Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldades das Consultorias Econômicas

30 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: apesar dos avanços nas tecnologias, dificuldades com as tendências futuras, informações estatísticas defasadas

Parecem pertinentes as reclamações sobre as análises efetuadas pelas consultorias econômicas, principalmente quando elas ousam efetuar projeções futuras, diante das divergências como as que acabam acontecendo quando o futuro já virou passado. Isto, apesar dos avanços da teoria econômica, das facilidades da informática e de sofisticados instrumentos estatísticos disponíveis. Um reconhecido e experiente profissional como o professor Antonio Delfim Netto afirma sempre que o futuro é opaco, podendo ser influenciado por fatores imprevisíveis. E existem os que afirmam que até o passado nem sempre é muito seguro, apresentando revisões nos dados históricos, principalmente no Brasil.

Mas também existem imprecisões que poderiam ser melhor alertadas e que nem sempre merecem a atenção devida dos muitos profissionais que atuam no setor atualmente. Poucos conhecem as metodologias que são utilizadas para a coleta e elaboração de muitos dados, que chegam a ser meras aproximações do que se pensa refletir a realidade, que estão sendo aperfeiçoados no tempo. Muitas são amostras que não foram tecnicamente elaboradas, com todos os cuidados indispensáveis para melhor expressar a evolução de algumas realidades, sendo somente parciais. Mesmo os censos ainda são precários e nem sempre realizados com a regularidade desejada, apesar dos esforços dos organismos encarregados das estatísticas.

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O IBGE é o órgão central dos levantamentos estatísticos e a Fundação Getúlio Vargas elabora muitos indicadores de preços

Muitas estatísticas são elaboradas a partir de informações prestadas pelas empresas e pelas famílias, que não as consideram importantes, e costumam apresentar vieses decorrentes, por exemplo, das sonegações fiscais. Elas são coletadas, normalmente, pelos órgãos responsáveis pelas estatísticas dos municípios que nem sempre contam com pessoal especializado, e muitas vezes têm interesse na elevação de alguns números, como os que refletem a população, pois muitos dos recursos que lhes são repassados se baseiam neles. Depois, costumam ser agregados ao nível dos Estados, que contam com limitações orçamentárias e finalmente são globalizados para o país todo. Todos os estudantes deveriam conhecer os seus processos de elaboração para se conscientizarem de suas limitações bem como aperfeiçoamentos metodológicos constantes.

Muitos dados são feitos por amostragens incapazes de refletir as mudanças dinâmicas que vão ocorrendo na economia, baseando-se em números que refletem uma posição estática do passado, mesmo que alterada periodicamente. Outros são coletados somente nas capitais ou outras cidades importantes, como os que deveriam refletir a evolução dos muitos índices de preços, cujas metodologias nem sempre são conhecidas nos seus detalhes pelos profissionais que as utilizam. Baseados em orçamentos familiares, muitas vezes são meras amostragens incapazes de contar com a precisão desejável, sendo o que se chama tecnicamente como “proxies” da realidade, ou meras aproximações.

Vamos tomar, por exemplo, os dados relativos à evolução da produção da pecuária. Normalmente, os dados estatísticos de muitos frigoríficos não são precisos, lamentavelmente, diante da sonegação dos dados efetivos. As variações do rebanho deveriam ser medidas, sendo mal feitas mesmo nos censos por limitações orçamentárias. O usual acaba sendo uma intra e extrapolação dos dados que não estão disponíveis. Houve períodos em que as estatísticas refletiram um crescimento contínuo da produção animal e com taxas fixas por um longo período longo.

Alguns municípios contam com limitados números de agentes estatísticos que são responsáveis pelos dados demográficos, de saúde, de educação, da produção industrial, do comércio, da agropecuária como das produções extrativas e minerais. Eles não são super-homens com conhecimentos abrangentes de todos estes setores. As estimativas de safras chegaram a ser elaboradas por um funcionário que dava uma “espiada” geral, no panorama que lhe era possível na sua região, para dizer que neste ano ela cresceria ou decresceria tanto por cento.

Há uma hipótese estatística dos grandes números que supõe que os erros se compensam, mas a tendência sentida pelos mais experientes profissionais é que existem vieses sistemáticos num certo sentido, em muitos dados.

Com os meios hoje disponíveis da informática, muitos dados poderiam ser mais precisos e, no entanto, os chamados “indicadores antecedentes”, como as vendas de materiais de embalagem, carteiras de pedidos e outros não estão merecendo a atenção devida, fazendo com que muitas consultorias apresentem estimativas de evolução da produção, dos preços e juros que sejam convenientes para os seus clientes, infelizmente, baseados em dados que apresentam alguns atrasos significativos. Muitas hipóteses utilizadas não estão explicitas.

Quando existem mudanças de tendências como as que vinham ocorrendo intensamente no passado recente, passando de uma conjuntura ascendente de atividades econômicas mundiais e pressões inflacionárias elevadas para uma depressiva e redução de muitos preços, se tomados somente as informações passadas, certamente vão ocorrer distorções que nem sempre são alertadas.

No passado, o Banco Central do Brasil expressava algumas de suas observações para o chamado “mercado”, na tentativa de contribuir na formação das expectativas, que retornavam para as autoridades monetárias na forma do atendimento das pesquisas para elaboração do relatório “Focus”. Esta relação poderia gerar situações complicadas que ajudaram a manter os juros elevados, diante de expectativas inflacionárias altas, que não se devem somente as indexações persistentes em muitos serviços públicos.

Hoje, com a direção atual do Banco Central formada somente por profissionais de carreira, capacitados a captarem as tendências com maior precisão, como a persistência da crise mundial por um prazo mais longo, sente-se que o “mercado” acaba refletindo as expectativas de inflação decrescente, acompanhando as autoridades, depois de um curto período de acusações que elas estavam cedendo às pressões política, perdendo a sua independência.

Muitas instituições privadas dispõem de amostras suficientemente grandes dos seus clientes sendo portadores de informações sobre as tendências dos mesmos com relação ao futuro próximo. No entanto, acabam sendo informações de uso privativo. Com os instrumentais hoje disponíveis, as autoridades de diversos setores podem contar com dados mais precisos, com a rapidez necessária, como os que já foram utilizados no passado, sem nenhuma sofisticação técnica.

Observando-se o que acontece em muitos países, quando todos trabalharem com dados mais precisos, as possibilidades de acertos da arte da política econômica acabam se elevando, ajudando no aumento da eficiência de todo o país, tanto em benefício da produção como dos consumidores que são vitais em qualquer economia, e, com maior transparência, as distorções de muitas consultorias poderiam ser minimizadas.


Um Professor Português no Japão

30 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: entrevista no Japan Times, Jose Alvares, poucos portugueses no Japão atual | 2 Comentários »

Uma entrevista feita por Mami Maruko com o professor Jose Alvares, publicado no Japan Times, informa que ele se encontra naquele país ao longo dos últimos 43 anos, não sabendo muito claramente o que o levou a escolher o Japão para viver. Ele se sentiu intrigado pelo “mistério” do país e, segundo o entrevistado, continua com o seu coração em Portugal, onde vive a sua filha, e para onde telefona diariamente. Ainda que tenha algumas coisas em comum com os brasileiros, que vivem no Japão em maior número, informa-se que ele se dedica à pesquisa histórica das influências portuguesas naquele país do Extremo Oriente, quando dificilmente um brasileiro o faz com relação ao Brasil.

Ele se reporta aos biombos Nanban como os já relatados neste site, e que se encontram na atual exposição no Museu Suntory, no Midtown, que retratam a interação dinâmica entre os portugueses e japoneses. Jose Alvares nasceu em Goa, Índia, mas estudou na Universidade de Coimbra e foi enviado ao Japão pelo governo português em 1968, e a ele se juntou sua esposa Manuela, que lecionou português na Universidade de Waseda e na Universidade de Sophia, onde também trabalhou o entrevistado. Inicialmente, ele lecionou na Universidade de Tóquio.

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Respeitável Produção Acadêmica da FEAUSP

29 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias | Tags: O Brasil do Século XXI, O Brasil e a Ciência Econômica em Debate, O Estado de Arte em Economia, produções relevantes

Acabou de ser lançado pela Editora Saraiva “O Brasil e a Ciência Econômica em Debate”, compreendendo o primeiro volume com o título “O Brasil do Século XXI” e o segundo volume com o título “O Estado da Arte em Economia”. Ambos foram coordenados pelo professor Antonio Delfim Netto e organizados pelos professores Pedro Garcia Duarte, Simão D. Silber e Joaquim J.M.Gulhoto. Os artigos constantes destes livros correspondem aos trabalhos apresentados nos seminários que vieram sendo efetuados no Departamento de Economia da FEA-USP desde 2007, que chegam próximo a 50 sessões supervisionadas pelo professor Delfim Netto. Todos os artigos foram discutidos nos seminários e sofreram à apreciação crítica de dois outros economistas e exigiram imensos trabalhos para chegarem à forma adequada para a sua publicação, que demandou um bom tempo.

Todo este trabalho exigiu um cuidadoso processo de revisões e alguns artigos podem sofrer as limitações dos profundos aperfeiçoamentos que estão ocorrendo recentemente nos conhecimentos econômicos, diante das crises que afetam o mundo e acabam exigindo novas colocações. Mas todos merecem as mais profundas considerações por tratarem de temas que permitem uma visão mais abrangente, como sempre foi a marca da FEA-USP. Lá, convivem acadêmicos que adotam variadas posições, com suas visões que podem ser completadas pelos leitores com novas leituras, permitindo uma compreensão humanística, que não se restringe às especializações econômicas.

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Todo este processo visou aproveitar a experiência do professor Delfim Netto, não só decorrente de sua constante leitura das contribuições acadêmicas mais atualizadas em todo o mundo, como de sua aplicação no exercício da política econômica brasileira, bem como análise do que vem ocorrendo em outras partes do mundo, bem como em todo o universo globalizado.

Com o espírito jovem, aberto e pragmático do professor Delfim Netto, os seminários ganharam a contribuição de um colega como dos muitos doutorandos e outros que conquistaram títulos acadêmicos recentemente, tendo enriquecido seus cabedais em muitas instituições do exterior. Mas a prova do pudim é quando se come, como ensinava Joan Robinson, e é na aplicação na complexa realidade é que vai se avaliar a validade de algumas teorias, com a honestidade do profundo conhecimento dos instrumentos que estão sendo utilizados, como a econometria.

Sempre se deu importância na FEA-USP aos conhecimentos da história e da geografia, e mais recentemente compreende-se que as hipóteses da racionalidade dos comportamentos humanos só atendem a uma parte da realidade. Nem sempre uma exagerada sofisticação teórica é mais útil na compreensão dos fenômenos econômicos, sujeitos às restrições políticas, do tipo da urna, corrigindo os exageros das colocações econômicas.

Estes livros devem ajudar estudantes, acadêmicos e analistas para o aguçamento dos seus espíritos críticos, mostrando que existem visões que podem apreciar os fenômenos de ângulos que nem sempre foram percebidos. Devem ajudar a enriquecer também nas elaborações teóricas, que sempre necessitam da observação da realidade, sem a pretensão que os esquemas lógicos abarquem a complexa sociedade dos seres humanos, que possuem limitações objetivas, ainda que devam aspirar melhorias sensíveis no bem estar de toda a humanidade e do ambiente que os cerca, que deve estar sempre preocupada com a sustentabilidade.

Evoluiu-se muito no conhecimento, mas ainda existem amplos campos a serem aprofundados, pois as crises recentes vêm mostrando que as exageradas pretensões de muitos acadêmicos levaram o mundo a muitos desastres. Parece recomendável, acima de tudo, a humildade, pois nunca existiu teste estatístico que aceite as hipóteses levantadas, mas somente as que não as rejeitam, diante de dados que procuram expressar a realidade, mas também contam com suas limitações.


Euforia na Imprensa Brasileira com a Dilma no New Yorker

29 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo ponderado, Dilma no New Yorker, repercussões amplas no Brasil

Não é sempre que um mandatário supremo do Brasil merece um artigo com tanto destaque na revista New Yorker, voltada para um público mais exigente, com matérias que exigem um mínimo de preparo para a sua apreciação. A revista não é de cunho popular ou de divulgação semanal, mas provoca reflexões mais profundas. A presidente Dilma Rousseff mereceu um artigo de 14 páginas de Nicholas Lemann, que procura ser equilibrado, mas reflete uma surpreendente admiração, considerando-a “ungida” não só pelo Lula da Silva, mas por ter conseguido o que poderia se chamar a tríplice coroa, com o crescimento econômico, que se destaca com os Estados Unidos e a Europa enfrentando problemas, liberdade política, diferente de muitos países autoritários, e uma respeitável melhoria na distribuição de renda.

A repercussão do artigo na imprensa brasileira é inusitada, com praticamente todos os veículos de comunicação destacando a matéria, com resumos diferentes, pois sua circulação é da edição de 5 de dezembro próximo. O artigo refere-se também aos pontos problemáticos do Brasil como a corrupção, criminalidade, educação precária, deficiências de infraestrutura. Mas ressalta que a presidente tem um estilo diferente de governar do seu antecessor, Lula da Silva, por quem foi indicado como candidata, e ter sido beneficiada por uma economia que se encontrava em boas condições. Reconhece que ela procura atacar os problemas existentes como pode.

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Assuntos que Estão por Trás da Decisão Sobre a Usiminas

28 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: algumas dificuldades, dados constantes dos comunicados oficiais, uma solução adequada

O jornal Valor Econômico publica hoje na sua manchete principal a solução que foi alcançada na disputa pela Usiminas, que começou com a pretensão hostil da CSN – Companhia Siderúrgica Nacional, comandada por Benjamin Steinbruch, de assumir o seu controle. No fundo, a CSN teria a vantagem de absorver a tecnologia que a Nippon Steel transferiu para a Usiminas, quando a CSN conta atualmente com uma menos sofisticada, concentrada em produtos básicos. A Usiminas tem capacidade de produzir aços como os utilizados pela indústria automobilística, que continua evoluindo para fazer face às concorrências das fibras de carbono e materiais plásticos utilizados nas indústrias automobilísticas, que procuram usar menos combustível com um peso mais leve.

A Techint tem o seu braço siderúrgico com a Ternium, que já tem uma joint venture com a Nippon Steel no México, estando acostumada com a cultura desta tradicional siderurgia japonesa nascida da fusão da Yawata e da Fuji, que continua tendo elevada importância no cenário empresarial do Japão. Com a fusão da Nippon Steel com a Sumitomo Metals, ela deve voltar a ser a segunda no mundo, atrás da AcelorMittal indiana, superando a Posco coreana, bem como a Bao Steel chinesa.

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Cargas da Imprensa Norte-Americana Sobre os Chineses

28 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: criticas subliminares, disputa ideológica, momentos de crise, problemas destacados | 5 Comentários »

Observando dois artigos reproduzidos no Valor Econômico, um do The Wall Street Journal e outro do Bloomerg/ Businessweek, fica-se com a impressão da existência de uma verdadeira campanha norte-americana subliminar destacando eventuais problemas, ainda que diferentes, enfrentados pela China. Sempre que o quadro internacional torna-se mais problemático, é natural que um polo dialético seja ressaltado, e com os Estados Unidos e a Europa enfrentando graves dificuldades, a candidata natural acaba sendo a China. Subliminar, pois os assuntos levantados são banais, mas acabam sendo ganchos para criticar o estado atual das coisas na China.

No Wall Street Journal, o jornalista Jeremy Page escreveu o artigo cujo título acabou sendo traduzido por “Crescem críticas às regalias da elite política da China”. Relata-se que um jovem filho de Bo Xilai, o líder que procura ressaltar os valores da época de Mao Tsetung, teria uma participação retumbante num evento nos Estados Unidos, como indicação dos privilégios de descendentes de alguns líderes chineses. No Bloomberg/Businessweek, os jornalistas Dexter Roberts e Jasmine Zhao, no artigo que recebeu o título “Ricos chineses buscam refúgio em países seguros”, informam sobre as transferências de algumas famílias chinesas ricas para o exterior.

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Designação de Embaixadores de Ascendência Asiática

28 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: caso do embaixador norte-americano na China, outros casos não só nos países asiáticos

Como em tudo na vida, existem decisões que proporcionam vantagens e desvantagens, sendo sempre difícil fazer um balanço correto. O suplemento do The New York Times, publicado pela Folha de S.Paulo de hoje, informa, num artigo escrito por Sharon LaFraniere, sobre a designação do ex-ministro Gary Locke, de ascendência chinesa como embaixador dos Estados Unidos na China, com o título “Embaixador ‘comum’ incomoda chineses”.

Muitos países sul-americanos designaram recentemente descendentes de japoneses e até um japonês naturalizado como embaixadores no Japão. A evidente vantagem seria o conhecimento de parte da cultura daquele país, inclusive do idioma, que poderia facilitar os seus intercâmbios, como o que foi conseguido pelo Peru, quando Alberto Fujimori, de dupla nacionalidade, tornou-se presidente. No entanto, quando ele passou a morar no Japão, diante das suas dificuldades políticas e judiciais, acabou provocando problemas de constrangimento diplomáticos.

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Gary Locke, embaixador dos Estados Unidos na China

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Um Projeto Nacional Para o Brasil

28 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: entrevista de Paulo Cunha, IEDI, observações de Jorge Gerdau Johanpeter, planos do governo, reflexões sobre o assunto, sentimento da falta de um projeto nacional

Vale a pena refletir um pouco sobre uma entrevista concedida por Paulo Cunha, destacado empresário brasileiro, presidente do Grupo Ultra, terceiro faturamento privado do Brasil, publicado na Folha de S.Paulo de domingo. Acrescente-se a isto o que expressam outros importantes empresários, como as entrevistas que foram selecionadas pela Carta nº 495 do IEDI – Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial sobre a atual crise mundial e a indústria brasileira. Incluia-se um importante pronunciamento feito na semana passada pelo empresário Jorge Gerdau Johanpeter que procura ajudar o atual governo federal brasileiro afirmando que não há possibilidade de governabilidade com tantos ministérios. Com tudo, parece possível chegar-se a uma conclusão que se sente a carência de um Projeto Nacional razoavelmente consensual para o Brasil, mesmo que exista um plano governamental federal e diversas entidades que procuram subsidiar o governo federal na direção deste objetivo.

Muitos expressam suas insatisfações, mostrando que não se sentem solidários com o plano que já existe, mesmo que reconheçam alguns dos seus méritos. Não se sentem participantes da elaboração do mesmo, nem concordam completamente com a gestão governamental que vem se efetuando. Evidentemente, nenhum plano tem a possibilidade de satisfazer a todos, mas parece de toda conveniência que se procure um mínimo de solidariedade dos empresários a um Projeto Nacional e que toda a população saiba qual a estratégia que vem sendo perseguida pelo governo para superação da maioria das dificuldades atuais da economia brasileira, de forma a se posicionar corretamente nas tendências futuras do Brasil.

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Jorge Gerdau Johannpeter                         Paulo Cunha

É evidente que a presidente Dilma Rousseff recebeu na sua eleição um mandato para estabelecer uma política condizente com o que expôs durante a sua campanha eleitoral, procurando o desenvolvimento sustentável e possível com a estabilidade de sua economia, dando prioridade para a melhoria social de sua população mais modesta. E que a crise mundial atual provoca uma necessidade de constante adequação pragmática de suas metas, que é sentida de forma diferente pelos diversos setores da economia. Reconhece-se que existe pouca funcionalidade no seu sistema político-partidário brasileiro com as aspirações nacionais, inclusive de relacionamento do Executivo com outros segmentos da administração pública, como o Legislativo e o Judiciário. E que se trata de um sistema federativo, com o poder partilhado com os Estados e os Municípios, onde a execução da política de desenvolvimento depende fundamentalmente do setor privado, ainda que num mundo onde o Estado necessite criar as condições para manter a sua competitividade internacional.

Parece que a maioria da sociedade brasileira aprova o início da atual gestão da presidente como a comandante máxima do país, como indicam as pesquisas de opinião pública. Mas parece que a sociedade brasileira aspira por impostos menos pesados, juros mais baixos, câmbio mais ajustado, serviços públicos mais eficientes, notadamente no atendimento das necessidades de saúde, educação e previdência, melhores infraestruturas, desenvolvimento tecnológico para proporcionar condições competitivas com outros países emergentes nos setores produtivos entre outros aspectos.

É evidente que um Projeto Nacional não é um santo milagre e a sua execução necessita contar com uma pragmática flexibilidade, pois as condições internacionais estão em constantes e fortes mudanças. Mas deve-se reconhecer que a sua discussão pode ajudar a aglutinar importantes segmentos da sociedade brasileira, mesmo que não seja consensual e sempre desperte oposições. Todos se sentiriam mais confortáveis sabendo o que se persegue, de que forma e quais os instrumentos que serão utilizados para se atingir os seus objetivos. Que tudo está em muitos documentos e posicionamentos, não há dúvida, mas sempre algo organizado e consistente poderia ajudar na procura de uma maior eficiência dos resultados, utilizando os recursos humanos, naturais, tecnológicos, e demais recursos disponíveis. Hoje, se reconhece que o mercado não é capaz de resolver todos os problemas mais complexos, muitos que exigem pesados investimentos por longos períodos, como a preparação dos recursos humanos para os desenvolvimentos tecnológicos.

Tudo indica que o Brasil já dispõe de uma política externa mais clara, como a expressa pela presidente Dilma Rousseff na Assembleia Geral das Nações Unidas. Parece útil organizar a sociedade brasileira internamente, desde os setores primários, industriais e dos serviços, inclusive do setor público para enfrentar os desafios que se apresentam no momento, que se agravam num cenário externo que vai demandar muito tempo para ficar mais claro. A ampliação do mercado interno que se tornou mais estratégica exige melhores empregos e a geração de renda para um processo sustentável, sem agravar as pressões inflacionárias e os endividamentos públicos.

Todos reconhecem que o Brasil dispõe de muitas condições favoráveis, mas ainda estamos longe do que já alcançaram outros países emergentes em alguns setores. Um claro diagnóstico da situação em que nos encontramos e as nossas limitações permitem que todos os setores tenham melhores condições para enfrentar os desafios existentes, inclusive com ajuda externa, num intercâmbio sadio, respeitando as opções que são tomadas pelos outros países na perseguição dos seus objetivos nacionais.

O quadro atual não permite os desperdícios de recursos que ainda estão ocorrendo, e exigem a concentração das atenções em alguns objetivos estratégicos, com um claro delineamento dos caminhos que podem ser traçados, ainda que de forma pragmática, diante das condições que continuarão se alterar no tempo.

Muitos estudos já estão acumulados em muitas organizações privadas e públicas e os recursos disponíveis ainda exigem humildade diante dos desafios existentes, ainda que muitas potencialidades estejam claras. Uma organização dos esforços não poderá ser prejudicial, ainda que não seja necessário despender exagerados esforços em discussões que se tornem acadêmicos.

Certamente é um processo que terá ter o comando da presidente Dilma Rousseff que tem todas as credenciais indispensáveis para galvanizar toda a sociedade brasileira neste esforço organizado de desenvolvimento econômico, social e político, de forma sustentável.


Limitação dos Conhecimentos no Mundo Atual

28 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: especialização, exemplos concretos, no mundo atual, reconhecendo o pouco conhecimento geral | 2 Comentários »

Para uma pessoa que se considerava razoavelmente informado sobre eventos e instituições importantes no Brasil e em São Paulo, acompanhando os noticiários dos jornais, revistas, rádios e televisões entre os meios de comunicação social disponíveis, confesso que tomei uma lição que me deixa humilde diante do meu imperdoável pouco conhecimento. Questionado por um jornalista inglês que trabalha para uma nova revista em São Paulo, em inglês, chamado Time Out, que já é tradicional em outras grandes cidades, visando informar os visitantes sobre eventos e instituições concretos, fiquei totalmente nu e surpreendido diante da minha lamentável ignorância.

Uma das questões referia-se sobre o Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais, na proximidade de Belo Horizonte. Ainda que a instituição seja um dos orgulhos do Brasil, contando com imenso acervo da melhor arte contemporânea, não só brasileira, mas mundial, um invejável jardim em dimensão gigantesca iniciado a partir de algumas ideias dadas por Burle Marx, ocupando uma área total de cerca de 100 hectares. Outra se referia a um evento chamado Toyo Matsuri, realizado pelos lojistas do bairro da Liberdade em São Paulo agregados na ACAL, que vem sendo realizado desde 1968, que confundi com outros festivais realizados no mesmo bairro.

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Instituto Inhotim, importante pólo cultural brasileiro

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Toyo Matsuri, promovido pela ACAL

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Vendas dos Produtos de Luxo no Japão Continuam Altas

25 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: explicações possíveis, mudanças de hábitos, tendência de manter, vendas altas de produtos de luxo | 2 Comentários »

Para a perplexidade de muitos analistas, o consumo de produtos de luxo no Japão continua elevado, segundo o jornal Nikkei de hoje. Está sendo a salvação de muitas lojas de departamento, não somente em Tóquio como em outras cidades como Osaka. São mencionados exemplos concretos, como o da conhecida loja da Mitsukoshi no bairro de Nihonbashi, onde os relógios de mais de US$ 13.000 aumentaram 60% com relação ao ano passado, e os de mais de US$ 26.000 dobraram suas vendas, incluindo as de grifes internacionais como a Rolex.

Numa feira especial realizada no Daimaru Matsuzakaya, de Osaka, nos últimos dias 15 e 16 de outubro, as vendas aumentaram 18% com relação ao ano anterior, com itens como pinturas, e colares de diamante com preços em torno de US$ 300 mil. Esta tendência está sendo confirmada também no corrente mês de novembro, em diversas lojas de departamento em Tóquio, em vários bairros.

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Prédios das lojas de departamentos da Mitsukoshi e da Daimaru Matsuzakaya

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