As Muitas Inconveniências do Presidente Jair Bolsonaro

13 de novembro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: o presidente já deixou oito partidos, o presidente Jair Bolsonaro expressa opinião pessoal negativa com relação ao vice-presidente Hamilton Mourão, preferência pelo deputado príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança, sendo o último o PSL | 2 Comentários »

Quando um político já passou por oito partidos diferentes na sua carreira e pretende criar outro novo, pode se desconfiar que nenhum seja do seu completo agrado, pretendendo ter o seu, sobre o qual tenha um controle total, imperial. A forma pelo qual expressa suas opiniões acaba chocando muitos, não contribuindo para que conte com uma equipe que o ajude nas suas duras tarefas.

O presidente Jair Bolsonaro diz que preferia ter um vice-presidente como o deputado e príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança em vez “desse” Mourão, na sua expressão

A criação de um novo partido político passa por uma burocracia trabalhosa que exige vários meses, havendo muitos que afirmam já existirem tantos que cobrem todas as tendências ideológicas possíveis. Como existem autoridades eleitorais contrários à sua pretensão, os obstáculos podem ser insuperáveis, principalmente para manter os mandatos daqueles que o desejam acompanhar, visando às próximas eleições. O presidente não está satisfeito com o PSL, cujo comando não atende seus desejos pessoais, e, quando reunido com os parlamentares deste atual seu partido, expressou insatisfação com o seu vice, general Hamilton Mourão, informando que teria preferido um que fosse alguém da antiga família imperial. Pode-se entender que sua preferência daquele período histórico, ainda que também lá o regime era parlamentarista, não dando ao monarca todo o poder absoluto.

O Brasil e o mundo passam por um período difícil, exigindo o esforço de todos e não somente daqueles que aceitam subordinar-se aos desejos do presidente. O atual vice-presidente Hamilton Mourão está no governo por ter a preferência de muitos militares, que desempenham um papel importante no atual governo. Tratamentos pouco elegantes não ajudam em nada a somar os esforços destes antigos militares, na sua quase totalidade, já aposentados.

Não parece razoável pensar que num novo partido, que junte políticos do atual PSL com de outras legendas haja um apoio unânime as orientações do atual presidente. É mais que natural que os que foram bem ou mal eleitos tenham que atender às demandas dos seus eleitores, que se diferenciam regionalmente.

O cobertor atual é muito curto e não pode cobrir a todos. Os políticos que aceitam tratamentos humilhantes hoje também pensam nas suas carreiras, e terão que enfrentar eleições no futuro. Muitas reformas difíceis como a da Previdência Social já exigiu pesados encargos para a economia brasileira, para que os votos indispensáveis fossem obtidos. Lamentavelmente, poucos pensam na economia brasileira, e muitos pouco qualificados acabam sendo tão volúveis.

Para os analistas que vêm acompanhando a política brasileira nas últimas décadas, muitos são de opinião que poucos operadores do governo são capazes de obter uma maioria expressiva de apoio às atuais autoridades, reduzindo os seus custos e compensando com outras vantagens indispensáveis para os seus eleitores. No entanto, é preciso continuar tentando, na esperança que o mínimo de pragmatismo permita um desenvolvimento mais acelerado do que veio se obtendo recentemente. Seria desejável que houvesse um plano simples, que estabelecesse as prioridades que necessitam ser perseguidas com muita perseverança, ainda que esta seja uma qualidade bastante rara no atual governo.