21 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: Alexandre Tombini no Banco Central, Armando Monteiro no Desenvolvimento e Katia Abreu na Agricultura, entre outros, Joaquim Levy na Fazenda, Nelson Barbosa no Planejamento
A boa aceitação da Bolsa de Valores, com a alta das ações da Petrobras, por exemplo, e a queda da taxa de câmbio, entre outros indicadores, mostra que o chamado mercado está recebendo com aprovação as informações, ainda não confirmadas, dos principais nomes da nova equipe ministerial do governo Dilma Rousseff para o seu segundo mandato. São indicações que ela teria acabado por aceitar as mudanças do seu comportamento pessoal, que era de exagerada participação nos detalhes da fixação da política econômica, que não é o seu forte, ainda que tenha sido reeleita, aumentando as possibilidades de diálogos. Deve-se lembrar que o antigo comandante do Tesouro Nacional já teve divergências passadas com Dilma Rousseff, devendo contar com maior liberdade na sua ação no Ministério da Fazenda, com critérios mais rigorosos, não podendo ser considerado como indicação do Bradesco, onde trabalha atualmente. Nelson Barbosa, com boa experiência no governo, certamente está qualificado para a Secretaria de Planejamento da Presidência da República, sem a necessidade de excessivo desgaste de Guido Mantega. Com a confirmação da continuidade de Alexandre Tombini no Banco Central, o rigor da política monetária no combate à inflação ficaria assegurado, num melhor entrosamento com a política fiscal e demais aspectos que influem na eficiência da política econômica, sem a exagerada interferência política-partidária.
Com a indicação do ex-presidente da CNI – Confederação Nacional da Indústria, senador Armando Monteiro para o Ministério do Desenvolvimento e da senadora Katia Abreu, presidente da CNA – Confederação Nacional da Agricultura, para o Ministério da Agricultura ergue-se a possibilidade de maior acesso dos empresários aos diálogos com o governo, ponto crucial para melhora da credibilidade do governo. Ainda que todos estes nomes não possam ser as primeiras preferências pessoais de Dilma Rousseff, são indicações de que ela está se curvando às indicações da realidade, mostrando a gravidade da situação que está se enfrentando, sem os ventos de cauda do comércio internacional. Seria um pragmatismo mostrando que o governo terá negociações difíceis com a classe política, preservando as qualificações técnicas nos principais postos relevantes para a política econômica, sem se curvar também aos interesses do setor financeiro.
Joaquim Levy, qualificado economista seria indicado para o Ministério da Fazenda
Nelson Barbosa que seria indicado para a Secretaria de Planejamento
Alexande Tombini continuaria no Banco Central
Senador Armando Monteiro Neto, ex-presidente do CNI, iria para o Ministério do Desenvolvimento
Senadora Katia Abreu, presidente do CNA, iria para o Ministério da Agricultura
Se confirmadas estas indicações, sem nenhum demérito à equipe atual que obedeceu disciplinadamente ao comando de Dilma Rousseff, haveria uma evidente indicação da melhoria das qualidades, permitindo um diálogo mais profícuo tanto com os segmentos acadêmicos como empresarias e até políticos.
Todos sabem que o entrosamento de uma nova equipe apresenta dificuldades, mas se Aloisio Mercadante, que vem atuando muito junto à presidente Dilma Rousseff no seu atual cargo de ministro Chefe da Casa Civil, costurar muitos entendimentos, tudo indica que existem fortes chances para uma atitude mais realística diante dos problemas que precisam ser enfrentados.
Como também começam a surgir reajustamentos de posições, como vem ocorrendo na China com a redução da taxa de juros, pode haver uma ligeira melhora no cenário internacional, pois todos estão inseridos na economia globalizada, e somente uma recuperação nos Estados Unidos não é suficiente para alterar o panorama mundial. Mas acréscimos marginais em muitas economias podem alterar o quadro de pessimismo que se verifica neste final do ano, projetando-se para os próximos anos.
21 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: administração das finanças familiares, educação dos filhos, sobrecarga das responsabilidades
O The Japan Times publica um artigo, com base nas informações distribuídas pela agência noticiosa Jiji, segundo o qual uma pesquisa efetuada com 1.058 pessoas com idade entre 20 a 59 anos naquele país mostram que as esposas teriam poupanças mantidas secretas dos seus companheiros que excedem aos dos maridos em 3,4 vezes. Chegariam a uma média próxima de 1.200 mil yens, ou seja, em torno de US$ 10 mil, com um aumento de 70 mil yens quando comparado com a de um ano atrás. É preciso considerar que muitos japoneses ainda mantêm o costume de deixar que as esposas cuidem das finanças do casal e a elas cabe decidir como utilizam os recursos, inclusive para investimentos. Os maridos teriam escondidos uma média em torno de US$ 3 mil de suas esposas, tendo uma queda com relação ao ano passado.
Numa opção de múltiplas escolhas da pesquisa para as esposas, cerca de 75% delas esperam que estas reservas secretas fossem destinadas para as emergências, enquanto para os maridos 65% teriam a mesma possibilidade. Para cerca de 35% das esposas seriam destinadas para o futuro, enquanto 50% dos maridos seriam para seus hobbies. Deve se explicar também que muitos maridos japoneses temem ser contrariados pelas esposas quando pretendem gastar com lazer, como o golfe ou alguns jogos com seus amigos, que fazem sem o conhecimento das suas esposas, que fingem não saber destes programas.
As famílias japonesas em mudança
O mesmo acontece com a responsabilidade da educação dos filhos, onde os homens se omitem destas funções, imaginando que cuidam do sustento da família, para a qual muitas mulheres já contam até com empregos fixos, além de trabalhos eventuais ainda que em tempo parcial. Existe, infelizmente, uma forte pressão social para que os filhos frequentem boas escolas que os possibilitem alcançar também as melhores em níveis superiores, a ponto de o assunto tornar-se até motivo para um forte estresse que até leva ao suicídio de alguns estudantes. Ainda que esteja havendo algumas alterações, a imagem é que as mulheres no Japão desempenham papel secundário, diante do hábito de muitas caminharem atrás dos seus maridos, o que já está mudando. Há um aumento de situações onde as mulheres evitam se casar e ter filhos, por causa destas pressões.
As decisões das famílias sobre os grandes investimentos também recebem uma forte influência da opinião das esposas. Isto determina até os caminhos que são percorridos pela economia japonesa.
No passado, havia uma maior integração destas famílias até com os avós, principalmente do marido. As sogras exerciam uma forte pressão sobre as noras, o que já não é aceito, fazendo com que haja mais independência dos jovens casais, com melhor relacionamento com as gerações anteriores que tendem a permanecer nas regiões de origem, quando os jovens aumentam suas migrações para as grandes cidades. As famílias maiores e as noções semelhantes aos clãs chineses são menos frequentes.
No entanto, o que parece prevalecer é a forte influência das mulheres nas decisões fundamentais da sociedade japonesa, o que parece um excesso de responsabilidade, onde os homens também deveriam partilhar, sem deixar estes encargos para elas. São aspectos que parecem estar em mudanças, talvez de forma mais tênue que no Ocidente.
21 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: continuidade da deflação, convocação de eleições, elevado nível da dívida pública, injeção brutal de recursos monetários, uma economia com diminuição da população que envelhece
Lamentavelmente, quando a terceira economia do mundo não consegue sair das dificuldades que enfrenta, analistas do exterior passar a dar sugestões, ainda que se suponha que os japoneses é que devem entender melhor os seus problemas e as soluções possíveis. Willian Pesek, que expressa as opiniões da Bloomberg sediada em Tóquio, publicou seu ponto de vista num artigo publicado no The Japan Times, sugerindo créditos diretos aos consumidores e outras medidas heterodoxas. O The Economist publica no seu site, reproduzido em português no site de O Estadão, também sua apreciação sobre as dificuldades japonesas, pois o Bank of Japan começou a injetar US$ 700 bilhões anualmente, que deveria provocar uma forte desvalorização do câmbio e aumento de suas exportações, mas que só provocou a alegria dos aplicadores no mercado financeiro, sem que a demanda crescesse no Japão, e, pelo contrário, decrescesse com a elevação que ocorreu nos impostos sobre a venda que passaram de 5 para 8%. Ainda que a medida creditícia não tivesse tempo para provocar os seus efeitos.
O primeiro-ministro Shinzo Abe teve que dissolver a Dieta e convocar eleições gerais, pois pretende postergar o aumento para 10% de impostos sobre as vendas que estava programado para outubro deste ano, principalmente porque a economia japonesa registrou um decréscimo nos últimos dois trimestres, entrando tecnicamente num período de recessão. Já postamos neste site as dificuldades de uma economia onde a população está decrescendo e envelhecendo, num quadro onde o débito público já chega a 240% do PIB, não permitindo muito espaço para a utilização da política fiscal. Ao mesmo tempo, a situação da economia mundial não propicia um aumento substancial das exportações para estimular a economia japonesa.
Premiê do Japão Shinzo Abe sem muitas alternativas
Lamentavelmente, a chamada easing monetary policy provocou uma melhora da economia brasileira, mas não tem sido suficiente na Comunidade Europeia onde o Banco Central da Europa adota posição semelhante. Também no Japão, ainda que a disponibilidade de crédito venha aumentando substancialmente, tanto os bancos não se dispõem a emprestar diante dos riscos existentes como as empresas e os consumidores não demandam estes créditos diante das incertezas futuras. A política cambial já não é um instrumento suficiente para estimular as exportações e a economia, num cenário mundial adverso.
Isto mostra que, apesar das alegações do governo brasileiro não serem totalmente justificáveis, há que se admitir que o cenário internacional não seja estimulador para qualquer economia, a ponto do The Economist sugerir que o Japão deva se concentrar na expansão do mercado interno, o que vem sendo feito pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido. Também a China se concentra em dar prioridade ao mercado interno, ainda que tenha pretensões de ampliar suas influências no mundo.
Quando existe uma relativa paralisia, com o sistema bancário não conseguindo dar a sua contribuição em função dos riscos, entre as medidas aparentemente heterodoxas sugeridas aparentam oferecer créditos sem custos para estimular novas iniciativas empresariais, notadamente dos jovens, com o uso de novas tecnologias. No Japão, 25% dos jovens estão desestimulados, necessitando de desafios para iniciarem suas atividades. Como vantagens fiscais não podem ser cogitadas, o que se pode oferecer são créditos estimulantes, mesmo que alguns projetos não proporcionem retornos.
Ainda que o Japão ofereça resistências para imigrações de trabalhadores jovens do exterior, a dramática queda de sua população com o simultâneo envelhecimento parece sugerir a necessidade de uma ousada iniciativa para o seu estímulo, notadamente quando existe carência de recursos humanos para tarefas mais simples. Todos sabem das dificuldades dos idiomas bem como dos costumes, mas quando considerada as últimas décadas houve um significativo aumento de estrangeiros no Japão.
O Japão já veio admitindo trabalhadores temporários, descendentes de japoneses até a terceira geração. Parece chegada a hora de ampliar as facilidades sem considerar restrições de qualquer natureza, pois o padrão de vida no Japão supera em muito o de muitos outros países atraindo uma população que está procurando por novas oportunidades. Mesmo com todas as dificuldades, países como os Estados Unidos contam com expressivo contingente de imigrantes, mesmo que tenham dificuldades até no uso do inglês.
Na atual situação, quase de emergência, não se justificam mais medidas de tendências nacionalistas, pois há que se admitir que o mundo esteja cada vez mais globalizado, mesmo considerando todas as dificuldades para integração de estrangeiros no Japão. São muitos os exemplos que indicam que estrangeiros com elevada iniciativa estão já contribuindo com a economia daquele país.
Mesmo não sendo um especialista em política japonesa, fica-se com a impressão que a convocação de uma nova eleição, ainda que permita que Shinzo Abe continue no poder por mais algum tempo, não seja um instrumento adequado para proporcionar novas diretrizes capazes de oferecer alternativas ousadas para o Japão sair de suas dificuldades.
O mundo necessita de uma economia japonesa ativa, que tem muito a contribuir para o resto do mundo.
17 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: características dos países emergentes, comparação com economias desenvolvidas, desafios existentes
Quando se compara a economia brasileira com alguns países como o Japão, a Espanha ou alguns outros países europeus, verifica-se que existem desafios decorrentes de uma população que ainda cresce, contando relativamente com jovens que estão se preparando para desempenhar o seu papel como adultos. Há um visível reconhecimento atual que a educação é um mecanismo para a ascensão social, tanto pelo aumento de estudantes modestos nos cursos noturnos, como o uso de cursos proporcionados pela internet, adaptando para a língua portuguesa aulas de excelente qualidade proporcionadas pelas grandes universidades como as norte-americanas, graças ao patrocínio da Fundação Lehman. Também se observam a formação de grandes universidades privadas, que atuam de forma nacional, como as que proliferam nas periferias das grandes metrópoles.
Auditório da Universidade de Taubaté numa apresentação teatral
As necessidades de diversificação da economia brasileira, forçada pelas dificuldades de continuidade das exportações de minerais como de produtos agrícolas que estão sofrendo uma nova revolução verde na Ásia, o Brasil apresenta um desafio de melhor aproveitamento de sua biodiversidade. Tanto na Amazônia como em todo o amplo território brasileiro, existem muitos produtos que são conhecidos localmente, que sendo saudáveis contam com mercados crescendo no Brasil como no resto do mundo. Nota-se uma tendência de aumento das preocupações com a manutenção da saúde que determina crescimentos elevados de muitos destes produtos, que apresentam boas oportunidades para exploração no país. A ampla diversidade das condições de solo e clima do Brasil permitem também produções locais de tradicionais produtos saudáveis, como os que já contam com consumo em outras partes do mundo, como no Oriente.
Produção de Açaí na Amazônia
Estas atividades potenciais apresentam alguns desafios como pesquisas que estão sendo efetuadas para o seu melhor aproveitamento, algumas industrializações, bem como o aperfeiçoamento de embalagens para serem colocadas no mercado local como para as exportações. Necessitam contar com todas as condições para a sua melhor aparência, como evitar-se suas contaminações, podendo ser aceitas pelas autoridades de vigilância sanitária dos países desenvolvidos.
Nem todos observam os novos desafios que se apresentam também no Brasil, como a elevação de todos os custos dos recursos humanos, que geram oportunidades para a automação e até o uso de robôs para muitas tarefas repetitivas. Também veio ocorrendo um aumento do custo de energia bem como outras utilidades no país, exigindo o uso de tecnologias que promovam sua economia, tradicionalmente existentes nos países onde estes custos já são elevados por um longo período.
O Brasil e o Japão vêm utilizando submergíveis japoneses para a exploração conjunta das potencialidades da chamada Elevação Rio Grande, que se estende pelo Atlântico por milhares de quilômetros, com uma lâmina de água de somente cerca de 1.000 metros. Há indícios de elevadas potencialidades de metais raros, hoje quase monopolizados pelos chineses, bem como matérias-primas para fertilizantes, sempre necessários para as atividades agrícolas brasileiras.
Muitos não observam as condições dos transportes para o comércio internacional do Brasil, que sofreram modificações. As exportações ainda utilizam muitos navios graneleiros, tanto para os minérios como os produtos agrícolas como os cereais. As importações utilizam, quase sempre, contêineres e cargas para o seu retorno e contam com condições favoráveis, competitivas com as localidades mais próximas dos mercados consumidores.
Terminal de contêineres utilizáveis como carga de retorno
O câmbio brasileiro que estava defasado está sendo corrigido pelo mercado, e as atividades exportadoras contam com juros e tributações mais convenientes, principalmente quando combinado com algumas importações que permitem utilizar os créditos fiscais acumulados. Ainda que existam outros fatores considerados custo Brasil a continuarem a ser corrigidos, as autoridades se mostram sensíveis para suas revisões, até porque as exportações acabam sendo prioritárias para a sustentação do crescimento da economia brasileira.
Como estes, existem uma série de desafios que enfrentados podem proporcionar bons negócios e ajudam a elevar o crescimento da economia brasileira.
15 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: a prisão de executivos de empreiteiras e dirigentes da Petrobras, análises preliminares um pouco mais profundas, o comportamento da mídia
É mais que natural que toda a imprensa brasileira conceda espaços generosos para a divulgação das espetaculares prisões de dezenas de importantes dirigentes das empreiteiras brasileiras, da Petrobras e outros envolvidos nos fortes indícios de irregularidades. Elas surpreenderam muitos analistas pelas personalidades envolvidas que propiciaram vantagens para empresas privadas e recursos para as mais variadas finalidades, inclusive financiamentos de campanhas eleitorais. A Constituição de 1988 concedeu amplos poderes para o Ministério Público que, por meio Polícia Federal, ainda está aperfeiçoando o uso dos mesmos, e no momento ainda exagera nas divulgações das operações espetaculares que parecem visar o aumento das delações premiadas, que podem identificar outras irregularidades, que certamente devem ser punidas, mas dentro de um longo processo judicial que, lamentavelmente, demanda muito tempo para ser justo.
O processo ainda está numa fase intermediária e poderá ter maior profundidade atingindo até membros do Conselho de Administração de muitas empresas, o que é permitido hoje pela legislação brasileira, não se restringindo somente aos executivos.
Ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, um dos primeiros delatores visando a redução de suas penas
Alberto Youssef, doleiro que seria um dos principais operadores de todo o sistema, que também visa a redução de suas penas com delações premiadas. Foto: Joedson Alves/Estadão Conteúdo
Em todo o mundo, os custos das campanhas eleitorais e de muitos movimentos políticos são elevados e diferentes mecanismos são utilizados para que os seus financiamentos sejam mais transparentes e justos, não havendo ainda um que seja recomendável para todas as diferentes democracias. Alguns países optam pelo financiamento com recursos públicos que já estão sobrecarregados, outros optam por pequenos financiamentos pulverizados dos eleitores, alguns permitem que empresas participem do processo. Difícil imaginar que todos os recursos sejam legais, havendo abusos dos usos de mecanismos ilegais nestes aprendizados para o aperfeiçoamento. Votações, como alguns dispositivos que interessavam a algumas correntes políticas da Constituição, exigiram no Brasil volumosos recursos em que foram usados meios suspeitamente ilegais, que tendem a se ampliar nas campanhas eleitorais.
Tudo que está ocorrendo, já com dezenas de prisões, principalmente temporárias, baseiam-se em algumas delações premiadas de criminosos confessos claramente envolvidos em irregularidades visando as reduções de suas penas. Muitos executivos, agora presos, acabarão sendo libertados pelas ações eficientes de dispendiosos trabalhos de seus advogados, mas tudo indica que este espalhafatoso processo objetiva obter novas delações premiadas, que visam a identificação de provas materiais com outros envolvidos.
Mas como consequência destas ações já pode ser especulada mudanças que deverão ocorrer na economia e na política brasileira, com efeitos de longo prazo e positivos. Historicamente, quando a Capital brasileira ainda se situava no Rio de Janeiro, havia algumas grandes empreiteiras que dominavam o cenário das grandes obras públicas no país. Quando da construção de Brasília, foram substituídas por outras que aproveitaram a oportunidade para volumosos trabalhos, com grande urgência, em regiões pioneiras de então, sem que houvesse um grande rigor nas suas fiscalizações.
Algumas novas empreiteiras se consolidaram com as grandes e numerosas obras que foram construídas intensamente durante o período de administração autoritária no país, quando os custos das campanhas políticas eram menos elevados. Muitas continuaram se expandindo até os tempos atuais. Elas sempre foram importantes nos financiamentos dos custos políticos, de formas regulares e até com mecanismos duvidosos. Mas, certamente, não são as únicas, podendo se suspeitar que instituições financeiras também tivessem um papel importante, ao lado de outras empresas que dependem dos favores da administração pública.
O atual processo deve provocar uma forte renovação nestas empreiteiras que contavam também com empresas de engenharia para a elaboração de projetos das construções pesadas, que não contam com eficientes mecanismos alternativos. Este processo poderá ser demorado até a consolidação de um novo quadro eficiente no Brasil, até que as novas tenham toda a tecnologia e dimensão econômica para poder arcar com os novos trabalhos.
Isto provocaria uma redução temporária das obras mais cruciais para sustentar um processo de recuperação do desenvolvimento, mesmo que estas adaptações contem com a colaboração de eficientes empresários. O mais natural é que haja cautelas adicionais, como algumas empresas tradicionais que já se declararam redirecionando suas atividades, evitando setores onde possam ocorrer problemas como os que estão sendo enfrentados.
Mesmo com todos estes problemas, deve-se encarar que as punições das irregularidades devam ser positivas, mostrando que a democracia continua se aperfeiçoando no Brasil, fazendo com que a concorrência tenha condições para aumentar a eficiência econômica no país.
As mudanças no quadro político acabam exigindo reconsiderações importantes, dentro do regime federativo em que o Brasil está inserido, com os políticos sendo eleitos nas eleições estaduais, não havendo os que se empenhem na defesa da União. Parece indispensável que exista alguma cláusula de barreira, permitindo que somente um número limitado de partidos tenha representação nacional. Algum mecanismo que permita uma fiscalização mais eficiente da ação dos eleitos pelos seus eleitores, como um sistema distrital misto parece indispensável. Tudo deve visar a redução dos custos das campanhas eleitorais.
A esperança é que a indignação provocada com a divulgação de tantas irregularidades seja canalizada internamente no sentido do aperfeiçoamento e não da desilusão dos eleitores com a política. Também do ponto de vista internacional, as análises desejáveis seriam às voltadas aos esforços de redução da corrupção no Brasil, de forma radical, como poucas vezes vistos na maioria dos países.
14 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo no The Japan Times, complementação de organismos já existentes, instrumentos para financiamentos de projetos de desenvolvimento
Um artigo publicado por Lee Jong-Wha, professor de economia e diretor do Instituto de Pesquisa Asiática na Universidade da Coreia, no The Japan Times, informa sobre as instituições bancárias internacionais chinesas onde seus representantes ocupam posições de comando. A China já vem aumentando seus funcionários em instituições internacionais como o G-20, o Fundo Monetário Interacional, o Banco Mundial e a Organização Mundial de Comércio, acumulando experiências. Mas não contava com o comando delas, pois suas participações no capital ainda são modestas e os norte-americanos e europeus continuam destacados. No Banco Asiático de Desenvolvimento, são os japoneses que detêm a sua Presidência, no banco cogitado para os BRICS haveria um rodízio no comando.
Assim, a China que vem aumentando sua participação de forma expressiva no cenário internacional resolveu criar o AIIB – Asian Infrastructure Investiment Bank, que, trabalhando complementarmente às demais instituições, teria comando chinês, que contaria com 50% do seu capital. O ministro de Estado dos Negócios Estrangeiros da Índia, Shashi Tharoor, já sugeriu que este banco financie o novo Silk Road, que tanto por terra como pelo mar facilite as ligações do Leste Asiático com a Europa, ainda que existam alguns receios de países asiáticos sobre a expansão das atividades da China nestas áreas. Com todo o prestígio conseguido pela China na recente reunião da APEC naquele país, com a presença de destacadas personalidades internacionais, as elevadas poupanças chinesas e de outros asiáticos poderão ser canalizadas nestas obras.
Cerimônia para lançamento dos trabalhos de elaboração do Asian Infrastructure Investment Bank em Beijing, China
Esta foi uma iniciativa chinesa para atrair as autoridades asiáticas para a possibilidade de financiamento dos seus projetos de infraestrutura, que todos necessitam, contando com mais de US$ 40 bilhões como um programa inicial.
Alguns analistas questionam a possibilidade de uma adequada governança neste banco, que já conta com metade do capital de origem chinesa. Mas, muitos são pragmáticos e sabem que podem contar com a ajuda destes recursos que possam ser completados pelos locais, para contemplar projetos vitais para a sua integração neste esforço asiático de intensificar suas relações com os europeus, como o resto do mundo.
Ainda que se esperem critérios internacionais para as avaliações dos projetos a serem contemplados com financiamentos, todos estão conscientes de que muitos dos apoios chineses podem estar vinculados, havendo esperanças de facilidades no acesso ao mercado chinês que deverá continuar crescendo nas próximas décadas, a ponto de superar os Estados Unidos.
Pode-se afirmar que também este novo banco faz parte da nova realidade, onde a presença chinesa tende a se consolidar, tanto alimentando o seu desenvolvimento como tendo impacto em toda a região asiática. É difícil imaginar que outros países tenham condições competitivas como estas que estão sendo colocados pela China.
É preciso considerar ainda que a China dispõe de outros bancos estatais e privados que podem complementar financiamentos que estejam ligados a estes projetos mais amplo, dada a presença de chineses na maioria dos países do mundo, que acaba tendo interesses relacionados com os fomentos do intercâmbio comercial.
14 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigo do The Economist sobre a China, divergências com tratamento irônico, presença de líderes mundiais na China, reunião da APEC
Todos sabem que a posição ideológica do The Economist com a atual dominante na China apresenta uma grande diferença. Mesmo que existam aspectos em que um artigo publicado na revista possa ter suas razões, diante da impossibilidade de modificar a atual realidade, como é da tradição inglesa, abusa-se da ironia para descrever o que aconteceu nos últimos dias naquele país. É como se a Pax Americana que seria apoiada pela revista tenha que ceder à nova ordem chinesa que vai se impondo ao mundo, como a maior economia do planeta. Denomina como coreografia quase imperial o quadro em que Xi Jinping recebeu Barack Obama, símbolo poente dos Estados Unidos, no cenário da residência oficial da China ascendente, na Zhongnanhai, ao lado da Cidade Proibida, deixando o grande Salão do Povo que vinha sendo utilizado para recepções semelhantes.
A revista enfatiza que na televisão como nos jornais chineses, Xi Jinping foi tratado sempre ocupando uma posição de comando, com os líderes mundiais pagando respeito à magnanimidade do presidente chinês. Como fato objetivo, parece que não restou a Barack Obama senão curvar-se diante da triste realidade, como se fosse o que poderia ser feito para deixar pequenas marcas de sua tentativa de contribuição como coadjuvante nas questões relevantes no futuro próximo para o mundo, como no caso dos entendimentos visando um avanço nas negociações relacionadas com as emissões de carbono. É preciso admitir que a diplomacia chinesa tirasse o maior partido possível da participação de grandes líderes mundiais na reunião da APEC.
Na nova edição do The Economist, a capa é interpretada nos seus detalhes, mostrando que as posições foram sempre no sentido de dar um ângulo favorável a Xi Jinping, que se apresenta de frente nas fotos, enquanto Barack Obama fica com o seu braço cobrindo-o, como se fora uma posição de submissão, o que parece ser um exagero, mesmo respeitando a longa tradição da imprensa.
A capa da revista para a semana
Já postamos neste site que na reunião da APEC os líderes presentes na China deram respaldo ao prosseguimento dos entendimentos visando o acordo, enquanto a TPP, que seria um contraponto liderado pelos Estados Unidos, ainda não o conseguiu. Para conseguir tal objetivo, a China anunciou acordos de livre comércio com a Coreia do Sul e com a Austrália, bem como generosos investimentos de US$ 40 bilhões para melhoria da infraestrutura em países asiáticos, inclusive parte da Rússia, dentro do novo Silk Road, além da confirmação das aquisições de gás daquele país ao seu norte.
Ainda que existam preocupações e resistências ao avanço militares da China pelos mares que os cercam e que geram conflitos com seus vizinhos, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe foi recebido por Xi Jinping, ainda que a foto do evento mostre todo o desconforto existente entre os dois. A revista expressa sua pesada posição com a interpretação que o fato dá “a impressão de um proprietário de um cão obrigado a pegar o coco de outro cão (tradução da Google de “Lent the impression of a dog owner obliged to pick up another pooch’s turd”).
Outros acordos como a facilidade para o comércio de produtos de informática ainda depende da OMC e outro para evitar maus entendimentos ou confrontações militares, além de facilitar o visto de visitantes turistas ou empresariais.
Mas, segundo a revista, a maior surpresa foi o entendimento sobre os gases que provocam efeito estufa, onde os Estados Unidos se comprometeram com metas específicas que não encontram apoio unânime no país, quando os objetivos chineses ainda são vagos, o que deverá ser objeto de entendimento no próximo ano numa reunião das Nações Unidas em Paris.
Como os chineses aceitaram uma conferência com a imprensa ao término do encontro entre os dois presidentes, Xi Jinping deixou claro que o problema de Hong Kong era um assunto interno, o que foi interpretado pelo The Economist como uma posição que contraria entendimentos em que se procuram avanços nos relacionamentos com os países Ocidentais como outros aliados dos Estados Unidos.
O que parece difícil se aceito pela revista é que, apesar de pontos em que podem ser levantadas objeções, que certamente existem, o sentido geral mostra que existem possibilidades de convívio com a China, ainda que existam posições divergentes em diversos assuntos.
12 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: decisões ousadas, encontro dos dois presidentes mais importantes do mundo, não podem agradar a todos, reunião de cúpula de Barack Obama e Xi Jinping, um esforço surpreendente
Ainda que Xi Jinping, o presidente da China com poder incrível, que pretende superar os Estados Unidos nas próximas décadas pela sua importância mundial, tenha obtido um grande resultado diplomático na sua reunião de cúpula com o Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, que vem enfrentando variados problemas para consolidar a sua liderança no seu país como no mundo, há que se admitir que resultados surpreendentes para o mundo fossem obtidos. Ainda que isto não possa atender a todos, havendo observações como do site do The Economist que os Estados Unidos cederam mais que os chineses na questão das emissões dos gases de efeito estufa, não se pode negar que importantes avanços foram conquistados, como parece ter surpreendido muitos veículos de comunicaçâo importantes no mundo, inclusive agências noticiosas internacionais como o Associated Press.
O The Wall Street Journal publica no seu site um abrangente artigo escrito por Carol E.Lee, Jeremy Pagina e William Mauldin, informando que, além do entendimento sobre o clima, foram alcançados importantes acordos sobre questões militares, bem como o comércio relacionado com os produtos de informática, considerando inesperado este movimento, que certamente exigiu um grande esforço de Barack Obama e sua equipe, quando ele já era considerado um “lame duck”.
Tanto Xi Jinping como Barack Obama fizeram declarações públicas otimistas sobre o novo patamar em que colocam as relações bilaterais, que acabam provocando efeitos em todo o mundo. Apesar das diferenças existentes entre os dois países com relação a muitas questões, tudo o que é possível parece ter sido feito, mesmo considerando os compromissos existentes com seus aliados.
Quando a reunião de cúpula anterior foi realizada em Sunnyland na Califórnia num clima descontraído, os chineses capricharam para que o evento em Beijing fosse mais formal, envolvendo até uma visita pelos jardins da residência oficial, ao lado da Cidade Proibida. Os trajes utilizados eram formais e adequados ao rigoroso outono de Beijing, com paletós, gravatas e casacos.
Encontro de cúpula entre Xi Jinping e Barack Obama em Beijing
Muitos outros acordos foram estabelecidos, como o visto de negócios e de turismo de 10 anos bem como o Tratado Bilateral de Investimentos entre os dois países, mas os pontos altos referem-se aos entendimentos que permitem acelerar as providências para a redução do efeito estufa que deverá ser discutido nas Nações Unidas ainda este ano, como as medidas destinadas para evitar incidentes fortuitos que prejudiquem os avanços em direção a um entendimento relacionado com a defesa da China e dos Estados Unidos e seus aliados, notadamente nos mares que cercam os chineses.
Muitos detalhes mostram que grandes esforços foram efetuados para que os acordos fossem estabelecidos atendendo ao máximo os seus objetivos, reconhecendo as dificuldades existentes em ambas as partes. As reuniões, que estavam previstas para três horas de duração, acabaram exigindo quatro horas e quarenta minutos.
A entrevista à imprensa que se seguiu ao evento tinha a preferência dos chineses para ser algo formal, sem perguntas. Mas as pressões norte-americanas foram aceitas surpreendentemente, resultando num estilo que permitia maior flexibilidade para o trabalho da imprensa.
É preciso compreender que assuntos delicados que antecederam ao encontro de cúpula estavam frescos na memória de todos. A espionagem envolvendo escutas de personalidades, os problemas relacionados com as manifestações em Hong Kong, as tensões decorrentes das disputas territoriais com aliados dos Estados Unidos, os incidentes militares de aviões chineses e norte-americanos, os graves problemas de poluição, as tentativas de acelerar a implantação da democracia em países asiáticos, e muitos outros.
Tudo indica que os chineses entenderam que acordos na atual administração eram relevantes sobre os avanços já obtidos, tendo em consideração a possibilidade de orientações mais duras de um novo governo nos Estados Unidos.
Muitos analistas que participam de entidades que acompanham estes relacionamentos bilaterais se mostravam surpresos com os avanços que foram possíveis, mesmo com algumas concessões norte-americanas. Todos esperam que estes entendimentos favoreçam os que terão que ser submetidos à apreciação de outros países, como no caso dos problemas de poluição nas Nações Unidas, ou de maior liberalização do comércio de produtos relacionados com a informática, no âmbito da OMC – Organização Mundial de Comércio.
Neste acordo na OMC estará incluído o comércio de semicondutores, dispositivos médicos, sistemas de posicionamento global e outros produtos. Nas Nações Unidas, sobre o aquecimento global, os Estados Unidos já se comprometeram a reduzir até 2025 suas emissões de 26 a 28% sobre os níveis de 2005. A China concordou que suas emissões atingirão o pico em 2030, e que as produções de energias não fósseis atinjam 20% em 2025.
Observa-se que se admitiu que a China, apesar de se tornar a maior economia do mundo, a renda per capita de sua população ainda é baixa, e que o seu desenvolvimento ainda implicará em problemas de poluição. Mas há indícios que a própria população chinesa e principalmente os representantes das empresas estrangeiras que atuam naquele país acabarão impondo prazos mais curtos e metas mais ousadas, pois muitos se declaram sem condições de habitarem locais de tanta poluição.
12 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: informações no site da Bloomberg, manipulações das taxas de câmbio, manipulações das taxas de juros Libor, outras punições de funcionários
Os observadores do mercado financeiro ficam impressionados com as cifras iniciais das punições impostas pelos reguladores dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e da Suíça aos renomados bancos internacionais que chegam a US$ 3,3 bilhões, segundo as notícias divulgadas por Suzi Anel e Liam Vaughan no site da Bloomberg. Na Suíça, a UBS vai pagar mediante acordo mais de US$ 800 milhões, segundo declarações do Commodity Futures Trading Commission dos Estados Unidos, do Britain’s Financial Conduct Authority e do Swiss Financial Market Supervisory Authority. O Citigroup vai pagar US$ 668 milhões, o JPMorgan Chase US$ 662 milhões, o Royal Bank of Scothland cerca de US$ 634 milhões, o HSBC US$ 618 milhões, sendo que o Barclays que está negociando ainda não estava pronto para um acordo. São cifras assustadoras mostrando como o mundo está nas mãos de instituições privadas bancárias responsabilizadas por duvidosos comportamentos morais, que estendem suas influências sobre outras atividades econômicas.
As investigações das autoridades controladoras que já duram 13 meses ainda podem atingir indivíduos que atuaram neste mercado, pelos bancos como empresas coniventes, como gestores de fundos. As autoridades inglesas ainda estão fazendo investigações criminais que atingem o mercado de moedas, que chegam a US$ 5,3 trilhões por dia.
Como estas cifras foram estabelecidas nos acordos que foram estabelecidos visando reduções das punições, pode-se concluir que as irregularidades compreendem valores mais elevados e que as instituições e seus operadores usufruiram vantagens de valores superiores. Os reguladores estão pressionando os bancos a reverem os bonus concedidos a seus funcionários bem como seus dirigentes.
Segundo um diretor de uma das agências reguladoras, somente o Barclays está investigando suas práticas. Outros 30 bancos terão que fazer revisões de suas práticas e assinar compromissos para que elas não se repitam no futuro. Um operador do Bank of England, que já trabalhou por quase 30 anos como revendedor de câmbio, não teve provimento para ser isentado, ele que foi criticado num relatório disciplinar interno não relacionado com o câmbio.
As investigações iniciais foram no sentido de identificar se os operadores conspiraram as taxas de referência chamadas WM/Reuters para efetuar apostas não autorizadas, cobrando comissões excessivas. Mais de 30 deles foram demitidos, suspensos, colocados em licença ou renunciaram. As multas referem-se aos controles ineficazes nas margens das operações entre janeiro de 2008 a 15 de outubro de 2013.
Eles compartilharam informações sobre as atividades dos clientes que tinham confiado a manter confidencialidade e tentaram manipular taxas de câmbio em concluio com operadores de outras empresas, de forma a prejudicar os clientes e o mercado, segundo as autoridades. Uma dezena de bancos já foram multadas pelo menos em US$ 6,5 bilhões nas investigações sobre a taxa de juros Libor e seus derivados. Já provocaram revisões mais amplas nos parâmetros de avaliação utilizados nos mercados de petróleo e metais preciosos.
Lamentavelmente, os comportamentos do setor financeiro não apresentam parâmetros morais que permitam confiar em muitas de suas operações.
10 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigos no Valor Econômico relacionados com o encontro sobre política fiscal, dificuldades em situações de mudanças dinâmicas, medidas de estímulos e contrações fiscais
Muito diferente de exercícios acadêmicos, os profissionais de economia que tiveram experiências de responsabilidades no exercício da política econômica acabaram aprendendo o quanto é difícil a arte de combinar os diversos instrumentos, como monetários, fiscais, controles de diversas naturezas como os salariais, nos quadros dinâmicos em que as situações vão se alterando numa economia, tanto do ponto de vista interno como condicionado pelo contexto que se encontram nos seus relacionamentos com a economia mundial. Os muitos participantes do importante encontro sobre política fiscal, com suas diferentes experiências e pontos de vista, tiveram a oportunidade de apresentar subsídios neste evento patrocinado pela FGV – Fundação Getúlio Vargas que merecerão as atenções de todos quantos se preocupam com estes assuntos. Alguns dos relatos foram registrados por Tainara Machado e Arícia Martins e constam do site do Valor Econômico.
Personalidades como o professor Antonio Delfim Netto, Yoshiaki Nakano, Barry Eichengreen e Vitor Gaspar tiveram seus relatos registrados, mostrando que a situação para o aumento da taxa de crescimento econômico do Brasil apresenta dificuldades, dentro do quadro fiscal, monetário e de relacionamento com a economia mundial, tendo em vista a necessidade de manter o endividamento público em níveis controláveis, sem agravar as tensões inflacionárias. Como houve necessidade de medidas anticíclicas nos momentos em que a economia mundial entrava em recessão, hoje existem limites para o uso dos diversos instrumentos de política econômica, mas não deve haver exageros nas medidas contracionistas que acabem ampliando as dificuldades.
Professor Antonio Delfim Netto Professor Yoshiaki Nakano
Professor Barry Eichengreen Vitor Gaspar
O professor Delfim Netto deixa claro que o Banco Central ficou sobrecarregado com o problema de combate à inflação, quando a política fiscal e outros segmentos não ajudavam no mesmo sentido, como com o exagero de contabilidades criativas e reajustamentos salariais acima do aumento da produtividade. Mas recomenda cuidado nas contrações fiscais, para não acabar matando o paciente.
O professor Toshiaki Nakano se pronunciou a favor de uma drástica contenção fiscal, enquanto o professor Barry Eichengreen informou sobre as moderações nas medidas de política econômica devidamente coordenada nos seus instrumentos. Vitor Gaspar, do FMI, enfatizou as diferenças de situações dos diversos países em suas fases diferentes.
Todas estas contribuições devem ser examinadas nas suas íntegras, além do que foram apresentados nos artigos que necessitam resumir os pontos de vista colocados. De qualquer forma, o que parece é que subsídios importantes foram apresentados, mostrando o cuidado nas revisões e reformas propostas, não se encarando que elas sejam santos milagres que possam facilmente resolver os complexos problemas que apresentam outras condicionalidades existentes.