8 de novembro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Notícias | Tags: animais silvestres invadem áreas urbanas, Comentários da NHK-News, prevenções
Recentemente, tem aumentado no Japão casos de animais silvestres (ursos, macacos, javalis) descendo as montanhas e causando danos às pessoas e plantações. A NHK convidou um especialista para discutir os possíveis motivos que levam a tais incidentes, e como poderiam ser prevenidos.
A topografia japonesa e sua peculiar cultura agrícola desenvolveram, por séculos, um relacionamento equilibrado do homem com o meio, graças ao trinômio “floresta (okuyama), campo cultivado (satoyama), e povoado (hitozato)”. Os campos cultivados – tambos e suiden, áreas irrigadas para o plantio como o do arroz – sempre fizeram parte do san-sui, paisagem japonesa de montanha e água, bem dividida e diferenciada: montanhas e florestas produzindo a água impoluta que sustenta o cultivo das colheitas.
Animais selvagens pareciam compreender bem esse limite territorial e respeitaram o habitat humano, sem avançar no satoyama, e vice-versa: o homem tampouco procurou ir além do satoyama. Ademais, animais domésticos como gados, suínos, aves e cachorros eram criados soltos. Animais selvagens sempre detestaram animais domésticos, e não se aproximavam onde estes viviam. Muitos fatores, portanto, contribuíram para que animais selvagens começassem a quebrar esse “acordo”: animais domésticos passaram a ser confinados; houve gradativo desequilíbrio biológico/alimentar nas florestas; animais silvestres começaram a experimentar e apreciar alimentos próprios de humanos, invadindo plantações e revirando lixos; humanos, por seu lado, puseram limites florestais a perigo.
A Iniciativa Satoyama sugere, entre outras propostas, incentivar a adoção de métodos preventivos: reforçar lixeiras, à prova de macacos e ursos; criar cachorros soltos, cujos latidos afugentem bichos; orientar a população a não alimentar bichos com rações e obentôs (lanches), e evitar que deixem restos nos locais de excursão; enfim, criar condições que dificultem bichos a frequentar o ambiente humano e a transitar confortavelmente para além do satoyama. Cuidar para que eles possam sobreviver escondidos nas florestas. Conscientizar pessoas de que se animais selvagens saem de seus habitats e causam danos a humanos são os bichos as grandes vítimas, acuados e ameaçados que estão.
A Iniciativa Satoyama almeja nada mais que trazer de volta as virtudes do antigo trinômio “floresta/campo cultivado/povoado”, e fazer de novo bicho-homem e bicho-animal conviverem harmoniosamente, cada qual no seu quadrado, quer dizer, no seu habitat.
Tudo isto parece mais importante para um país formado por um arquipélago limitado, com muitas montanhas que limitam os espaços habitáveis e exploráveis pelos seres humanos, numa convivência admirável com a natureza. É preciso, também, que os animais selvagens tenham reservas suficientes para a sua sobrevivência.
8 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: difíceis soluções, dificuldades norte-americanas, entrevista da acadêmica Noriko Hama, notícias to The Japan Times
Lamentavelmente, observa-se um desânimo generalizado no Japão que passa por um agravamento de sua longa e difícil situação econômica, sem que seus líderes políticos ou empresariais sejam capazes de apresentar uma proposta consistente para sair da estagnação em que se encontram. Ao mesmo tempo, seu câmbio tende a valorizar-se, apresentando uma perspectiva mais complexa para o futuro. O jornal The Japan Times apresentou um longo artigo da jornalista Tomoko Otake, incluindo uma entrevista com a acadêmica Noriko Hama, professora de economia da Doshisha University Graduate School of Business de Quioto, que tem muitos livros publicados e escreve regularmente para os jornais. Ela trabalhou em Londres por muitos anos, na Mitsubishi Research Institute, um think tank importante do Japão.
A jornalista faz uma referência ao estouro da bolha japonesa nos primeiros anos 90, a quebra dos bancos, seguradoras e grandes empresas, que destruiu a confiança dos japoneses que tinham conquistado a designação de “tigre asiático” no pós-guerra. Passaram pelo que chamaram “década perdida”, que já são de duas dezenas de anos, que reduziram o consumo, os salários e, talvez o mais importante, o “people’s spirit”, ou o espírito do povo. Levando a economia a ser considerada a “ciência sombria”, expressão já anteriormente criada pelos ingleses.
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8 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: a segurança asiática, os problemas com o Japão, países do sudeste asiático, posicionamento da Índia
O poderio que a China adquiriu recentemente, com o seu rápido crescimento econômico e político, incomoda muitos outros países, mais crucialmente os seus vizinhos asiáticos. Mas é um assunto mundial difícil, exigindo grandes esforços políticos, diplomáticos e econômicos de todas as partes envolvidas. Um exemplo deste fato é o destaque dado pelo suplemento do The New York Times, publicado hoje pela Folha de S.Paulo, principalmente em função da viagem do presidente norte-americano Barack Obama à Ásia, com muitos artigos relacionados indiretamente ao assunto.
Ainda que os Estados Unidos passem por uma crise profunda, tanto do ponto de vista econômico como político, ninguém pode ignorar a importância que continua tendo no cenário internacional. A segurança no Pacífico e na Ásia depende de sua atuação, que vem sendo desastrada recentemente, como nos casos do Iraque e do Afeganistão. A reunião do G20 na Coreia do Sul nesta semana é sempre uma esperança, pois propicia também outros contatos diretos e bilaterais, como os que vêm sendo efetuados pelo presidente dos Estados Unidos, antes e também depois do evento. Mas, lamentavelmente, não existem motivos para o otimismo.
Ocupação norte-americana no Iraque e Afeganistão: atuação desastrada
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8 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: artigo na Folha de S.Paulo, atacada por um jacaré, bióloga Deise Nishimura, pesquisadora de botos
O jornal Folha de S.Paulo publica hoje na sua seção de Ciência uma matéria da jornalista Giuliana Miranda, enviada a Manaus, relatando o emocionante depoimento da bióloga Deise Nishimura. Ela é pesquisadora do INPA – Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia e vinha pesquisando os botos cor-de-rosa quando foi atacada por um gigantesco jacaré-açu, que chega a atingir seis metros, quando limpava um peixe na sua casa flutuante, na beira do rio, tendo a sua perna arrancada ao ser arrastada para o fundo do mesmo rio. Isto aconteceu no final do ano passado na reserva de Mamiarauá na região de Tefé, no Amazonas, tendo sido noticiado pela imprensa.
Agora, depois de ter a sua perna amputada e recuperada, ela, que fez um depoimento do acontecido em Manaus, revelou a intenção de voltar às suas pesquisas. O jacaré a levou ao fundo do rio que tinha cerca de três metros. Ela se salvou, pois adquiriu a intuição que estes animais podem ser sensíveis no nariz e ela apertou com força duas aberturas na cabeça, que ela não sabe se seria o nariz ou os olhos.
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7 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: diferenças de Lula e Obama, excesso de liquidez, falta de confiança, objetivos cambiais
Um interessante artigo publicado no Financial Times e reproduzido na Folha de S.Paulo de hoje, com o título “Falta de confiança na economia dos EUA ameaça plano do FED”, que adota uma posição semelhante ao do professor Delfim Netto no Brasil, mostra que o aumento de liquidez de US$ 600 bilhões provocado pelas autoridades monetárias norte-americanas corre o risco de somente provocar a desvalorização do dólar, sem estimular a economia daquele país.
Na realidade, tanto as empresas norte-americanas como os bancos estão com excedentes de recursos, não havendo necessidade de recursos adicionais para estimular seus investimentos, que poderiam aquecer um pouco a economia daquele país. Eles não investem suas disponibilidades por não estarem confiantes não só no governo de Barack Obama como na ativação do consumo nos Estados Unidos, num horizonte razoável do futuro.
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7 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: a guerra cambial está se ampliando, as posições não convergem, uma verdadeira guerra econômica | 2 Comentários »
Mesmo entre os profissionais de economia que acompanham o noticiário internacional, sente-se nos últimos dias, na proximidade da reunião em nível presidencial do G20 na Coreia do Sul, que está em marcha uma verdadeira guerra econômica, com todos os países contrariando uns aos outros, provocando uma verdadeira e perigosa balbúrdia mundial. Todos reclamam do câmbio da China, que por sua vez também se junta ao coro dos protestos com a inundação de dólares no mundo provocado pelas medidas do FED norte-americano. Medidas de proteção contra a desvalorização do dólar norte-americano e do yuan chinês desencadeiam contramedidas comerciais, tributárias e comerciais em muitos importantes países e blocos, inclusive emergentes.
Ao mesmo tempo, procuram-se formar grandes áreas de associação de livre comércio, que acabam prejudicando os não incluídos nestes grupos. Acordos bilaterais também acabam sendo firmados, que certamente provocarão reações de outros países. Não se pode ter a esperança de um mínimo de consenso na reunião dos G20, que tende a se tornar um palco de reclamações de todos que possuem alguma importância no cenário econômico internacional.
Reunião ministerial do G20 realizado recentemente na Coreia do Sul
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7 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Gastronomia | Tags: alimentação cotidiana, chineses, coreanos, diferente da alta gastronomia, japoneses | 4 Comentários »
Um interessante artigo foi publicado no jornal japonês Nikkei sobre o sucesso de uma empresa do Japão, a House Foods, na China. Eles estão ampliando a venda de diversos produtos utilizando o “curry” indiano, adaptando os utilizados no Japão para os paladares dos chineses. Na realidade, há uma distorção dos ocidentais sobre os costumes alimentares dos asiáticos, imaginando que os japoneses, por exemplo, vivem comendo sushis e sashimis, que são caros. Uma jornalista brasileira ficou muito satisfeita no Japão ao descobrir que os mais usuais do cotidiano são baratos udons (massas feitas de trigo) ou sobas (massas feitas de trigo sarraceno) na forma de sopas, com custos em torno de US$ 5 por tigela.
Também são usadas cotidianamente adaptações japonesas do lámen chinês (massa na forma de sopa), do yakissoba (massas com legumes e carnes preparados na chapa), do “curry” indiano, normalmente servido com arroz, bem como “guiudon” (carnes sobre o arroz em tigelas), todos de custos modestos. Algumas refeições são acompanhadas de picles e um missoshiru (sopas de pasta de soja). Também são muito consumidos os odens, cozidos de legumes e massas derivadas de peixes, mantidas em caldos, até vendidos em barracas na rua, principalmente à noite. Muitos destes pratos já se tornaram populares no exterior, inclusive em São Paulo.
Missohiru, guiudon, oden e yakissoba: pratos do dia-a-dia no Japão
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5 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Integração | Tags: outros empreendimentos, siderurgias no Brasil, Vale com a Posco coreana
Se havia um comportamento pouco compreensível da Vale que se concentrava na exportação de minérios no Brasil e exploração de jazidas no exterior, depois do presidente Lula da Silva ter manifestado a sua insatisfação ao presidente da Vale, Roger Agnelli, parece que a empresa mudou totalmente de orientação. O jornal O Estado de S.Paulo, num importante artigo da jornalista Mônica Ciarelli, informa que a usina de Pacém, no Ceará, será implementada com a Vale contando com 50% do seu controle, a Dongkuk coreana com 30% e a Posco, a primeira siderurgia coreana e terceira do mundo, com 20%, utilizando a tecnologia e experiência comercial da última.
Não só isto, mas o artigo informa que a Vale tem em seus planos a Companhia Siderúrgica do Atlântico, no Rio de Janeiro, a Companhia Siderúrgica, de Vitória, no Espírito Santo, e a Aços Laminados, do Pará, no Estado do Pará. Dispondo dos melhores minérios do mundo, o mais racional, como imaginado pelo governo, era que a Vale caminhasse celeremente na sua industrialização, acrescentando emprego e valor adicionado no Brasil.
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5 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: importância do Congresso nos Estados Unidos, influências em todo o mundo, limitações para o presidente Barack Obama
Muitos analistas, em todo o mundo, mostram-se preocupados com os efeitos dos resultados eleitorais nos Estados Unidos, fazendo com que o presidente Barack Obama fique mais fragilizado do que já se encontrava com os resultados pífios que vem conseguindo na reativação da economia daquele país. O FED norte-americano, que é independente do Executivo naquele país, com a injeção de mais US$ 600 bilhões no mercado visando manter a competitividade daquela economia, atrai mais oposições externas, como o que deve sofrer na próxima reunião do G20 na Coreia do Sul, inclusive do presidente brasileiro Lula da Silva, que estará acompanhado da presidenta eleita Dilma Rousseff, diante da guerra cambial que isto estimula.
Perdendo a maioria na Câmara dos Deputados para os republicanos, o presidente Barack Obama não terá condições de aprovar seus projetos, tendo que se submeter às orientações mais protecionistas e conservadoras, relevando responsabilidades dos Estados Unidos na estabilidade mundial, inclusive na Ásia que passa por tensões diante do agigantamento chinês.
Prédio do Congresso Norte-Americano o presidente Barack Obama
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4 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Gastronomia | Tags: aumento do intercâmbio, experiências de chefs japoneses no Brasil, saquê com pratos ocidentais
Para alegria dos amantes da boa gastronomia, o suplemento Paladar de hoje, do jornal O Estado de S.Paulo, traz algumas reportagens de grande interesse. Numa matéria bem ampla, de Luiz Horta, informa-se detalhadamente sobre o saquê, o prestígio que conseguiu em famosos restaurantes de Nova Iorque, bem como as múltiplas variedades existentes. Mas, o mais importante, são as experiências de compatibilização feitas em São Paulo com pratos da culinária brasileira, italiana e francesa.
De outro lado, Cintia Bertolino informa sobre a experiência do chef Yoshihiro Narisawa, proprietário do Les Créations de Narisawa, no elegante bairro de Minami Aoyama, em Tóquio. Ele esteve em São Paulo visitando a Ceagesp, onde pôde provar na Frutífera Trindade sapoti, pequi, atemóia, jabuticaba e açaí, ficando em dúvida como seria utilizá-los na sua culinária. Ele as achou todas saborosas e que deveriam ser consumidas, naturalmente, como frutas mesmo. O jornalista Luiz Américo Camargo visitou seu restaurante em Tóquio, ficando maravilhado com suas originalidades pelo uso de matérias-primas não convencionais.
Pequi e jabuticaba, exemplos de frutas do Cerrado, e saquê puro e de qualidade
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