Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Primeiros Pronunciamentos do Prêmio Nobel Jean Tirole

15 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: destaque na imprensa mundial, os aspectos financeiros, trabalhos sobre regulamentação, tradição liberal | 2 Comentários »

Muito oportuna a escolha do Prêmio Nobel de Economia de 2014, o acadêmico francês Jean Tirole que também já exerceu atividades no MIT – Massachusetts Institute of Technology, além de muitas ações em organismos internacionais. Ele é considerado um especialista em regulação dos mercados e o seu primeiro pronunciamento para a Bloomberg referiu-se à necessidade de regulação adequada do mercado financeiro internacional, onde as grandes instituições bancárias do mundo abusam da liberdade de fluxos financeiros que em nada contribui para a adequada necessidade de suprimento dos créditos para a ampliação das atividades produtivas, fomentando somente a especulação.

Quando autoridades monetárias de diversos países e regiões, começando pelo FED norte-americano, começaram, depois da crise de 2007/2008, a abusar da chamada easing monetary policy, inundando o mundo de dólares americanos, acabou-se beneficiando um pouco os Estados Unidos, mas provocando uma guerra cambial no mundo, fazendo com que os japoneses e os europeus também acompanhassem o mesmo tipo de política, para evitar a exagerada valorização de suas moedas, que prejudicavam suas exportações e facilitavam as importações, provocando um desequilíbrio na balança comercial. Países emergentes como o Brasil, que não possuem moedas aceitas no mercado internacional, acabam sofrendo estas valorizações, que prejudicam suas economias. Isto acaba ampliando as injustiças mundiais, que ajudam os países já industrializados e dificultam os demais, que são a maioria.

Se no setor financeiro estes problemas são graves, não deixam de também gerar problemas nos mercados onde um número limitado de empresas acaba dispondo de um forte poder monopolístico, o que é uma dura realidade com que se conta no mundo. Ainda que muitas entidades venham discutindo a necessidade de uma adequada regulamentação que não são aceitas, também em alguns setores de produtos estratégicos os tipos similares de situações monopolísticas acabam resistindo igualmente às regulamentações.

clip_image002

Prêmio Nobel de Economia de 2014, Jean Torole

Os esforços de medidas antimonopólios resultam em algumas adequações nos mercados de diversos produtos, mas quando se trata do setor financeiro, que tem um poder mais generalizado e de influência em todas as economias, as resistências são mais acirradas, esperando que a concessão deste prêmio ajude a generalizar a consciência destas necessidades de regulações. É evidente que a ganância de alguns continuarão com suas restrições, mas espera-se que a opinião pública acabe induzindo a todos para regulamentações mais razoáveis.


Neymar: Novo Ídolo Esportivo na Ásia

14 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias | Tags: a divulgação da vitória brasileira sobre o Japão por 4 a 0, Imprensa japonesa, novo ídolo asiático

O futebol sempre foi uma atividade que ajudava a disseminação da imagem brasileira na Ásia. Astros como Pelé, Ronaldo e muitos outros eram mais conhecidos que artistas, políticos ou outras personalidades, identificando-se com a imagem do Brasil nesta parte do mundo, ainda que isto também seja um fenômeno mundial. Encontrando-se com asiáticos, a primeira face atual do Brasil que lembrada é do Neymar e do seu futebol, pois está destacada por todos os mecanismos de comunicação de massa. Quando informamos que somos brasileiros, no passado a primeira impressão no interior dos países do Sudeste da Ásia como nos confins da China era Pelé. Hoje já é Neymar, cujo nome é repetido centenas de vezes pela televisão, como a sua foto aparece em todos os jornais e revistas. O Brasil hoje já é reconhecido pelos simples asiáticos com o nome e a face de Neymar.

Além das empresas privadas que possuem o seu interesse comercial nesta parte do mundo, as autoridades precisar aproveitar a oportunidade para a divulgação do Brasil tanto em termos turísticos como de toda a sua imagem de um bom brasileiro. Como Pelé ajudou o Brasil a ingressar até no mercado russo de café, a boa imagem que se têm deste novo ídolo precisa ser aproveitada para todo e qualquer publicidade. Se mesmo astros futebolísticos pouco conhecidos no Brasil servem para ajudar a vender produtos nos mercados asiáticos, ainda mais de um jovem ídolo mundial como Neymar que tem uma imagem de um bom mocinho, que mostra que o país dispõe de talentos criativos.

clip_image001

Neymar, a nova face do Brasil na Ásia

O Brasil conta com uma imagem positiva na Ásia porque não é considerado por nenhum dos seus aspectos problemáticos. Necessita mais do que nunca da ajuda desta parte do mundo que mantém um dinamismo econômico superior ao mundial. Neymar, por jogar também pelo Barcelona, é bastante divulgado entre os asiáticos. Com quatro gols sobre o Japão na partida disputada em Cingapura, eleva a sua imagem que precisa ser ressaltada como de um bom ídolo brasileiro.

Ainda que sua imagem seja dispendiosa do ponto de vista comercial, entidades, como a EMBRATUR, que se preocupam com o aumento do turismo internacional para o Brasil precisam utilizá-lo para suas publicidades. Aviões como da EMBRAER, a desgastada imagem da PETROBRAS, como do BANCO DO BRASIL ou do BNDES necessitam aproveitar a sua imagem, tanto para as vendas, promoção de exportação como para a captação de recursos.

Os materiais esportivos de grifes internacionais já estão utilizando a sua imagem. Outros produtos industriais brasileiros como de serviços precisam aproveitá-lo e a sua imagem, antes que outras empresas multinacionais acabem contratando-o.


Economistas do Setor Financeiro Sobre a Economia da China

8 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: dificuldades no setor imobiliário, fuga de recursos para o exterior, os problemas da poluição, pessimismo dos analisas financeiros

Um artigo publicado por Yasuo Awai e Fuyumi Takeuchi, publicado no Nikkei Asian Review informa sobre a possibilidade da economia chinesa apresentar um crescimento abaixo do 7,5% esperado pelas autoridades daquele país. Diversas razões estariam influenciando para tanto, destacando-se o comportamento do setor imobiliário onde as autoridades evitam as especulações dos investidores locais, os graves problemas de poluição que chegam a transferir executivos estrangeiros expatriados para outros países, bem como a fuga de recursos dos investidores chineses para economia de outros países, notadamente a inglesa e outros europeus. Na realidade estas pressões estão ocorrendo visando as autoridades chinesas de forma que medidas adicionais de estímulo sejam adotadas para ativar aquela economia.

clip_image001O sol se põe sobre edifícios residenciais em um dia nebuloso em Pequim. Os economistas estão expressando preocupações crescentes de que a queda dos preços dos imóveis poderia colocar ainda mais pressão de baixa sobre a economia chinesa. © Reuters

A pesquisa trimestral realizada pelo grupo Nikkei recebeu respostas de 21 economistas especializados na economia chinesa. De acordo com a estimativa média dos entrevistados, o Produto Interno Bruto da China cresceu 7,3% no trimestre julho-setembro em uma base real. Os economistas consultados expressaram preocupações de queda dos preços dos imóveis poderia colocar ainda mais pressão de baixa sobre a economia.

Estes economistas informam que o PIB chinês vem decrescendo ligeiramente nos últimos trimestres, prevendo-se a mesma tendência para os próximos anos, frustrando as previsões das autoridades daquele país.

A China tem sido atingida com uma série de dados econômicos fracos recentemente, incluindo dados de produção industrial para agosto, o que diminuiu o nível mais baixo em cinco anos e oito meses. Os economistas consultados pela maior parte vê a economia chinesa perder um novo impulso em 2015, com as suas previsões de crescimento do PIB para o próximo ano uma média de 7,2%.

image                                        Gráfico publicado pelo Nikkei Asian Review

Menos economistas preveem a flexibilização da política monetária, com a queda das taxas ou o coeficiente de reservas obrigatórias. Pelo contrário, muitos deles esperam que o Banco do Povo da China, banco central do país, afrouxar o crédito apenas de uma forma limitada, principalmente através da utilização de uma linha de crédito de curto prazo, que fornece fundos para as instituições financeiras para sustentar os empréstimos para setores específicos, como pequenas empresas e agricultura.

Cerca de 60% dos economistas entrevistados apontaram para uma queda dos preços imobiliários como o maior fator de risco provável de causar uma recessão econômica. Ainda que a campanha anticorrupção seja encarada como positiva, informam que à curto prazo acaba tendo uma conotação negativa para a economia. 

Um artigo publicado no Financial Times por Jamil Anderlini informa que em 2012 os investimentos dos chineses chegaram a 27 bilhões de euro na Europa.


Pequenas e Médias Empresas On-Line

29 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: inovações, também no Brasil a importância das pequenas e médias empresas, uso do on-line

Em todas as economias desenvolvidas, como na Alemanha, no Japão e muitas outras, as pequenas e médias empresas desempenham um papel importante, pois possuem a flexibilidade para introduzir inovações rapidamente. No Brasil também se repete o fenômeno, como mostra o suplemento especial do Valor Econômico publicado hoje sobre o assunto, focando o uso de variados serviços on-line por elas, com destaque nas vendas. Apesar de um crescimento modesto em toda a economia, informa-se o comércio eletrônico, segundo relatório da WebShoppers da E-bit, como consta no artigo de Jacilio Saraiva, na primeira página do suplemento citado. Os crescimentos de todas as empresas chegariam a 26% nominal com relação ao ano passado, sendo que as pequenas e médias representariam 20% deste total, compreendendo 20 mil lojas.

clip_image002

Tudo indica que os jovens e a população que usa a internet para o seu trabalho apresentam uma demanda maior, confiando nas empresas que utilizam estas facilidades, proporcionando as entregas se socorrendo dos Correios e empresas especializadas nas entregas nos locais indicados, com a rapidez indispensável. Os pagamentos costumam ser efetuados com os cartões e as qualidades dos produtos oferecidos costumam corresponder aos descritos. A quantidade de operações que acabam gerando problemas como devoluções e outras pendências, pelo que se saiba, continuam sendo desprezível.

Evidentemente, além das pequenas e médias empresas cuidarem da produção de alguns produtos, necessita contar com as promoções de seus produtos, além de contar com um serviço de logística que permita localizar os produtos prontos num estoque, para serem enviados, via os sistemas de entrega para os consumidores. As cobranças envolvendo cartões apresentam alguns custos que não são desprezíveis no Brasil, mas evitam os riscos das inadimplências.

O que o suplemento parece sugerir é que as pequenas e médias empresas que são apoiadas pela Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas não procurem concorrer com as grandes que já possuem experiências acumuladas nestes tipos de operações. O suplemento apresenta muitos artigos que relatam as experiências variadas destas empresas.

Já existem muitas empresas especializadas na prestação de serviços para pequenos e médios produtores, trabalhando com uma gama mais ampla de produtos. Como a escala acaba sendo relevante como em qualquer empreendimento, observam-se muitos prestadores de serviços, dependendo dos produtos que envolvem volumes variados, além de atenções diferenciadas aos consumidores.

Como este segmento é relativamente novo, nota-se que muitas empresas e bancos que desejam ter as novas pequenas e médias se interessam em apresentar seus anúncios nestes suplementos, acabando por sustentar um suplemento de 24 páginas, tornando-se interessante para os jornais.


A Seca Que Afeta o Abastecimento em São Paulo

24 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: as dificuldades que vão além do abastecimento de água, cuidados adicionais, desperdícios, problemas energéticos

Um artigo publicado por Mac Margolis que coopera com diversos jornais internacionais no site da Bloomberg nos leva a algumas reflexões diante da forte seca em São Paulo, que prejudica sobretudo o abastecimento de água nesta grande metrópole. Mas, também coloca em risco o fornecimento de energia elétrica, que passa a depender de outras fontes que a hidroelétrica, com custos mais elevados, alem de outras consequências que exigem alterações no comportamento da população. Sabe-se que o problema não se resume a seca, pois há mais de 50 anos vem se apontando esta possibilidade, exigindo medidas para o suprimento de localidades distantes, o que nunca foi providenciado. Os especialistas em problemas hidráulicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo já recomendavam que se providenciassem abastecimentos como do Vale do Ribeira, que além de uma distância apreciável, exigiria a elevação da água por mais de 500 metros de diferenças de altitudes.

Na realidade, os brasileiros adquiriram uma cultura como se todos os suas necessidades fossem atendidas pela Providência, e que não haveria carência de investimentos para prover as suas demandas, num país abençoado pela natureza. Os custos destes abastecimentos nunca foram considerados e desperdícios foram praticados ao longo do tempo, sequer providenciando para que possíveis vazamentos na rede de abastecimento fossem coibidos. Nunca que providenciou o reaproveitamento da água utilizada, deixando que a poluição se tornasse um problema hoje difícil de ser contornado. Agora, premido pela necessidade, muitas alterações terão que ser providenciadas, talvez com custos mais elevados.

clip_image002                                         Situação crítica na Reserva de Cantareira

O autor do artigo estranha que a imagem do Governador Geraldo Alckmin ainda não esteja sendo afetado segundo as pesquisas de opinião para a próxima eleição. Com esta seca, além do abastecimento de água, também a produção agrícola brasileira já começa a ser afetada, tornando-se também um problema nacional, como também é o problema da energia elétrica.

O que se espera com esta dura lição é que o Brasil reformule sua cultura com relação ao abastecimento do que hoje é providenciado pela natureza. Há que se antecipar, como já era feito no passado, algumas medidas de longo prazo que assegurem as necessidades mínimas para a população, com a clara consciência que existem custos, e os pesados investimentos necessitam ser providenciados.

Não se trata somente de água e energia elétrica, mas outras limitações existentes no Brasil precisam ser encaradas, não se imaginando que os problemas podem ser resolvidos sem sacrifícios, como a atual campanha eleitoral, infelizmente, vem enfatizando pelos mais variados candidatos.


Importância da Logística na Economia Brasileira

18 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: aproveitamentos possíveis, atividades internacionais, da produção para os consumidores, dimensão brasileira

Mesmo que a logística seja importante em qualquer econômica, quando se trata de uma economia como a brasileira que ocupa uma grande extensão territorial ela ganha uma relevância maior. As zonas de produção se espalham por todo o território e mesmo com a concentração dos consumidores pelos grandes centros, o que vem se verificando é o aumento da importância das regiões que antes eram considerados menos desenvolvidos. As distâncias que necessitam serem cobertas são grandes e com a deficiência histórica das ferrovias no Brasil, as rodovias ganharam importância, ainda que não sejam as mais recomendáveis para grandes distâncias. Mesmo que haja alguns aproveitamentos dos transportes fluviais, a grande maioria dos rios brasileiros não corre na direção que seria mais conveniente, salvo na bacia Amazônica. Em que pese o grande litoral brasileiro, a navegação de cabotagem sempre enfrentou obstáculos que não permitem o seu pleno aproveitamento.

Nos relacionamentos com o exterior, sempre se contou com o transporte marítimo para as importações, e foram efetuados esforços para viabilizarem as exportações. Mas, todos acabam exigindo transportes multimodais, pois os grandes centros consumidores como produtores brasileiros continuam localizados longe dos portos, havendo necessidades variadas para os deslocamentos necessários, bem como localização dos pontos de estocagem das mercadorias.

clip_image002

Um suplemento setorial de importância acaba sendo publicado já com regularidade pelo jornal Valor Econômico, fazendo um balanço bastante completo sobre o que existe em matéria de logística no país, bem como os graves problemas ainda enfrentados, pela falta de investimentos em todos estes sistemas de transportes que permitam o seu funcionamento eficiente.

Os grandes desafios sempre foram às cargas de retorno, pois muitos transportes de grandes massas continuam sendo feitos a granel, e o desejável seria contar com outros correspondentes em sentido contrário. Quando são de cargas de produtos industrializados, muitos hoje em conteiners, sempre existem formas de aproveitamento das capacidades de transportes para outras mercadorias, ainda que de características diferentes.

O grande problema está na logística que dá apoio ao comércio internacional, que ainda conta com minérios e commodities agrícolas que são transportados a granel. Como os produtos importados são normalmente manufaturados, transportados em conteiners, acaba havendo um desequilíbrio dos seus fluxos. Há que se imaginarem formas criativas que permitam que os mesmos sejam utilizados para outras cargas de retorno, aproveitando as capacidades existentes.

Tanto as empresas brasileiras como estrangeiras que operam com a logística no Brasil estão plenamente capacitadas para trabalhos eficientes. Algumas ineficiências que se encontravam no setor público passam a ser supridas com as privatizações, que ainda não são completas. E existem regulamentações que necessitam ser removidas dos obstáculos que apresentam para os fluxos eficientes.


WSJ Comenta Alibaba no E-Commerce com o Brasil

15 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias, Tecnologia | Tags: a moda e seus perigos, mercado brasileiro de e-commerce, quantidade de notícias ligadas à Alibaba

Neste período em que o grupo chinês Alibaba procura concluir sua gigantesca operação de captação de recursos utilizando o mecanismo da IPO no valor recorde que deve chegar a US$ 24 bilhões, há que se admitir a competência de seus dirigentes para inundar os veículos de comunicação social do mundo com as mais variadas notícias sobre as operações do grupo, ainda que sempre caibam dúvidas respeitáveis sobre alguns dos produtos vendidos. Os brasileiros são suscetíveis às modas, sem avaliar todos os seus riscos. Com a ascensão de muitos consumidores brasileiros para a classe média, ampliaram-se os consumidores desejosos de pechinchas, navegando pela internet procurando oportunidades, segundo analistas destes tipos de atividades, que coloca no Brasil entre os cinco maiores consumidores utilizando estes mecanismos, segundo um artigo publicado no The Wall Street Journal de autoria de Loretta Chao, com a contribuição de Paulo Travisini de Brasília.

O artigo cita casos de compradores que considerados os preços oferecidos vantajosos comparados com os praticados no Brasil, mesmo com as tributações a que estão sujeitos na alfândega e as demoras nas suas liberações. Quando o Presidente chinês Xi Jinping esteve em Brasília visitando a Presidente Dilma Rousseff conseguiu acordos com os Correios do Brasil para acelerar a redução dos procedimentos burocráticos. Mas, o que vem se constatando é que muitos produtos comercializados pela Alibaba estão sendo questionados como falsificações, notadamente nas de algumas griffes. Mesmo assim, a Alibaba considera que o Brasil é onde suas atividades devem se expandir nos próximos anos, mesmo que este nome seja associado no país com os 40 ladrões.

clip_image002

Um dos sites utilizados pelo grupo apresenta suas ofertas em português, e os isentos de tributações de importações devem estar abaixo de US$ 50, havendo ainda uma taxa que eles cobram por encomenda.

Outros grupos que atuam nesta faixa de mercado também estão promovendo importações, como os provenientes da China. A pouca importância que o Brasil veio adotando para a expansão de suas atividades no exterior não vem permitindo um razoável equilíbrio nestas operações de comércio internacional, que deveria contar com um volume também de exportações nesta faixa.

Muitos afirmam que o câmbio seria um fator fundamental, mas é preciso considerar que também existem muitas outras iniciativas que devem tornar os produtos brasileiros competitivos, incluindo a logística, todos os procedimentos burocráticos, alem das tributações que devem incidir tanto sobre os produtos acabados como matérias primas e componentes envolvidos, alem dos encargos sobre os custos de mão de obra.


Milagres Existem Mas São Difíceis de Ocorrerem

10 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: debate entre José Roberto Mendonça de Barros e Delfim Netto no Estadão, diagnósticos e opções de política econômica, entrevista de Eduardo Gianetti no Valor Econômico

Foi publicado no jornal O Estado de S.Paulo um debate entre os economistas Antonio Delfim Netto e José Roberto Mendonça de Barros sobre os problemas atuais de política econômica procurando estabelecer parâmetros para o julgamento das propostas dos candidatos à Presidência da República. Também foi publicado no Valor Econômico uma entrevista com Eduardo Gianetti da Fonseca, um dos principais assessores da candidata Marina Silva, que aparece atualmente nas pesquisas como a favorita para a vitória num eventual segundo turno. Todos se mostram conscientes que os problemas econômicos atuais exigirão fortes ajustes no começo da próxima administração, quem quer que seja eleito, que poderá provocar uma desaceleração adicional da economia brasileira por um período, que poderá ser mais longo ou mais curto. Os diagnósticos não diferem muito.

Delfim Netto acredita que se houver um choque de credibilidade com o novo governo, o ajustamento acabará sendo mais rápido, pois os agentes econômicos costumam se antecipar ao que vai ocorrer no futuro. Mas, como parece haver um consenso que o ajuste necessário será bastante profundo, sempre se admite que nem tudo pode ser feito rapidamente, como expressa Eduardo Gianetti da Fonseca, havendo necessidade de tempo para que seus efeitos se apresentem para a população.

clip_image002                                                Professor Antonio Delfim Netto

clip_image004                                     Economista Jose Roberto Mendonça de Barros

clip_image006                                        Economista Eduardo Gianetti da Fonseca

O que parece difícil é que se consiga reunir facilmente competentes economistas de diversas origens para compor uma equipe no novo governo. Ainda que existam muito habilitados, nem sempre é fácil compor uma equipe que tenha um comando claro e uma estratégia consensual, pois os ajustamentos de diferentes personalidades costumam ser de grande complexidade.

Parece que, além de contar com muitos que possam colaborar em diversos setores, existem as necessidades de atendimento das reivindicações regionais e componentes de diversas facções políticas, quanto mais de diferentes partidos políticos e profissionais oriundos de instituições diferentes. Seria quase um milagre que houvesse uma liderança política capaz de galvanizar todos numa só diretriz, quando se observam ainda mudanças em muitos objetivos programáticos, mesmo que esteja no estágio da campanha eleitoral.

Quando se tratar que colocações gerais todos podem concordar, mas as diferenças acabam ocorrendo nos detalhes das execuções. O Brasil é demasiadamente grande, com fortes diferenças regionais e variadas tendências politicas que ainda não estão suficientemente consolidadas. Não há uma forte liderança política, com as qualificações de um estadista.

É evidente que os resultados eleitorais seriam importantes, mas mesmo as minorias não podem ser facilmente atropeladas, principalmente quando as execuções demandas tempo e sacrifícios. Os recursos disponíveis não costumam ser suficientes para atender todas as aspirações, por mais legítimas que sejam.

Nunca pode se subestimar as dificuldades da formação de uma base parlamentar sólida, mesmo que num primeiro momento as contrariedades não sejam expostas. Não se pode esperar um cenário mundial que ofereça um vento de cauda, pois muitos países e regiões se esforçam ainda para se recuperarem da crise que vem desde 2007/2008.

Ainda que se respeite o poder do setor financeiro que foi capaz de reunir recursos humanos competentes, é preciso constatar que as atividades reais como do setor rural e industrial possuem reivindicações que nem sempre se ajustam aos simples interesses financeiros de curto prazo.

Todos precisam torcer para que haja um governo reazoável, principalmente do ponto de vista econômico, mas devem se reconhecer que os problemas a serem enfrentados são gigantescos e variados, num cenário em que as críticas são sempre mais fáceis do que os trabalhosos projetos e programas que exigem muita paciência na sua execução.


Dificuldade de Compreensão de um Economista

8 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: diferenças dos volumes de recursos, duas notícias no site da Bloomberg, um fundo europeu para pesquisas sobre o grafeno, um IPO para o comércio pela internet

Uma notícia elaborada por Leslie Picker publicada no site da Bloomberg informa que o grupo chinês Alibaba procura captar US$ 21,1 bilhões num IPO para financiar suas atividades voltadas ao comercio via internet, que seria o maior lançamento de papeis efetuado no mercado mundial. De outro lado, Oliver Stanley num outro artigo publicado no mesmo site, informa que a Europa procura criar um fundo de US$ 1,3 bilhão para um amplo programa de pesquisas europeias relacionadas ao grafeno, este novo material revolucionário que possui ricas características, como resistência, transmissão de energia, pequena dimensão, entre muitos outros que poderá ocupar no século XXI o tipo de papel que o aço desempenhou no século XX. No primeiro caso, um simples professor de inglês transformou-se num ousado empresário, Jack Ma, que teve dificuldades para lançar a operação no seu país, em Hong Kong. No segundo caso, entre muitos outros cientistas envolve o co-ganhador do Prêmio Nobel de Física de 2010, Kostantin Novoselov, e Kostas Kostarelos, ambos hoje na Universidade de Manchester que está se destacando nestes trabalhos, havendo já milhares de patentes solicitadas pelas grandes empresas que atuam com este produto nos segmentos de tecnologia de ponta nos mais variados setores e países.

A diferença de mais de 15 vezes entre as duas cifras, a menor para atividades que aparentam proporcionar benefícios apreciáveis para a humanidade ao longo de muito tempo, e a maior para atividades banais de comércio pela internet que já vem sendo efetuado por muitas outras empresas mundo afora, leva a suspeita que há alguma coisa de errado nas avaliações chamadas de mercado, que envolvem conhecidas instituições bancárias internacionais, ainda que elas pensem somente nos resultados privados. A possibilidade de uma grande especulação envolvendo a divulgação de impressionantes e ousadas informações de elevados retornos não podem ser descartadas, até porque a operação idêntica em montante muito menor foi recusada em Hong Kong.

clip_image002Kostantin Novoselov, Prêmio Nobel de Física 2010, atualmente na Universidade Manchester, com destaque nos trabalhos relacionados com o grafeno.

                            clip_image004
Kostas Kostarelos da Universidade de Manchester, também acumulou experiências em outras universidades sobre o assunto.

                        clip_image006
           Jack Ma, Chairman da Alibaba, que amplia suas operações nos Estados Unidos

Evidentemente as duas coisas são diferentes, sendo que a primeira é um fundo para financiar muitas atividades de pesquisa que procuram transformar em produtos comercializáveis conhecimentos que estão sendo acumulados no segmento científico. O segundo é uma inusitada operação de ampliação das atividades comerciais, principalmente nos Estados Unidos, envolvendo também empresas que seriam beneficiadas como a Google, utilizando mecanismos como os da internet.

Os trabalhos científicos exigem cuidados e longos períodos para suas maturações. As atividades comerciais costumam ser de grande rotação. Ainda assim, o grupo Alibaba que começou na China há poucos anos, onde passou a contar praticamente com um monopólio, nos Estados Unidos como em outros países, devem contar com a concorrência de outras empresas. Na realidade, parece que a operação envolve lucros nas suas associações com a Google, que parece que não eram rentáveis. Mas, sempre existe uma impressão de “mágica”, não se esperando que acabem resultando na frustração das expectativas que foram alimentadas.


Até o Banco Central Europeu Estimula a Economia

8 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: dificuldades não resolvidas, estímulo para a economia europeia, seguindo o FED norte americano e os japoneses | 2 Comentários »

Ainda que muitos brasileiros continuem achando que o desaquecimento da economia é um problema nacional, tanto os norte-americanos, os japoneses e agora os europeus, tomam medidas visando a estimular suas economias que se encontram com dificuldades. O mesmo acontece na China como, na Rússia como na Índia, havendo poucos países que ainda não foram afetados, e que continuam com seus desenvolvidos abaixo do esperado. O BCE – Banco Central Europeu, por intermédio do seu competente presidente, Mario Draghi toma um conjunto de medidas, segundo artigo de Muhamed A. El-Erian no site da Bloomberg, que são ousadas e apresentam elevados riscos.

Visando uma nova rodada de estímulos para a economia europeia que continua sem recuperação, foram tomadas três mensagens fortes e inequívocas que vão muito além da Europa, e acabam afetando de forma duvidosa países emergentes como o Brasil. O primeiro não convencional estabelece uma taxa de depósito ainda mais negativa para os recursos que os bancos mantêm junto àquela autoridade monetária, visando o aumento de suas aplicações nos programas de compra de títulos, algo parecido com o que o Brasil vem adotando no Banco Central do Brasil, ainda que os bancos não estejam satisfeitos com a necessidade de aumentarem seus riscos. No segundo grupo, com uma flexibilização monetária em grande escala, maior que a norte-americana, aumentam até o uso da política fiscal, para suportar o crescimento sustentável. E finalmente, fugindo dos papeis tradicionais dos Bancos Centrais, passa a atuar de forma múltipla, afrouxando o controle monetário.

clip_image002                                                 ECB – European Central Bank

Com base na experiência em outros lugares do mundo, o BCE movimenta-se de forma expressiva com a preocupação legítima para estimular a economia europeia, com quatro elementos principais:

1. Forçar para baixos os rendimentos dos títulos e as taxas de juros, na esperança do suporte para o aumento do emprego e do crescimento da economia;

2. Se as medidas não surtirem efeitos rápidos, aumentar a compra de bônus, enfraquecendo o euro e estimulando as exportações;

3. Pressionar os governos, tanto na área pública como privada, para promover o crescimento e evitar a deflação;

4. Esperar que os custos e riscos das medidas experimentais não sobrecarreguem os beneficiários.

Segundo o articulista as medidas só terão consequências positivas se forem apoiadas pelos governos da Europa. Como haverá efeitos colaterais sobre outros países como os Estados Unidos, a Suíça, China e principalmente sobre os países emergentes como o Brasil, haverá necessidade de medidas para contraporem-se as desvalorizações do euro, como com as desvalorizações das outras moedas, provocando um acirramento da guerra cambial.

Para que as medidas surtam efeitos, haverá necessidade de flexiblização fiscal (ou aumento do déficit fiscal, em outras palavras), bem como da regulamentação do emprego, alem da ampliação dos investimentos em infraestrutura.

As medidas adotadas na Europa acabam provocando sobre o Brasil e outros países emergentes efeitos mais deletérios do que quando o FED norte-americano tomou as primeiras medidas. No longo prazo a melhoria da Europa poderá beneficiar a todos, mas no primeiro momento, os mercados emergentes sofrerão com influxos de recursos financeiros que tendem a valorizar seus câmbios. A capacidade de reação brasileira e de outros países emergentes vai exigir medidas que não são populares.