17 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: a visita de Hu Jintao aos Estados Unidos, lições da história, o processo de ascensão da China, sinais das dificuldades norte-americanas
Está sendo amplamente divulgada a visita do premiê chinês Hu Jintao aos Estados Unidos, com muitas informações e opiniões nos principais órgãos da imprensa mundial, pois é o encontro das duas maiores potências do momento. Com toda a importância que os Estados Unidos continuam mantendo e deverão continuar a ter nas próximas décadas, há sinais evidentes de todas as suas dificuldades para preservar a atual liderança mundial por muito tempo. De outro lado, a ascensão da China, seguida da Índia, ocorre numa velocidade que chega a assustar o mundo.
Todos sabem da importância de um razoável entendimento das duas potências, e sentem-se as mensagens diplomáticas expressando certa humildade chinesa ao mesmo tempo em que as autoridades norte-americanas acabam expressando certo nervosismo. Como quando o seu secretário de Defesa expressa no Japão um desconforto com aperfeiçoamentos dos projetos balísticos chineses que podem atingir seus porta-aviões nas proximidades da Ásia ou suas bases militares mantidas nos países aliados naquele continente.
Ao longo da história, verificaram-se as ascensões e quedas de muitas nações, bem como renascimentos espantosos de algumas. Joseph Needham de Cambridge no seu monumental Science and Civilisation in China mostrou que aquele país tinha atingido um nível de desenvolvimento pouco conhecido no Ocidente até que, por muitas razões, entrou em declínio em torno do período da Revolução Industrial que começou na Inglaterra. Mas nas últimas décadas a China vem revelando uma nova ascensão que impressiona o mundo, havendo muitos analistas estimando quando ultrapassará os Estados Unidos, como o que já ocorreu com o Japão, tornando-se a segunda potência econômica do universo que, ademais, detém o poder atômico e de veto nas Nações Unidas.
A visita pouco mudará o cotidiano dos bilhões de habitantes do globo, mas há que se reconhecer que existe um processo em marcha, que muitos terão dificuldades em aceitar, eclodindo em tensões aqui e acolá. Todo quadro novo é aterrador e muitos geram notícias terroristas, pensando que podem impedir a marcha dos acontecimentos. Evidentemente, não existe um determinismo histórico nem geográfico, tudo dependendo das decisões dos seres humanos, mas quando em coletividades são difíceis de serem controlados, porque eles não agem somente pela racionalidade. E nem existe uma engenharia social capaz de planejar uma transição de lideranças sem atritos.
O mundo Ocidental teve, por muito tempo, a pretensão de ser a parcela importante e relevante da humanidade, quando vai constatando que no atual mundo globalizado de 7 bilhões de habitantes, só conta com a minoria da população, sendo suplantada pelas nações asiáticas que contam com bilhões de habitantes. Sua superioridade econômica e tecnológica começa a ser questionada, quando se usa como medida de comparação o poder de paridade de compra. Mas nem tudo pode ser reduzido a simples dados econômicos.
O que se desconhecia e continua sendo desconhecida da cultura e história do mundo não ocidental pode ser uma demonstração da fragilidade desta parte do globo terrestre. Aos bilhões de asiáticos soma-se o mundo árabe injustamente satanizado por milênios, que servia de ponte e meio de intercâmbio da Ásia com a Europa. Além de africanos e outros povos habitantes do resto do mundo.
As recentes revoluções das comunicações e dos transportes que se processaram nas últimas décadas tornaram realidade a aldeia global na qual temos que aprender a conviver com povos que são diferentes dos nossos conhecidos. Mas os seres humanos são dotados do instinto de sobrevivência e, sejamos otimistas, somos parcialmente racionais. Engolir um pouco de sapos e lagartos pode não ser tão desagradável, pois sempre fomos submetidos a alguns compromissos quando não ao poder econômico e militar.
14 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: diferenças com as ocidentais, mães de origem chinesa, rigor na educação dos filhos | 2 Comentários »
Um provocativo ensaio foi publicado no Wall Street Journal por Amy Chua, uma professora da Yale Law School e autora de diversos livros de prestígio, que faz parte do “Battle Hymn of the Tiger Mother”, que será publicada pela Penguin Press. O jornal levanta a questão se crianças criadas sem encontros de brincadeiras, sem TV, sem jogos de computador, com horas de prática de música podem ser felizes? E o que acontece quando elas brigam com os pais contra este regime.
Amy Chua é mãe de Sophia, que já tocou um concerto de piano no prestigioso Carnegie Hall em 2007, e da Louisa, que toca violino, e chegou aos Estados Unidos com seus pais logo que nasceu. Segundo ela, muitos gostariam de saber como os pais chineses conseguem estereotipados filhos considerados gênios matemáticos e prodígios musicais.
Amy Chua: exigência de notas máximas
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14 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política | Tags: na China e no mundo, no Brasil, preços dos alimentos, pressões inflacionárias
O jornalista David Pilling, do Financial Times, publicou uma matéria importante tratando dos efeitos inflacionários mundiais decorrentes do rápido desenvolvimento econômico mundial dos países emergentes, principalmente da China e da Índia. Destaca dois grupos de produtos importantes no mundo, os alimentos e os combustíveis, fazendo citação das irregularidades climáticas que se observam recentemente em diversas partes do globo.
Na realidade, os efeitos inflacionários dos alimentos estão sendo sentidos no final do ano passado e começo deste, principalmente no que se refere aos alimentos, inclusive no Brasil, pois estas commodities são cotadas internacionalmente. Como o crescimento dos dois gigantes asiáticos vem ocorrendo há mais tempo, é possível supor-se que a oferta dos produtos agropecuários vem se comportando de forma a atender a evolução da demanda, com substancial aumento da produtividade. Os desequilíbrios recentes são da natureza dos produtos agropecuários.
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12 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Economia e Política | Tags: aumento do turismo de chineses no exterior, incremento do turismo para a China, reconhecimento da má imagem chinesa no exterior
Também as autoridades chinesas reconhecem que o turismo ajuda na melhoria de sua imagem no exterior. Segundo a agência Reuters tanto o chefe do Conselho de Estado para Informações, Wang Chen, como o chefe da Administração Nacional de Turismo, Shao Qiwei, desejam fomentar o turismo de estrangeiros para a China. Também entendem que o turismo de chineses para o exterior deve continuar aumentando.
Para tanto, desejam trabalhar no sentido de efetuar a promoção indispensável. A agência Reuters entende que problemas com alimentos na China bem como os atritos com o Tibet e Xinjiang prejudicaram a sua imagem no exterior. O comportamento inadequado dos turistas chineses no exterior também preocupa estas autoridades.
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12 de janeiro de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos, Notícias | Tags: anime e mangá dos anos 70, Antonio Inoki, artes marciais e luta livre, Naoto Date, Rikidozan, Tiger Mask | 2 Comentários »
Segundo agências de notícias (Kyodo, NHK), instituições e centros de bem estar para crianças órfãs em diversas cidades do Japão estão recebendo mochilas escolares contendo material escolar, brinquedos, comida e dinheiro, de remetentes que se identificam como o herói de antigo mangá e anime.
Tudo começou no dia de Natal na cidade de Maebashi, província de Gunma, e, depois que o fato foi divulgado pela imprensa, novos casos vêm ocorrendo, um depois de outro, e se espalhando por cidades de várias províncias, principalmente a partir do Ano Novo. (É tradição japonesa presentear crianças no Ano Novo com o “otoshidama”, geralmente em forma de pequena mesada). No dia 25 de dezembro, uma funcionária de centro de assistência infantil em Maebashi encontrou 10 caixas de papelão contendo mochilas escolares com brinquedos na porta da instituição. Acompanhava apenas uma nota assinada “Naoto Date”, pedindo que fossem destinadas a crianças órfãs necessitadas. Não se fazia a menor idéia de quem seria a pessoa ou qual a motivação, quando um funcionário veterano se lembrou que Naoto Date era o alter-ego do herói de luta livre da série de mangá e anime Tiger Mask, dos anos sessenta/setenta.
Tiger Mask- Naoto Date, Antonio Inoki e Rikidozan
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11 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: mais arte do que ciência, perspectivas de longo prazo, posições pragmáticas e moderadas | 2 Comentários »
Mesmo um tanto hermético para os não iniciados, o professor Delfim Netto tem se destacado por apresentações equilibradas e pragmáticas sobre a política econômica no Brasil. Num artigo publicado na sua coluna no jornal Valor Econômico, analisa a longa construção de um país com todas as condições para manter um crescimento econômico equilibrado, ou seja, sem muitas pressões inflacionárias e um razoável equilíbrio das contas externas.
Refere-se ao processo democrático que permitiu a alternância no poder para a presidente Dilma Rousseff, expressando a vontade do povo expresso nas eleições livres. Do ponto de vista econômico, o Brasil se mantém com um equilíbrio fiscal razoável, com as despesas contidas dentro dos limites da arrecadação, ao mesmo tempo em que a dívida pública com relação ao PIB diminui lentamente.
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11 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais | Tags: A Garota da Fábrica de Mísseis, Lijia Zhang, outros livros memoráveis
A Editora Reler, do Rio de Janeiro, publicou em 2010 a versão em português do livro de Lijia Zhang “A garota da fábrica de mísseis – Memórias de uma operária da nova China”, originalmente publicada em inglês em 2008, pela Atlas & Co., com o título “Socialism is great!: a worker´s memoir of the new China”. A intenção expressa da autora é o mesmo deste site, aumentar o conhecimento no Ocidente sobre a verdadeira China. Acaba dando sequência a outros clássicos como “Wild Swans – Three Daugters of China”, de 1991, de Jung Chang, e “The Good Women of China”, de 2002, de Xinran, que também estão disponíveis em português. É um livro agradável que vale a pena ler.
Lijia Zhang trabalha hoje na China como jornalista freelancer, publicando em jornais internacionais de prestígio e escrevendo livros: “Como alguém que conhece profundamente uma cultura que permanece grandemente incompreendida em âmbito mundial, e que consegue se comunicar com as pessoas de fora, espero poder funcionar como uma ponte entre culturas”.
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11 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: pequena abertura para trabalhadores estrangeiros no Japão, queda dos investimentos estrangeiros no país
Observa-se que o jornal econômico Nikkei vem aumentando seus artigos e até editoriais apontando algumas dificuldades enfrentadas pela economia japonesa. Agora, utilizando dados da OECD – Organization for Economic Cooperation and Development, da qual o Japão é participante, informa que o país é dos que menos contam com trabalhadores estrangeiros, mesmo quando comparado a outros asiáticos. Em que pese a tendência demográfica em contar com menos populações entre 15 a 64 anos, que atualmente é de 81,28 milhões e que está estimado declinar para 32 a 49,29 milhões em 2050.
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11 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: atuais dados de construção da China, fusão das empresas chinesas, preparo para a competição internacional
Um dado estatístico de construção da China que assombra todos os competidores internacionais, como a Bombardier, Alstom, Siemens e a Kawasaki Heavy, é o do setor de trem rápido. Em 2010, já completaram 8.358 quilômetros de linhas de trens rápidos implantadas em território chinês, devem atingir 13.000 em 2012 e mais de 16.000 quilômetros em 2015. Atualmente, estão divididas em duas estatais: a CNR – China North Locomotive and Rolling Stock Corp e a CSR – China South Locomotive and Rolling Stock Corp que cogitam fundir-se numa, visando competir nos mercados externos. As autoridades chinesas ainda não deram o sinal verde, esperando que as duas continuem competindo entre elas no mercado chinês, onde atendem em conjunto 90 por cento da demanda. Mas continuam dando todo suporte necessário.
Um artigo de Jamil Anderline, do Financial Times, proveniente de Beijing e publicado no Nikkei, fornece as informações detalhadas, como a meta de aumentarem suas rendas operacionais nos próximos cinco anos para cerca de US$ 22,7 bilhões. Sabidamente, estes dois jornais são responsáveis, não se tratando de propaganda oficial.
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10 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: comentários do Financial Times, cuidados exigidos, declarações de Guido Mantega
Nada mais natural que a política econômica a ser adotada pelo novo governo brasileiro desperte interesse na imprensa mundial. As declarações do ministro da Fazenda Guido Mantega, que continua à frente da principal posição na determinação desta política na nova administração, interessam a todos, principalmente quando concede uma entrevista ao Financial Times.
O mundo enfrenta problemas relacionados com o câmbio e todas as circunstâncias que o cercam, pois são acentuadas as reclamações sobre a exagerada desvalorização do câmbio chinês, e mais recentemente do dólar norte-americano. Na medida em que o governo brasileiro adota medidas para evitar os seus extremos, que tem como contrapartida a flutuação do real, comentários são provocados, pois afetam os fluxos financeiros internacionais.
Ministro da Fazenda Guido Mantega
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