Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Posicionamentos Estratégicos Relevantes

3 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Tecnologia | Tags: decisões chinesas, o que se cogita no Brasil, opções indianas, perspectivas de longo prazo

Este site vem insistindo que o futuro dos países emergentes depende da sua disposição em investir em tecnologias de ponta. Consultando os artigos de órgãos de comunicação social relevantes no mundo, nota-se que a China e a Índia tomam posições decididas, como noticia hoje o jornal Valor Econômico. Este utiliza nestas matérias informações provenientes de agências como a Reuters e Bloomberg, mas também revistas importantes como The Economist e jornais internacionais como a Financial Times, Wall Street Journal ou Nikkei contam com inúmeros artigos dando conta dos investimentos feitos em tecnologia pelos dois países, acompanhados por outros menores como a Coreia.

O que se sente é que no Brasil e na América do Sul também se fazem esforços, mas numa escala sensivelmente inferior, sem que haja um plano estratégico para tanto. É claro que os países desenvolvidos, como o Japão, os Estados Unidos e os da Europa, continuam mantendo expressivos investimentos, mas os volumes do que vêm sendo feito pelos países emergentes demonstram suas intenções de conquistar posições de destaque, até de liderança.

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Trem rápido chinês e planta de complexo siderúrgico da Mittal na Índia

Esta parece uma corrida em que os que estão correndo serão atropelados pelos mais velozes que estão embalados por maciços investimentos de centenas de bilhões de dólares, contando já com muitos recursos humanos e centros de pesquisas ligadas às instituições como universidades, tanto públicas como privadas. Aproveitam o que já se desenvolveu no exterior e possuem horizontes de prazos longos, com suas milenares histórias.

Informa-se que a Índia vai consolidar “zonas econômicas especiais” que ajudaram a acelerar os recentes desenvolvimentos chineses. O Brasil, apesar de contar com alguns projetos desta natureza, eles foram bloqueados por restrições de grupos que não conseguiram ver num horizonte mais longo. Enquanto o setor financeiro comandar o processo, inclusive de formação da opinião pública, eles que atuam on time, visando resultados de curto prazo, não há como estabelecer um programa sério, elevando o nível de investimento em pesquisas e desenvolvimento, dominando setores pesados da economia, que determinam as perspectivas de prazo mais longo de um país.

O Brasil detém uma quantidade enorme de recursos naturais, uma biodiversidade ímpar no mundo, com limitado número de pesquisados de nível internacional, mas uma capacidade criativa invejável. Ou geramos condições para que eles permaneçam no Brasil efetuando os seus trabalhos, ou eles cuidarão de temas de outros interesses em países que os remuneram adequadamente, mas que pouco se relacionam com as problemáticas brasileiras.

O período de mudança de governo, com a elaboração de novos planos é oportuno para alterações de monta, que marquem as características da nova administração. Precisamos superar as picuinhas relacionadas às vantagens almejadas pelos partidos políticos, e escolher onde serão os setores aonde vamos priorizar os investimentos em pesquisas.

Já estamos avançando nas áreas agropecuárias, nas técnicas de preservação da vida e estamos pesquisando mais no crescimento sustentável, com o aumento de “papers” de nossos pesquisadores em credenciadas revistas internacionais. Mas precisamos fazer muito mais, criando muitos centros de excelência nas novas atividades como produção de equipamentos para a exploração do petróleo em grandes profundidades, aproveitamento da rica biodiversidade nacional, produção de ligas especiais com uso das terras raras e outros minérios, equipamentos pesados para a agroquímica, sensíveis melhorias nas comunicações, logística de um país com grandes extensões e bons portos, uso intensivo dos fatores de produção mais abundantes, economia dos fatores escassos e muitos outros setores estratégicos.

Já provamos que somos capazes, como nos trabalhos da Embrapa, da Embraer, com todas as limitações que são naturais em países emergentes. Já estivemos na ponta da tecnologia em obras de grandes estruturas como em Itaipu. Fomos capazes de implantar um complexo como Carajás. Ocupamos amplas terras aproveitadas extensivamente, e hoje temos uma agricultura competitiva. Mas hoje estamos com a infraestrutura sucateada, tendo que importar tecnologias até na construção civil.

O que estamos fazendo é vergonhosamente pouco diante do que fazem os outros BRICs, nem temos planos sustentáveis de prazo mais longo. Estamos comprometendo os nossos recursos humanos bem como o futuro deste país. Precisamos encarar os nossos desafios, aproveitando as melhores inteligências que dispomos, traçando um programa sério, ou continuaremos sendo produtores e exportadores de produtos de pouco valor agregado. Nossos concorrentes estão ativos, e a distância deles com relação ao Brasil está aumentando, tanto em ritmo de crescimento como na geração de novas tecnologias.


Carlos Ghosn Escrevendo para o Nikkei

1 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias, Tecnologia | Tags: automóveis elétricos, inovações

carlos ghosn Carlos Ghosn, presidente da Renault/Nissan, nascido em Rondônia, no Brasil, e também treinado na Europa, publica uma inédita série de cinco artigos no principal jornal japonês Nikkei. O respeitável empresário que ganhou grande prestígio no Japão ao aceitar, como um estrangeiro, a missão de recuperar a Nissan, que todos achavam ser missão difícil dada às diferenças culturais e empresariais da grande empresa japonesa, com arraigada tradição. Ele tanto obteve sucesso que se tornou uma espécie de guru dos japoneses, conquistando a presidência da Renault, que atua em todo o mundo.

Ele tem autoridade no que fala a respeito das tendências futuras da indústria automobilística, e no primeiro artigo publicado destaca que a necessidade é a mãe da inovação, e o ceticismo, o pai, e de ambos derivam soluções para a vida. As indústrias automobilísticas produzem veículos que permitem aos seres humanos superarem distâncias, desafiando os terrenos. Mas eles estão numa fase de transição, pois utilizaram por 100 anos veículos movidos por motores basicamente de gasolina, apesar dos seus aperfeiçoamentos.

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Crescimento da Economia Indiana

30 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Notícias | Tags: continuam superiores às brasileiras, informações do Financial Times, o impressionante crescimento da economia indiana | 2 Comentários »

Os ingleses são tradicionalmente relacionados com a Índia e acompanham aquele país que pertenceram ao seu domínio por um longo período. Uma relação como Portugal teve com o Brasil, até as independências destes países. Mas, mesmo depois de uma independência conquistada com imensas e pacientes campanhas como a de Mahatma Gandhi, os ingleses acreditam que deixaram as bases de uma democracia respeitável na Índia, e torcem para que ela ultrapasse a chinesa e mesmo a norte-americana.

O Financial Times, um dos mais respeitáveis jornais econômicos do mundo, acompanha o que acontece naquela economia, como o artigo publicado hoje informando que ela cresceu 8,9% no segundo quadrimestre, acima do anterior. A estimativa de Manmohan Singh, o competente primeio-ministro daquele país é que em 2010 cresçam 8,5%, quando no ano passado cresceram 7,4%. Como já informamos neste site, os indianos continuam obtendo estavelmente um crescimento superior a 6% ao ano nos últimos 30 anos, bem superior ao brasileiro.

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Avanços na Biofarmacéutica no Mundo e no Japão

29 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Saúde, Tecnologia | Tags: fronteiras do conhecimento, japoneses investindo na área, novos produtos

Um interessante artigo acaba de ser publicado no jornal econômico japonês Nikkei. Refere-se aos novos avanços que estão ocorrendo no desenvolvimento de produtos farmacêuticos elaborados a partir de organismos vivos, ganhando maiores parcelas do faturamento das empresas do setor, já propiciando resultados. Os primeiros trabalhos começaram em 1980, baseados nas tecnologias de ponta da recombinação genética e cultivo das células, sendo que a francesa Sanofi-Aventis e a suíça Roche são as pioneiras.

A biomedicina chegou a 29% das vendas em 2009 nas 50 maiores vendedoras de produtos farmacêuticos, e sua era deve continuar por algum tempo, segundo importantes dirigentes destas empresas. No Japão, a Oncotherapy Science já está com uma vacina para certos tipos de câncer nos estágios finais de teste. Com suporte da indústria farmacêutica, ela já obtém lucros desde 2008. Visitei laboratórios japoneses, há décadas, que já produziam interferon, para o combate de determinados tipos de câncer, dominando a tecnologia da multiplicação de células, inclusive de produção de sangue humano.

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O laboratório ImmunoFrontier está trabalhando em vacinas contra o câncer em seu laboratório em Tsu, Mie.

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Avanços nos Equipamentos Médicos Japoneses

29 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Tecnologia | Tags: avanços contínuos nas imagens, endoscopia japonesa, volume de pesquisas

Um artigo publicado no jornal econômico japonês Nikkei informa sobre os avanços que estão sendo registrados nos equipamentos utilizados na endoscopia, onde os produtores japoneses são tradicionalmente competitivos. Informa que a Olympus, produtora tradicional, se prepara para lançar brevemente um novo gastroscópio de ultrassom com alta resolução, com funções que facilitam os trabalhos dos usuários. Será utilizado para os setores iniciais do sistema gastrointestinal, como o estômago e duodeno, mas se preparam outros para as fases seguintes.

Os materiais especiais utilizados nestes equipamentos facilitam a adequada extensão e retração dos equipamentos cirúrgicos utilizados em conjunto, servindo não somente para diagnóstico como para intervenções que são realizados imediatamente depois de detectados os problemas. Competentes profissionais desta especialidade, como o Dr. Luis Maruta, do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo e Hospital Santa Cruz, no Brasil, costumam utilizar estes tipos de equipamentos.

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O gastroscópio novo tem uma função antiofuscamento

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Algumas Comparações Econômicas do Brasil com a China

26 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Integração | Tags: algumas comparações entre o Brasil e a China, intercâmbio comercial, trabalho da economista Patrícia Stefani | 2 Comentários »

Um trabalho cuidadoso foi elaborado pela economista Patrícia Stefani, comparando alguns dados do Brasil e da China, bem como o comércio bilateral. Será resumido neste site, somente com os dados mais gerais de interesse dos leigos. O que fica evidente é que o PIB da China vem crescendo nos últimos 15 anos de forma mais estável e robusta que o do Brasil, tanto em termos reais quanto em termos per capita. Muitos reclamam que o comércio bilateral vem sendo danoso para o Brasil, concentrando suas críticas ao câmbio desvalorizado deles, mas o que se constata que existem muitos outros fatores que prejudicam a competitividade brasileira.

Tanto em formação bruta do capital fixo como na poupança doméstica, os chineses apresentam dados bem superiores aos brasileiros, esta última em decorrência de um consumo menor deles. Há uma superioridade também nos ingredientes que são importantes para o desenvolvimento dos negócios: os gastos chineses em pesquisa e desenvolvimento cresceram recentemente, e eles são bem mais eficientes na produção de patentes. A carga tributária chinesa é bem mais baixa, e os serviços alfandegários e de infraestrutura são superiores aos do Brasil, o que resulta num sensível aumento da participação chinesa no comércio internacional, enquanto que a brasileira cresceu pouco, inclusive como proporção do PIB.

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O conteúdo tecnológico, tanto das exportações quanto das importações chinesas, vem aumentando, com a diversificação de sua pauta exportadora sendo comparável a dos países industrializados. No caso do Brasil, o conteúdo tecnológico permaneceu estável nos últimos anos, notando-se uma maior concentração nos produtos primários no período mais recente.

Há indicações, no entanto, que o modelo utilizado pela China, calcado em elevados subsídios para a sua indústria, notadamente voltada para a exportação, tende a se esgotar. O mercado interno deverá ocupar cada vez mais espaço, como já vem dando sinais, com a ampliação dos seus serviços e um crescimento menos vigoroso que o registrado no passado recente.

O país já sente os efeitos das distorções geradas por esse modelo de crescimento e já dá sinais de pressão inflacionária, o que provocará alterações cambiais, ao que tudo indica, de maneira gradual.

Da parte brasileira, não se deve concentrar somente no aspecto cambial, mas num conjunto de medidas que torne a sua indústria competitiva, como a redução da carga tributária, a desoneração dos investimentos e a redução dos custos de transporte e logística.

Nada indica que as mudanças serão rápidas, mas o Brasil precisa se preparar para um período em que a economia chinesa não continuará mais tão vigorosa como no passado recente e ajudando a melhorar os preços dos produtos que exportamos para lá.


Valor Econômico Sobre Negócios na Ásia

23 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Intercâmbios | Tags: Coreia e Taiwan, Índia, intercâmbio brasileiro com a China, japao, suplemento especial

O atual volume do intercâmbio brasileiro com a Ásia já é expressivo, representando em 2010 cerca de um terço das importações e exportações totais do país com o mundo todo, justificando um suplemento especial como do jornal Valor Econômico, pois é a região onde estão as economias mais dinâmicas nos anos recentes, devendo incrementar este intercâmbio no futuro. Destacam-se nas exportações os produtos básicos, como minérios e produtos agropecuários que cresceram mais de dez vezes na última década, enquanto os manufaturados cresceram menos de quatro vezes no mesmo período. Nas importações, predominam os produtos industrializados.

As exportações dependem fortemente dos investimentos efetuados na Ásia, como ocorre na maioria dos países. São os da Vale, da Petrobras, da Embraer, da Marcopolo, da Weg, da JBS, da Gerdau, da Cutrale, da Suzano, entre outras empresas brasileiras. Verifica-se que elas estabeleceram entendimentos com grupos locais, atendendo as necessidades específicas destas empresas que utilizam os produtos de origem brasileira, como matérias-primas ou componentes.

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O Problema da Tecnologia do Trem Rápido Chinês

22 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Trem Rápido | Tags: a discussão sobre o desenvolvimento de tecnologias, artigo do Wall Street Journal, reclamações de alguns fornecedores

Um detalhado artigo da jornalista Norihiko Shirouzu, do Wall Street Journal, reproduzido no Valor Econômico de hoje, além de tratar da tecnologia chinesa de trem rápido, levanta outros problemas de absorção de tecnologias estrangeiras, que estamos discutindo neste site em alguns artigos postados. Os chineses estão implantando ferrovias de trem rápido numa velocidade assustadora, e informam que contam hoje com tecnologias que diferem daquelas que adquiriram de estrangeiros, como a da Kawasaki Heary, Siemens, Alstom e Bombardier. Informam que pretendem chegar a mais de 15.000 quilômetros até 2020, com trens que já superam a 400 quilômetros horários.

Os grandes grupos estrangeiros, para abocanharem parte do mercado chinês, transferiram partes de suas tecnologias e normalmente são diplomáticos nas reclamações de uso inadequado de seus conhecimentos, pois sabem que a China continuará sendo um grande mercado no futuro. O artigo do Wall Street Journal procurou obter as versões de todos os lados, sendo que a Kawasaki Heary explicita suas reclamações, principalmente porque os chineses se tornam concorrentes importantes nos terceiros mercados.

Trem rápido chinês bate recorde de velocidade

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Concorrência do Trem Rápido no Brasil

20 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Trem Rápido | Tags: as dificuldades, japoneses e franceses não participam da concorrência, proposta coreana | 2 Comentários »

O jornal econômico japonês Nikkei informa que o consórcio que seria formado para disputar a concorrência do trem rápido brasileiro que ligaria Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, liderado pelas grandes empresas como a Mitsui, Mitsubishi Heary, Hitachi e Toshiba, não pretende mais concorrer ao projeto. A mesma notícia informa que os franceses, liderados pela Alston, segundo informações coletadas na embaixada francesa em Brasília, também não participaria da disputa. Eles alegam que o engajamento do governo brasileiro não foi suficiente para reduzir o risco do projeto, caso a demanda por parte dos passageiros não seja tão alta como a prevista nos estudos iniciais.

Restaria o consórcio coreano, liderado pela Korea Railroad que continua trabalhando ativamente, pois pretendem que este projeto brasileiro os qualifique para os outros futuros que disputarão nos Estados Unidos.

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Mapa com o trajeto do trem rápido

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Cúpula da APEC no Japão

12 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Integração | Tags: APEC – Cooperação dos Países da Ásia e do Pacífico, muitos do G20, tentativas de livre comércio

Mal terminou a reunião de cúpula do G20 – Grupo dos 20 países mais importantes economicamente do mundo, realizado na Coreia do Sul, já começa no Japão a reunião do mesmo nível da APEC que reúne 21 importantes líderes dos países da Ásia e do Pacífico, entre eles os mesmos Estados Unidos, China, Japão, Rússia, Austrália, Canadá, México, Chile, Peru e os do sudeste asiático. Os norte-americanos enfraquecidos, tanto pelas suas dificuldades de ativação de sua economia como das eleições que levaram a oposição ao domínio do Congresso, não conseguiram uma posição clara de condenação da política chinesa no G20. Agora, defrontam-se novamente na APEC, onde o tema principal é o acordo de livre comércio entre os seus membros no Japão, mas que guardam dificuldades idênticas às da reunião na Coreia do Sul.

A diferença é que na APEC aconteceram seis reuniões preparatórias em nível ministerial durante este ano, mas, mesmo assim, as recentes condenações da política norte-americana devem ser novamente levantadas, enquanto às relacionadas à chinesa são controvertidas.

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