15 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Destaque, Editoriais e Notícias, Política | Tags: a morte trágica do candidato a Presidente, as manifestações generalizadas de lamentações, novos quadros, os elogios quase unânimes
É mais que natural que as qualidades de um político sejam ressaltadas quando ocorre um trágico desaparecimento como de Eduardo Campos, ainda com somente 49 anos, quando começava a despontar na política nacional. Como candidato à Presidência da República foi vitimado num acidente aéreo em Santos em plena campanha eleitoral. Poucos conseguiriam a unanimidade que está obtendo de manifestações sobre suas potencialidades, inclusive de seus adversários, consequência natural do prestígio que conseguiu acumular pelas suas atuações regionais. Com dois mandatos no governo de um Estado da importância de Pernambuco onde conseguiu as melhores avaliações, além de outros obtidos em eleições como de Deputado Federal. Também acumulou experiências em cargos federais como de Ministro de Ciência e Tecnologia no governo Lula da Silva. Todos enfatizam suas qualidades de conciliador, ainda que exercesse a presidência de um partido político considerado de esquerda, como o Partido Socialista Brasileiro, e apresentava suas ideias que fascinavam até os mais conservadores, notadamente no respeito às regras de mercado.
Sendo um político de origem nordestina não poderia deixar de trazer as fortes marcas da região, notadamente nos seus aspectos positivos que estão sendo reconhecidos recentemente por uma melhoria superior à nacional do padrão de vida. Representava a população aguerrida desta parte do país que enfrenta até as adversidades climáticas, tirando partido de suas condições favoráveis para contribuir para o desenvolvimento nacional como para a atual economia globalizada. Insistia numa mensagem com nova roupagem, procurando superar os obstáculos antepostos até pela tradição. Ninguém pode imaginar que ele fosse perfeito, mas suas qualidades superavam em muito os compromissos que todos os políticos necessitam assumir, tratando com pragmatismo as situações que precisava enfrentar.
Eduardo Henrique Accioly Campos (1965 – 2014)
Seu otimismo era reconhecido como o sonho de dias melhores para a população brasileira. Ainda que não conseguisse a vitória na sua primeira tentativa de chegar à Presidência da República, todos admitiam que seu futuro fosse promissor para cargos da maior importância. Deixa um vazio difícil de ser preenchido, mas um exemplo estimulador para todos que acreditam na política.
Tinha se preparado num ambiente, inclusive familiar, de insistentes e persistentes batalhas, tendo como inspirador Miguel Arraes que tinha no seu currículo décadas de lutas adversas em Pernambuco e no nordeste. Mas, não aparentava contar com resquícios de rancor, mas uma inconformidade com a acomodação e a ineficiência.
O que se espera é que o seu exemplo inspire outros jovens que existem caminhos políticos e democráticos para se alcançar condições melhores de vida para a população brasileira, ainda que as limitações sempre estejam presentes.
14 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias, Educação | Tags: dificuldade médias dos brasileiros, honrosa premiação de um matemático brasileiro, problemas a serem resolvidos
Ainda que uma andorinha não faça o verão, quando um acadêmico brasileiro de matemática como Artur Avila, 35 anos, recebe um prêmio considerado equivalente ao Nobel de Matemática, a Medalha Fields, concedida pela União Internacional de Matemática, mesmo que atualmente ele não esteja trabalhando no Brasil, acaba sendo um evento que deve ser destacado. Na ocasião receberam também a Medalha Fields de 2014 o canadense Martin Haider e a iraniana Maryam Mirzakhani. Ele é pesquisador do IMPA – Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, do Rio de Janeiro, e hoje se encontra trabalhando no CNRS – Centro Nacional de Pesquisa Científica, órgão do governo francês, que manifestou regozijo pelo fato, por intermédio do Presidente François Hollande. Ele recebeu a honraria das mãos da Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-Hye em Seul. A próxima reunião da União Internacional de Matemática deverá ocorrer no Brasil em 2016.
Artur Avila recebe a Medalha Fields da Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-Hye
Ainda que já existam pesquisadores brasileiros que estejam se destacando no cenário internacional pelas suas contribuições relevantes para os avanços científicos, deve-se admitir que o conhecimento médio dos brasileiros, notadamente em matemática, ainda é considerado precário, como constatado em algumas pesquisas comparativas. Mesmo que alguns avanços já estejam sendo registrados.
O que parece indispensável é que a educação fundamental no Brasil permita que os alunos brasileiros tenham conhecimentos equivalentes aos que estão sendo obtidos pelos asiáticos, tanto em matemática como em ciências como um todo.
Os recursos humanos indispensáveis para o desenvolvimento brasileiro exigem que a média da população brasileira esteja qualificada, de forma competitiva, com outros países emergentes, não se restringindo somente a alguns centros de excelência. Ainda que estes também sejam necessários para a formação de quadros especiais que atendam os projetos de grande significado que o país já dispõe.
As notícias sobre as deteriorações das melhores universidades como as sustentadas pelo Estado de São Paulo são alarmantes, mostrando que seus dirigentes necessitam reformular suas políticas, visando menores benefícios próprios, fomentando novas pesquisas como formação de quadros de ponta.
14 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: ativismo religioso, importância do Cristianismo, informações do The Economist
As informações constantes de um artigo preparado pelo The Economist em função da visita do Papa Francisco à Coreia do Sul dão conta que dos 50 milhões de seus habitantes, 46% afirmam que não professam nenhum credo, 23% seriam budistas, havendo sempre entre eles os que possuem também outras religiões, 5,4 milhões seriam católicos, sendo estimados que 9 milhões fossem protestantes de variadas denominações, alguns tipicamente coreanos. Isto somaria cerca de 24,4% de cristãos, o que pode ser considerado relativamente elevado para um país asiático, mesmo que existam outros como as Filipinas. Como em alguns países asiáticos que ofereceram resistência à entrada do cristianismo, notadamente católica a partir do século XV, muitos cristãos foram sacrificados, gerando muitos mártires que agora serão reconhecidos pelas autoridades da Igreja Apostólica Romana. A Coreia é o quarto pais no mundo que conta com mais considerados oficialmente santos.
As denominações protestantes chegaram depois na Coreia, com missionários norte-americanos em torno de 1880, visando à criação de escolas e promover a tradução da bíblia para o idioma local, como também ocorreram em outros países. Eles se consolidaram durante o período de ocupação japonesa, quando o confucionismo e o budismo perderam importância. Mas as explosões de suas influências ocorreram depois do término da Segunda Guerra Mundial, pois naquela época os cristãos estavam reduzidos somente a 2% da população local. Acompanharam posteriormente o desenvolvimento econômico favorecido pela ética protestante. Alguns líderes religiosos coreanos, até duvidosos, tornaram-se famosos no mundo, como o reverendo Moon, não se sabendo claramente se podiam ser distinguidos dos manipuladores de recursos financeiros. Uma característica marcante parece ser uma certa tendência dos coreanos para um radicalismo religioso que prevaleceu durante um tempo, confundido com atividades empresariais.
Mega templo na Coreia do Sul
Ainda que o princípio adotado na maioria dos países do mundo da não tributação de qualquer tipo de atividade religiosa, o fato concreto que parece haver um certo abuso notadamente em alguns países asiáticos. Usando esta isenção tributária, algumas denominações religiosas acabam usando estes privilégios visando o apoio as atividades empresariais de seus membros.
Esta confusão entre as atividades, que extravasam os voltados aos apoios sociais de benemerência aos seus membros, acabam proporcionando vantagens para algumas entidades consideradas religiosas como na expansão das atividades educacionais. Como estão envolvidos com aspectos ideológicos e políticos, dão lugar até a partidos políticos, como no Japão.
Muitas das expansões empresariais acabam sendo acobertadas pelas isenções fiscais voltadas às religiosas, com alguns abusos de interpretações. Como muitas autoridades evitam se contrapor aos interesses dos grupos considerados religiosos, acabam ocorrendo distorções que se estendem aos meios de comunicação. São problemas difíceis de serem resolvidos, onde o caso da Coreia acaba se destacando.
13 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias, Esporte | Tags: informações de diversas fontes, limitações dos atuais dirigentes, observações de Leonardo, ponderações de Tostão
Como qualquer brasileiro, ainda que não seja um especialista em futebol, fico muito triste com o que vem acontecendo recentemente, principalmente depois da Copa do Mundo no Brasil. Todos sabiam que não estávamos entre os melhores do mundo atualmente, mas os que veem sendo escolhidos para serem seus dirigentes técnicos, mostra que não está se pensando seriamente na recuperação do prestígio desta importante face brasileira para o mundo, que certamente exige mudanças desde a sua base. Como os comentaristas mais qualificados que estão capacitados a observarem o que está acontecendo no mundo, como Tostão ou o Leonardo entre outros, observa-se que se continua, por motivos que geram desconfianças, prestigiando aqueles que pretendem entender o que ocorre no mundo, depois de investidos nos cargos de maior importância, para os quais não estão qualificados. Como se dirigir futebol profissional fosse algo que pode ser aprendido em algumas semanas de viagens pela Europa, a custa dos brasileiros. Está claro é que existem cursos para a preparação dos dirigentes como dos técnicos, que não pode ser movido somente pela disposição de empenho, como informa Leonardo.
O ideal é que um esporte como o futebol que se tornou o mais importante no atual mundo globalizado sofresse um choque de transparência a partir da FIFA – Federação Internacional de Futebol, que tem sede na Suíça, que não exige sequer a prestação de contas dos volumosos recursos obtidos com os patrocínios, até por muitas décadas futuras. A CBF – Confederação Brasileira de Futebol sempre sofreu questionamentos sobre os recursos que movimenta. Mesmo não sendo recomendável que estejam sob o controle governamental, como em qualquer organização razoável, as Federações estaduais, formadas pelos clubes, deveriam prestar contas, o que um mínimo de transparência desejável. Há que se aceitar que o futebol é muito importante para o Brasil, não podendo ficar manipulado por dirigentes de duvidosas carreiras, que não acompanham a evolução que vem ocorrendo no mundo.
Tostão, consagrado jogador, qualificado comentarista da Folha de S.Paulo.
Leonardo, consagrado jogador, técnico e dirigente de futebol na Europa,
com longa vivência no exterior.
No atual debate que vem se travando sobre o assunto, o que parece ficar claro é que não existe um plano da CBF sobre o que deve ser perseguido nos próximos anos. Parece que encaram o atual problema como algo simples que pode ser resolvido somente pela nomeação de alguns dirigentes técnicos de boa vontade para a seleção, quando os problemas começam nos clubes e nas bases.
As bases de formação dos jogadores, desde as escolas que substituíram as antigas peladas pelas ruas ou terrenos baldios não contam senão com interessados em obterem vantagens com os passes cada vez mais prematuros. Jovens jogadores ainda não estruturados sequer esportivamente, quando mais psicologicamente ou na totalidade de sua personalidade são jogados no mercado europeu que apostam somente em alguns potenciais talentos, por aqueles que estão somente preocupados com seus lucros, e não o que acontece no futebol brasileiro em longo prazo.
Isto vem acontecendo em todas as modalidades, inclusive feminino nos escalões de base, como no sub-vinte, que devem ser a que deverão disputar a próxima Olimpíada.
Ainda que muitos jovens brasileiros tenham talento para o futebol, há que se preocupar com a sua formação, inclusive física. Até astros como Neymar constatam que na Europa os treinamentos são mais frequentes, inclusive nas cobranças das bolas paradas.
Lamentavelmente, observa-se que poucos técnicos brasileiros tiveram a oportunidade de frequentarem cursos que os habilitem para estratégias e táticas futebolísticas, ainda que se procure preservar as qualidades do futebol brasileiro. É preciso estudar, como em qualquer outra atividade. Todos sofrerão pressões de todos os tipos, mas precisarão contar com preparos para as enfrentarem da melhor forma possível.
Parece que não existem mais espaços para improvisações, o futebol se tornou muito mais importante, tanto para a consolidação do espírito nacional como atividade econômica de qualquer tipo, como vem sendo constatado até por estudos acadêmicos. Há que se contar com equipes multidisciplinares para cuidarem de todos os aspectos indispensáveis para se contar com um futebol brasileiro de qualidade, que continue a ser competitivo no mundo.
12 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: artigo do Nikkei, confrontos entre a China e os Estados Unidos na Ásia, disputas sobre acordos comerciais | 2 Comentários »
Nos complexos posicionamentos comerciais em disputa na Ásia, um artigo escrito por Kazuki Kagaya do sênior staff do Nikkei publicado no Nikkei Asian Review deve ser considerado mais informado do que outros analistas que acompanham o assunto a certa distância. Todos sabem que se trata de um difícil jogo de xadrez onde, mesmo sem um confronto, o pano de fundo acaba sendo a disputa de prestígio entre a China e os Estados Unidos. Como todos são pragmáticos, os interesses comerciais acabam se sobreponto aos geopolíticos, mas o resultado final depois de muito tempo pode proporcionar posicionamentos estratégicos para as partes envolvidas.
O artigo considera um símbolo destas expansões a Quarta Ponte da Amizade Thai-Lao, uma ligação concluída sobre o rio Mekong, entre a província de Chiang Rai da Tailândia e Bokeo em Laos. Quando antes cruzavam pelas balsas somente 20 caminhões diários, hoje mais de 100 ligam Shanghai para a Tailândia e o Laos. A rodovia Asiática 3 transporta cerca de US$ 96 milhões por ano entre frutas, aço e combustíveis.
Fourth Thai-Lao Friendship Bridge Chiang Rai – Bokeo
A Asean – Associação dos Países do Sudeste Asiáticos estão programando formar uma comunidade econômica em 2015, com a criação de uma nova zona comercial na região. Os bancos locais estão se posicionando para poderem resistir às investidas vindas do exterior, estabelecendo uma proteção para as empresas locais.
Um exemplo é o que está acontecendo na Malásia, segundo o artigo. Os acordos comerciais estão pressionando os governos locais a estabelecerem reformas para se ajustarem à nova situação.
A Trans-Pacific Partnership está sendo negociada sobre a liderança de Washington, envolvendo muitos aspectos, e os países membros do Asean temem pelo destino de suas empresas.
A China está propondo um Regional Comprehensive Economic Partnership entre os países do Asean, incluindo se no bloco, mas também o Japão e a Coreia do Sul. O atrativo da proposta é que a exigência é mais suave na liberalização do comércio, ainda que existam resistências com as disputas territoriais.
Diante da possibilidade de longas negociações, está se propondo agora um acordo de livre comércio com base nas estruturas já existentes, como a APEC – Cooperação Econômica Asia-Pacífico. O acordo global seria de 21 membros da APEC, que responderiam juntos com 60% da economia do mundo.
Estas negociações serão cruciais nos próximos anos e terão repercussões importantes tanto nas estratégias econômicas como diplomáticas para todos os países da região, enquanto os avanços na infraestrutura continuam ocorrendo.
12 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: avanços chineses e japoneses, produções e escoamentos, reconhecimento da potencialidade brasileira de grãos
Um artigo publicado no Nikkei Asian Review por Ryota Tamaki, que deve ter acompanhado a comitiva do Primeiro Ministro Shinzo Abe, mostra que estas visitas acabam resultando em outras reportagens sobre o que acontece no Brasil. O artigo registra que diversas empresas japonesas estão se aparelhando para aumentar a sua participação na comercialização dos produtos agrícolas brasileiros, notadamente da soja, que continua se expandindo até pelo Norte e Nordeste do país, procurando aumentar a sua produtividade. Chega-se a utilizar o sistema de pivô central, que permite a irrigação, fazendo com que, num mesmo ano, seja possível colherem-se duas e meia safras, inclusive de valores mais elevados como as das sementes. O interesse japonês segue-se aos dos chineses que são os maiores compradores mundiais do produto, e cuja intenção com relação ao Brasil ficou clara com a visita do Presidente Xi Jinping.
Colheitas mecanizadas de soja no Brasil
Ainda que os japoneses com os chineses forem os maiores compradores de soja no mundo, até recentemente muitas das suas aquisições ocorriam com o uso das majors tradicionais em cereais no mundo, que continuam importantes por operarem mundialmente. No entanto, visando obter uma fatia do mercado por contarem com os grandes compradores, estas empresas como as japonesas que contribuíram para a expansão destas culturas a partir do cerrado, procuram se aparelhar para obterem uma fatia maior do mercado, investindo até na melhoria da infraestrutura de escoamento.
As empresas japonesas adquiriram algumas que já operavam no mercado mundial, reconhecendo que não devem depender somente de uma fonte. Também devem caminhar para o fornecimento de sementes, fertilizantes e defensivos visando criar um relacionamento mais profundo e estável com os produtores.
As atividades agrícolas não permitem uma eficiência muito elevada quando dependem de uma estrutura empresarial que conta com uma grande equipe. Muitas das providências a serem tomadas, quando ocorrem estiagens e pragas, acabam implicando em decisões rápidas, onde as famílias dos produtores podem ser mais rápidas que as empresas.
Ainda que contem com algumas unidades produtoras, para as sementes e introduções de novas variedades, como as resistentes as irregularidades climáticas, o grosso da produção a ser escoada exige um numero elevado de produtores de diversas regiões.
As dimensões brasileiras também são elevadas com quando comparadas às unidades produtoras japonesas, que dependem de maior eficiência e produtividade. Uma combinação adequada da extensão com a intensidade nem sempre é fácil de ser compreendida, pois a escala nem sempre é um múltiplo, provocando mudanças qualitativas nos seus manejos.
De qualquer forma, como grandes compradores internacionais, os japoneses devem se envolver mais diretamente na sua comercialização, até porque necessitam de variedades diferenciadas para atender todas as demandas de diversos tipos dos seus consumidores.
Os problemas logísticos dos escoamentos também são complexos, havendo necessidade de considerar diversas rotas que vão se tornando disponíveis, bem como considerem as cargas de retorno que os tornam mais eficientes.
Muitos dos assuntos que são bastante conhecidos dos brasileiros nem sempre são de todos os leitores dos jornais japoneses, fazendo com o que já parece obvio tenham que ser repetidos por estas reportagens.
11 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais e Notícias | Tags: notícia inusitada no Nikkei Asian Review, produtos japoneses neste mercado, usando estrelas brasileiras como Ivete Sangalo
Como o site do Nikkei Asian Review está publicando uma notícia inusitada de autoria de Ryota Tamaki, informando que investidores estão interessados em startups da internet japonesa, ainda que estes assuntos sejam de interesse concentrado nos jovens estamos registrando o evento. Estes aplicativos ganharam milhões de usuários em todo o mundo e a notícia informa que milhões de dólares de investidores estão aguardando novos lançamentos de Line, cujo aplicativo de bate papo on line tem passado por um sucesso global. TwitCasting seria um aplicativo que permite aos usuários transmitir ao vivo, a partir de seus smartphones, e de graça. Yosuke Akamatsu é o fundador e CEO da desenvolvedora do aplicativo, MOI. Este tipo de iniciativa tem obtido maior sucesso em outros países.
O aplicativo permite que os usuários postem comentários de textos enquanto assistem a vídeos, facilitando a comunicação ativa entre fornecedores e visualizadores de conteúdo, inclusive com maior rapidez. Os adolescentes japoneses foram os primeiros que os utilizaram e sua interface amigável o que facilitou sua rápida ascensão. Fora do Japão o TwitCasting começou a crescer em popularidade, a partir do Brasil, e já conta com 7 milhões de usuários. Ivete Sangalo usa este instrumento para se comunicar com seus fãs, como outras estrelas internacionais, mostrando a sua potencialidade até para os que não utilizam os PCs, o que parece um fato inusitado tanto no Japão como neste país.
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6 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais | Tags: artigo no Wall Street Journal, aumento do consumo de café de qualidade no Brasil, o caso do Coffee Lab
Não sei se o termo mais adequado seria o “enigma”, mas parece ocorrer algo misterioso com o consumo do café, que está aumentando nos grandes países produtores, como o Brasil, o Vietnã e a Colômbia. Um artigo publicado no The Wall Street Journal originalmente, reproduzido em português no Valor Econômico, elaborado por Leslie Josephs coloca esta intrigante questão, que não parece ainda totalmente esclarecida. O artigo sugere que o aumento da renda dos consumidores nestes países está provocando este estranho fenômeno do incremento do consumo, mesmo quando os seus preços sobem, caminhando cada vez mais para os de melhor qualidade. Todos sabem que na história brasileira, sempre se exportou os de melhor qualidade, ficando os mais modestos para o consumo interno por muito tempo.
Todos chamam a atenção que os consumidores brasileiros passaram a apreciar os de melhor qualidade, como destaca Isabela Raposeiras, dona do Coffee Lab que se sobresai em São Paulo por oferecer com sofisticação produtos de qualidade diferenciada. Ao mesmo tempo em que se prepara baristas, profissionais para o preparo adequado da boa bebida, para que as melhores matérias primas proporcionem as de alta qualidade, que possam ser apreciadas num ambiente adequado. Sou daqueles que começaram a trabalhar cedo num estabelecimento bancário que provava os cafés estocados que serviam de garantia para operações bancárias, espalhando o perfume inesquecível dos que estavam sendo torrados.
Parte da dependência do Coffee Lab da Isabela Raposeiras em São Paulo
Na minha modesta opinião, pois o café proporciona oportunidade para as mais variadas posições, o enigma consiste no aumento da procura de bebidas de melhor qualidade, quando chegaram ao Brasil os hábitos inicialmente de cafés preparados nas máquinas italianas, com vapores para extraírem de uma porção de pó mesmo de qualidade modesta, do que se convencionou chamar de café expresso, que podia ser mais fortes, os conhecidos como curtos ou mais fracos. Apresentavam já as possibilidades de misturas com leites e assemelhados.
Depois de muito tempo evoluiu-se para as máquinas que trabalham com as cápsulas que apresentam um blend de diversos cafés, para proporcionarem sabores padrões para os mais variados gostos, desde os mais fortes até os mais fracos. Na medida em que os consumidores foram se acostumando com sabores variados, voltou-se para a sofisticação dos cafés de melhor qualidade, com bebidas que apresentam variações ricas como dos vinhos.
Segundo informações do artigo referido, o volume do consumo brasileiro ultrapassou o dos Estados Unidos, que ajudaram a disseminar cadeias de café pelo mundo. Certamente não eram os de melhor qualidade, perdendo para os europeus neste quesito. Agora, também se disseminam redes de cafés de melhor qualidade, com consumidores capazes de distinguir os de diferentes regiões e inclusive de determinadas fazendas, que procuram valorizar os seus produtos que não se destacam pela quantidade.
Os tratamentos das matérias primas também se sofisticaram, bem como os pontos de suas torragens, que na média eram exageradas no Brasil. Muitos dos atuais chegam ao nível dos utilizados pelos provadores, que permitem distinguir melhor a qualidade das bebidas, bem como sua acidez.
Estes avanços chegam em boa hora, mostrando que há uma mudança cultural no consumo do café, para proporcionar aos consumidores um prazer difícil de ser obtido por outras bebidas.
5 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais | Tags: dificuldade da data, o uso da imprensa, seminário com a ajuda do Valor Econômico e Nikkei
Se existe uma mudança significativa no comportamento do Japão com o Brasil, que se explicitou formalmente na visita do Primeiro Ministro Shinzo Abe ao país, foi o reconhecimento da importância do uso da imprensa brasileira. Vem se notando há meses que empresas japonesas de grande porte estão publicando anúncios em jornais especializados em economia como o Valor Econômico. Agora a Jetro – Japan External Trade Organization organizou o Fórum Econômico Brasil – Japão, com a participação do jornal japonês Nikkei e o Valor Econômico, que conta com um setor especializado na promoção deste tipo de evento, que apresenta a possibilidade de cobertura jornalística de importância. Reuniu os empresários japoneses que acompanham o Primeiro Ministro, com alguns convidados brasileiros, dispondo-se somente de um sábado na apertada agenda.
Segundo matérias publicadas no Valor Econômico, com a participação dos jornalistas Humberto Saccomandi, Tatiane Bortolozi, Eduardo Laguna, Rodrigo Pedroso e Luciano Máximo, além da presença do Primeiro Ministro Shinzo Abe, alguns empresários japoneses de peso puderam colocar suas orientações com relação ao Brasil, expondo também os problemas que enfrentam. A tônica parece a consideração de um relacionamento de longo prazo, confiabilidade das ações japonesas e a intenção de aumentar o intercâmbio com o Brasil, mesmo com os problemas que existem que comprometem a competitividade brasileira.
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, defendeu que a América Latina é fundamental
na estratégia japonesa
A maioria dos artigos publicados no Brasil como no Japão encara a visita como um contraponto as efetuadas por Xi Jinping, Presidente da China, que vem se empenhando em ampliar também para a América Latina as cooperações dos chineses. No entanto, no discurso oficial do Japão, anuncia-se que se pretende uma reavaliação da importância da região para aquele país, tentando entendimentos mais profundos de longo prazo, dentro da política japonesa de reativar a sua economia, o que pode ser entendido também somente como uma colocação diplomática.
Que existe potencialidade para a elevação do nível de cooperação do Japão com a América Latina, notadamente o Brasil, ninguém pode negar. No entanto, até o momento parece que o Japão está colocando o Sudeste Asiático como a mais alta prioridade, diante do crescimento econômico e político da China. Também a difícil convivência com os países do Extremo Oriente aparece necessária de ser acomodada, para não agravar as dificuldades mundiais.
Os pronunciamentos nacionalistas de Shinzo Abe não estão facilitando os entendimentos, e mesmo no Brasil, houve uma acentuada lembrança dos problemas étnicos, reportando-se as raízes da imigração como base de um dos motivos históricos de relacionamento com o Japão.
Que existem setores onde os japoneses podem auxiliar o Brasil na solução de alguns dos seus graves problemas, não há dúvidas. Eles dispõem de tecnologias que podem suplementar os que os brasileiros necessitam. Os problemas existentes todos também estão conscientes, mas as difíceis situações em que se encontram os japoneses como os brasileiros podem acabar acelerando o prosseguimento de alguns projetos de interesse mútuo.
Ainda que persistam dificuldades, também se reativam as esperanças que novas fases do intercâmbio bilateral entre o Brasil e o Japão estejam sendo colocados com maior realismo.
4 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais | Tags: acordos plurilaterais e bilaterais, as providências internas, o bloqueio da Índia na OMC, o problema do Mercosul
O Brasil vinha insistindo em acordos comerciais mundiais no âmbito da OMC – Organização Mundial do Comércio, hoje presidida pelo brasileiro Roberto Azevêdo, apesar do pessimismo de muitos. Com a oposição da Índia ao que se vinha tentando no chamado Tratado de Bali ficam sepultadas as remotas esperanças para avanços multilaterais dentro da chamada Rodada de Doha. Não restará senão as tentativas de acordos plurilaterais, entre os países que aderirem a eles ou bilaterais entre dois países. Estes tipos de acordos já estão disseminados em muitas partes do mundo, e o Brasil só conta com o problemático Mercosul, onde os países membros aumentam mais as dificuldades econômicas, do que ajudam no sentido de aumento do comércio exterior.
Todos concordam que os avanços multilaterais seriam os ideais, mas deve se aceitar que sempre houve grandes dificuldades para se obter um consenso mínimo. Os países industrializados procuram facilidades para colocarem seus produtos no mundo, mas não se dispõem a aceitarem que os produtos agropecuários ou matérias primas minerais tenham as mesmas vantagens de acesso nos seus mercados. Com atitudes pragmáticas foram sendo efetuados acordos mais restritos, que já representam um conjunto apreciável, além dos avanços em outros envolvendo muitos países, que estão sendo chamados plurilaterais.
Desânimo do Presidente da OMC, afirmando que o futuro da organização dependente
das decisões dos seus países membros
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