Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Diferenças de Comportamento numa Crise Econômica

23 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: comportamentos racionais e movimentos de manada, demanda efetivas e bolhas, riscos

São nos momentos de crise econômica que se observam o excesso de movimentações que não parecem totalmente racionais, alguns caracterizando bolhas, outros baseados em dados objetivos. Tudo indica que há um aumento da aversão ao risco, com exagerados fluxos de recursos para aquisição de títulos do Tesouro Americano, chegando até a provocar uma valorização do dólar norte-americano, depois de exagerada política de aumento da circulação desta moeda provocada pelas autoridades americanas visando a desvalorização da mesma. Mesmo com todas as dificuldades dos Estados Unidos, muitos portadores de ativos financeiros continuam achando que os títulos do governo americano continuam sendo de mais baixo risco.

De outro lado, nota-se, como no Japão, um verdadeiro boom imobiliário, que se observa também em Londres, como os noticiados em diversos jornais internacionais. Há uma nítida preferência por ativos reais, representados pelos imóveis. No centro de Tóquio, em ambos os lados da estação central daquela cidade, as notícias são da continuidade, que parece exagerada, de novos preditos de grande porte, numa das áreas mais valorizadas do mundo em termos imobiliários. Ao mesmo tempo, noticia-se que mesmo com uma economia que começa a se recuperar, até no interior do Japão está se generalizando o aumento dos preços dos imóveis, em parte da recuperação dos que estavam reprimidos.

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Edíficos modernos e imponentes “brotam” em Tóquio

Dentro da mesma linha, informa-se que o comércio japonês de produtos de luxo encontra-se, no momento, em condições favoráveis. Isto ocorre com a venda de relógios de alto valor, joias que estão proporcionando muito trabalho para os qualificados artesãos, movimentando as lojas voltadas para estes mercados.

Mas também se nota movimentos racionais baseados na necessidade de ajustamento às demandas existentes. Noticia-se a carência de enfermeiras no Japão, chegando a facilitar a imigração de profissionais provenientes de países asiáticos, com a condição de domínio do idioma japonês. Mas todas as atividades relacionadas com os atendimentos das populações idosas passam por uma expansão expressiva, apresentando oportunidades de investimentos em serviços que nem sempre merecem a preferência dos que desejam trabalhar, por serem considerados de baixo status.

Muitos trabalhadores estrangeiros conseguem além de bons salários, casa e comida que são caras no Japão, servindo como helpers de dependentes físicos, que aumentam com o avanço da idade. Até rede de empresas se organizam para explorar este ramo de atividade, com retornos expressivos, pois sempre existe uma fatia do mercado que tem condições de arcar com despesas que chegam a serem vultosas.

Informa-se também a redução das tarifas aéreas para as viagens do Japão para a Europa, que chegam a 40% das que eram praticadas em 2010. Por cerca de US$ 400,00, chega-se a conseguir passagens de ida e volta, ainda que as business estejam lotadas, muitos utilizando as milhagens para o up grade. Se existem aviões que não estão voando lotados, é mais que racional que algumas passagens de turista sejam oferecidas a preços convenientes. É uma técnica que vem sendo amplamente utilizada pelas empresas aéreas de todo o mundo, para os que não necessitam viajar num dia determinado, mas aproveitando as ofertas que são feitas pela internet.

O mesmo vem ocorrendo no setor hoteleiro, principalmente onde existe uma grande capacidade de acomodação que não estão recebendo fluxos de turistas e outros que são obrigados a viajar profissionalmente. Muitas oportunidades estão sendo abertas que podem se aproveitadas pelos jovens mesmo nos períodos considerados de alta temporada, para se conhecerem invernos mais rigorosos.

Estas desigualdades na economia estão exageradamente diferenciadas, gerando oportunidades para muitos orçamentos mais modestos, que de outra forma não poderiam efetuar, por exemplo, viagens internacionais, mesmo com as acentuadas variações dos câmbios. É preciso que elas sejam aproveitadas com as reservas já existentes, pois os riscos de endividamentos e pagamentos posteriores acabam sendo elevados.