Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dúvida Sobre a Verdadeira Produção Siderúrgica Chinesa

18 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: avaliações feitas pelos ingleses, publicado no Financial Times, verdadeira produção chinesa de produtos siderúrgicos

clip_image001Muitos analistas internacionais apresentam dúvidas sobre as estatísticas chinesas, imaginando na maioria das vezes que elas estão superestimadas. O Financial Times publicou neste fim de semana uma matéria informando que uma avaliação feita com a ajuda de uma consultoria especializada no setor siderúrgico que, possivelmente, os dados oficiais chineses sobre a produção neste segmento estão subestimadas, numa quantidade significativa, equivalente ao total da produção da Alemanha, e bem superior a brasileira.

Os estudos foram feitos pela Meps, uma consultoria inglesa, indicando que a produção do ano passado deve ter chegado a 672 milhões de toneladas, quase a metade da produção mundial, e bem acima dos 627 milhões anunciados oficialmente, baseados nas informações dos consumos de matérias-primas dos principais fornecedores internacionais. Os chineses admitem que possa haver alguns erros, mas que a magnitude não chega aos indicados.

 

 

Segundo Peter Fish, diretor gerente do Meps, esta subestimação pode estar ocorrendo por razões não econômicas, e estaria havendo um excesso de poluição, ainda que a demanda esteja alta e rentável, com os preços excepcionalmente elevados, como pode ser constatados pelos preços dos minérios que dobraram desde janeiro de 2009.

Os dados chineses, segundo informações, se ajustam aos interesses do governo e são provenientes das províncias que possuem unidades mais obsoletas, possivelmente mais poluentes. Os elevados preços dos minérios estão beneficiando três grandes fornecedores, a Rio Tinto, a Vale e a BHP Billiton, que não desejam ser citadas, mas também avaliam que pelos seus fornecimentos as produções siderúrgicas chinesas devem ter sido mais altas.

Os japoneses acreditam que algumas usinas chinesas estão sendo remodeladas, o que deve reduzir as suas produções. O impacto mundial destas diferenças de estimativas pode ocorrer se houver uma desaceleração acentuada do crescimento da economia chinesa que obrigue as colocarem parte de suas produções nos mercados externos, pois seus preços podem ser mais baixos.

Mas os dados mais recentes, dos primeiros meses de 2011 disponíveis, indicam que as produções de aço bruto em todo mundo continuam crescendo, não se apresentando problemas por ora. Só um aprofundamento da crise internacional, com repercussões em todo o mundo, pode gerar necessidades de revisões em todos os países.