22 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: análises que simplificam demais os quadros complexos, casos do Brasil, da Índia e da China, dificuldades para a compreensão à distância, do México, wishful thinking
Muitos casos recentes mostram que análises demasiadamente simplificadas de quadros complexos mostram que existem muitos dos chamados “wishiful thinking”, onde os desejos são tomados como realidades por profissionais bem intencionados, mas nem sempre capazes de entenderem à distância todas as dinâmicas situações que são difíceis de serem interpretadas até pelos locais que estão permanentemente envolvidos nestes tipos de avaliações. Um exemplo significativo pode ser o caso do governo de Narendra Modi na Índia, eleito numa arrasadora eleição que pretende varrer do país um longo período de domínio de um grupo político desde a independência daquele país, que acabou disseminando a corrupção e a exagerada presença do Estado. Com uma campanha a favor do sistema privado de mercado com uma bandeira nacionalista, está se constatando que as dificuldades para as mudanças são maiores do que se poderia esperar, num país gigantesco e ainda pobre, mesmo que se disponha de recursos humanos bem preparados até no exterior. O assunto vem sendo divulgados em muitas publicações internacionais.
Narendra Modi, Primeiro Ministro da Índia
No México o novo Presidente empossado em 2012, Enrique Peña Nieto conseguiu a imagem mundial de um ousado reformista, começando pela quebra do monopólio da PEMEX, que nasceu de uma radical campanha nacionalista do controle estatal do petróleo quando aquele país era totalmente dominado pelo PRI – Partido Reformista Institucional. Hoje, como parte da NAFTA – Acordo de Livre Comércio da América do Norte que envolve além do México, os Estados Unidos e o Canadá, proporcionando um dos mais cobiçados mercados do mundo, o país empenha-se para efetuar todas as mudanças indispensáveis para a nova situação, mas encontra uma forte resistência da população, que precisará ser superada com grande esforço. Este assunto também vem merecendo considerações em muitas publicações internacionais.
Enrique Peña Nieto, Presidente do México
Na China que veio comandando o desenvolvimento mundial nos últimos anos o governo presidido por Xi Jinping vem promovendo mudanças para dar continuidade para um crescimento acelerado, superando os problemas como de poluição e corrupção e a exagerada dependência das exportações. No entanto, enfrenta problemas com muitos aperfeiçoamentos em setores importantes como o bancário que conta com um sistema paralelo de grande dimensão, além da exagerada dependência do crescimento aos investimentos que vem sendo efetuados, até com muitos endividamentos com juros elevados.
Yu Yongding, o ex-presidente do China Society of World Economics e diretor do Institute of World Economics na Chinese Academy of Social Sciences, entre outros cargos importantes na China, publica um expressivo artigo no Project Syndicate (https://www.project-syndicate.org/commentary/yu-yongding-warns-that-unless-officials-stem-the-rise-in-corporate-leverage–economic-crisis-is-inevitable) falando das dificuldades ainda persistentes no seu setor financeiro, que mesmo superado diversas vezes e de formas temporárias, ainda necessita de mudanças expressivas para suportar um crescimento econômico acelerado nos próximos anos. Estes tipos de dificuldades, que não ficam claros para os que veem a China do exterior, mostram que existem problemas para as superações das suas limitações.
Yu Yongding, Diretor do Institute of Word Economics
and Politics da Chinese Academy of Social Sciences, entre outros cargos.
No que se refere ao Brasil, diante da substituição da candidatura para Presidente da República nas próximas eleições do elogiado mas falecido Eduardo Campos pela Marina Silva, num arranjo da coligação comandada pelo PSB – Partido Socialista Brasileiro, e das primeiras pesquisas de opinião efetuada pela Datafolha, muitos artigos estão sendo publicados no Brasil e no exterior como uma significativa mudança no quadro político do país, criando um cenário de sua expressiva vitória.
Marina Silva substitui o falecido Eduardo Campos como candidata à Presidente da República
Este tipo de substituição de personalidades políticas muito diferentes não é fácil e nem os resultados podem ser tão claros. Até na ocupação de cargos relevantes na campanha eleitoral já se verifica as primeiras dificuldades de acomodação de organizações partidárias que não possuem a tradição de controles expressivos do poder no Brasil. Muitas incertezas ainda devem povoar o cenário brasileiro nos próximos meses, não sendo tão fáceis como algumas conclusões precipitadas que já estão sendo traçadas, como se milagre existisse.
21 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias, Gastronomia | Tags: atuações em diversos mercados, Nissin ampliando novas linhas, pesquisas para novos produtos
Uma matéria preparada por Kosuke Iwano para a Nikkei Asian Review informa que a Nissin está ampliando suas pesquisas e desenvolvimentos para lançamento de novos produtos, com maior eficiência nos processos produtivos. Eles são os pioneiros que vieram lançando os macarrões de preparo instantâneo, os conhecidos Ramen de frango desde 1958 e atendem as necessidades daqueles que não dispõe de tempo para o preparo adequado de alimentos mais elaborados. Como muitas donas de casa passaram a ter empregos em todo o mundo, mesmo de tempo parcial, não contam com o tempo para cuidar de suas casas e dos preparos de refeições para seus familiares. Estes produtos que somente com água fervida já podem ser consumidos, apresentando uma qualidade cada vez mais aceitável, estão com suas demandas em expansão nos mais variados mercados.
As pesquisas que estão sendo efetuadas no Japão já permitem que o arroz com curry, muito consumidos pelos japoneses também sejam preparados somente com água fervida, como os macarrões de sabor ajustado para os paladares da cozinha como a tailandesa. Estão sendo adicionadas novas linhas que permitem atender as preferências de diversas populações que estão aderindo a estes tipos de alimentos semelhantes aos fast foods. Há um reconhecimento que mesmo nos países emergentes, como muitos asiáticos, também as mulheres estão entrando no mercado de trabalho formal, ao mesmo tempo em que novas faixas da população ingressam nas classes médias mais modestas, passando a consumir produtos que podem ser encontrados nos supermercados ou lojas de conveniência. Chegam a ser de consumo habitual, além de eventuais.
Nissin está chegando com novos sabores de apelar para o paladar dos clientes em todo o mundo.
Depois de 50 anos a demanda global de macarrões instantâneos tinham alcançado mais de 100 bilhões de refeições por ano. Eles esperam que dentro de 10 anos cheguem a 130 a 140 bilhões de refeições. Mesmo a Nissin não consegue atender toda esta demanda, sendo que 17,5% das vendas no último ano fiscal (que termina em março no Japão) teria ocorrido no além mar. Estão ampliando suas parcerias em muitos países.
Agora a Nissin visa o mercado chinês, testando a linha chamada Hap Mei Do em Hangzhou, que tem um molho com sabor de produtos marinhos. O produto tem boa aceitação entre os jovens e com a publicidade esperam conseguir um crescimento anual de 30% por ano. Planejam estar com um staff de mil funcionários em torno do ano de 2016 naquele país.
Os planos da Nissin na Indonésia é aumentar a participação do parceiro local dos atuais 49% para 98% do capital. Expandiram em 2013 suas atividades para a Turquia e o Kenia e esperam elevar as vendas no exterior para 50% no ano fiscal de 2025, para abastecer 80 países em todo o mundo, tornando-se uma empresa global.
20 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: artigo sobre o México no Foreign Affairs, energia elétrica, novas funções para o Pemex
A economia mexicana está sendo considerada no momento pelos investidores internacionais como uma das que apresentam maior potencial no mundo, como decorrência da política que vem sendo praticado pelo Presidente Enrique Peña Nieto desde 2012, enfrentando seus problemas políticos históricos, com mudanças significativas no setor energético do México. A sua proximidade dos Estados Unidos, se apresenta vantagens por contar com um grande mercado representado pela NAFTA – Integração Econômica da América do Norte, que conta também com o Canadá, sempre estimula um forte nacionalismo para se afirmar independente. Tem uma tradição estatizante que se consolidou ao longo da história do PRI – Partido Revolucionário Institucional. Apesar de ter contado com uma campanha pela nacionalização do petróleo que resultou na PEMEX, talvez mais radical que a do Brasil que gerou a PETROBRÁS, procura agora consolidar um sistema que se abre para os investimentos privados, inclusive externos.
Difícil imaginar que um setor estratégico que conta com grandes e poderosas empresas multinacionais, onde os investimentos são pesados, as tecnologias avançadas e as unidades produtivas como as refinaria são gigantescas consiga consolidar rapidamente um sistema concorrencial. É da natureza destas organizações que existam poderosos interesses grupais, mesmo dentro das estatais como acontece em ambos os gigantes, como a PEMEX e a PETROBRÁS, por mais que existam governos e agências reguladoras governamentais. De qualquer forma é uma orientação ousada do atual governo que vai exigir uma forte determinação política, pois até os investimentos privados tendem se acomodar com um sistema monopolístico, onde também os interesses do governo e do Estado sempre estarão presentes.
Os Estados Unidos e a Foreign Affairs tem interesses ideológicos que o México de consolide como um grande país emergente, contando com energia barata e competitiva no mercado internacional, até para fortalecer a NAFTA. Com acesso tanto pelo Pacífico como pelo Atlântico, muitas subsidiárias de empresas estrangeiras se instalam no México, tanto para abastecer o mercado interno, como ter acesso aos mercados dos Estados Unidos como do Canadá.
A experiência brasileira vem demonstrando até agora que a presença de uma grande estatal faz com que o setor privado, nacional ou estrangeiro só conte com uma participação marginal no setor de petróleo. O México está estimulando também a presença privada no setor elétrico, mas também neste segmento o Brasil vem demonstrando que o controle acaba sendo exagerado, quando existem interesses políticos do governo.
Se o México conseguir um razoável equilíbrio, com variadas atividades privadas interlaçadas, poderá se tornar um exemplo da forma de convivência entre atividades estatais com os de grupos nacionais e estrangeiros guiados pelo mercado.
A formação dos recursos humanos de ponta no caso mexicano conta com um intercâmbio mais intenso com as universidades norte-americanas, inclusive pela proximidade geográfica, quando comparado com o Brasil. Ainda que isto tenda a influenciar na formação ideológica no sentido da utilização mais intensa dos mecanismos de mercado, também fomenta um forte sentimento nacionalista do ponto de vista político, para afirmar sempre a sua identidade.
Com o mundo cada vez mais globalizado, estas experiências acabam se transferindo pela América Latina, ainda que não exista um perfilamento automático com os Estados Unidos.
Com a junção de todos estes e outros fatores, observa-se que a tradição da diplomacia mexicana acaba sendo a de formação de quadros competentes e ativos, servindo como um exemplo para outros setores da atividade internacional.
19 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: estudos no Yomiuri Shimbun, exemplos que podem ser imitados no Brasil, população idosa | 4 Comentários »
Se existe um país que antecipa os estudos sobre as tendências futuras, e que já conta com uma população idosa, que deverá se repetir no Brasil no futuro como em outros países ainda emergentes certamente este é o Japão. Como na recente visita do Primeiro Ministro Shinzo Abe ao Brasil começaram a se esboçar os intercâmbios na área de saúde entre os dois, parece oportuno que sejam analisadas algumas possibilidades futuras.
The Yomiuri Shimbun
É evidente que os problemas existentes das despesas médicas no Japão e no Brasil são diferentes, mas as metodologias dos estudos efetuados naquele país podem ser adaptados para os brasileiros, havendo a possibilidade de alguns trabalhos serem efetuados em conjunto, absorvendo parte da tecnologia lá aplicada, dentro dos mecanismos que foram criados pelos dois governos.
Os dados disponíveis no Japão são abundantes, permitindo análises comparativas entre as diversas províncias, para aprofundar as causas que determinam alguns gastos mais elevados em algumas. Isto também pode ser observado no Brasil, ainda que os serviços médicos não sejam tão uniformes no país.
Mas, estes estudos permitem identificar ineficiências e desperdícios que possam estar ocorrendo em algumas regiões, estabelecendo-se metas regionais a serem alcançadas ao longo do tempo. Como tais despesas são astronômicas tendendo a um crescimento rápido, principalmente com o princípio constitucional existente no Brasil de serviços médicos universais para a população, não existem fontes de recursos suficientes que acabam sendo resolvidos injustamente pelas filas.
Entre as despesas que aparentam ser elevadas parece figurar a prescrição exagerada de medicamentos. Também os prazos de internação costumam ser elevados, como no Japão, quando todos sabem que os atendimentos ambulatoriais ou residenciais podem reduzir estas despesas em muitos casos.
A medicina preventiva utilizada no Japão permite visualizar as despesas que costumam ocorrer com os diagnósticos tardios que implicam em medidas de custo mais elevado.
Evidentemente, não existem medidas milagrosas que resolvam todas as situações. No entanto, se identificados os focos que necessitam ter atacados com prioridade, pode se estabelecer uma política de longo prazo para que os problemas de saúde sejam minorados em muitos casos.
19 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: análise das pesquisas como do Datafolha, análises que nem sempre correspondem às indicações, o problema do engajamento da imprensa na campanha eleitoral
Ainda que existam os que defendem a posição que os meios de comunicação social deveriam adotar uma posição equidistante dos diversos candidatos em qualquer campanha eleitoral, existem países de longa tradição democrática onde estes engajamentos são plenamente aceitos, desde que estas posições sejam explicitas. O que parece inconveniente é que análises que não correspondem aos dados de uma pesquisa sejam apresentadas, o que mostra que ou existe uma disfarçada intenção de induzir os leitores a erros, ou uma incompetência mesmo em analistas experimentados, o que deve ser uma hipótese que deve ser rejeitada. Com a oportuna divulgação da pesquisa efetuada pela Datafolha, após o lamentável falecimento do candidato Eduardo Campos do PSB, havendo fortes indícios da sua substituição pela Marina Silva, muitas indicações preciosas acabaram sendo reveladas.
Resumidamente, as indicações foram que a candidata Marina Silva apresentou um empate técnico com Aécio Neves no segundo lugar, com a candidata Dilma Rousseff como a preferida para Presidente da República, mas levando à necessidade do segundo turno. No segundo turno haveria uma superação da atual Presidente pela Marina Silva, hipótese que não se verificaria com Aécio Neves, neste levantamento. Evidentemente, estas pesquisas indicam o que se observa no momento e a Datafolha costuma utilizar uma amostra estratificada que reduz as margens de erro. Como informações complementares, evidenciou-se a recuperação dos que consideram o governo bom ou ótimo quando comparada com a pesquisa anterior, ao mesmo tempo em que se identifica um desejo pela mudança do governo do PT e seus coligados, o que seria conseguido no segundo turno pelo PSB e seus coligados, ainda que a tradição brasileira seja o voto no candidato e não nos partidos.
A íntegra da pesquisa pode ser obtida no: http://datafolha.folha.uol.com.br/eleicoes/2014/08/1502039-com-marina-disputa-presidencial-iria-para-o-segundo-turno.shtml
Comparando com os dados coletados nas pesquisas anteriores, verifica-se que a Dilma Rousseff como Aécio Neves obtiveram os mesmos percentuais do levantamento anteriores e Marina Silva conseguiu seus 21%, mais que o dobro do obtido por Eduardo Campos pela redução dos indecisos e brancos e nulos.
O que parece incorreto é que se atribuía as maiores dificuldades para Dilma Rousseff, ainda pelos dados ela tenha que se submeter ao segundo turno, com a possibilidade de perder para Marina Silva. O que parece mais provável é que Aécio Neves, igualmente, tende a perder eleitores para Marina Silva, na medida em que não teria condições de vencer no segundo turno, o que poderia ser conseguido por Marina Silva.
Evidentemente, estas tendências ainda não se encontram consolidadas, pois a campanha pela televisão e rádios com o uso dos tempos concedidos pela atual legislação eleitoral mal começou. Muitos atribuem que o impacto emocional do desastroso desaparecimento de Eduardo Campos ainda estaria muito elevado.
As campanhas devem ressaltar que Marina Silva não dispõe de experiência no comando do Executivo, ainda que regionalmente. E haveria restrições de alguns segmentos políticos diante do seu passado com fortes marcas conservacionistas. Procura-se ressaltar que ela assumiria todos os compromissos de Eduardo Campos, contando o PSB com um programa substancioso já elaborado.
A campanha eleitoral deverá ser acirrada, pois as margens atuais são pequenas.
15 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Destaque, Editoriais e Notícias, Política | Tags: a morte trágica do candidato a Presidente, as manifestações generalizadas de lamentações, novos quadros, os elogios quase unânimes
É mais que natural que as qualidades de um político sejam ressaltadas quando ocorre um trágico desaparecimento como de Eduardo Campos, ainda com somente 49 anos, quando começava a despontar na política nacional. Como candidato à Presidência da República foi vitimado num acidente aéreo em Santos em plena campanha eleitoral. Poucos conseguiriam a unanimidade que está obtendo de manifestações sobre suas potencialidades, inclusive de seus adversários, consequência natural do prestígio que conseguiu acumular pelas suas atuações regionais. Com dois mandatos no governo de um Estado da importância de Pernambuco onde conseguiu as melhores avaliações, além de outros obtidos em eleições como de Deputado Federal. Também acumulou experiências em cargos federais como de Ministro de Ciência e Tecnologia no governo Lula da Silva. Todos enfatizam suas qualidades de conciliador, ainda que exercesse a presidência de um partido político considerado de esquerda, como o Partido Socialista Brasileiro, e apresentava suas ideias que fascinavam até os mais conservadores, notadamente no respeito às regras de mercado.
Sendo um político de origem nordestina não poderia deixar de trazer as fortes marcas da região, notadamente nos seus aspectos positivos que estão sendo reconhecidos recentemente por uma melhoria superior à nacional do padrão de vida. Representava a população aguerrida desta parte do país que enfrenta até as adversidades climáticas, tirando partido de suas condições favoráveis para contribuir para o desenvolvimento nacional como para a atual economia globalizada. Insistia numa mensagem com nova roupagem, procurando superar os obstáculos antepostos até pela tradição. Ninguém pode imaginar que ele fosse perfeito, mas suas qualidades superavam em muito os compromissos que todos os políticos necessitam assumir, tratando com pragmatismo as situações que precisava enfrentar.
Eduardo Henrique Accioly Campos (1965 – 2014)
Seu otimismo era reconhecido como o sonho de dias melhores para a população brasileira. Ainda que não conseguisse a vitória na sua primeira tentativa de chegar à Presidência da República, todos admitiam que seu futuro fosse promissor para cargos da maior importância. Deixa um vazio difícil de ser preenchido, mas um exemplo estimulador para todos que acreditam na política.
Tinha se preparado num ambiente, inclusive familiar, de insistentes e persistentes batalhas, tendo como inspirador Miguel Arraes que tinha no seu currículo décadas de lutas adversas em Pernambuco e no nordeste. Mas, não aparentava contar com resquícios de rancor, mas uma inconformidade com a acomodação e a ineficiência.
O que se espera é que o seu exemplo inspire outros jovens que existem caminhos políticos e democráticos para se alcançar condições melhores de vida para a população brasileira, ainda que as limitações sempre estejam presentes.
12 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: artigo do Nikkei, confrontos entre a China e os Estados Unidos na Ásia, disputas sobre acordos comerciais | 2 Comentários »
Nos complexos posicionamentos comerciais em disputa na Ásia, um artigo escrito por Kazuki Kagaya do sênior staff do Nikkei publicado no Nikkei Asian Review deve ser considerado mais informado do que outros analistas que acompanham o assunto a certa distância. Todos sabem que se trata de um difícil jogo de xadrez onde, mesmo sem um confronto, o pano de fundo acaba sendo a disputa de prestígio entre a China e os Estados Unidos. Como todos são pragmáticos, os interesses comerciais acabam se sobreponto aos geopolíticos, mas o resultado final depois de muito tempo pode proporcionar posicionamentos estratégicos para as partes envolvidas.
O artigo considera um símbolo destas expansões a Quarta Ponte da Amizade Thai-Lao, uma ligação concluída sobre o rio Mekong, entre a província de Chiang Rai da Tailândia e Bokeo em Laos. Quando antes cruzavam pelas balsas somente 20 caminhões diários, hoje mais de 100 ligam Shanghai para a Tailândia e o Laos. A rodovia Asiática 3 transporta cerca de US$ 96 milhões por ano entre frutas, aço e combustíveis.
Fourth Thai-Lao Friendship Bridge Chiang Rai – Bokeo
A Asean – Associação dos Países do Sudeste Asiáticos estão programando formar uma comunidade econômica em 2015, com a criação de uma nova zona comercial na região. Os bancos locais estão se posicionando para poderem resistir às investidas vindas do exterior, estabelecendo uma proteção para as empresas locais.
Um exemplo é o que está acontecendo na Malásia, segundo o artigo. Os acordos comerciais estão pressionando os governos locais a estabelecerem reformas para se ajustarem à nova situação.
A Trans-Pacific Partnership está sendo negociada sobre a liderança de Washington, envolvendo muitos aspectos, e os países membros do Asean temem pelo destino de suas empresas.
A China está propondo um Regional Comprehensive Economic Partnership entre os países do Asean, incluindo se no bloco, mas também o Japão e a Coreia do Sul. O atrativo da proposta é que a exigência é mais suave na liberalização do comércio, ainda que existam resistências com as disputas territoriais.
Diante da possibilidade de longas negociações, está se propondo agora um acordo de livre comércio com base nas estruturas já existentes, como a APEC – Cooperação Econômica Asia-Pacífico. O acordo global seria de 21 membros da APEC, que responderiam juntos com 60% da economia do mundo.
Estas negociações serão cruciais nos próximos anos e terão repercussões importantes tanto nas estratégias econômicas como diplomáticas para todos os países da região, enquanto os avanços na infraestrutura continuam ocorrendo.
12 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: avanços chineses e japoneses, produções e escoamentos, reconhecimento da potencialidade brasileira de grãos
Um artigo publicado no Nikkei Asian Review por Ryota Tamaki, que deve ter acompanhado a comitiva do Primeiro Ministro Shinzo Abe, mostra que estas visitas acabam resultando em outras reportagens sobre o que acontece no Brasil. O artigo registra que diversas empresas japonesas estão se aparelhando para aumentar a sua participação na comercialização dos produtos agrícolas brasileiros, notadamente da soja, que continua se expandindo até pelo Norte e Nordeste do país, procurando aumentar a sua produtividade. Chega-se a utilizar o sistema de pivô central, que permite a irrigação, fazendo com que, num mesmo ano, seja possível colherem-se duas e meia safras, inclusive de valores mais elevados como as das sementes. O interesse japonês segue-se aos dos chineses que são os maiores compradores mundiais do produto, e cuja intenção com relação ao Brasil ficou clara com a visita do Presidente Xi Jinping.
Colheitas mecanizadas de soja no Brasil
Ainda que os japoneses com os chineses forem os maiores compradores de soja no mundo, até recentemente muitas das suas aquisições ocorriam com o uso das majors tradicionais em cereais no mundo, que continuam importantes por operarem mundialmente. No entanto, visando obter uma fatia do mercado por contarem com os grandes compradores, estas empresas como as japonesas que contribuíram para a expansão destas culturas a partir do cerrado, procuram se aparelhar para obterem uma fatia maior do mercado, investindo até na melhoria da infraestrutura de escoamento.
As empresas japonesas adquiriram algumas que já operavam no mercado mundial, reconhecendo que não devem depender somente de uma fonte. Também devem caminhar para o fornecimento de sementes, fertilizantes e defensivos visando criar um relacionamento mais profundo e estável com os produtores.
As atividades agrícolas não permitem uma eficiência muito elevada quando dependem de uma estrutura empresarial que conta com uma grande equipe. Muitas das providências a serem tomadas, quando ocorrem estiagens e pragas, acabam implicando em decisões rápidas, onde as famílias dos produtores podem ser mais rápidas que as empresas.
Ainda que contem com algumas unidades produtoras, para as sementes e introduções de novas variedades, como as resistentes as irregularidades climáticas, o grosso da produção a ser escoada exige um numero elevado de produtores de diversas regiões.
As dimensões brasileiras também são elevadas com quando comparadas às unidades produtoras japonesas, que dependem de maior eficiência e produtividade. Uma combinação adequada da extensão com a intensidade nem sempre é fácil de ser compreendida, pois a escala nem sempre é um múltiplo, provocando mudanças qualitativas nos seus manejos.
De qualquer forma, como grandes compradores internacionais, os japoneses devem se envolver mais diretamente na sua comercialização, até porque necessitam de variedades diferenciadas para atender todas as demandas de diversos tipos dos seus consumidores.
Os problemas logísticos dos escoamentos também são complexos, havendo necessidade de considerar diversas rotas que vão se tornando disponíveis, bem como considerem as cargas de retorno que os tornam mais eficientes.
Muitos dos assuntos que são bastante conhecidos dos brasileiros nem sempre são de todos os leitores dos jornais japoneses, fazendo com o que já parece obvio tenham que ser repetidos por estas reportagens.
11 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais e Notícias | Tags: notícia inusitada no Nikkei Asian Review, produtos japoneses neste mercado, usando estrelas brasileiras como Ivete Sangalo
Como o site do Nikkei Asian Review está publicando uma notícia inusitada de autoria de Ryota Tamaki, informando que investidores estão interessados em startups da internet japonesa, ainda que estes assuntos sejam de interesse concentrado nos jovens estamos registrando o evento. Estes aplicativos ganharam milhões de usuários em todo o mundo e a notícia informa que milhões de dólares de investidores estão aguardando novos lançamentos de Line, cujo aplicativo de bate papo on line tem passado por um sucesso global. TwitCasting seria um aplicativo que permite aos usuários transmitir ao vivo, a partir de seus smartphones, e de graça. Yosuke Akamatsu é o fundador e CEO da desenvolvedora do aplicativo, MOI. Este tipo de iniciativa tem obtido maior sucesso em outros países.
O aplicativo permite que os usuários postem comentários de textos enquanto assistem a vídeos, facilitando a comunicação ativa entre fornecedores e visualizadores de conteúdo, inclusive com maior rapidez. Os adolescentes japoneses foram os primeiros que os utilizaram e sua interface amigável o que facilitou sua rápida ascensão. Fora do Japão o TwitCasting começou a crescer em popularidade, a partir do Brasil, e já conta com 7 milhões de usuários. Ivete Sangalo usa este instrumento para se comunicar com seus fãs, como outras estrelas internacionais, mostrando a sua potencialidade até para os que não utilizam os PCs, o que parece um fato inusitado tanto no Japão como neste país.
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6 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais | Tags: artigo no Wall Street Journal, aumento do consumo de café de qualidade no Brasil, o caso do Coffee Lab
Não sei se o termo mais adequado seria o “enigma”, mas parece ocorrer algo misterioso com o consumo do café, que está aumentando nos grandes países produtores, como o Brasil, o Vietnã e a Colômbia. Um artigo publicado no The Wall Street Journal originalmente, reproduzido em português no Valor Econômico, elaborado por Leslie Josephs coloca esta intrigante questão, que não parece ainda totalmente esclarecida. O artigo sugere que o aumento da renda dos consumidores nestes países está provocando este estranho fenômeno do incremento do consumo, mesmo quando os seus preços sobem, caminhando cada vez mais para os de melhor qualidade. Todos sabem que na história brasileira, sempre se exportou os de melhor qualidade, ficando os mais modestos para o consumo interno por muito tempo.
Todos chamam a atenção que os consumidores brasileiros passaram a apreciar os de melhor qualidade, como destaca Isabela Raposeiras, dona do Coffee Lab que se sobresai em São Paulo por oferecer com sofisticação produtos de qualidade diferenciada. Ao mesmo tempo em que se prepara baristas, profissionais para o preparo adequado da boa bebida, para que as melhores matérias primas proporcionem as de alta qualidade, que possam ser apreciadas num ambiente adequado. Sou daqueles que começaram a trabalhar cedo num estabelecimento bancário que provava os cafés estocados que serviam de garantia para operações bancárias, espalhando o perfume inesquecível dos que estavam sendo torrados.
Parte da dependência do Coffee Lab da Isabela Raposeiras em São Paulo
Na minha modesta opinião, pois o café proporciona oportunidade para as mais variadas posições, o enigma consiste no aumento da procura de bebidas de melhor qualidade, quando chegaram ao Brasil os hábitos inicialmente de cafés preparados nas máquinas italianas, com vapores para extraírem de uma porção de pó mesmo de qualidade modesta, do que se convencionou chamar de café expresso, que podia ser mais fortes, os conhecidos como curtos ou mais fracos. Apresentavam já as possibilidades de misturas com leites e assemelhados.
Depois de muito tempo evoluiu-se para as máquinas que trabalham com as cápsulas que apresentam um blend de diversos cafés, para proporcionarem sabores padrões para os mais variados gostos, desde os mais fortes até os mais fracos. Na medida em que os consumidores foram se acostumando com sabores variados, voltou-se para a sofisticação dos cafés de melhor qualidade, com bebidas que apresentam variações ricas como dos vinhos.
Segundo informações do artigo referido, o volume do consumo brasileiro ultrapassou o dos Estados Unidos, que ajudaram a disseminar cadeias de café pelo mundo. Certamente não eram os de melhor qualidade, perdendo para os europeus neste quesito. Agora, também se disseminam redes de cafés de melhor qualidade, com consumidores capazes de distinguir os de diferentes regiões e inclusive de determinadas fazendas, que procuram valorizar os seus produtos que não se destacam pela quantidade.
Os tratamentos das matérias primas também se sofisticaram, bem como os pontos de suas torragens, que na média eram exageradas no Brasil. Muitos dos atuais chegam ao nível dos utilizados pelos provadores, que permitem distinguir melhor a qualidade das bebidas, bem como sua acidez.
Estes avanços chegam em boa hora, mostrando que há uma mudança cultural no consumo do café, para proporcionar aos consumidores um prazer difícil de ser obtido por outras bebidas.