1 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: as formas de manifestações na Jornada Mundial da Juventude, notícias no Japan Today, também ocorrem em outras religiões como o budismo
Reconhecendo que as religiões tendem a serem conservadoras, alguns eventos atuais mostram que existem esforços no sentido de conseguirem se comunicar com as pessoas que estão se atualizando com velocidades astronômicas. Na recente Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, constatou-se a elevada habilidade do papa Francisco em utilizar a mídia eletrônica para mostrar o seu intento de contatar pessoalmente as pessoas, com preferência para os marginalizados, batendo nas portas dos seus corações. Conseguiu que suas mensagens fossem espalhadas pelo mundo com grande velocidade. Também os organizadores tiraram partido das técnicas muito utilizadas pela televisão e eventos de grande porte, principalmente voltados aos jovens.
Isto não parece restrito aos católicos, havendo muitos eventos evangélicos que abusam dos meios televisivos, bem como os que mobilizam grandes massas com músicos atualizados. Agora, o Japan Today publica um artigo informando que também os budistas no Japão estão tirando partido dos meios de comunicação eletrônicos, inclusive dos que são utilizados pelas redes sociais. Smarphone, blogs, twitter, iPhone e Android estão sendo utilizados por muitos monges para fazer chegar suas mensagens, como vem fazendo Kosuke Matsumoto. Alguns templos, como Higan, usam DJs, apps, vídeo games e outros meios em voga. Como no budismo não existe o controle que vigora em organizações religiosas hierarquizadas, a liberdade acaba sendo mais ampla, chegando a formas inusitadas.
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1 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: a terra do sol nascente, artigo no Foreign Policy, riscos para os Estados Unidos | 3 Comentários »
Esta importante revista de política internacional Foreign Policy publica um artigo elaborado por Philippe De Koning e Phillip Y. Lipsey mostrando suas preocupações com o Japão e a política de Shinzo Abe. Segundo eles, o atual governo faz pouco para tranquilizar seus vizinhos asiáticos, pois determinou ao seu ministro da Defesa, Itsunori Onodera, uma prioridade para trabalhar sem nenhuma trégua, o que o levou a solicitar revisões expressivas. Ele estaria aparelhando sua frota marítima, admitindo até alguns ataques preventivos sobre ilhas em disputa. Os chineses e os coreanos do sul estariam exacerbados em suas tensões, constatando por uma pesquisa do Pew Reserch Center que 85% teriam agravados seus sentimentos desfavoráveis ao Japão com as disputas de ilhas.
Com a estrondosa vitória eleitoral na Câmara Alta, estaria em condições de provocar uma reforma constitucional. O fato concreto é que, com os cortes orçamentários feitos no passado, o Japão não está atualizado para aventuras militares. Seus recursos diminuíram em 5 por cento na última década. Enquanto o da China aumentou em 270%, Coréia do Sul em 45% e Taiwan em 14%. Atualmente, o orçamento japonês é um terço do chinês para finalidades militares. Como no Japão as tendências são de manutenção dos empregos, os cortes recaíram sobre os investimentos em equipamentos. Portanto, o que o Japão consegue fazer é somente a manutenção do que dispõe. Planeja adquirir 42 F-35 na próxima década, somente para substituir os velhos F-4EJ, mas tudo indica que isto acabará sendo adiado.
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1 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: exageros de otimismo, minimiza as dificuldades, uma visão partidária, Yuriko Koike é parlamentar importante do LDP | 2 Comentários »
Yuriko Koike foi ministra da defesa do Japão e sempre teve importância na formulação da política do seu partido, o LDP – Partido Liberal Democrático do Japão. Escreve regularmente no Project Syndicate, mas o seu mais recente artigo parece refletir um otimismo partidário com o atual governo de Shinzo Abe, que conseguiu uma expressiva vitória eleitoral para a Câmara Alta. Ela critica os governos do partido DPJ – Partido Democrático do Japão, que teve muitas mudanças de ministros ao longo dos 39 meses em que esteve no poder, com uma longa deflação e uma estagnação econômica, ao lado do enfraquecimento de sua política externa.
Ela afirma que estas ansiedades foram superadas com o novo governo que se consolida com elevado prestígio eleitoral, entusiasmo popular e do empresariado, melhoria das cotações na sua Bolsa, e uma nova política externa, que está sendo denominada Abeconomics. Nas suas duas primeiras setas, teria provocado à flexibilidade monetária que desvalorizou o yen, garantindo a sua competitividade externa, e com a política fiscal expansionista teria conseguido uma ativação de sua economia. Mas reconhece que a terceira seta seria a mais complexa com a desregulamentação de sua economia e outras reformas estruturais, para forçar os poderosos grupos a se ajustarem à nova política.
Yuriko Koike
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31 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: 50 mil pontos de vendas globais, artigo da Bloomberg reproduzido no The Japan Times, hoje controlado por Toshifumi Suzuki, nasceu nos Estados Unidos, opera também a Ito Yokado | 1 Comentário »
Toshifumi Suzuki, agora com 80 anos, considera que ainda tem muito trabalho pela frente, com foco atual na expansão nos Estados Unidos. Ele é o chief executive do Seven & I Holdings e controla todo o grupo. Nos últimos 39 anos, ele expandiu esta que hoje é a maior rede de varejo do mundo para chegar a 50 mil pontos de venda, as lojas de conveniências, a mais rentável que a Wal-Mart e a Carrefour, segundo os dados da Bloomberg. Ele começou como franqueador no Japão da rede que começou em Dallas, Estados Unidos, 86 anos atrás vendendo ovos, pão e leite. Em 1991, quando a proprietária da marca 7-Eleven, a Southland Corp., pediu falência, ele adquiriu a empresa mãe. O artigo sobre o grupo foi escrito por Yuki Yamaguchi da Bloomberg e reproduzida no The Japan Times.
Todos no Japão conhecem a 7-Eleven que tem 15.218 outlets (estabelecimentos) no país espalhados por todos os cantos, uma pequena loja de conveniência que vende em média US$ 8 mil por dia cada, enquanto as norte-americanas vendem US$ 4.500. Hoje, a rede atua em 16 países da Indonésia à Dinamarca. Nos Estados Unidos, estava com 7.300 lojas quando a Southland falhou e só cresceu a 8.500 até hoje, mas Suzuki afirma que os negócios naquele país entraram em fase de crescimento. Já contou com 15 lojas no Brasil, mas acabaram fechando, e se imagina que só voltarão com maior segurança.
Toshifumi Suzuki
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Suzuki entende que as lojas nos Estados Unidos ou em outros países não podem ser a repetição do que fazem no Japão, exigindo que se ajustem as necessidades e os hábitos dos consumidores locais. Segundo os dados da Bloomberg, a 7-Eleven teve uma margem operacional de 7,13% no último ano fiscal, contra 5,93% da Wal-Mart e 2,79% da Carrefour.
O grupo opera também a rede de supermercados Ito-Yokado do Japão, que espera elevar o seu lucro operacional para 15% no terceiro ano de operação. As ações do grupo aumentaram 51% este ano, enquanto a Topix de Tóquio subiu 32%.
Alguns analistas afirmam que a tecnologia da 7-Eleven é de lojas de conveniência, concentrado nos alimentos, e pode não conseguir os mesmos resultados em modas, por exemplo. Como alguns empresários ousados do Japão e bem sucedidos como o líder da rede Uniqlo, Suzuki também se orienta pela sua intuição, pois conseguiu resultados contrariando outros executivos, consultores, acadêmicos. Mas, para a sua sucessão, ele espera que tenha a chance de provar a si mesmo, sendo ele ou ela.
No Japão, a 7-Eleven procura agilizar a sua logística para garantir produtos mais frescos em suas lojas, que devem ficar no máximo a três horas dos seus centros de distribuição. Trabalha inclusive com caixas de almoços chamados “bento”, com sua marca própria.
Como acontecia com o fundador da Wal-Mart, ele visita regularmente muitas lojas para comprar e conferir as mercadorias. Suzuki sabe correr os seus riscos e o grupo entrou no setor financeiro, trabalhando com caixas eletrônicas nas suas lojas, o que começou em 2001, com elevada rentabilidade.
Ingressou em 1999 nos negócios pela internet, onde já consegue um faturamento de US$ 1 bilhão. Estes setores são comandados pelo seu filho, e planejam chegar a US$ 500 bilhões em 2016, pois são atividades estratégicas para o grupo.
31 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo publicado no The Japan Times, dificuldades dos jovens criados em duas culturas
Num longo e interessante artigo elaborado por Louise George Kittaka e publicado no The Japan Times, discute-se o problema de jovens criados na cultura estrangeira e japonesa simultaneamente. Segundo a autora, os japoneses sabem o que são e o mesmo acontece com os estrangeiros, mas os filhos de estrangeiros nascidos no Japão enfrentam dificuldades por serem diferentes, que acabam sendo tratados de forma diferenciada. Hoje, na TV japonesa como nos seus comerciais apresentam muitos que são chamados “half”, e a autora elabora sobre o assunto, usando um personagem com o nome fictício de Hiroki, um estudante universitário trabalhando part time numa cadeia de gyudon (um pote de arroz com carne).
Ele é filho de mãe norte-americana e pai japonês e adotou oficialmente um nome duplo, tanto japonês como oriental que usa para tudo, mas seus problemas começaram no emprego e na conta bancária, pois escreveu John em katakana (alfabeto silabático), o que já chamou a sua atenção no recrutamento para o emprego. Confirmado que ele era japonês, foi-lhe solicitado um documento chamado juminhyo, ou seja, o certificado de residência. Depois foi observado que ele aparecia como do sexo feminino no documento, mas ele era transexual, mas no documento de registro de família, o koseki, só poderia se admitir esta situação depois da cirurgia reconstrutiva total.
Ilustração de Adam Pasion publicado no Japan Times
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29 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: as quatro setas da Abeconomics, despesas com obras públicas, o easing monetary policy e a desvalorização do yen, o equilíbrio da política econômica, reformas necessárias
Um artigo publicado pelo jornal econômico Nikkei alerta que o governo do primeiro-ministro Shinzo Abe deve estar preparando a chamada quarta seta do Abeconomics, a reabilitação fiscal, que será mais difícil do que as fases que marcaram as primeiras medidas. Na primeira, provocou-se o chamado easing monetary policy, ampliando os créditos de curto prazo com a compra de bonds pelo Bank of Japan, provocando uma forte desvalorização cambial que devolveria a competitividade para a indústria japonesa, além de acabar com a longa deflação, objetivando uma inflação anual de 2% para o final deste ano. Isto entusiasmou o setor privado e as cotações na Bolsa fizeram com que o índice Nikkey tivesse uma expressiva elevação.
Na chamada segunda seta do Abeconomics, foram aumentadas as despesas com as obras públicas, também estimulando a ativação da economia japonesa. Depois do terremoto do nordeste do Japão, tanto a Dieta como a população aceitou a ampliação dos orçamentos propostos pelo governo Shinzo Abe, abandonando a restrição dos gastos que vinha deste o governo Junichiro Koizumi em 2001-2006 e prosseguiu durante os mandatos sob o comando do PDJ – Partido Democrata do Japão, sem que se conseguisse ativar a economia japonesa. Nos dois primeiros meses fiscais de 2013, houve um crescimento sobre o mesmo período do ano anterior, de 28,6% em abril e 24,8% em maio, mostrando que para gastar mais todos acabam sendo flexíveis, ainda que nem sempre adequadamente controlado. Mas os gastos dos orçamentos locais foram controlados, gerando algumas insatisfações. Os resultados obtidos nas eleições da Câmara Alta foram arrasadores a favor do governo.
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29 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Saúde, webtown | Tags: aumento dos idosos e redução da população, o caso do Japão, utilização de robôs nos cuidados da enfermagem
Como é do conhecimento geral, a população japonesa está se reduzindo enquanto o percentual dos seus idosos aumenta, com a expressiva elevação da expectativa de vida, notadamente das mulheres. Para atendimento dos idosos dependentes, o Japão autoriza a imigração de populações asiáticas que tenham formação para atendimento das suas necessidades, desde que tenham o domínio do idioma local. No entanto, as dificuldades continuam aumentando, obrigando que utilizem robôs para estes serviços. Um artigo do Yomiuri Shimbun informa que estes robôs estão sendo submetidos ao ISO – International Organization of Standarization para estabelecer padrões globais de segurança para serviços de enfermagem, tanto para atendimento no país como para a exportação.
O governo japonês está estimulando este desenvolvimento industrial para que estes robôs tenham preços competitivos, algo como US$ 1.000 por unidade, que no momento experimental ainda custa cerca de US$ 200.000. O ISO é uma organização privada e tem atualmente 163 países membros, e, além de estabelecer estes padrões, proporcionaria a vantagem para a exportação de componentes de robótica, setor onde o Japão se destaca. A esperança dos japoneses é que o aumento da escala de produção ajude na redução dos custos.
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28 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: a Jornada Mundial da Juventude iniciou uma mudança, evento marcante num mundo conturbado, milhões de participantes de todos os níveis, participação ampla de cerca de representantes de 180 países, presença do papa Francisco
Um evento como a Jornada Mundial da Juventude realizada nesta semana no Rio de Janeiro é daqueles que marca um ponto de inflexão na evolução do que está acontecendo no mundo. Ocorreu num momento extremamente crítico para todos, quando muitas manifestações populares expressam em vários lugares do mundo as insatisfações com o atual estado das coisas, notadamente no Brasil. Mesmo as dificuldades eventuais da sua organização e do clima ajudaram a dramatizar o evento. A presença marcante do papa Francisco com sua franca e carismática personalidade, reforçando suas mensagens diretas aos milhões de jovens de todo o mundo, com a sua elevada capacidade de comunicação e pelos seus exemplos concretos, recebeu uma recepção calorosa. O evento humano como poucas vezes foi observado em outros semelhantes, o papa pessoalmente tocou a todos profundamente e nada permanecerá mais impune depois de um impacto desta natureza. Ele enriqueceu sobremodo a Jornada Mundial da Juventude com a sua confiança nos jovens, que foi ampliada pelos meios de comunicação sociais hoje disponíveis.
O terreno estava seco para dar maior importância à chuva de novas orientações que recebeu. Eram visíveis as insatisfações não somente com os atendimentos precários das necessidades básicas da população, tanto pelos governos como também pela estrutura esclerosada da Igreja Católica que tinha se distanciado dos mais pobres. Os jovens são as esperanças das mudanças para o futuro, e o papa Francisco enfatizou a necessidade deles ficarem juntos com os mais desamparados, inclusive os pobres, doentes e idosos. Pouco vai mudar imediatamente, mas as reflexões sobre os temas colocados deverão ser aprofundadas e ações concretas deverão ser estudadas, com a máxima urgência.
O evento contou com a participação de jovens de todas as etnias e todas as classes, mas com as mais marcantes dos que estão marginalizados pela atual situação que exagera na valorização dos seus aspectos materiais como enfatizada pelo papa Francisco nos muitos pronunciamentos. Os participantes da Jornada certamente levarão as emoções e lições que por que passaram ou receberam no evento. Os eventos negativos foram ínfimos diante da grandiosidade do que ocorreu de positivo.
Ainda que o evento seja religioso, contando com seus ritos definidos, todas as oportunidades foram aproveitadas para atingir tanto católicos como os que não os são. As mensagens foram universais e são pouquíssimos os que não respeitam seus preceitos ainda que nem todos concordem com os mesmos na sua integridade.
A atitude geral da Jornada teve uma orientação ecumênica com respeito também aos que não são católicos. Ainda que formalmente não esteja sendo divulgada como a que mais recebeu adesões, deve-se que considerar que o mundo passa por uma crise e as distâncias e os custos para os deslocamentos para o Brasil são maiores do que em outras localidades. E as participações dos brasileiros costumam ser informais, sem nenhum registro nos eventos.
Como estes eventos vêm se reproduzindo de tempo em tempo, tudo indica que nos próximos já se possam sentir as influências do que aconteceu no Rio de Janeiro. Não seria um exagero afirmar que o mundo depois da Jornada Mundial da Juventude no Brasil não será mais o mesmo. As mudanças deverão começar a ocorrer no próprio seio da Igreja Católica, mas deverão ser propagadas também pelos governos que recebem a sua influência, como também adotadas nos países que não sejam de populações predominantemente cristãs.
28 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: esperanças com Papa Francisco, estímulos aos jovens e idosos, exercício da política, limitações da realidade, proliferação das aspirações
A semana que o papa Francisco passou no Brasil, com toda a sua simpatia e carisma, participando fundamentalmente da Jornada Mundial da Juventude, num período em que ocorriam muitas manifestações populares demonstrando insatisfação no Brasil e em outros países, ele espalhou muitas mensagens para todos que não podem ser mais oportunas. Ninguém pode se manter indiferente diante destes fatos, pelo contrário, ele cativou a opinião pública que ficou impressionada pelo seu desempenho humilde e sincero, desejoso de estabelecer um diálogo real e direto com o povo, até os seus membros mais pobres e marginalizados, inclusive com abraços fraternos. Ele estimulou os jovens, os idosos, a hierarquia da Igreja Católica, as autoridades e a população, não só brasileira como das que estão espalhadas pelo mundo. Suas mensagens, sejam para os católicos ou não, acabam exigindo reflexões sérias e profundas que se espera provoquem ações com consequências relevantes.
Como um líder experiente que chegou ao papado por uma clara opção do Colégio de Cardiais por mudanças profundas no comportamento na desgastada Igreja Católica, ele sabe que, tanto entre os católicos como nas sociedades para os quais está se dirigindo, elas não são rápidas, havendo muitas resistências dos que pensam de formas diferentes. Por ser de jesuíta, já na escolha do nome Francisco como Papa, ele mostrou a sua opção pelos pobres, e em todas as oportunidades procura confirmar que evitará a ostentação e a formalidade que cercava o seu cargo, que também é de Chefe de Estado do Vaticano. Mesmo nos eventos prejudicados pelas chuvas e pelo frio inusitado no Brasil desta época, além de muitas limitações das organizações de sua estada, manteve sempre o seu alegre semblante sem nenhum traço de artificialidade. Até no seu natural cansaço da estafante viagem e o programa para a sua idade, não demonstrou nenhuma contrariedade, pelo contrário, revelou um entusiasmo contagiante no desempenho do seu papel.
Muitos debates deverão ser promovidos pelas colocações que ele fez, nem sempre com a profundidade que seria de se desejar. É claro que ele não está inovando muito do ponto de vista doutrinário, mas procurando restabelecer o que originalmente deveria a marca mais forte do Cristianismo. Na longa história da Igreja, muitas foram às decisões que a afastaram de suas origens, com as contingências decorrentes do seu poder e da riqueza. Mesmo com suas diversas divisões e Concílios que vieram definindo suas orientações, pela sua natureza religiosa e necessariamente dogmática, nunca houve muita transparência nas suas decisões, levando até as divergências mais profundas como as que provocaram a Reforma.
O que parece estar sendo colocado enfaticamente pelo papa Francisco é a necessidade de reforço da opção pelos pobres pela Igreja Católica, que, se de um lado agrada a muitos, gera também resistências ainda veladas de outros. O seu estímulo para as manifestações populares de insatisfações, mesmo sem violência, terão consequências políticas, cujo dimensionamento ainda é difícil.
Mas devem gerar as esperanças por uma melhor distribuição dos benefícios do desenvolvimento, tanto em oportunidades para a educação, atendimentos relacionados com a saúde, como tudo que está relacionado com o bem-estar da população. Tudo isto ainda é um sonho, tendo que ser operacionalizado num processo difícil e demorado, até se tornar uma realidade. Mas a sua necessidade está sendo enfatizada.
O papa Francisco está colocando que estes ajustamentos devem ocorrer pelo diálogo, que vai exigir concessões de parte a parte. Os mecanismos consagrados são os políticos, que necessitam ser valorizados e aperfeiçoados, pois não parecem mais ajustados às realidades atuais.
O Brasil é um Estado leigo e, por mais que os que se declaram católicos sejam a maioria da sua população, a Igreja Católica não é um instrumento político. Eles podem influenciar as entidades políticas, seus membros e autoridades, como os adeptos de outras religiões, com seus valores, objetivos e suas preferências. Tudo isto demanda muito trabalho, paciência e tempo, ainda que as pressões possam acelerar algumas decisões.
Mas, é preciso que haja uma clara consciência das limitações tanto econômicas, de recursos humanos, de tecnologias e tempo, para que as aspirações sejam atendidas por ações concretas, que se esperam sejam estudadas o mais profundamente possível do ponto de vista técnico, para que sejam as mais eficazes.
25 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: as questões do desenvolvimento dos aviões, contribuições como da Embraer, lições das notícias lamentáveis, o problemas dos trens rápidos
São lamentáveis as notícias com desastres ferroviários como o que ocorreu na Espanha, com um dos seus trens rápidos. Algo semelhante já aconteceu na China no passado recente, que procura ainda acelerar o seu programa de interligações pelas principais regiões daquele país. Também são lamentáveis as informações sobre os novos adiamentos dos lançamentos de aviões regionais da Mitsubishi Aircraft, atribuindo-se as dificuldades dos fornecimentos de importantes componentes. Tudo sugere a relevância de uma longa experiência comprovada no setor quando se utilizam tecnologias avançadas de elevada complexidade.
Os japoneses se orgulham que as tecnologias nos trens rápidos que vêm sendo constantemente aperfeiçoadas nos seus famosos Shinkansen não tiveram desastres importantes ao longo de sua história que já conta com décadas de intensa operação. E isto implica em custos mais altos, mas a vida vale mais que tudo isto. Empresas como a Embraer brasileira comprovaram com a evolução de variados modelos que mesmo num país emergente como o Brasil é possível conseguir uma performance de muitas décadas de sucesso no lançamento de novos modelos, tanto para transporte regional como de aviões executivos. Mesmo a tradicional Boeing vem enfrentando problemas com os seus novos modelos, pois dependem de um elevado número de fornecedores.
Shinkansen, o trem rápido japonês, e aviões da Embrae
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