Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Candidatura de São Paulo Para a Expo 2020

21 de novembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: candidatura de S.Paulo para a Expo 2020, notícia em O Estado de S.Paulo, questões a serem examinadas

Num artigo elaborado por Andrei Netto, correspondente em Paris de O Estado de S.Paulo, informa-se que São Paulo mobiliza uma força-tarefa política para conseguir a autorização para realizar a EXPO 2020. Para tanto, a Prefeitura de São Paulo, representada pelo prefeito Gilberto Kassab, tendo a participação do prefeito eleito Fernando Haddad, o presidente da FIESP – Federação da Indústria do Estado de São Paulo, Paulo Skaf, além do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, apresentaram a candidatura ao BIE – Escritório Internacional de Exposição, organismo que cuida destes eventos.

Examinando-se o histórico destas exposições universais, sob a perspectiva de quem foi o comissário do Governo Brasileiro na EXPO Tsukuba 85, existem alguns aspectos que exigem um cuidado na promoção destes eventos que são esporádicos. Eles diferem dos contínuos e sistemáticos, cujos custos acabam sendo menores.

O Japão justificava a realização da exposição naquele ano, pois ainda se encontrava sob o impacto de um período de intensa atividade de desenvolvimento tecnológico, contando com uma das maiores cidades científicas junto a Universidade de Tsukuba, reunindo mais de uma centena de instituições voltadas às pesquisas. E os investimentos efetuados na exposição, só da parte do governo japonês, representavam na época mais de algumas centenas de milhões de dólares, ao que se somavam os do setor privado e de governos estrangeiros. Para um evento que durava seis meses, atraindo milhões de visitantes locais e estrangeiros.

ImagemExpo

Naquela ocasião, o Pavilhão Brasileiro apresentava a tecnologia do etanol que era uma novidade mundial, para ser utilizado em grande escala, com base no Proálcool, como fonte de energia limpa. E os japoneses apresentavam, pela primeira vez, as gigantescas telas para a projeção de imagens, até em 3D, que até hoje são amplamente utilizadas em todo o mundo.

Na exposição seguinte, realizada em Lisboa, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil concluiu que os custos/benefícios não eram compensadores, pelo baixo número de visitantes, passando a deixar de participar destes eventos. Na Expo Nagoya, que era de grande interesse da Toyota e do Japão, quando as empresas japonesas se dispuseram a custear totalmente a participação brasileira, o Brasil recusou-se a colaborar com o evento, criando um constrangimento bilateral que perdurou por anos.

É preciso considerar que a EXPO 2020 se seguirá à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016, e uma parte dos investimentos em infraestrutura poderá ser ainda utilizada, mas se torna necessário examinar o fundamento da mudança na orientação do Itamaraty.

Na última EXPO 2010 de Xangai que visitei, apesar dos esforços privados brasileiros, o Pavilhão Brasileiro não figurava entre os mais expressivos, pois apresentava algumas atrações turísticas, não podendo competir com os de muitos países interessados no intenso aproveitamento do desenvolvimento da China.

Ainda que se considere a necessidade de São Paulo contar com um espaço maior do que o atualmente muito utilizado, o Anhembi, muitos dos investimentos efetuados numa EXPO acabam sendo de uso temporário, como observados na maioria dos casos. Além da fragilidade de investimentos privados para eventos desta natureza.

O tema da EXPO 2020 seria a “Força da diversidade, harmonia para o desenvolvimento”, onde o Brasil conta com uma invejável disponibilidade. Mas o seu aproveitamento prático para o seu processo de desenvolvimento ainda não tem se destacado, mesmo que haja oito anos até a realização do evento.

Quanto aos demais concorrentes ao evento, como Dubai nos Emirados Árabes Unidos, Izmir na Turquia, Iekaterinburgo na Rússia e Ayutthaya na Tailândia, além do volume dos recursos disponível na primeira cidade, e a proximidade da Europa com a Ásia na segunda, não parecem apresentar especiais atrativos.

Trata-se, portanto, de uma avaliação interna do Brasil sobre os benefícios que poderiam ser colhidos, diante de custos astronômicos. Espera-se que tais avaliações tenham sido feitas adequadamente.