong, da Universidade de Califórnia, Berkeley
Muitos dos economistas que incorporaram os conhecimentos da história entendem que as medidas monetárias não são suficientes para resolver os atuais problemas. Os créditos soberanos necessitam, muitas vezes, garantir os demais concedidos pelo sistema financeiro, pois as eliminações dos créditos insolventes apresentam grandes riscos sistêmicos. Eles sabem que a prematura atenção para atingir o equilíbrio fiscal de longo prazo podem dificultar as crises de curto prazo. A recuperação econômica sem a do emprego é um problema cíclico e não estrutural.
Segundo o autor, sobre todos estes assuntos, os que disseram que não haveria uma longa depressão na economia, que a recuperação seria rápida, que o problema fundamental seria estrutural, que suportar a economia geraria inflação, e que a austeridade fiscal imediata seria expansionista estavam todos completamente errados. E muitos que incorporaram conhecimentos históricos já sabiam que eles estavam errados.
J. Bradford DeLong não se furta de indicar quem são eles, pois é um crítico agudo e polêmico. Ele aponta os que trabalharam na tradição de Walter Begehot, Hyman Minsky e Charles Kindleberger. Os analistas que acreditaram em Paul Krugman, Paul Romer, Gary Gorton, Carmen Reinhart, Ken Rogoff, Raghuram Rajan, Larry Summers, Barry Eichengreen, Olivier Blanchard e seus pares são incluídos, todos eles conhecidos e respeitados economistas, profundos conhecedores da teoria, que costuma ser elaborada da experiência passada. Ele entende que muitos deles propuseram a distribuição dos frutos futuros.
Ele se considera entre os que achavam que as análises dos últimos quatro anos estavam erradas. Ele considerava e ainda considera que três aspectos foram surpreendentes nestes fenômenos. O primeiro foi a falha dos bancos centrais na adoção da regra como a meta do PIB – Produto Interno Bruto ou seu equivalente. O segundo, ele esperou que a inflação de salários no Atlântico Norte cairia até a zero, até mais que ocorreu de fato. Ele esperava que a curva de juros inclinasse para cima ao longo do tempo, o que não aconteceu ou aconteceu menos que esperava.
Ele não compreende ainda por que os bancos centrais objetivam só crescimento do PIB e ele não escreveu e escreverá à respeito até entender as razões para tanto. Sobre os salários, mesmo que um terço da força de trabalho tenha mudado de emprego nos Estados Unidos, fatores sociológicos e relacionamentos humanos aparentam ter influenciado fortemente esta taxa de mudanças, prejudicando o equilíbrio da oferta e da procura, como ele esperava.
A terceira surpresa pode ser mais interessante, segundo ele. Em março de 2009, Robert Lucas, um prêmio Nobel, previu que a economia norte-americana retornaria ao normal em três anos. Segundo J.Bradford DeLong, os juros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos de prazos variados estão indicando que a economia não volta a crescer em menos de 8,75 anos.
Segundo o autor, as conclusões possíveis são gritantes. Uma possibilidade é que aqueles que investem nos mercados financeiros esperam que a política econômica encontra-se tão disfuncional que a economia mundial vai permanecer mais ou menos no estado atual por décadas. A outra explicação é que três anos depois da crise financeira ter eclodido, a capacidade dos mercados para precificar riscos parece prejudicada de tal forma de forma que seja incapaz de canalizar as poupanças para empreendimentos empresariais.
Ele confessa que nenhuma das hipóteses atuais era algo que ele próprio poderia ter previsto ou imaginado, numa leve autocrítica. O que se poderia ousar acrescentar é que a crise de confiança ainda domina a economia norte-americana e mundial. Isto mantém um volume impressionante de recursos financeiros que foram elevados pelas autoridades monetárias na esperança de ativação da economia, bem como conquista dos mercados externos com câmbios desvalorizados, sem que sejam aplicados em novos empreendimentos produtivos e criadores de emprego e renda.
Como todos estes fenômenos se propagam de forma diferenciada pelas diversas economias, inclusive com defasagens no tempo no atual mundo globalizado, continua ocorrendo efeitos que voltam a provocar fenômenos deletérios nos países de onde se originaram as dificuldades.
De qualquer forma, parece que os conhecimentos ficaram demasiadamente fragmentados, com exageradas influências do setor financeiro com operações de arbitragens internacionais de grandes velocidades. E parecem demonstrar que os fenômenos econômicos carecem de análises mais multidisciplinares e universais, onde a história pode englobar muitas delas.
Provam, também, que os acadêmicos de economia ainda carecem da compreensão das limitações políticas a que estão sujeitos os que estão em posição de decidirem sobre as diretrizes econômicas operacionais. O mundo é mais complexo que todos gostariam.
Agradeço as observações que foram feitas pela economista Patrícia Stefani sobre este texto, mas todos os seus erros são de inteira responsabilidade minha.
1 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: Daily Yomiuri Online anuncia importante descoberta de reservas de terras raras, offshore, volume expressivo | 6 Comentários »
Grandes e ricas reservas de terras raras foram descobertas no Japão, equivalente a 220 vezes o consumo anual do país, segundo notícia anunciada pelo Daily Yomiuri Online deste 30 de junho. A sua localização é próxima à ilha de Minami-Torishima, que faz parte das Ilhas Ogasawara, no Oceano Pacífico, a uma profundidade de 5.600 metros, segundo informações da equipe técnica comandada pelo professor Yasuhiro Kato da Universidade de Tokyo. As amostras de sedimentos do fundo do mar mostram um grande depósito de elementos preciosos de terras raras, numa lâmina de 10 metros, colhidas a cerca de 300 quilômetros a sudeste da ilha, dentro da Zona Econômica Exclusiva do Japão.
A equipe de pesquisa confirmou que grandes depósitos foram também localizados a 500 quilômetros ao norte e sudeste do local, sendo que a última já está fora da Zona Econômica Exclusiva. Como existem diversos elementos classificados como terras raras, as localizadas estão entre as mais estratégicas, sendo utilizadas em produtos de alta tecnologia, notadamente na área eletrônica. São utilizadas para lâmpadas usando diodos emissores de luz, TV de cristal líquido e smartphones, entre outros usos.
A densidade das terras raras está entre as mais elevadas, ou seja, 1.070 partes por milhão, superando as outras disponíveis no mundo. Os depósitos estão distribuídos por uma grande área de 1.000 quilômetros quadrados, e estão estimados num total de 6,8 milhões de toneladas.
A equipe de pesquisa estima que os depósitos contém também o chamado disprósio, que é utilizado em motores de automóveis híbridos, equivalendo a 400 anos de consumo anual do Japão.
Atualmente, a China detém 90 por cento dos elementos de terras raras consumidos no mundo, gerando com a restrição de suas exportações fricções com outros países do mundo. O Japão, os Estados Unidos e a União Européia já tinham apresentando suas queixas junto à Organização Mundial de Comércio.
Até agora a equipe de pesquisas estava concentrada na localização de cobalto e outros contidos nos nódulos de manganês. Mas as novas descobertas devem mudar a estratégia de exploração de recursos minerais no alto mar.
Estas lamas localizadas quase não contêm substâncias radioativas como o urânio e tório, e a separação das terras raras se tornam mais fácil, mas mesmo assim exigem-se tecnologias complexas. Os custos da exploração devem ser baixos, mas existem ainda pesquisas que deverão ser completadas para a sua exploração comercial.
É evidente que as localizações em mar profundo exigem tecnologias sofisticadas, mas os japoneses já dispõem de submergíveis que atingem a mais de 6.000 metros de profundidade.
Estas descobertas abrem grandes perspectivas para o Japão, podendo equivaler ao pré-sal brasileiro, devendo provocar um novo impulso nas inovações tecnologias no país, com possibilidade de nova aceleração do seu crescimento econômico, o que beneficiaria também o resto do mundo.
1 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo sobre o trabalho da mulher brasileira, preparo desde os mais simples aos universitários, revolução com pequena resistência
Com o título expressivo de “Amazonas no trabalho”, a prestigiosa revista internacional The Economist informa num artigo que a mulher brasileira, que na década dos 1960 do século passado tinha uma modesta participação no mercado de trabalho formal, hoje apresenta uma presença impressionante. Cita a ONG Mão na Massa que prepara faveladas para trabalhos duros como as de encanadoras hidráulicas, pintoras de residências, pedreiras de construção civil desde 2007. Muitas desejam trabalhar nas indústrias, e seus ganhos reais vêm aumentando expressivamente nos anos recentes, ainda que na média sejam inferiores aos dos empregados masculinos. Encontram pequenas resistências dos homens, nas tarefas que eram tradicionalmente deles, diante do crescimento do emprego formal e baixo nível do atual desemprego na economia brasileira, segundo a revista.
O artigo mostra que as mulheres estão estudando mais tempo que os homens nas escolas, e dois terços dos atuais diplomados em curso superior são do sexo feminino. Com isto ,está sendo possível com que elas ingressem nos concursos do serviço público, pois na média são mais aplicadas nos estudos. Numa impressionante revelação, informa que a think tank de Nova Iorque, Centre for Talent Innovation, encontrou que entre as diplomadas universitárias brasileiras 59% são muito ambiciosas, cifra que nos Estados Unidos chega somente a 36%.
Operárias brasileiras da construção civil, presidente Dilma Rousseff e Graça Foster
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