3 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigo no Financial Times, cursos de MBAs, no Brasil e no exterior | 2 Comentários »
Um interessante artigo da Samantha Pearson foi publicado no Financial Times discutindo a multiplicação de cursos, principalmente de MBAs, no Brasil, tanto para atender estudantes brasileiros como os provenientes do exterior, bem como noticiando sobre os estudantes brasileiros que vão fazer estes cursos no exterior. Tudo indica que o interesse pela economia brasileira e suas empresas está aumentando no exterior, considerando as potencialidades do Brasil como país emergente, que exige recursos humanos de qualidade de forma crescente, treinados em seus ambientes culturais, que diferem de país para país. Uma grande diferença apontada é a quantidade de cursos de tempo parcial no Brasil, com menor duração e carga horária.
No exterior, notadamente nos Estados Unidos e na Europa, estes cursos são o mínimo exigido para os candidatos aos cargos executivos nas empresas, e o artigo observa que os graduados nos cursos superiores do Brasil (chamados pelos norte-americanos de undergratuated) já começam suas carreiras, utilizando os MBAs como um aperfeiçoamento, feitos fora dos experientes normais dos seus empregos. Na realidade, no Brasil existem diversos tipos de MBAs, dos mais complexos, inclusive os ministrados em inglês e com convênios com consagradas universidades no exterior, até os mais simples.
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29 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: aumento da capacidade dos atuais aeroportos, novas cogitações com o setor privado | 8 Comentários »
No último dia 27 de abril, o governo brasileiro, por intermédio do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, na presença da presidente Dilma Rousseff, anunciou que está preparando editais para a ampliação da capacidade dos aeroportos de Cumbica, Brasília e Viracopos, inclusive com a participação do setor privado. A ideia seria incorporar novos terminais aos existentes com a máxima urgência possível, para atender as demandas adicionais decorrentes da Copa do Mundo e da Olimpíada, dadas as limitações atuais da Infraero. Outros aeroportos estariam sendo cogitados para também serem ampliados no futuro, como o Galeão e Confins, além da possibilidade de se autorizar aeroportos privados.
A Infraero foi criada para a finalidade de ampliar e operar os aeroportos brasileiros, mas parece que sua baixa eficiência ficou comprovada pelas inúmeras crises, entre outras razões pelas burocracias naturais dos serviços públicos, além das dificuldades de coordenação com outros órgãos envolvidos como a ANAC com o assunto, para citar os mais importantes.
(Aeroportos de Cumbica, Brasília e Viracopos: ampliações à vista
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26 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Política | Tags: outros exemplos, problemas com grandes projetos, retornos dos trens rápidos | 12 Comentários »
Por: Paulo Yokota Seção: Economia e Política Tags:
São muitas as notícias, inclusive da China, informando que existem problemas na execução do grande programa de trens rápidos por todo o país. The Washington Post informa que Liu Zhuijun, que era o ministro das ferrovias e está sendo investigado, tinha um projeto de US$ 300 bilhões que está sendo revisto, tanto em termos de velocidade que está sendo reduzida, como pelos elevados prejuízos por falta de passageiros dispostos a pagar as tarifas necessárias. O ambicioso projeto chinês visava demonstrar a tecnologia alcançada pelos chineses para competir nos mercados internacionais, inclusive nos Estados Unidos. Ainda que seus custos sejam menores que os de outros fornecedores, muitas desapropriações foram necessárias, que costumam custar mais em outros países.
Os trens rápidos são projetos capital intensivos e há necessidade de uma demanda substancial, atendendo massas concentradas de passageiros de alto poder aquisitivo, que utilizam tais sistemas de forma frequente.
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25 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: entrevista publicada na Folha de S.Paulo, estudo sobre fluxos financeiros, riscos para os países emergentes
Uma interessante entrevista foi concedida ao jornalista Álvaro Fagundes, da Folha de S.Paulo, pela economista Carmen Reinhart, autora do estudo “This Time is Different: A Panoramic View of Eight Centures of Financial Crises” (“Oito Séculos de Delírios Financeiros – Desta Vez é Diferente – uma visão panorâmica de oito séculos sobre crises financeiras”, elaborado junto com Kenneth S. Rogoff, ex-economista chefe do FMI, ambos do NBER – National Bureau of Economic Research.
Resumidamente, ela afirma que os dramas mais agudos que começaram em 2008 acabaram, mas as economias avançadas como os Estados Unidos e o Japão ficaram com dívidas pesadas, alguns países europeus passam por dificuldades antes difíceis de serem imaginadas e alguns países emergentes sofreram um forte influxo de recursos externos, como o Brasil. A recuperação completa vai demandar muito tempo, e agora existem dificuldades inflacionárias, como no Brasil e na China, em decorrência da expansão monetária que foi provocada para superar o período mais agudo da crise. Segundo ela, os efeitos mundiais da crise e as medidas monetárias estimuladoras tomadas para fazer frente a ela demoram a ser neutralizadas.
Kenneth Rogoff e Carmen Reinhart e a capa do livro
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25 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: mudanças nos consumos, nova classe média, produtos descartáveis
Observam-se mudanças nos padrões de consumo em todo o mundo, inclusive no Brasil. Os consumidores, tanto dos países industrializados como emergentes, parecem acompanhar os rápidos desenvolvimentos tecnológicos, que lançam novos produtos com frequência cada vez maior. Assim, tudo indica que, em vez da preferência por produtos de elevada qualidade e durabilidade, normalmente mais custosos, há fortes tendências por aqueles que incorporam novos aperfeiçoamentos tecnológicos, cujos preços baixam com grande rapidez e constância. Os eletrônicos, por exemplo, como os telefones celulares ou computadores, estão sendo lançados com inovações mais de uma vez por ano, induzindo os consumidores a considerarem-nos quase descartáveis. Muitos alimentos estão se tornando práticos, como os fast foods, havendo aqueles que são semipreparados para uso quase instantâneo, com evidente queda de qualidade e preços. As roupas passam a ser utilizadas por pouco tempo, não se importando mais com a sua qualidade, mas com a sua aparência. Os designs ganham importância cada vez maior.
Novos consumidores estão sendo incorporados nos mercados, tanto por pertencerem às economias emergentes que vêm crescendo rapidamente mesmo com uma piora da distribuição de renda, como está melhorando em alguns países como o Brasil, com o surgimento de uma nova classe média, cada vez mais importante para o mercado local.
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24 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: artigo da Folha de S.Paulo, aumento de produtividade, dificuldades de escoamento, mecanização | 4 Comentários »
Um artigo do jornalista Rodrigo Vargas publicado hoje na Folha de S.Paulo dá um retrato de corpo inteiro do que vem acontecendo na agricultura brasileira: a expressiva melhoria da produtividade com o emprego da alta tecnologia. Com dados coletados no IBGE e na Conab, principalmente, o artigo mostra a evolução da soja e do algodão da safra de 2000/2001 até a atual de 2010/2011. Na soja, que utilizava 13,9 milhões de hectares, passou a 24,1 milhões, ou seja, um aumento de pouco mais de 70%, mas a produção aumentou de 38,4 milhões de toneladas para 72,3 milhões, ou seja, um aumento próximo a 90%, beneficiada pelos bons preços externos. Algo semelhante ocorreu com o algodão que cresceu cerca de 50% na área cultivada, mas a produção aumentou cerca de 110%.
Hoje, a agricultura brasileira, além das sementes melhoradas pelas pesquisas como da Embrapa, com as crescentes preocupações ecológicas que impedem o avanço sobre áreas novas, empregam-se equipamentos para plantar e colher com piloto automático, guiados por GPS e capazes de gerar relatórios em tempo real da produção, que chega a custar R$ 1,1 milhão por unidade. Os ganhos de eficiência dentro das fazendas são brutais, mas as limitações se encontram na infraestrutura para o seu escoamento até os portos, que também estão sobrecarregados, além da forte valorização do câmbio.
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20 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: entrevista com Blanchard, reunião de muitos prêmios Nobéis de Economia, Valor Econômico noticia sobre importantes revisões
O jornal Valor Econômico de hoje inclui um importante suplemento chamado Eu & Fim de Semana, onde o jornalista Alex Ribeiro publica uma entrevista com Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI e considerado um dos pais da atual macroeconomia, e uma matéria sobre as reuniões que estão ocorrendo para uma profunda revisão dos conhecimentos teóricos em que se baseiam as atuais políticas econômicas, que entre outros reúnem prêmios Nobéis como Robert Solow, George Akerlof e Joseph Stigltz, como já noticiado neste site em 11 de abril último.
A importância destas revisões é que reconhecem que as atuais críticas que vem sendo formuladas pelos economistas ligados ao sistema financeiro ao atual governo brasileiro e ao Banco Central carecem de fundamentos. Não se pode utilizar somente a elevação de juros para manter a inflação sob controle, mas muitos objetivos são perseguidos simultaneamente, fazendo com que um conjunto de medidas deva ser utilizado, como já foi feito no passado. O mercado ajuda em muito, mas o governo precisa agir como na estabilidade cambial, evitando valorizações exageradas que acabam prejudicando as exportações, facilitando as importações e cortando empregos.
Somente especialistas em economia podem avaliar profundamente as consequências destas revisões, mas quando o mundo está passando por turbulências econômicas, mesmo os leigos podem sentir que algo está errado. Os títulos públicos dos Estados Unidos estão sendo colocados em dúvidas, países europeus necessitam de assistência financeira internacional, o mundo sofre pressões inflacionárias, a reconstrução japonesa exige volumosos recursos, o mundo árabe enfrenta dificuldades. São as economias emergentes como a China, a Índia, o Brasil, a Rússia e até a África do Sul que ganham importância no cenário internacional, ainda que mal compreendidos pelos economistas que estão se defasando da realidade em defesa de um sistema financeiro que só visa o seu lucro, a custa dos problemas da população mundial.
Quem foge dos preceitos defeituosos pregados como religiões por estes economistas acabam sendo criticados. O Brasil vem sendo destacado por estes renomados economistas, pois está na vanguarda da renovação da política econômica, que incomoda os bancos, infelizmente. O poderoso lobby internacional montado pelo sistema financeiro envolvendo televisões, jornais, revistas e rádios só pregam a elevação dos juros, como um santo remédio, ainda que isto arrase as economias que tentam crescer, melhorando o padrão de bem-estar de suas populações, voltando à recessão que foi provocada por eles em 2008.
É importante que todos saibam que estes economistas vieram efetuando análises viesadas, e que no passado, quando não havia uma sofisticação tão grande no sistema financeiro, muitas das medidas hoje aceitas já eram aplicadas, e que a intervenção do governo justifica-se em muitos casos, para defesa da produção e do emprego. Os que vinham sendo atacados porque se posicionavam a favor do desenvolvimento, do aumento da oferta e melhoria da distribuição de renda sentem-se com a “alma lavada”, por este reconhecimento. O mercado pode ajudar, mas precisa ser controlado em seus excessos pelas autoridades ou regulações adequadas, que os bancos ainda não aceitam.
Só eles desejavam ficar com os lucros, mesmo nas recessões, e os prejuízos socializados pela população.
18 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: brasileiros residentes no exterior retornam ao Brasil, comparações de salários influenciados pelos câmbios, preocupações com os empregos | 2 Comentários »
É inegável que muitos brasileiros que residiam e trabalhavam no exterior, formal ou informalmente, estão retornando ao Brasil pelas razões mais variadas. Tanto nos Estados Unidos como na Europa, a recuperação da crise de 2008 se dá num ritmo lento, e o mercado de trabalho ainda apresenta um elevado nível de desemprego, afetando até os que trabalham informalmente. No Japão, a reconstrução iniciada ainda vai demorar meses, ao mesmo tempo em que os consumidores japoneses estão reduzindo suas compras, fazendo com que muitos tenham dificuldades de emprego, além de sofrerem o impacto emocional provocado pelos constantes abalos, racionamento de energia e notícias sobre as radiações.
No Brasil, o nível de emprego se manteve alto mesmo neste começo de 2011, havendo certa transferência da indústria para os serviços, inclusive atividades relacionadas com o agrobusiness. Existe uma perspectiva de aumento do emprego na construção civil, ainda que o pico de demanda dos imóveis residenciais e para escritórios já tenha passado. As obras para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas devem estimular o emprego, não só direto, como os indiretos criados pelos materiais que vão ser utilizados. A deteriorada infraestrutura brasileira está programada para sofrer reconstruções dentro do chamado PAC – Plano de Aceleração do Desenvolvimento. Os setores públicos, nos níveis estaduais e municipais, continuam aumentando o emprego.
Ex-dekassegui de volta. Foto: Roberto Setton / Veja. Construção civil ainda em alta. Mecanização na agricultura exige mão de obra qualificada
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18 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Política | Tags: análise do Foreign Affairs sobre o Japão, outras mudanças, visita da Hillary Clinton | 8 Comentários »
Todos concordam que o desastre natural do último dia 11 de março no Japão deve provocar significativas mudanças naquele país, assuntos que estão sendo estudados por importantes analistas políticos. A revista Foreign Affairs é considerada das mais prestigiosas no mundo no campo da geopolítica, e um artigo de Michael J. Green, com o título “Tokyo’s Turning Point” (Ponto de inflexão de Tóquio), expressa alguns pontos de vista que devem ser considerados. O primeiro que já vem sendo expresso por este site reconhece a fragilidade humana diante da força da natureza, mesmo num país considerado dos mais preparados para os desastres naturais.
O artigo reconhece a população japonesa é relativamente idosa, que foi mais vitimada, e a política japonesa está instável com seis primeiros-ministros nos últimos cinco anos, que o Japão depende da energia nuclear não contando com outras fontes e o débito publico japonês é elevado. Mas o desastre revelou o vigor da economia japonesa e o caráter nacional como o seu estoicismo, levando muitos a reconhecerem que o país reconstruído voltará a dar a sua contribuição internacional, fortalecendo algumas de suas relações externas, como a aliança com os Estados Unidos.
Takeaki Matsumoto e Hilary Clinton
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15 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: a cadeia industrial globalizada, artigo do Wall Street Journal, expansões industriais nos outros países | 2 Comentários »
Um interessante artigo de Chester Dawson do The Wall Street Journal foi publicado no jornal Valor Econômico de ontem, inspirando esta nota, com os dados que foram possíveis de serem coletados nas fontes disponíveis internacionalmente. Ao mesmo tempo em que o artigo informa que o desastre japonês vai acelerar a reforma do seu setor industrial e sua modernização, mostra-se que a redução da importância de sua indústria foi sendo compensada, ao longo das últimas décadas pela sua expansão em outros países. As economias de alto nível de renda per capita foram ampliando o seu setor de serviços ou indústrias sofisticadas tecnologicamente, e as atividades manufatureiras mais simples foram transferidas para países como a China que apresentavam custo mais baixo da mão-de-obra.
O gráfico abaixo mostra a situação em 2008 de algumas economias.
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No caso japonês, no gráfico abaixo, verifica-se que desde 1980 vem ocorrendo uma redução da importância do seu setor industrial no PIB do Japão.
Mas este outro gráfico abaixo mostra que as empresas japonesas estão realizando crescentemente suas produções no exterior, chegando próximo de 20%.
Este tipo de dados mostra que, no atual mundo globalizado, não faz muito sentido utilizar somente os dados do PIB para dizer que uma economia está estagnada ou em expansão. Uma parte substancial do crescimento da economia chinesa recebeu a contribuição de investimentos industriais provenientes do exterior, onde a indústria japonesa tem uma participação elevada.
Mas muitas empresas procuraram se aproximar dos mercados consumidores, e os Estados Unidos atraíram muitas japonesas. Agora, a expansão está ocorrendo nas economias chamadas emergentes, e a própria China que já atingiu um estágio razoável no seu setor industrial, passa a fazer investimentos como no Brasil. Não se trata somente de assegurar matérias-primas minerais ou produtos agropecuários, mas utilizar componentes, produtos semielaborados e até alguns de tecnologia avançada para suprir as suas necessidades, que estão se sofisticando também nos consumidores finais.
Tudo isto vem aumentando a interdependência das diversas economias, fazendo com que desastres como os que ocorreram no Japão acabem afetando muitos países no mundo.