24 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Saúde, webtown | Tags: disseminação para o interior, melhoria das elites, o poblema da saúde para a população, os custos
O problema da saúde no Brasil é dos mais complexos. Ainda que tenha muitos lugares onde se proporcionam assistências médico-hospitalares da melhor qualidade, elas estão concentradas em alguns centros urbanos, com elevados custos para os seus usuários. Grande parcela da população, tanto das periferias das grandes metrópoles como as regiões mais distantes do país, conta com enormes insuficiências nos seus atendimentos. A medicina, em termos mundiais, é um dos poucos setores onde o desenvolvimento tecnológico costuma resultar em custos mais elevados, tanto em novos equipamentos e atendimentos médicos como em tratamentos de todos os tipos, inclusive dos medicamentos que estão sendo desenvolvidos, que envolvem custosas pesquisas.
A Constituição brasileira de 1988 consagrou o SUS – Sistema Único de Saúde como o sonho ainda não realizado de atendimento universal e gratuito da população brasileira. Conta com sistemas até dos normalmente deficientes estabelecimentos públicos, com instituições privadas complementares com preferência para as instituições beneficentes, e de hospitais integralmente privados que tendem a se concentrar nos atendimentos daqueles que contam com condições privilegiadas do ponto de vista econômico, ainda que sejam dos chamados planos de saúde. Estes são objetos de constantes reclamações, pois as autoridades ampliam as suas exigências sem a correspondente elevação dos seus preços, além da ganância de muitos dos seus responsáveis por resultados expressivos. Os muitos médicos formados recentemente, mesmo com suas eventuais deficiências, tendem a se concentrar onde podem se manter atualizados, que são próximos aos grandes centros universitários.
Vista aéres do Complexo do Hospital das Clínicas da USP
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24 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: capacitação de todos os recursos humanos, dificuldades com as notícias rápidas, necessidade de melhoria da educação em todos os níveis
Observando-se as discussões atuais sobre as manifestações populares que se observam nos últimos dias no Brasil, apresentando as reivindicações de grandes coletividades na rua, nota-se que o despreparo educacional vai das autoridades, dos acadêmicos, dos jornalistas como até dos supostos líderes de alguns movimentos, demonstrando o fracasso da educação no Brasil. Postamos no dia 21 de junho um artigo sobre o Prêmio Nobel Amartya Sem, referindo-se ao assunto da educação básica na Índia comparando com o que a China vem fazendo. O caso brasileiro parece merecer também uma consideração semelhante, com elevada prioridade para a educação básica, de onde vai se exigir aperfeiçoamento até nos níveis universitários, capacitando a todos com uma visão humanística mais profunda.
Postamos, também, um artigo sobre as lições do indiano Salman Khan, apoiado no Brasil pela Fundação Lehmann, que coloca a disposição dos estudantes brasileiros, gratuitamente pela internet, uma grande massa de lições de elevada qualidade didática. Outras tentativas também estão em andamento, como a disseminação do método Kumon. O que se espera é que, além de tudo isto, com a orientação governamental de uso integral dos recursos do pré-sal para a educação, haja sensíveis avanços no atendimento desta legítima reivindicação popular.
Imagens de Confúcio, Dante Aleghieri, Tomás de Aquino e Martin Lutero
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24 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: alternativas disponíveis, fonte de recursos, melhoria da mobilidade urbana no Brasil
As manifestações populares estão indicando que o problema dos transportes nos grandes centros urbanos brasileiros é uma questão prioritária. Mas poucos estão apresentando suas sugestões para uma melhoria racional dos meios disponíveis para a sua melhoria. O suplemento Mobilidade Urbana do jornal Valor Econômico se mostra oportuno para uma discussão do que pode ser feito, tanto em termos de metrô, subterrâneos e elevados, aproveitamento das linhas férreas urbanas já existentes, bem como as demais alternativas disponíveis, experimentadas em muitos lugares do mundo, que estão atrasadas no Brasil.
Na ânsia de manter o nível de emprego nos últimos anos, acabou-se estimulando a indústria automobilística, com a redução de tributos para os veículos. É uma cadeia que provoca diversos impactos entre os seus muitos fornecedores, e os créditos aumentaram rapidamente os veículos nos centros urbanos, infelizmente muitos de uso individual. Os transportes coletivos que deveriam ser mais importantes acabaram ficando com organizações que sempre contribuíram para as campanhas eleitorais, diante dos muitos pagamentos em dinheiro, que são difíceis de serem controlados. Para que o seu trânsito fosse mais rápido, poucas vias foram reservadas, começando com os projetos em Curitiba.
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23 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: muito além do patrimônio natural, significado para o Japão, Unesco considera Monte Fuji patrimônio cultural da Humanidade | 1 Comentário »
Como todos sabem, o Monte Fuji é o marco mais importante que identifica o Japão para o mundo. Além de sua beleza natural, que já tinha sido reconhecida pela UNESCO – Agência das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura em 2011 como patrimônio natural, agora foi aprovado neste sábado, 22 de junho, pelo mesmo organismo como patrimônio cultural da Humanidade. Muitos japoneses o consideram como sagrado, como é costume na religião xinto, e o escalam no mínimo uma vez na vida, tendo sido motivador de diversas obras de arte consagradas. Um dos exemplos mais conhecidos são as famosas gravuras mundialmente reconhecidas como mais representativas do Ukiyo-e, do artista Katsushiko Hokusai, “36 Vistas do Monte Fuji”.
São infindáveis as formas de aproveitamento da figura do Monte Fuji, quer composto com outros elementos que lembram o Japão e sua cultura, tanto em fotos, gravuras como pinturas. Todas as formas de manifestação da cultura japonesa acabam sendo influenciadas pela sua magnitude.
Mountain majesty: Cherry trees are in full bloom outside a five-story pagoda in Sengen Park in Fujiyoshida, Yamanashi Prefecture, at the base of Mount Fuji in 2009. UNESCO decided Saturday to give Japan’s highest mountain World Heritage status. | KYODO
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21 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: mas movidos pela emoção, múltiplas análises do que acontece atualmente no Brasil, os perigosos comportamentos de manada dos grandes grupos, os seres humanos racionais, otimismos e pessimismos, racionalidade dos mais idosos
É evidente que os seres humanos não são totalmente racionais, se comportam muitas vezes de formas emotivas, que podem ajudar em muitos aspectos quando otimistas, mas prejudicam quando pessimistas. Mas parece que a acumulação de experiências tem que ajudar na compreensão adequada dos problemas pelos quais estamos passando no Brasil, com a racionalidade possível. Diversos pronunciamentos de experientes acadêmicos e analistas amadurecidos, mesmo que emocionados com o que está ocorrendo, possuem a sensatez para se preocupar com algumas tendências que se observam, como a negação de todos os mecanismos políticos e democráticos, tendendo ao anarquismo. Tudo indica que a energia liberada por estas surpreendentes manifestações serem aproveitadas necessitam ser canalizadas, dentro dos mecanismos que foram sendo aperfeiçoados pela humanidade ao longo de sua história, para convivência até dos que pensam de forma diferente.
Como está se tornando usual, agradou-me especialmente a análise que foi feita pelo The New York Times por um grupo de jornalista, como já postei neste site, por proporcionar uma possibilidade de comparações internacionais. No plano interno, a entrevista feita por Robinson Borges com o professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, Gabriel Cohn, publicado no suplemento Eu & Fim de Semana do jornal Valor Econômico, ainda que sintética, expressa com precisão, na minha modesta opinião, as interpretações e ponderações que necessitam ser apresentadas pelos mais experientes. Concordo com suas respostas em gênero, número e grau, e partilho das mesmas preocupações. Ainda que outras versões também sejam apresentadas no mesmo suplemento para permitir um julgamento mais ponderado, como as entrevistas com a professora Lourdes Sola e Howard Rheingold, autor do livro “Smart Mob”, falando do que ocorreu na Primavera Árabe, no Occupy Wall Street e agora na Turquia.
Lamento que muitas personalidades estejam expressando pelo Facebook sentimentos meramente emocionais e com claros posicionamentos individuais que devemos respeitar, ainda que não concordando com eles. Principalmente quando parte de pessoas que já deveriam ter a capacidade de julgar o que está acontecendo agora no Brasil, com os olhos voltados para o que acontece também no mundo, em diversos países, mesmo que cada caso seja um caso, não permitindo a elaboração de uma teoria sobre estes processos complexos, que não terminam facilmente, e nem sempre apresentam contribuições positivas como as desejadas por todos.
Muitos estão confundindo cautelas com perplexidades e, depois de tudo consolidado, tende-se a verificar que as mudanças ainda que desejadas continuem sendo pequenas. Fala-se de milhões de manifestantes, o que parece respeitável, mas não se fala muito dos outros milhões, talvez maiores, que estão sendo prejudicados nos seus direitos de ir e vir livremente pelas manifestações, algumas violentas com os seus direitos atingidos. Expressam-se como se tudo fosse permitido, sem nenhum custo para ninguém. Tudo que for atendido das mais legítimas reivindicações vai custar algo, em cortes de outros programas ou tributações adicionais. Não existe milagre em economia, lamentavelmente.
É evidente que existem erros que foram apontados, e esperanças que muitos sejam corrigidos, com sensatez ou instinto de sobrevivência, inclusive política, por parte das autoridades. Ainda que muitos sonhem com mecanismos apartidários, o fato concreto é que nas democracias as decisões acabam sendo tomadas pelas posições majoritárias, onde os mais modestos também têm os mesmos votos dos que se tiveram a oportunidade de chegar a ser universitários. Os direitos dos que estão trabalhando e precisam se deslocar para suas casas necessitam ser respeitados, como os manifestantes podem expressar livremente suas opiniões, nos lugares e locais adequados. Terão que participar das eleições, se possível como candidatos ou, no mínimo, como eleitores para escolherem os seus preferidos, participando da política. A democracia direta e popular não parece exequível num país de grande dimensão.
Em todo este conjunto existem os pessimistas que imaginam que os problemas são exclusivamente brasileiros, sem olhar para o que está acontecendo no mundo, dependendo somente da vontade das autoridades. Os otimistas, ainda que reconhecendo as limitações, acreditam que manifestações populares como as que estão ocorrendo ajudam na superação de muitas dificuldades, ainda que existam muitos obstáculos a serem vencidos, com o trabalho de todos.
21 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias, Saúde, webtown | Tags: artigo sobre as qualidades do Kiwi no site istoejapao, mas disseminado pela Nova Zelândia para o mundo, no Japão, originário da China, produto disseminado em todo o mundo
Encontrei outro artigo de grande interesse para todos que pode ser acessado pelo http://www.istoejapao.com/?p=1998 mantido no blog Istoejapao, em português, pelos brasileiros lá residentes, Marcelo Miyashita e Nill Tomie. Consta do WebTown com quem estamos intercambiando artigos. Trata-se do kiwi, que é de origem chinesa, mas que acabou sendo amplamente produzido na Nova Zelândia onde se deu muito bem, com o seu consumo disseminado por todo o mundo. Todos sabem que esta saborosa fruta é muito rica em vitamina C, mas tem muitas outras qualidades como pode ser conhecido pela leitura completa do artigo aqui resumido. Apesar dos produtos encontrados no Brasil serem um pouco mais ácidos, principalmente quando não se encontra devidamente amadurecidos.
O artigo informa que as pesquisas sobre suas qualidades foram feitas pela respeitável FDA – Food and Drug Administration dos Estados Unidos, que controlam os medicamentos e alimentos que podem ser utilizados naquele país. No Japão, esta fruta é também apresentada em outros produtos industrializados, mas que pode ser consumida naturalmente em diversas formas como salada, sobremesas, combinada com outros, processada como sucos, de forma simples, que parece sempre mais interessante.
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21 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo no Valor Econômico, café sombreado, noticia sobre o grupo Monteiro Tavares, pioneiros
Os especialistas informam que o café plantado em áreas sombreadas proporciona uma bebida de qualidade porque seus frutos amadurecem de forma mais uniforme. O jornal Valor Econômico noticiou há alguns dias que o grupo mineiro Monteiro Tavares está plantando café à sombra do mogno, num projeto que visa associar uma produção mais rápida com a extração do mogno que demanda uma espera de 12 a 16 anos até o primeiro corte. Como todos sabem, o mogno é uma madeira nobre muito utilizada em mobiliários de alta qualidade desde séculos, quando era disponível em matas naturais.
O café plantado com outras associações sempre foi comum, mas porque o café até ser planado em renques confinados levava anos para começar a produzir, e culturas intercalares de diversos tipos eram comuns. Agora, com as exigências de madeiras certificadas, as plantações de mogno também se tornaram necessárias, havendo culturas de alto valor comercial como o café para sustentar o período de sua maturação. Estas variadas técnicas não são recentes, havendo exemplos pioneiros do começo do século XX.
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21 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a expansão dos tubos nos Estados Unidos, o desaquecimento chinês e suas consequências, os problemas para os brasileiros
A indústria siderúrgica continua sendo um dos pilares de qualquer econômica, tanto que os Estados Unidos sempre o ligou com a sua independência militar, além dos alimentos e de suprimento de energia, como o tripé que assegura o seu poderio. A China, que desenvolveu a maior capacidade siderúrgica do mundo, com o seu consumo de minério acabou beneficiando o Brasil e outros fornecedores. Conta com a Wuhan Iron & Steel e seus oito alto- fornos, que impressiona a todos mesmo considerando as dimensões chinesas, sendo hoje o sexto maior grupo do mundo no setor como empresa, ao lado de outras gigantes chinesas. Com a desaceleração do crescimento da economia chinesa, ela que mais cresceu nos últimos cinco anos, está já com 20% de capacidade ociosa, tanto pela queda do consumo do aço nos Estados Unidos como na China, segundo artigo publicado no Financial Times.
Num outro artigo publicado pelo mesmo jornal, informa-se que nos Estados Unidos a indústria siderúrgica voltada para os tubos passa por um período excelente, pois a produção de óleo e gás do xisto está provocando uma explosão de sua demanda. A Vallourec de origem francesa está se beneficiando como outras também especializadas em tubos, que são intensamente utilizados para a exploração do xisto. Na indústria siderúrgica brasileira, sempre se contou que poderia ser prejudicada, principalmente no comércio internacional, se os chineses desacelerassem o seu crescimento econômico, tanto pela guerra de preços que provocariam com seus produtos como pela redução da demanda de minérios.
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21 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: avaliações internacionais, muitos países ainda não entendem, paralelos com outros movimentos
Partilho da opinião de que se não temos parâmetros para comparar o que está acontecendo no Brasil com as manifestações de rua, ficamos sempre que somos muito diferenciados. Um importante artigo publicado hoje no The New York Times, elaborado por Simon Romero e Willian Neuman, ajudados por Taylor Barnes e Lucy Jordan, traz informações atualizadas até ontem à noite. Informam que até mesmo os dirigentes do Movimento Passe Livre estão perplexos com as repercussões, que já provocou o cancelamento da viagem de Dilma Rousseff ao Japão, convocando uma reunião de emergência do seu governo. O artigo faz alguns paralelos com o Occupy Wall Street que ocorreu nos Estados Unidos e pouco mudou aquele país no que há de fundamental. Tanto como outros que ocorreram na Índia, em Israel, nos países europeus como a Grécia e eles parecem alimentados por enfrentar estruturas políticas consideradas tradicionais, desafiando o partido do governo e até das oposições da mesma forma. As demandas são difusas deixando todos perplexos.
Entrevistaram Mayara Vivian que tentava desde 2005 por os brasileiros na rua com apenas 15 anos, e que confessa que também desta vez esperava algumas centenas de pessoas nas manifestações convocadas, visando ridicularizar o aumento das tarifas dos transportes coletivos, que agora se transformou na total isenção de pagamento, com as catracas livres. Ela estava aturdida quando dezenas de milhares de manifestantes lotaram as ruas, sacudindo cidades de todo o País. Afirma que é como a tomada da Bastilha, devendo lembrar-se de que os primeiros líderes acabaram sendo atropelados pelos acontecimentos que se seguiram. O fato concreto é que encontraram um clima geral de insatisfações.
O artigo ressalta que os protestos das massas que foram acordadas têm se alastrado por outros temas – estádios caros, políticos corruptos, altos impostos e escolas de má qualidade – e se espalhou por centenas de cidades ontem à noite, com o aumento da sua ferocidade.
Segundo o artigo, um país que foi visto como uma potência em ascensão e democrático encontra-se abalado por uma revolta popular sem lideranças com um tema unificador: uma brava rejeição à política e aos costumes, às vezes de forma violenta.
A força e a intensidade das ruas surpreendem alguns entrevistados, admitindo que não seja um movimento que podem controlar, ou até um que desejem controlar. A violência pode representar um ponto de virada nos protestos, pois muitos acabarão se afastando.
O artigo relata a violência do que ocorreu em Brasília, chegando ao Congresso, atingindo o Itamaraty. Em Ribeirão Preto, um manifestante de 18 anos acabou morto, atingido por um carro que estava parado com as manifestações, o primeiro cadáver desde estes movimentos de massa, que só registravam prejuízos nos patrimônios públicos e privados.
No Rio de Janeiro, centenas de milhares de pessoas manifestavam dirigindo-se à Prefeitura até tomando cervejas. A reação policial foi utilizar gás lacrimogêneo e obrigando muitos a se refugiarem nos canais. Alguns afirmavam que a cidade estava sendo maquiada para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, havendo os que pedem os seus cancelamentos, para atender as necessidades populares com os mesmos recursos. Alguns ajustamentos acabarão sendo efetuados.
Muitas manifestações estão ocorrendo em cidades que sediam a atual Copa das Confederações, com críticas aos altos custos dos estádios, afirmando-se até que os impostos estão beneficiando astros como Neymar e Ronaldinho. Um manifestante segurava um cartaz afirmando que não teremos a Copa do Mundo, pois o gigante despertou.
Até a mídia tem sido atingida, com carros queimados e jornalistas atingidos. Uma imprensa alternativa está sendo alimentada pelo grupo chamado NINJA – um jornalismo independente e de ação narrativa, que filmam cenas dos movimentos com meios improvisados, divulgando pelas redes sociais. O artigo afirma que o termo Occupy é utilizado por alguns, rejeitados por outros para não confundir com as ocupações policiais das favelas dominadas pelos traficantes de drogas.
Os gastos com as competições internacionais, segundo os manifestantes, são sinais da existência de recursos para o atendimento de suas reivindicações, o que deixam as autoridades sem uma resposta adequada.
Mesmo as reduções das tarifas dos transportes já efetuadas não aplacam os manifestantes. Um professor da USP afirma que o movimento é extremamente difuso e não canalizada pelas instituições tradicionais. Todd Gitlin, professor de jornalismo da Universidade de Columbia, que estudou movimentos sociais, inclusive o Occupy e a Primavera Árabe, afirmou que é difícil saber exatamente o que detona o movimento mais amplo. Não existe ainda uma teoria para tanto.
Os ativistas brasileiros que estão no centro do movimento insistem que o que está acontecendo no Brasil não explodiu do nada. Ele teria sido decorrente de um duro trabalho como o Movimento do Passe Livre que começou em 2005, que atraiu cerca de 200 ativistas de todo o país. Mas, sem dúvida, contaram com o clima de insatisfação de parte importante da sociedade brasileira, principalmente da classe média alta.
Mayara Vivian afirma que foram aprendendo como organizar estas manifestações desde 2005, e sem a experiência acumulada não saberiam como definir o palco dos protestos, que conta com uma organização. Mas não podem explicar como um movimento modesto acabou provocando o fenômeno atual. “As pessoas finalmente acordaram”.
Ainda que este quadro ainda não seja completo, ajuda a compreender parte do que está acontecendo. Espera-se que as autoridades e os políticos brasileiros aprendam com as duras lições que estão sendo dadas pelas ruas.
21 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo do Prêmio Nobel Amartya Sen, comparações da Índia com a China, o problema da educação
Quando um Prêmio Nobel como Amartya Sen, ele que é professor de economia e filosofia de Harvard, falando do seu país, a Índia, escreve um artigo publicado pelo The New York Times, é preciso prestar a devida atenção, pois a compara com a China, quando o Brasil pretende ser um país emergente que fique no mesmo grupo daqueles dois países. Principalmente quando ele trata de assuntos como os que as manifestações populares dos jovens brasileiros hoje estão procurando evidenciar. Ele afirma que a Índia moderna é, em muitos aspectos, um sucesso, e sua pretensão de ser a maior democracia do mundo não é algo irresponsável. A comunicação social na Índia é livre e vibrante e os hindus são os que mais leem jornais no mundo.
Em 1947, a expectativa de vida ao nascer na Índia era de 32 anos e passou para 66 anos, e sua renda per capita cresceu cinco vezes, cerca de 8 por cento ao ano, ficando somente abaixo da China. Sofreu uma desaceleração recente como todos os países. Mas ele indica que a prestação de serviços públicos essenciais no seu país deprime os padrões de vida e é limitante do seu desenvolvimento.
Amartya Sen, que faz uma comparação da Índia com a China
A desigualdade nos dois países é elevada, mas a China vem fazendo muito mais que a Índia para aumentar a expectativa de vida, expandir a educação geral e de saúde. Segundo ele, a Índia dispõe de escolas de elite de diversos graus de excelência para os privilegiados, mas entre os hindus de 7 anos ou mais, quase um de cada cinco homens e uma em cada três mulheres são analfabetos. A maioria das escolas é de baixa qualidade e menos da metade das crianças sabem o mínimo de aritmética.
A Índia é o maior produtor de remédicos genéricos no mundo, mas o seu sistema de saúde é confuso. Os pobres precisam confiar na baixa qualidade da assistência medica privada, não havendo atendimento público para todos. Enquanto a China dedica 2,7% do seu PIB para os gastos do governo em saúde, a Índia somente 1,2%. Qualquer semelhança com o Brasil não pode ser considerada mera coincidência.
Segundo o autor, o fraco desempenho da Índia pode ser atribuído a sua incapacidade de aprender com os exemplos do chamado desenvolvimento econômico da Ásia, em que a rápida expansão da capacidade humana é tanto um objetivo em si mesmo e um elemento do crescimento rápido. Onde o Japão é um exemplo desde a Revolução Meiji em 1868, quando se objetivou extinguir o analfabetismo em poucas décadas. Certamente no Japão, os ensinamentos de Confúcio foram importantes.
Segundo o autor, apesar dos problemas de Segunda Guerra Mundial, o Japão deu exemplos de desenvolvimento que depois foram reproduzidos pela Coreia do Sul, por Taiwan, por Cingapura e outros países asiáticos. Mesmo no período de Mao, a China avançou a reforma agrária, educação básica e saúde, o que permitiu depois de 1980 uma enorme melhoria na sua posição na economia mundial.
Nesta comparação, a Índia, segundo o autor, tem se destacado na participação democrática, na liberdade de expressão e o Estado de direito, que ainda são aspirações dos chineses. A Índia não sofreu a fome desde a sua independência, mas a China sofreu a maior fome que matou cerca de 30 milhões de pessoas durante o desastroso Grande Salto de Mao, entre 1958-1961.
Segundo ele, os problemas das carências da Índia devem ser resolvidos com mais democracia, pois os sistemas não democráticos apresentam fragilidades inevitáveis, cujos erros são difíceis de serem corrigidos. O combate à desigualdade debilitante na Índia não se trata somente de uma questão de justiça social, mas dos retornos proporcionados pelos recursos humanos que vêm da melhoria das camadas inferiores da pirâmide socioeconômicas. As exportações da Índia de produtos de alguns setores dependem de recursos humanos bem preparados, em todas as classes.
Como os assuntos abordados são relevantes para as reflexões sobre o Brasil, a íntegra desse artigo do Prêmio Nobel Amartya Sen que é muito mais rico que este resumo pode ser acessado no: http://www.nytimes.com/2013/06/20/opinion/why-india-trails-china.html