19 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: as tensões militares no extremo oriente, Project Syndicate, visão de um analista internacional sem envolvimento com as partes envolvidas
Todas as tensões militares em qualquer região do mundo são difíceis de serem avaliadas com isenção, pois é natural que os analistas tenham uma tendência a ser simpáticos a algumas das partes envolvidas. Ian Buruna é um conhecido analista que tem diversos livros publicados sobre variados assuntos, e escreve para entidades de prestígio como o Project Syndicate colocando os pontos de observação na questão que vem merecendo as atenções de muitos no mundo. Ele coloca que a China vem elevando o seu poder político na região, o Japão luta para superar sua dificuldade econômica fortalecendo sua aliança militar com os Estados Unidos e a Coreia do Sul está espremida neste meio, como sempre esteve.
Segundo a sua visão, os japoneses que perderam catastroficamente a Segunda Guerra Mundial ficando subservente ao poder dos Estados Unidos, e sua maioria pode viver com esta situação, mas se submeter à China seria intolerável. Ele faz um apanhado histórico, informando que o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe é neto do primeiro-ministro Nobusuke Kishi, que era um burocrata de elite da indústria do tempo da guerra, foi preso como criminoso de guerra em 1945, mas foi liberado sem julgamento durante o início da Guerra Fria, sendo eleito primeiro-ministro conservador em 1957. Kishi teria sido um nacionalista com tendência fascista durante a década de 1930 a 1940 com profunda aversão ao comunismo.
Ian Buruna
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19 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: algumas adaptações necessárias, salão de automóveis de Tóquio inadequado para estrangeiros, um artigo do Wall Street Journal publicado no Valor Econômico | 1 Comentário »
Um artigo elaborado por Yoshio Takahashi, originalmente do Wall Street Journal, foi publicado em português no Valor Econômico, informando que o gosto peculiar dos japoneses para muitos produtos, inclusive automóveis, está dentro do que chamam de cultura de Galápagos. Ou seja, são específicos para os japoneses, o que inibiu as participações da General Motors, Ford e Chrysler no Salão de Automóveis deste ano em Tóquio. Os japoneses criaram carros pequenos e econômicos no pós-guerra e estes não estariam contando com demanda no mundo, inclusive os híbridos que combinam a utilização da gasolina com energia elétrica. Ainda que isto possa ser uma avaliação parcialmente correta, parece que há outras razões que poderiam ser acrescentadas numa apreciação mais isenta.
O mundo parece que caminha no sentido da sustentabilidade, o que faz com que os automóveis estejam se tornando mais compactos, consumindo menos combustível. Os híbridos, ainda caros, estão se disseminando em todo o mundo, pois as baterias de lítio estão ficando cada vez mais eficientes, fazendo com que os automóveis possam circular cerca de 50 quilômetros com o auxílio da energia elétrica que está sendo recarregada nas baterias nos momentos em que os veículos não estão sendo acelerados, acabando por ficar mais eficiente nos centros urbanos do que nas estradas. Os carros minúsculos estão voltando para os mercados internacionais, pois todos entendem que são mais fáceis de serem manobrados nos trânsitos caóticos que prevalecem na maioria dos países.
Novos modelos compactos da Honda e da Toyota
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19 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo da Folha de S.Paulo, dados elaborados pela IBPT, evolução da carga tributária no Brasil
Ainda que a Folha de S.Paulo tenha publicado um artigo elaborado por Claudia Rulli, com base nos levantamentos efetuados pela IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação com a evidente intenção de criticar a carga tributária que vem se elevando no país recentemente, mesmo com as desonerações tributárias efetuadas, os dados apresentados acabam tendo um impacto diferente. Ressalta as elevações que foram mais acentuadas nas administrações anteriores de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, que foram de 3,23% e 4,03%, quando Fernando Collor tinha reduzido em 3,22%, ainda que forma não sustentável. Nas administrações de Lula da Silva e de Dilma Rousseff, ela continuou se elevando sobre um patamar já elevado, mas num ritmo menor de 1,58% e 2,20%, ainda que as gestões tenham períodos diferentes.
Mais do que as tributações efetuadas, as análises exigem o que foi oferecido pelos governos como contrapartidas. Os gastos públicos que vieram se elevando, aumentando também as dívidas públicas diante dos elevados juros, necessitam considerar que os investimentos, cujos conceitos estão se alterando, estão limitados e os custeios estão se elevando. Estes precisariam ser divididos também nos das máquinas públicas e os que são destinados para os fins desejados, como educação e saúde pública. Sem este quadro mais completo, torna-se difícil simplesmente condenar as elevações das cargas tributárias, que são elevadas em países como os escandinavos, desenvolvidos e de eficiência elevada.
Editoria de Arte/Folhapress
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17 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: exagero de precisão, Haruhiko Kuroda para o Financial Times, parecendo um assunto acadêmico
Os jornalistas Martin Wolf, David Pilling e Jonathan Sobie, do Financial Times, que sempre escrevem sobre assuntos asiáticos, entrevistaram o presidente do Bank of Japan, Haruhiko Kuroda, sobre a atual política daquele banco central para o Japão nos próximos anos. A esperança de precisão é tamanha que parecem informações irritantes de acadêmicos, em que alguns têm a pretensão que a economia seja uma ciência exata. O governo japonês junto com o BOJ anunciou que perseguem uma inflação de 2% ao ano, ainda que num prazo incerto, adotando uma política que denominam “quantitative and qualitative easing”, que difere pouco da norte-americana e da inglesa, onde aquele banco central se compromete a dobrar a compra de títulos do governo japonês, ampliando o crédito a baixos juros, chegando a um prazo de vencimento médio em sete anos. Isto está provocando a desvalorização do seu câmbio e melhorando substancialmente as cotações de sua bolsa de valores.
O entrevistado informa que metade da chamada primeira flecha do Abeconomics estaria atingida, com a inflação mostrando uma inflação de 0,9% quando tinham deflação, mas que teria um longo caminho para chegar a 2% estável, a partir da qual pretende reduzir para 1% ao ano. Para quem está acostumado com inflações bem mais elevadas como os brasileiros, com grandes intervalos, tudo isto parece um sonho. Eles esperam que com isto os juros que o mercado projeta para o futuro estejam caindo, alterando também o reequilíbrio do portfólio dos bancos e outros que os mantêm, com uma moeda desvalorizada. A inflação atual, excluída a de energia e de alimentos, estaria em 0,3% de aumento. Os nove membros do Comitê de Política Monetária esperam que esta inflação esteja em 1,9% no ano fiscal de 2015, que vai de abril a março naquele país. Eles esperam que o excesso de capacidade sobre o produto potencial esteja entre 1 a 1,5%, ao mesmo tempo em que o crescimento da economia esteja em 1,5 anual, todas estimativas difíceis de serem feitas para prazos mais longos.
Haruhiko Kuroda
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17 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: mistura com oposições políticas, protestos sobre os produtos geneticamente modificados, repetição do que se observa no resto do mundo
Também na China, como no resto do mundo, os que combatem os produtos geneticamente modificados aproveitam para contestar o governo, misturando o assunto com as oposições às orientações governamentais. Alegam que os Estados Unidos estão mais avançados nestas pesquisas e procuram boicotar a China, algo como quando ocorreu a Guerra do Ópio, visando à dominação do país. Os protestos se repetem na frente do Ministério da Agricultura, envolvendo muitos descontentes com as autoridades, desde cientistas até militares, que são tratados de forma política pelo governo, que procura informar a população com o apoio de muitos acadêmicos. Isto acontece em muitos países, inclusive no Brasil, ainda que as pesquisas estejam avançando, mostrando que os receios parecem infundados.
Na realidade, muitos que contestam o governo, mesmo na China, acabam provocando manifestações, sendo que as menos expressivas acabam sendo toleradas. Somente os que ganham muita projeção acabam sendo coibidas pelas autoridades, e os relacionados com estes produtos geneticamente modificados são considerados de forma suave. Na realidade, mesmo com os avanços nas pesquisas, sempre existe um espaço para a controvérsia, ainda que a prioridade pelo aumento da produção para o abastecimento da população acabe prevalecendo.
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17 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: despesas da vida noturna das grandes empresas, formas de elevação dos salários, medidas surpreendentes para ativar a economia
Ainda que se possa concordar com a política japonesa para ativar a sua economia, algumas medidas heterodoxas que estão sendo tomadas surpreendem os analistas estrangeiros. De um lado, tomou-se a política chamada de easing monetary policy, que veio sendo adotada pelos Estados Unidos que acabou provocando a desvalorização do dólar, que entre outras contrapartidas resultava na valorização do yen. Mas, para estimular às exportações japonesas, as autoridades daquele país tinham que conseguir uma desvalorização do seu câmbio, ao mesmo tempo em que se perseguia uma inflação de 2% ao ano, para sair de um longo período de deflação que tinha efeitos mais deletérios.
Tentaram que suas empresas elevassem os salários para provocar um aumento da demanda, mas os resultados ainda continuam duvidosos. Agora, as autoridades econômicas, estimuladas pelo ministro Taro Aso, que sempre abusou destas despesas, autorizaram que as grandes empresas japonesas tenham parte de suas despesas com as noitadas de seus dirigentes e funcionários, inclusive em bares, parcialmente deduzidas das tributações, também visando o aumento de suas atividades destinadas ao relaxamento. O assunto mereceu uma nota no The Economist dando a impressão que o governo japonês está exagerando na sua criatividade.
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15 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: a exigência de análises históricas e comparativas, as dificuldades dos jornais e rádios com matérias mais trabalhosas, os problemas emocionais envolvidos, série de artigos sobre Belo Monte no suplemento Ilustríssima da Folha de S.Paulo
Uma importante matéria sobre Belo Monte elaborado por uma equipe composta por Marcelo Leite, Dimmi Amora, Morris Kachani, Lalo de Almeida e Rodrigo Machado envolvendo cinco partes, a primeira com duas páginas do suplemento Ilustríssima da Folha de S.Paulo, começou a ser publicada neste fim de semana. Informa-se que a reportagem consumiu dez meses de trabalho de muitos jornalistas. Constata-se que a imprensa diária impressa está encontrando dificuldades para coberturas desta natureza, dado o seu elevado custo e a concorrência com as publicidades voltadas para notícias mais rápidas, como as veiculadas nos meios eletrônicos. Os trabalhos investigativos que exigem mais tempo e dedicação acabam procurando outras formas de patrocínio, inclusive financiamentos até de instituição que não visam o lucro.
Ainda que estes trabalhos sejam cuidadosos e demorados, exigindo o empenho de bons jornalistas, que não sejam envolvidos por posições radicais de alguns ambientalistas bem como de outros interesses políticos, há que se constatar que os grandes projetos de infraestrutura exigem planejamentos e visões de prazo de muitas décadas. Nem sempre os jornalistas contam com os meios para estabelecer paralelos com outras obras semelhantes a Belo Monte, como Itaipu e o complexo de Jupiá e Ilha Solteira até porque suas histórias são anteriores ao nascimento de muitos jovens e competentes profissionais.
Hidroelétrica de Itaipu Belo Monte. Foto: Lalo de Almeida/Folhapress
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15 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: acordos globais da OMC, artigo da Folha de S.Paulo trata da prioridade para o entendimento do Mercosul com a União Europeia, política brasileira, realidade dos entendimentos plurilaterais, TPP e Ttip
Diante dos avanços de entendimentos como o do TPP – Transpacific Partnership, reunindo países da Bacia do Pacífico e do Ttip – Acordo Transatlântico do Norte entre os Estados Unidos e a Europa, mesmo com os seus problemas, o Brasil para não ficar isolado procura pragmaticamente acelerar os entendimentos do Mercosul com a União Europeia, apesar dos entendimentos obtidos em Bali no âmbito da OMC – Organização Mundial do Comércio. A Folha de S.Paulo deste domingo publica uma matéria sobre o assunto elaborado por Patrícia Campos Mello. Todos sabem que o Brasil vinha insistindo nos acordos globais, mas os entendimentos da Rodada Doha não avançavam, exigindo também a aceleração dos entendimentos plurilaterais. E ainda haverá brevemente a perspectiva do fim do Sistema Geral de Preferência, que vinha ajudando os países em desenvolvimento, inclusive o Brasil.
O desejável é que o Brasil tivesse uma política de comércio internacional atacando claramente as duas linhas simultaneamente. Atrasou-se nos acordos plurilaterais ou até bilaterais que estão se ampliando em todo o mundo, considerando também que no âmbito do Mercosul conta-se com dificuldades para a aceitação na Argentina de acordos desta natureza. As autoridades brasileiras necessitam deixar claras as linhas perseguidas ao longo do tempo, que, mesmo marcado pelo pragmatismo, exigem esforços para conseguir um mínimo de consenso interno, pois as dificuldades de negociações com parceiros externos são extremamente complexas.
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14 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: a influência da diáspora chinesa, artigo sobre o assunto no Bloomberg, interesses chineses, interesses nipo-americanos, problemas de segurança e comerciais
O Sudeste Asiático está merecendo uma atenção cada vez maior tanto da China como da aliança nipo-americana envolvendo o comércio, os investimentos e financiamentos, como problemas relacionados com as disputas territoriais, que acabam ampliando as preocupações com a segurança regional. Enquanto as mais altas autoridades chinesas intensificam visitas aos países vizinhos da região, procurando intensificar o seu intercâmbio, o primeiro-ministro Shinzo Abe hospeda a cúpula dos líderes da ASEAN – Associação dos Países do Sudeste Asiático, ao lado do aumento de viagens de autoridades japonesas para a região, procurando ampliar os intercâmbios com investimentos e financiamentos japoneses. Os interesses comerciais regionais de todos com os chineses são substanciais, bem como existe uma diáspora dos imigrantes chineses que representam importantes contingentes populacionais de seus descendentes na região, o que não acontece nem com os norte-americanos nem com os japoneses, o que não pode ser desprezado. Estas tentativas de aumentar suas influências estão se intensificando de todos os lados.
Como se trata de uma das regiões mais dinâmicas do mundo atual, mesmo que seus problemas também sejam monumentais, tanto pelas dimensões de suas populações como portadores de longas historias e consolidadas culturas que voltam a serem valorizadas, estas disputam acabam chamando a atenção mundial. Mas não parece possível simplificar as questões, imaginando que já se caracterizam dois blocos, pois existem variadas sobreposições de interesses, que muitos pretendem simplificar nas suas análises. Um artigo elaborado por Chris Blake e Isabel Reynolds para o site da Bloomberg procura discutir algumas destas complexas situações.
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14 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: dois artigos sobre o assunto no Valor Econômico, estimativa para a safra de 2013/2014, o desenvolvimento da região de Mapitoba, o efeito na economia brasileira apesar da estiagem
Um artigo publicado por Fernando Lopes e Mariana Caetano no Valor Econômico apresenta a estimativa da produção agropecuária brasileira em 2014, que deve apresentar um crescimento de 9,8% mesmo com a estiagem. No mesmo jornal, Mariana Caetano apresenta uma fronteira agrícola cada vez mais madura na região conhecida como Mapitoba – compreendendo partes do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia – estimando que a safra de soja para 2013/2014 deve apresentar um crescimento de 35%. São informações que confirmam a importância da agropecuária na economia brasileira, que está levando o desenvolvimento para regiões que eram consideradas desfavoráveis para estas atividades.
O primeiro artigo mostra que a lavoura brasileira vem apresentando um crescimento expressivo nos últimos dez anos, cujo valor bruto de produção cresceu de R$ 163 bilhões para R$ 305 bilhões, quase dobrando numa década. A da pecuária teria passado de cerca de R$ 85 bilhões para R$ 145 bilhões, com um crescimento pouco menor. O destaque seria a produção de soja, cujo preço continua sendo atrativo, e o problema continuaria sendo o gargalo logístico para o seu escoamento. O importante é que tudo isto estimula todas as atividades econômicas ligadas ao agronegócio, ampliando seus efeitos estimuladores por toda a economia brasileira.
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