Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Difícil Aprendizado Que Não Existe Lanche Grátis

19 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: impossibilidade de usar o que não foi produzido, para atender algumas aspirações é preciso sacrificar outros, reivindicações em todo o mundo

Multiplica-se por diversas partes do mundo reivindicações de toda ordem, algumas pacíficas, mas infelizmente muitas violentas, bastando abrir os jornais ou assistir aos noticiários pelos meios eletrônicos para constatar esta realidade. O que parece haver em comum é certo sentimento que basta pressionar com manifestações públicas, pois seus atendimentos dependeriam somente das vontades das autoridades e de suas discutíveis gestões, como se elas tivessem o poder de criar os recursos necessários. Os governos só transferem recursos de uns para outros segmentos da população, consumindo ainda parte para o seu custeio. Milton Friedman, o famoso economista, já tinha ensinado que não existe lanche grátis, e todas as soluções que parecem mágicas acabam impondo a alguém que não tem o mesmo poder custos pelas decisões tomadas. No site do The Economist, aparece um debate sobre o imperialismo do dólar, com a política monetária do FED – Sistema Federal de Reservas, que, se beneficia a recuperação da economia norte-americana, provoca distúrbios, principalmente nas economias emergentes.

Com a ampliação da disponibilidade de recursos em todo o mundo, uma parte dos aplicadores foi procurar aplicações rentáveis no mundo emergente, provocando a valorização dos seus câmbios, pois a maioria adota o câmbio flexível. Impor restrições para estes influxos de recursos prejudicariam estes países. Desencadeou-se uma guerra cambial, com a Europa e o Japão, que tinham condições também ampliar as disponibilidades de suas moedas, procurando desvalorizar também o euro e o yen. Mas na medida em que o FED inicia uma política de redução destes estímulos monetários, acaba provocando bruscos refluxos, valorizando rapidamente os câmbios de alguns países emergentes, que entre outros efeitos tendem a provocar pressões inflacionárias locais. As grandes flutuações também agem no sentido prejudicial para estas economias. Tornou-se um processo em que cada um cuida do seu interesse, e os que não podem se defender por falta de poder acabam sendo prejudicados.

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A Porcelana Imari Que Encantou a Europa

18 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: as porcelanas Imari, exportação tradicional para a Europa, exposição da coleção do Museu da Cerâmica Oriental de Osaka em Tóquio | 8 Comentários »

Das muitas escolas consagradas de cerâmicas e porcelanas japonesas, possivelmente a Imari é das mais conhecidas no exterior por estar sendo exportada desde o final do século XVII, ainda quando o relacionamento internacional do Japão era efetuado exclusivamente pelos holandeses, que passou por uma abertura na Era Meiji. Convidado pelo governo japonês, tivemos o privilégio de compor um grupo restrito para conhecer alguns fornos mantidos por gerações na região de Arita, na atual Prefeitura de Saga, alguns que eram considerados Tesouros Nacionais Vivos, por utilizarem as técnicas tradicionais e ter parte de sua produção adquirida pelo governo para constarem dos acervos dos Museus.

O acervo mais importante de peças Imari encontra-se atualmente no Museu de Cerâmica Oriental de Osaka. 190 peças foram selecionadas deste acervo e estão sendo apresentadas em Tóquio atualmente, no já renomado Museu de Arte Suntory, em Roppongi, que vem se destacando por excepcionais apresentações de variados objetos de arte, da mais elevada qualidade. Como é sabido, os japoneses aperfeiçoaram as técnicas aprendidas dos chineses, por intermédio dos artistas coreanos, tendo se concentrado inicialmente na região sul do Japão, mais próxima da península coreana. Sua exportação substituiu a chinesa, sendo efetuada pelo porto Imari, ficando consagrada por este nome. Um artigo publicado no Japan News, do grupo do jornal Yomiuri, relata o assunto, ricamente ilustrado com fotos de Kazuyoshi Miyoshi.

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The Museum of Oriental Ceramics, Osaka/Photo by Kazuyoshi Miyoshi

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Uma Nova Fase do Site AsiaComentada

18 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Imprensa, Notícias | Tags: colaboração com a Carta Capital, continuidade dos artigos tradicionais, mudança para a inclusão eventual de publicidade | 6 Comentários »

Estamos inaugurando uma nova fase neste AsiaComentada, que já tem um histórico de aproximadamente 3.000 artigos postados, tendo recebido mais de 2.300 comentários aprovados, além de milhares considerados spam. Ele nasceu com o objetivo de informar um pouco sobre a Ásia real, de cultura milenar, que conta com 60% da população mundial, infelizmente conhecida no Brasil e na América do Sul mais pelos seus aspectos folclóricos. Como também informar sobre esta parte emergente do mundo, ainda conhecida mundialmente de forma distorcida pela sua Amazônia, Carnaval e futebol, quando é muito mais rica culturalmente com o seu intenso processo de miscigenação. O site tenta contribuir para um entendimento recíproco mais profícuo entre estas duas regiões que tivemos a oportunidade de conhecer razoavelmente in loco, morando e trabalhando pelos seus rincões até mais profundos por muitas décadas.

Inicia-se esta nova fase estabelecendo um intenso intercâmbio com o site da Carta Capital, do grupo dirigido pelo Mino Carta, este extraordinário jornalista, certamente o mais inovador na história da imprensa brasileira. Eu o conheci há mais de cinquenta anos, ainda na redação da Folha de S. Paulo, acompanhei-o na sua criação de novos e importantes veículos brasileiros, bem como nos trabalhos que fez nos bastidores deste país.

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Para esta nova fase, ainda está se preparando um novo desenho atualizado e aperfeiçoado para o AsiaComentada, acrescentando histórias em capítulos sobre os bastidores da política brasileira que participei intensamente, inclusive em muitos dos seus momentos mais cruciais, sobre os quais dificilmente haverá consenso. Reunidos, poderão constituir um livro, como sempre foi da tradição cultural japonesa, como expresso em Musashi, de Eiji Yoshikawa, inicialmente publicado em capítulos em um jornal, que se tornou disponível em português pela ousadia da Editora Estação Liberdade. Agora, os capítulos dos bastidores serão em versão eletrônica, seguindo a evolução tecnológica.

O que relato sobre a Ásia baseia-se na vivência que tive morando e trabalhando naquela parte do mundo, percorrendo por anos países como a China, Japão, Cingapura, Malásia, Coreia do Sul, Índia e Tailândia. Como sobre o Brasil e a América do Sul, onde trabalhei e percorri os seus confins mais remotos, como as fronteiras internacionais com o Uruguai, Argentina, Paraguai até da Amazônia. Além dos rincões de todo o interior brasileiro do Rio Grande do Sul até o Nordeste, passando pelo Sudeste, Centro Oeste até a Perimetral Norte, onde labutei por décadas. Os conhecimentos adquiridos foram no contato direto com o povo, posseiros, colonos, agricultores, extrativistas, pecuaristas como com autoridades, além de algumas leituras dos acervos mais importantes em bibliotecas renomadas.

Tendo trabalhado na Europa e na América do Norte, tinha como comparar as novas regiões percorridas com os padrões utilizados como referências em outras partes do mundo. Como ensinou Oliveira Lima, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, que publicou a sua primeira edição do livro “No Japão – Impressões da Terra e da Gente” em 1903, para ser justo é preciso englobar as primeiras impressões que são boas com as misérias que são percebidas depois de algum tempo de vivência local para poder se expressar uma opinião justa.

Mas todas estas regiões do mundo passam por mudanças rápidas, e o que parece ser a verdade num instante já apresenta alterações dinâmicas difíceis de serem acompanhadas. Todos que temos visões diferentes destas realidades precisamos ser humildes, pois, como ensinou o autor do fabuloso Rashomon, até uma realidade objetiva pode ter leituras diferentes dos diversos personagens envolvidos, muitas vezes de acordo com suas conveniências. Só os loucos podem querer ser os donos da verdade.

No atual mundo globalizado, o que acontece em qualquer parte do universo é quase instantaneamente transmitido para todos, e a avalanche de informações acaba prejudicando a sua qualidade, muitas vezes com as emoções superando análises mais profundas que permitam chegar à suas essências. Ainda que as múltiplas visões sejam desejáveis na convivência indispensável em sociedades democráticas.

Agradeço pelos comentários a este artigo como os demais postados no site AsiaComentada.


Mitsui Pretende Ampliar Atividades Com Grãos

17 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: notícias no Japan News, planos para ampliação de operações com grãos, visando segundo lugar no mundo | 2 Comentários »

Uma notícia surpreendente foi publicada no Japan News, do grupo Yomiuri Shimbun, tendo como fonte a Bloomberg. A trading japonesa Mitsui & Co. pretende ampliar em 25% dentro de três anos suas atividades relacionadas com os grãos, tornando-se a maior no Japão, desafiando tradicionais operadoras mundiais como a Cargill e a Dreyfus. Com os resultados com o minério de ferro, diante da desaceleração do crescimento da economia chinesa, está procurando ampliar suas atividades nas áreas de alimentação e saúde que estão em expansão no mundo. No seu setor de Lifestyle, que envolve a agricultura e a medicina, está ampliando os seus investimentos e financiamentos em cerca de US$ 4 bilhões nos quatro continentes.

Pretende negociar 20 milhões de toneladas métricas de grãos por volta de 2017. Com isto, almeja ultrapassar a norte-americana Cargill assim como a francesa Dreyfus, bem como a nova operadora Marubeni do Japão. A declaração seria do gerente de planejamento estratégico do grupo, numa entrevista concedida em Tóquio, afirmando que estaria junto das chamadas majors do mundo. Segundo dados da International Grain Council, estaria com 7% do comércio global anual. Neste ano fiscal de até abril, pretende atingir 16 milhões de toneladas, quando no ano anterior era de 13 milhões.

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Sede da Mitsui & Co. em Tóquio

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O Exemplo da Liga Estudantina Nipo-Brasileira

17 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: apoio da Fundação Kunito Miyasaka, Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo, estudo preliminar importante, o jornal Gakusei (1935-1938) | 2 Comentários »

Um interessantíssimo trabalho foi coordenado pelo sociólogo Sedi Hirano e elaborado pelos doutorandos Gustavo Takeshy Taniguti e Matheus Gato de Jesus, todos do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo. Foi financiado pela Fundação Kunito Miyasaka, que vem se destacando pelo suporte a importantes trabalhos. No final de 2013, foi apresentado um relatório parcial de pesquisa que contém valiosas informações históricas mostrando que um pequeno grupo de japoneses e seus descendentes organizaram a Liga Estudantina Nipo-Brasileira, que acabou tendo uma curta duração devido ao advento da Segunda Guerra Mundial, mas desempenhou um importante papel. Documentos relevantes foram resgatados, que devem servir de subsídios para todos que se interessam por estes assuntos que contribuem para a formação da identidade brasileira.

Antes da Segunda Guerra Mundial, um número muito limitado de imigrantes japoneses e seus descendentes moravam na cidade de São Paulo, talvez somente alguns milhares (estima-se entre 2.500 a 4.500, que cresceu no período), pois a imigração tinha se iniciado formalmente em 1908. A metrópole paulistana começava a se consolidar como o centro que reunia muitos vindos do interior do Estado e arredores, principalmente para estudarem, pois os imigrantes japoneses atribuíam alto valor à educação. Um importante grupo de recém-formados em cursos superiores, estudantes universitários e outros que ainda no secundário pretendiam utilizar a educação formal como mecanismo de ascensão social e integração à sociedade brasileira (estima-se que eram em 300 em 1934), e alguns deles formaram esta importante e significativa instituição composta de poucas centenas de membros, com crescente predominância dos que tinham nascido no Brasil com o tempo. Ainda eram de nisseis, ou seja, a segunda geração dos imigrantes, mas que se definiam como brasileiros, mesmo que alguns pais japoneses tradicionalistas ainda alimentassem o sonho de retornar ao Japão. A menção pioneira destes fatos, em português, está no fabuloso livro de Tomoo Handa, “O Imigrante Japonês, História de Sua Vida no Brasil”, T.A. Queiroz, Editor, Centro de Estudos Nipo-Brasileiros, São Paulo, 1987.

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A Liga Estudantina foi fundada em 21 de outubro de 1934, com o apoio do Consulado Geral do Japão, da Liga dos Amigos das Escolas Japonesas de São Paulo, e patrocinadores privados. Editou uma revista Gakuyu (escola em japonês) e dois jornais Gakusei (estudante em japonês) e Transição. O Centro de Estudos Nipo-Brasileiros preserva a coleção dos mesmos. O trabalho preliminar de setembro de 2013 concentra-se no Gakusei e o seu conteúdo, que reflete os artigos elaborados pelos membros da Liga Estudantina, procurando interpretar os seus pensamentos básicos de integração dos seus autores na sociedade brasileira.

O importante a ser ressaltado é que a Liga, neste curto espaço de tempo, passou a contar crescentemente com dirigentes e membros nisseis, bem como relacionamentos com alguns brasileiros natos que se interessavam pelo grupo, com a diminuição natural dos nascidos no Japão. Mesmo depois da Guerra, quando a comunidade nipo-brasileira passou a contar com uma participação mais ativa após do Quarto Centenário da Fundação de São Paulo, em 1954, esta integração era mais acentuada que na atualidade. A inicialmente Sociedade Paulista (hoje Brasileira) de Cultura Japonesa e especialmente a Aliança Cultural Brasil Japão contavam com a participação ativa de personalidades, inclusive como dirigentes, que não eram da comunidade nipo-brasileira, mas que se interessavam pelos aspectos culturais dos japoneses e seus descendentes.

O impressionante é que dos membros desta Liga Estudantina dois se tornaram deputados federais, Yukishigue Tamura e João Sussumo Hirata, um deputado estadual, Ioshimufi Utiyama, muitos profissionais liberais consagrados nas mais variadas áreas do conhecimento, como médicos e advogados, uma educadora renomada como Yoneko Nishie, alguns empresários importantes, e jornalistas atuantes na imprensa brasileira como José Yamashiro e Hideo Onaga. Era o que havia de melhor na sociedade nipo-brasileira, bastante diferente de hoje, lamentavelmente.

Com a perspectiva atual, incidentes como os relacionados com os tradicionais japoneses perderam a importância, mas ficou marcada a importância do processo de integração na sociedade brasileira daquela época, que, com toda a forte miscigenação com outras etnias e culturas recentes, acabou diferenciando uma nova identidade.

O trabalho cuidadoso permite muitas outras considerações, e deve ser uma primeira fase de um trabalho que pode se ampliar, resgatando as raízes das contribuições de muitos nipo-brasileiros para a consolidação da sociedade brasileira. Acaba contribuindo para a compreensão da evolução do bairro da Liberdade, onde se concentravam os japoneses da época, com seus descendentes.

Fornece uma ideia das faculdades e escolas que eram frequentadas pelos membros da Liga, indicando também a bibliografia disponível sobre assuntos correlatos, bem como dá uma ideia de onde podem ser localizados os documentos originais. Alguns dos seus dirigentes mais destacados também são sucintamente mencionados.

São informações que estimulam novas pesquisas e considerações, permitindo que muitos debates sobre estes assuntos e correlatos possam ser objetos de trabalhos acadêmicos.


Os Problemas das Vítimas da Bomba Atômica no Japão

16 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, Política | Tags: as divulgações das notícias dramáticas sobre o hibakusha, depoimento da jovem Masaki Koyanagi, explicações necessárias

Muitas foram as vítimas das bombas atômicas lançadas pelos norte-americanos sobre Hiroshima e Nagasaki, tanto as que morreram nas destruições destas cidades como pelos efeitos das radiações que sofreram. Estas vítimas são chamadas pelo nome de hibakusha e não se divulga muito sobre elas, pois existe um preconceito sobre seus descendentes que seriam portadores de algumas vulnerabilidades para algumas doenças. Um artigo publicado pelo jornal de gigantesca circulação no Japão, Asahi Shimbun, informa sobre uma jovem neta de um casal de vítimas, Masaki Koyanagi, 16 anos, que depois de visitar seus túmulos comprometeu-se a divulgar seus horrores onde for possível, o que fez no México numa conferencia que cuida do assunto, para uma audiência de mais de 700 participantes. Ela que sabia pouco sobre o assunto, não tratado pela sua família ou nas escolas.

Vivem no Brasil ainda mais de 100 destes hibakusha que são submetidos a exames médicos regulares, bem como seus descendentes. Graças a Deus, não se tem observado que eles estejam mais fragilizados, depois de quase 70 anos daqueles trágicos bombardeios de 1945, que aceleraram o término da Segunda Guerra Mundial. São controvertidas as razões que levaram a decisão destes bombardeios, havendo uma avaliação feita por uma ala norte-americana que eles teriam evitado um sacrifico de muitos soldados aliados, que teriam morrido no desembarque sobre a principal ilha do arquipélago japonês. Os militares japoneses prefeririam a morte a se renderem.

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Bomba atômica que destruiu vidas em Hiroshima, no Japão

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Entendimentos Sino-Americanos Sobre Aquecimento Global

16 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: China Daily sobre o comunicado conjunto, dois maiores poluidores do mundo, esperanças para 2015, visita de John Kerry à China

Os dois maiores poluidores do mundo, os Estados Unidos e a China, se comprometem, num comunicado conjunto relacionado com a visita do secretário de Estado John Kerry à China, a reforçar seus diálogos para a partilha de informações sobre os respectivos planos pós 2020 para limitar as emissões de gases de efeito estufa. O jornal oficial da China, China Daily, divulga o comunicado conjunto, que em termos diplomáticos marcam os entendimentos que, ainda que vago, talvez seja o mais forte compromisso já assumido pelos dois países, que boicotaram o Protocolo de Kyoto de 1997. Como todos devem saber, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, patrocinado pelas Nações Unidas, disse num relatório de setembro passado que estavam convencidos que os seres humanos são os principais responsáveis pelo aquecimento global.

O secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, diz que um grande número de países trabalha objetivamente para chegar a um acordo em 2015 para combater o aquecimento global de forma operacional. Ele nomeou o ex-prefeito de Nova York, Michel Bloomberg, o ex-presidente de Gana, John Kufuor, e o ex-primeiro-ministro norueguês Jens Stoltenberg como enviados especiais da ONU sobre mudanças climáticas. Todos estão cientes que os grandes países poluidores resistem no estabelecimento de metas e mecanismos eficientes para se chegar a um acordo em 2015. O assunto vital para o mundo foi discutido na entrevista de John Kerry mantido com o primeiro-ministro chinês Li Keqiang.

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John Kerry com Li Keqiang. Photo: Xinhua

Todos estão cientes que tanto os Estados Unidos como a China desejam estabelecer suas próprias metas e as formas pelas quais esperam contribuir para o mundo na redução das mudanças climáticas global, sem se comprometer com um acordo global no âmbito das Nações Unidas. Mas isto já não é aceitável para o resto do mundo, e esforços especiais estão sendo efetuados, e as dificuldades climáticas recentes em todo o mundo devem estar provocando mudanças nas opiniões públicas, tanto dos norte-americanos como chineses.

Os especialistas em questões ambientais, diante de tantas dificuldades encontradas no passado, são cautelosos sobre as possibilidades de um entendimento amplo, global e operacional, pois os países emergentes que querem preservar as florestas em pé, bem como outros projetos de sustentação, desejam que existam mecanismos efetivos de crédito de carbono para os mesmos projetos, com a constituição de fundos dos países avançados para tanto.

Muitos países europeus têm envidados esforços de formas técnicas para tanto, mas os obstáculos políticos têm prevalecido. O comunicado conjunto dos Estados Unidos e da China, de caráter eminentemente político, mostram que ambos se comprometem a contribuir significantemente para o sucesso global em 2015 para atender os desafios existentes, na reunião programada para Paris para o próximo ano. Espera-se que, desta vez, haja esperança para um avanço significativo, ainda que seja natural um pessimismo diante de tantos fracassos passados.

É preciso ser realista sobre um assunto tão complexo, mas sempre se deve manter as esperanças que os seres humanos continuam racionais diante de tantos e agudos problemas climáticos que estão afetando a todos, com evidências de um aquecimento global.

Tanto os Estados Unidos como a China, além de serem os principais responsáveis pelos lançamentos de gases de efeito estufa, também estão sofrendo com as grandes irregularidades climáticas que estão afetando diretamente a eles e a todos. Como estão sendo constantemente apontados pela opinião pública mundial, espera-se que, com suas determinações políticas que estão evoluindo, venham a adotar compromissos claros diante do mundo.


Limitações das Agências de Avaliação de Risco

15 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo no Suplemento Eu & Fim de Semana do Valor Econômico, casos brasileiros e internacionais, contribuições das agências de rating, suas limitações

Sempre existem controvérsias sobre as agências de rating, cujas opiniões não podem ser ignoradas, mas não devem ser consideradas com a importância que muitos lhes atribuem. O suplemento Eu & Fim de Semana do Valor Econômico publica um trabalho minucioso de Alex Ribeiro, tratando das três mais influentes, Standard & Poor’s, a Moody’s e a Fitch sobre as possibilidades de que a economia brasileira seja rebaixada diante dos muitos problemas que não estão sendo devidamente equacionados. Começa relatando a expectativa gerada no Banco Central do Brasil, quando havia indícios que a economia brasileira seria classificada com grau de investimento, durante o governo Lula da Silva, que tinha na presidência Henrique Meirelles, cuja política foi extremamente conveniente para o sistema financeiro internacional, que não coincide necessariamente com a do Brasil.

Ainda que as agências de avaliação de riscos procurem utilizar muitos critérios objetivos, seus ratings são decididos por um grupo de profissionais que acompanham o que acontece no mercado internacional, que envolvem sentimentos subjetivos como um exagerado pessimismo ou otimismo do chamado mercado, onde estão seus principais clientes. No histórico destas agências, muitos graves erros foram cometidos, não permitindo a identificação dos elevados riscos que estavam se acumulando, como os que resultaram na crise de 2007/2008. Quando se tratam de empresas ou bancos, as mudanças das avaliações só foram posteriores aos desastres ocorridos, mostrando que muitas auditorias não consideravam devidamente os fatores mais elementares.

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Japoneses Preocupados Com a Integração Globalizada

14 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: artigos na imprensa japonesa, formas de verem os estrangeiros, preocupações com a integração | 43 Comentários »

Dois artigos recentes publicados em jornais que circulam no Japão demonstram que naquele país onde a população local veem os estrangeiros de forma diferenciada já desperta uma discussão sobre o assunto. Um publicado por Hifumi Okunuri no The Japan Times, ela que é professora no Sagami Women’s University, preocupa-se com a polêmica que se criou com um anúncio da ANA – All Nippon Airline, o qual os estrangeiros consideravam discriminatório, mas os japoneses achavam que era natural. Outro foi publicado por Kate Elwood, professora na Waseda University’s School of Commerce, no Japan News, que é mantido pelo popular Yomiuri Shimbun de grande tiragem. Ela, que vive 30 anos no Japão, ainda é tratada como gaijin, ou seja, estrangeira.

O anúncio da ANA reproduzia uma conversa de dois pilotos japoneses referindo-se às localidades para os quais viajariam, e propõe com um gesto um abraço, ao qual o outro reage com espanto, ao qual o primeiro comenta “uma reação tão japonesa”, e recebe a resposta “porque eu sou japonês”, recebendo uma observação “vamos mudar a imagem do povo japonês”, e aparece a cena em que o outro personagem surge com uma peruca loira e um falso nariz de Pinóquio de proporções avantajadas. Assim que este anúncio foi ao ar, tamanha foi a reação negativa que acabou sendo rapidamente retirada, com pedidos de desculpas pela ANA.

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The Economist Volta Com Entusiasmo Sobre o Xisto

13 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: entusiasmo com os efeitos geopolíticos subestimados, exemplo para outros países, novos artigos do The Economist sobre o xisto, tecnologia genuinamente privada e americana | 2 Comentários »

A revista internacional The Economist, que costuma ser cuidadosa em suas avaliações, volta a manifestar entusiasmo excepcional com a exploração do xisto (shale) nos Estados Unidos, com artigos já disponíveis na sua versão eletrônica, que devem sair no seu número impresso da próxima semana. Estima que a exploração do petróleo e do gás naquele país pode deve acrescentar 2 a 4% ao PIB norte-americano, com a redução dos efeitos danosos sobre o meio ambiente, na medida em que substitui as utilizações do carvão mineral, criando duas vezes mais de emprego que a indústria automobilística. E as suas produções nos campos do Texas e Dakota do Norte são mais rápidas do que a exploração nas plataformas do Golfo do México.

Este entusiasmo decorre desta atividade do fraqueamento (“fracking”) estar sendo efetuada por elevado número de empresas privadas, que é da ideologia da revista, utilizando tecnologia americana, onde diversas organizações competem para oferecer avanços tecnológicos mais eficientes, inclusive para resolver os problemas dos financiamentos dos investimentos indispensáveis. Não depende somente da disponibilidade de reservas de xisto. Além da utilização de informações de satélites, as explorações horizontais a elevada profundidade utilizam altas tecnologias com grande precisão, e são injetados águas com produtos químicos para provocar fissuras nas rochas, liberando o petróleo e o gás que são sugados para a superfície. Estima-se que os Estados Unidos devem superar a produção da Arábia Saudita até 2020.

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Campos de exploração de xisto nos Estados Unidos

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