Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Crescentes Atenções Sobre a Índia

28 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Integração | Tags: atenções mundiais, elevado crescimento hindu nos últimos 30 anos, eventos para melhor conhecimento na América Latina

O gritante desconhecimento dos latino-americanos sobre a Ásia, e vice-versa, faz com que nosso conceito sobre países como a Índia e também a China seja de países extremamente pobres e populosos. Mas as atenções sobre a Índia estão se atualizando, na medida em que se constata que ela vem registrando nos últimos 30 anos um crescimento médio impressionante de 6,3% ao ano, contando com uma classe média estimada em mais de 600 milhões de consumidores, enquanto no Brasil se conta com cerca de 40 milhões.

O BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento vem tentando suprir este desconhecimento, com elogiáveis iniciativas como a publicação de um Special Report on Integration and Trade, coordenado pelo brasileiro Maurício Mesquita Moreira, com o título “India: Latin America’s Next Big Thing?” Ele concedeu uma entrevista publicada hoje no jornal Valor Econômico.

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“Kôyô Zensen” – Matizes de Outono

28 de outubro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Cultura, Depoimentos | Tags: Arashiyama, contemplação de paisagem outonal, Parque Nacional de Nikko; “momiji gari”, Quioto; Irohazaka

Apesar da exígua extensão territorial se comparada a países continentais como o Brasil, 70% das terras do Japão são montanhas não habitadas, cobertas de florestas e banhadas por riachos cristalinos. Terras são muito prezadas pelos japoneses, suas montanhas e florestas, reverenciadas. Grande parte de árvores dessas florestas preservadas se constituem de espécies deciduifólias, como nas outras regiões do hemisfério norte: árvores que se desfolham no inverno, cujas folhas se tingem de diferentes matizes de amarelo, laranja e vermelho, no outono.

São bordos e ácers diversos (kaede, momiji, sugar maple), ginko bilobas (ichô), sumagreiras (urushi, árvore que produz o verniz de charão), altaneiras (keyaki), paulownias (kiri), entre outras. As folhas começam a mudar de cor em meados de setembro, a partir da região norte, desde Hokkaido. A coloração outonal avança em direção ao sul, nos meses de outubro e novembro, acompanhando a feliz disposição geográfica do arquipélago. Chamado de kôyo zensen -“frente de folhas tingidas”, esse avanço é anunciado diariamente pela mídia. Jornais estampam fotos das montanhas e colinas coloridas, emissoras de televisão mostram espetaculares paisagens tingidas de tons que vão do amarelo claro ao vermelho escuro, passando pelo laranja, misturados ao verde contrastante das árvores de folhas perenes.

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Ensino do Mandarim em São Paulo

27 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: dificuldades, ensino do mandarim em São Paulo, iniciativas privadas, interesses despertados pela China

O ensino de uma língua estrangeira, cuja raiz nada tem a ver com o latim, num país onde o idioma oficial é o português que derivou de uma de suas versões populares, certamente é um grande desafio. E principalmente quando a iniciativa é privada, sem um apoio da China. Os analistas que acompanham iniciativas semelhantes, como as relacionadas com o ensino do idioma japonês, que recebeu fortes influências da China, ficam estupefatos com o interesse existente por apreciável número de alunos brasileiros, suficiente para provocar a iniciativa de diversas conhecidas escolas.

O jornal Valor Econômico traz uma reportagem escrita pelo jornalista Luciano Máximo, que informa que os prestigiosos colégios privados Mater Dei e Humbolt já adotam as lições de mandarim como optativas, no que será seguido pelo Visconde de Porto Seguro, que é de tradição dos imigrantes alemães. O projeto está na agenda de outros, como os colégios Bandeirantes e Vértice. Acredita-se que é do conhecimento geral dos brasileiros que o povo chinês usa diferentes idiomas, como o cantonês, o pequinês e outros, dependendo da região daquele país. O mandarim foi introduzido para a elite dos funcionários do estado chinês, servindo atualmente para que as diversas etnias e regiões da China tivessem um idioma comum.

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Crescente Participação Chinesa na Economia Mundial

26 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Intercâmbios | Tags: China e o intercâmbio com a América Latina, intercâmbio com a África

A China, com o seu recente desenvolvimento acelerado, se tornou o principal parceiro comercial das mais importantes economias do mundo, como os Estados Unidos, o Japão e até o Brasil. Agora, avança com assustadora velocidade sobre a América Latina toda, bem como sobre a África Subsaariana, como anunciam dois artigos publicados no Valor Econômico, o primeiro do presidente do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, Luis Alberto Moreno. Não se trata somente do Brasil, mas de toda a América Latina que junta possui um PIB próximo do chinês em 2009.

O segundo artigo, da jornalista Sarah Childress, do Wall Street Journal, mostra que na África Subsaariana, onde os chineses são extremamente agressivos na obtenção de fontes de matérias-primas básicas, o comércio com a China contribui muito para a sua expansão.

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Intercâmbio Sino-Brasileiro

26 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Intercâmbios | Tags: Conselho Empresarial Brasil China, exposição do embaixador da China, visita da delegação brasileira à China

O Conselho Empresarial Brasil-China, presidida pelo embaixador Sérgio Amaral na sua parte brasileira, vem desempenhando um papel de grande importância no intercâmbio bilateral. Segundo a sua recente publicação trimestral, o embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaoqi, participou de uma mesa-redonda em São Paulo, da qual participaram 50 empresas chinesas e brasileiras. Ele ressaltou que o Brasil é uma prioridade para a China e que empresas chinesas vêm uma série de oportunidades de investimentos neste país. Convidou as empresas brasileiras a examinarem as oportunidades na China, e declarou que o mercado chinês está aberto para os brasileiros.

A mesma publicação relata a visita efetuada pela delegação brasileira do CEBC à China, mantendo reuniões com os chineses em Xangai, no pavilhão brasileiro da Expo Xangai 2010. No dia 9 de outubro, houve uma reunião do presidente da seção brasileira, embaixador Sérgio Amaral, com o presidente da seção chinesa, Miao Gengshu, que será substituído brevemente. Discutiu-se a utilização de universidades para promover cursos e eventos em ambos os países. Colocoram-se aos chineses as oportunidades existentes com a próxima Copa do Mundo e Olimpíadas.

CEBC

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Notícias e Curiosidades do Japão

25 de outubro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Notícias | Tags: na semana da biodiversidade, notícias da NHK

A televisão oficial japonesa NHK divulgou as seguintes notícias que constituem curiosidades:

Sininhos para afastar ursos – Turistas que vão às regiões montanhosas apreciar as cores do outono estão notando que a venda de “sininhos” para afugentar ursos estão em alta, vendendo-se quase o dobro do que no outono de anos anteriores. São sininhos para pendurar nas mochilas ou no cinto, cujo barulho assusta e afugenta ursos. Jornais e TVs alertam para o aumento de ataques de ursos nas áreas rurais, nesta época em que japoneses apreciam excursionar pelas montanhas. Lojas de conveniências de alguns locais não estão dando conta do estoque de sininhos.

Chuvas em Amami-Ôshima – Chuvas torrenciais têm castigado o sul de Kyushû, mais duramente a Ilha de Amami-Ôshima, causando desmoronamentos e inundações que desabrigaram centenas de pessoas. A NHK informa que o mar de coral de Amami foi coberto pela lama que as águas da chuva levaram mais de 100 metros mar adentro. Corais necessitam de muita claridade e luz solar para se desenvolver e sobreviver. Mergulhadores constataram que lama e areia, de 10 a 20 centímetros de espessura, cobriram os corais. Teme-se pela integridade dos mesmos.

A noção de furusato/satoyama – Furusato/satoyama (torrão natal) são palavras que trazem à memória a imagem nostálgica da proximidade do homem com a natureza. A topologia peculiar do Japão, aliada à herança agrocultural, proporcionou uma coexistência equilibrada entre homem e natureza que muito contribuiu para que o nível da biodiversidade tivesse sido protegido. Autoridades japonesas querem aproveitar essa herança cultural e promover o que eles denominaram Iniciativa Satoyama, durante o COP10 em Nagóia. A NHK pretende acompanhar o papel desta iniciativa, e como ela poderá ser usada, até internacionalmente, para promover a biodiversidade.


Intercâmbio da Índia com o Japão

25 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Integração | Tags: assinatura do FTA, outros entendimentos, visita do premiê da Índia ao Japão

Todos sabem que a Índia é um gigantesco e complexo país asiático com mais de um bilhão de habitantes, contando com uma ampla diversidade étnica e religiosa, longa história e cultura respeitáveis, que está crescendo economicamente a cerca de 9% ao ano em 2010. Seu primeiro-ministro Manmohan Singh está visitando o Japão, tendo assinado um FTA – Free Trade Agreement com o primeiro-ministro japonês Naoto Kan, concluindo um importante entendimento bilateral que vinha sendo discutido desde 2007.

A Índia vem estabelecendo diversos acordos de expressivos montantes com o Japão, como o relacionado com a melhoria de um grande eixo que vai de Delhi a Mombei, com a participação de dezenas de grandes empresas japonesas e a retaguarda do governo japonês. Neste eixo, além da melhoria da estrutura ferroviária até o porto, muitos projetos de saneamento bem como melhorias de atendimentos sociais à população estão sendo implantados, com o envolvimento de autoridades das cidades beneficiadas.

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Manmohan Singh e Naoto Kan

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Estímulos Externos Para a Índia

25 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: estímulos dos Estados Unidos, papel da China na Ásia, receios do papel da China

Parece claro que alguns países ocidentais entendem que a Índia, por contar com um sistema democrático, deve ser estimulada a um desenvolvimento mais rápido, para exercer um papel estratégico na Ásia contrapondo-se à China. Num artigo constante do site do Financial Times, os jornalistas James Lamond e Anjli Raval, de Nova Delhi, e Michiyo Nakamoto, de Tóquio, publicam um artigo informando que os Estados Unidos estimulam a Índia a ter um papel mais importante na Ásia.

Eles entendem que a próxima visita do presidente Barack Obama visa um papel mais importante na Ásia, tanto do ponto de vista comercial, político como de segurança internacional conjunta. Informam que países asiáticos ficam mais ansiosos com as pretensões chinesas. Reportam ao estabelecimento do acordo de livre comércio estabelecido com o Japão na atual visita do primeiro-mnistro hindu a aquele país, como primeiro passo da viagem que envolve o Vietnã a Malásia.

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Primeiro-ministro hindu Manmohan Singh durante entrevista coletiva a jornalistas japoneses

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Contrastes Entre Consumidores de Diferentes Países

25 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: aquecimento do consumo brasileiro, reticências dos consumidores japoneses, viagens internacionais

O jornal Folha de S.Paulo reproduz um artigo do jornalista Martin Fackler no seu suplemento do The New York Times mostrando que os jovens no Japão não compram, dificultando a recuperação da economia daquele país que passa por um processo de deflação e dificuldades na recuperação econômica. Diferem de alguns europeus que continuam desejando um nível de bem-estar acima do possível com a sua produção, e dos consumidores dos países emergentes como o Brasil, que exageram nas suas viagens internacionais.

Entre os brasileiros, o presidente Lula da Silva, com seu carisma, conseguiu que os consumidores continuassem a comprar, quando o mundo foi atingido pela última crise. Explicou que se retraíssem o seu consumo, o impacto da crise seria mais profundo, e acabou colhendo um resultado que surpreendeu todos os demais países, com uma recessão mínima, e uma recuperação vigorosa.

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Lições de Arte da Política na China

25 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: antepassado, carreira administrativa, educação, lições de Xi Jinping, linha de menor resistência, luta de facções, revolução cultural

A política não é ciência e sim uma arte em qualquer parte do mundo, mas principalmente em regimes mais fechados e de grande diversidade de interesses, regionais e econômicos, como na China. Xi Jinping mostrou-se um mestre nesta arte, tendo preenchido todas as condições para ser escolhido como o mais provável líder a ocupar a próxima posição de presidente, secretário-geral do Partido Comunista e comandante militar máximo da gigantesca China. Um importante artigo do escritor e jornalista Geoff Dyer, chefe da sucursal do Financial Times em Beijing, fornece muitas informações importantes sobre ele.

Xi Jinping é filho do líder guerrilheiro Xi Zhongxun que chegou a vice-presidente da China, mas que foi perseguido durante a Revolução Cultural. Xi Jinping foi enviado para trabalhar no meio rural em Shaanxi por muitos anos durante a sua juventude. Lutando por todos os meios, até esportivamente numa espécie de luta livre chinesa, conseguiu manobrar e voltar para estudar engenharia química, ciência social e direito na prestigiosa Tsinghua University, frequentada por muitos da elite chinesa.

Recebeu depois a missão para atuar na Província de Hebei, onde havia uma resistência para a utilização dos mecanismos de mercado, e criou com sucesso o movimento “Journey to the West”, visando interiorizar o desenvolvimento chinês. Ele foi transferido para a Província de Hebei na desenvolvida costa leste chinesa, onde se tornou governador e conquistou a fama de um líder pragmático que conseguia implementar reformas, conceito que reforçou atuando na Província de Zhejiang. Passou um curto espaço de tempo também em Xangai, a principal metrópole chinesa. Acumulou, portanto, experiências no meio rural e nas grandes cidades, por longos 25 anos, sempre de forma discreta na imprensa, como é conveniente na China.

Mesmo assim, possivelmente como consequência da resistência criada pela desigualdade social na China, ele não obteve sucesso na tentativa de ser eleito como membro do poderoso comitê central do Partido, por ser considerado da elite, episódio do qual tirou lições. Encontrou tempo para se casar com Peng Liyuan, uma famosa cantora de músicas folclóricas com destaque na mídia, mas ele se manteve low profile. Acumulou muitos trabalhos discretamente, ganhando o respeito dos líderes chineses mais hierarquizados, como político e administrador experimentado.

Xi Jinping e esposa

Recentemente, a política chinesa que sempre teve correntes diversas está dividida entre dois grandes grupos, sendo o de Xangai formado pelos seguidores do antigo presidente Jiang Zemin, que se antepõe aos seguidores do atual presidente Hu Jintao, que tem expressado tendência mais reformista, censurados internamente na China. Xi Jinping conseguiu manter-se com bom trânsito entre os dois grupos, sem participar explicitamente de nenhum dos dois, o que permitiu a sua escolha, ainda que não fosse a primeira opção do atual presidente Hu Jintao. Ele recebeu missões de viagens pelo exterior, inclusive no Brasil, onde contratou o empréstimo chinês de US$ 10 bilhões para a Petrobras, como vice-presidente, possivelmente para somar algumas experiências internacionais no seu currículo.

Mas até Xi Jinping assumir a posição de líder máximo da China, ainda existem muitas negociações políticas a serem consolidadas nos próximos dois anos, para os quais ele conta com todas as qualificações necessárias, como escreveu recentemente Geoff Dyer.